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Impresso por Tulio Tolentino, CPF 140.270.756-84 para uso pessoal e privado.

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não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 12/04/2022 19:51:44

Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO

Habilidades Médicas
Anamnese e Exame Físico - Insuficiência cardíaca
Definição de Insuficiência Cardíaca: Tipo de insuficiência → PROPRIEDADES DO MÚSCULO CARDÍACO
circulatória no qual um distúrbio da função cardíaca torna o Inotropismo -> Contração
coração incapaz de bombear sangue em quantidade proporcionais Cronotropismo -> Frequência
às necessidades metabólicas do organismo. Dromotropismo -> Condução
A conceituacão deverá se basear em fenômenos clínicos variáveis
(influenciados por diversos fatores- idade, rapidez de instalação,
intensidade da redução da função do coração como bomba,
Conceitos Básicos
etiologia, anatomia cardiopatia, causas precipitantes ou  Diástole: Fase de enchimento ventricular.
agravantes).  Sístole: Fase de ejeção do sangue.
 Volume diastólico final ou Pré-Carga: Volume de sangue
no ventrículo ao final da diástole, antes da contração. É em
Fisiologia Cardiovascular média 100mL num adulto normal.
O coração tem como função entregar sangue para os tecidos,  Pressão Diastólica Final: pressão de enchimento
fornecendo nutrientes essenciais às células e removendo dejetos ventricular.
metabólicos. Dessa forma, ele atua como uma bomba para o  Débito Sistólico: Volume de sangue ejetado a cada
impulso de sangue para todo corpo, enquanto os vasos batimento. Em um indivíduo adulto normal ele é de 40 a
sanguíneos funcionam como condutores. 100mL.
 Volume sistólico final: Volume remanescente no ventrículo
após térmico da sístole.
 Débito Cardíaco: Volume de sangue bombeado pelo
coração em um minuto. Em um indivíduo adulto normal ele
varia de 4,5 a 6,5L/minuto.
 Fração de Ejeção: Porcentagem de sangue na câmara de
bombeamento principal que é ejetada a cada batimento.
FE=Volume sistólico final x FC
 Pós-carga Ventricular: Tudo que promove resistência à
ejeção de sangue no ventrículo.

→ LEI DE FRANK-STARLING
Estabelece que o coração, dentro de limites fisiológicos, é capaz de
ejetar todo o volume de sangue que recebe proveniente do
retorno venoso.
Podemos então concluir que o coração pode regular sua atividade
a cada momento, seja aumentando o débito cardíaco, seja
reduzindo-o, de acordo com a necessidade.
A força durante a contração ventricular é diretamente
→ SISTEMA DE PURKINJE proporcional ao grau de estiramento das fibras miocárdicas
A ritmicidade própria do coração, assim como o sincronismo na imediatamente antes da contração. Portanto, quanto maior a pré-
contração de suas câmaras, é feito graças um interessante sistema carga, maior a distensão dessas fibras. Como consequência, temos
condutor e excitatório presente no tecido cardíaco: O Sistema de uma dilatação ventricular excessiva que resulta em perda da força
Purkinje. Este sistema é formado por fibras auto-excitáveis e que de contração e diminuição do débito cardíaco.
se distribuem de forma bastante organizada pela massa muscular
cardíaca.
Ele é composto pelo Nodo Sinoatrial, o Nodo atrioventricular e o Fisiopatologia da IC
Feixe de His (que se dividem e dão origem às fibras de purkinje). → ALTERAÇÕES FUNCIONAIS: redução do desempenho do
Inicialmente a ritmicidade do coração ocorre primeiro no Nodo coração como bomba, decorrente de fatores que dificultam o
Sinoatrial. O impulso é propagado daqui e promove a contração esvaziamento ou enchimento de suas câmaras.
da musculatura. Depois o impulso atinge o Nodo atrioventricular, → ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS: perda de cardiomiócitos
que é responsável por retardar esse impulso para que os átrios gerando uma remodelação ventricular.
possam fornecer sangue adequadamente para os ventrículos e a → ALTERAÇÕES NEURO-HORMONAIS: ativação do sistema
partir disso gerar a contração ventricular. adrenérgico, SRAA e do sistema de citocinas.
Todos esses impulsos são registrados no ECG pelo complexo qrs.
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO


Qual a importância de cada sistema desse nas alterações neuro- extravasamento e aumenta a distância do capilar ao alvéolo,
hormonais no paciente com IC? dificultando a hematose e gerando esses quadros de falta de ar,
Estímulo estressante -> ativação dos estímulos neuro-hormonais
DISPNÉIA DE ESFORÇO OU EM REPOUSO
Sistema Adrenérgico Tende a ser progressiva, inicialmente ao realizar esforço intenso e
Aumento do tônus adrenérgico -> aumento da FC e da progride até o paciente apresentar a dispneia em repouso.
contratilidade cardíaca (inotropismo) -> vasodilatação periférica e Como diferenciar a dispneia de esforço de um quadro de
manutenção de uma PA adequada. condicionamento físico? O paciente começa a sentir falta de ar em
atividades habituais que antes não causavam sintoma nenhum.
Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona Ela ocorre por conta da redução da complacência miocárdica e de
Maior absorção renal de sal e água / vasoconstrição -> aumento um prolongamento da contração sistólica. Como consequência,
da volemia e do retorno venoso -> aumento da pré carga temos elevação da pressão diastólica final do VE e elevação da
ventricular -> aumento do débito sistólico. pressão capilar pulmonar que será responsável por esse casos de
dispneia de esforço ou de repouso (em casos mais graves).
Sistema das Citocinas
As principais citocinas envolvidas são a bradicinina, o óxido ORTOPNEIA
nítrico, prostaglandinas e os peptídios natriuréticos. Falta de ar que surge quando o paciente está deitado. Ela é
Tem como principal ação a vasodilatação -> manutenção das aliviada quando eleva-se o tronco do paciente.
frações de ejeção de forma adequada. Mais tardia - só será encontrada em quadros mais graves de IC.
É indicativa de pior prognóstico e de gravidade.
Assim, esses sistemas agindo de forma constante causam o Ocorre devido a uma menor capacidade de adaptação funcional a
remodelamento cardíaco, piora da capacidade contrátil do coração sobrecarga de volume. Também há um aumento do retorno
e uma disfunção endotelial. venoso ao decúbito, que causa um aumento da pressão de
enchimento do VE que vai agravar a congestão venocapilar
Principais causas da IC pulmonar.

→ DISTÚRBIOS MECÂNICOS CAUSADOS POR: DISPNÉIA PAROXÍSTICA NOTURNA


Sobrecarga de pressão ventricular - HAS, hipertensão arterial É uma dispnéia episódica súbita que acorda o paciente durante a
pulmonar, estenose que pode ser sub, supra ou valvar. noite (pico de falta de ar intenso), que alivia quando ele senta ou
Sobrecarga de volume ventricular - regurgitação mitral, aórtica levanta.
e tricúspide, comunicação anômala, Ocorre um aumento da pressão do AE que ainda não é esclarecido,
Obstáculo ao enchimento ventricular - presença de tumor, mas que gera um aumento na pressão capilar que desencadeia
trombo atrial ou estenose valva atrioventricular. esse quadro de dispnéia súbita.
Outros: Aneurisma, tamponamento cardíaco e pericardite
constritiva.  Edema pulmonar
Nos casos de edema agudo de pulmão, que também é um caso
→ DISTÚRBIOS MIOCÁRDICOS grave, o paciente tem uma piora aguda na fração de ejeção que
Cardiomiopatias dilatadas ou hipertróficas, isquemia, infecções leva ao agravamento da congestão pulmonar que evolui na
(miocardite viral, doença de chagas), distúrbios metabólicos grande maioria das vezes para um quadro de insuficiência
(cardiopatia periparto, deficiência de selênio), cardiotoxicidade respiratória aguda. Esse paciente apresenta dispneia intensa,
(álcool, quimioterapia), doenças sistêmicas (tecido conectivo, expectoração volumosa, esbranquiçada ou até rosácea, além de
febre reumática, neoplasias, tireotoxicose, anemia grave, tosse.
insuficiência hepática... ), gestação, arritimias crônicas.
 Tosse e expectoração
Anamnese É importante investigar no paciente com IC a presença desses
sintomas. Pode ser causada por uma congestão vascular da
Correta identificação e caracterização dos principais sintomas.
mucosa brônquica ou um edema pulmonar. Na maioria das vezes,
É preciso investigar possíveis causas ou fatores desencadeantes
essa expectoração na IC é em pequena quantidade e de caráter
desses sintomas (distúrbios mecânicos ou miocárdicos).
mais mucoso.
O que deve ser investigado?
 Fadiga, astenia, sudorese, palpitações
 Regressão na capacidade de exercício físico
A fadiga na IC tem como principal causa a disfunção generalizada
Vai estar muito relacionado com a dispneia, pois ela começa de
da musculatura esquelética por conta do remodelamento vascular
uma forma mais leve e à medida que progride, essa capacidade de
que ocorre na fisiopatologia da IC. Além disso, pacientes com
exercício físico diminui cada vez mais até chegar no quadro de
anemia também podem desenvolver fadiga associada a astenia.
dispneia em repouso.

 Sintomas Gatrointestinais: dor no quadrante superior


 Falta de ar
direito, anorexia, náuseas, saciedade precoce, distensão
É o principal sintoma no paciente com IC e pode ser caracterizado
abdominal, ascite.
em dispnéia de esforço ou em repouso, ortopnéia, dispnéia
paroxística noturna. O aumento da pressão resulta em
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Cecília Gabrielle Lima Matos - 3º PERÍODO


O paciente pode ter também um quadro de desnutrição devido a EXAME DO PRECÓDIO
uma má absorção intestinal devido a uma congestão venosa no Ictus cardíaco palpável abaixo do 5º espaço intercostal e à
trato digestivo. Esses sintomas também estão relacionados a um esquerda da linha hemiclavicular, devido à dilatação do VE.
quadro de hepatomegalia congestiva relacionada a insuficiência Portanto, ocorre dilatação desse ictus para baixo e mais
de câmaras direita, relativamente comum em quadros mais lateralizado nos pacientes com IC (normalmente ele fica entre o
crônicos de IC. 3º e 4° EI e na IC está deslocado para o 5°EI).
Outras características comuns: hipofonese de B1 (devido a uma
 Sintomas neurológicos: desorientação, distúrbios de perda da força contrátil do VE), presença de B3 e sopros cardíacos
humor e personalidade, alterações de sono-vigília (decorrente de anormalidades valvares e comunicação das
Esses sintomas estão relacionados ao baixo DC que gera uma má câmaras).
perfusão cerebral.
ABDOME E EXTREMIDADES
Exame Físico Fazer o exame em busca de ascite, hepatomegalia, icterícia e a
presença de edema periférico (em MMII).
É preciso se atentar a sinais alterados no paciente que falam a
favor da fisiopatologia da IC.

SINAIS VITAIS E ECTOSCOPIA


 Estado geral: avaliar o estado nutricional, peso corporal e
aparência geral do paciente (varia com a gravidade de cada
quadro).
 Buscar sinais de baixo DC, hiperatividade adrenérgica e
vasoconstrição periférica: pele fria, sudoreica, palidez
cutânea, tempo de enchimento capilar diminuído, cianose de
extremidades.
 Pulso: avaliar frequência, ritmo e qualidade (podem
apresentar uma taquicardia sinusal)
 PA: avaliar a pressão sistólica, diastólica e pressão de pulso.
A pressão de pulso pode ser calculada pela diferença entre a
PA sistólica e diastólica. Nos casos avançados de IC, essa
pressão de pulso diminui muito.
 Frequência Respiratória: em pacientes com queixas de
dispneia ao repouso, teremos um aumento da FR.

AVALIAÇÃO DAS VEIAS JUGULARES


Essa veia jugular apresenta um ingurgitamento com o paciente
inclinado a 45°, devido a um aumento da pressão venosa central.
Inclusive é um sinal de hipertensão venosa sistêmica, relacionado
a IC com comprometimento de câmaras direitas e congestão
circulatória.
Além disso, essa hipertensão venosa sistêmica pode gerar edema,
ascite, hepatomegalia (é preciso fazer palpação do abdome).

AUSCULTA PULMONAR
Criteriosa, cuidadosa, buscando crepitações pulmonares.
Acontece em casos de IC de lado esquerdo e essa ausculta alterada
indica a presença de líquido no interior dos alvéolos pulmonares.
Essas crepitações normalmente são audíveis, encontradas nas
bases pulmonares e geralmente é bilateral.
Encontramos na percussão torácica uma hipossonoridade
característica de um derrame pleural. Esse derrame também pode
estar presente em bases e bilateral.

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