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Trauma torácico
1. Definição: 2. Classificação:
Lesões que envolvem um ou mais componentes da Divisão em três grupos quanto às condições
parede e da cavidade torácicas, incluindo hemodinâmicas e respiratórias, assim como
mediastino. gravidade e frequência de lesões que as causam.
Quanto ao mecanismo: I) Doentes instáveis:
Lesões penetrantes acometem, na maior parte das - 10 a 15% dos pacientes;
vezes, estruturas na periferia dos pulmões, o que - Instabilidade hemodinâmica ou insuficiência
proporciona o surgimento de hemotórax e também respiratória - morte iminente;
pneumotórax.
- Necessitam de tratamento efetivo imediato, sem
Lesões transfixantes atingem o mediastino podem exames subsidiários (obstrução das vias aéreas,
afetar grandes vasos, coração, pericárdio e esôfago. pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto,
De forma geral, todo paciente com instabilidade contusão pulmonar, tamponamento cardíaco);
hemodinâmica que possui esse tipo de - Comumente em lesões transfixantes de
comprometimento deve ser portador, até segunda mediastino, ferimentos precordiais ou contusões
ordem, de uma lesão torácica exsanguinante, sendo torácicas por trauma muito intenso;
indicada a toracotomia.
- Toracotomia pode ser indicada de forma imediata;
O trauma torácico fechado pode induzir:
- Maior mortalidade: 30 a 40%.
- Lesão por golpe direto ao tórax, com fraturas de
costelas; II: Doentes estáveis, nos quais a drenagem
intercostal é o tratamento definitivo:
- Lesão por desaceleração com ruptura da aorta;
- Pacientes que rotineiramente chegam ao pronto
- Contusão pulmonar ou cardíaca; socorro: 60 a 70%;
- Lesão por esmagamento, com ruptura do coração - Pacientes estáveis (hemotórax, pneumotórax,
e diafragma. hemopneumotórax de variadas dimensões);
Consequências: - Drenagem intercostal é o tratamento definitivo,
(1) hipoxemia decorrente de alterações na relação associada à sedação, analgesia e reposição
ventilação/perfusão (contusão pulmonar) ou de volêmica;
desequilíbrios pressóricos intratorácicos - Toracotomia não está comumente indicada.
(pneumotórax hipertensivo);
III) Doentes estáveis, nos quais a drenagem
(2) hipovolemia e choque hemorrágico (lesões do intercostal não é o tratamento definitivo:
coração, grandes vasos, etc.) com todas as suas
consequências (acidose láctica); - 10 a 20% dos pacientes;
(3) insuficiência cardíaca (contusão miocárdica). - Doentes estáveis que necessitam de outras
intervenções, podendo a drenagem intercostal não
Devemos lembrar que em todo politraumatizado ser indicada (lesões de esôfago, ducto torácico,
que esteja chocado, a hemorragia é a primeira diafragma, hematomas pulmonares, fraturas de
causa; no entanto, em algumas vítimas de trauma arcos costais);
torácico, a presença de choque não responsivo à
administração de volume deve suscitar alguns - Tratamento poderá ser operatório ou conservador;
diagnósticos alternativos como pneumotórax - Mortalidade de 10%.
hipertensivo, lesão miocárdica, tamponamento
cardíaco e embolia aérea para artéria coronária com
infarto extenso e choque cardiogênico.
3. Avaliação Primária:
Segue toda a sequência do A.B.C.D.E. na busca de
lesões que impliquem em risco imediato à vida da
vítima.
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Envolve reconhecimento precoce de lesões e - Manejo: reduzir a luxação de imediato: extensão


tratamento imediato simultâneo. dos ombros ou tração clavicular com pinças
Vias Aéreas e Controle da Cervical Backhaus, mantendo posteriormente o paciente em
posição supina.
Atentar para:
Suporte: Oxigênio suplementar a alto fluxo 12-15
- Exame de orofaringe e região cervical: corpos L/minuto.
estranhos, enfisema subcutâneo, hematomas,
escoriações, lacerações; Ventilação
- Estridor; Atentar para:
- Alteração da fala (comum em quadros de - Frequência respiratória;
pneumomediastino); - Cianose periférica ou central (sinal tardio);
- Cianose; - Expansibilidade torácica bilateral: simetria,
- Agitação e torpor; movimentos anormais (paradoxal);
- Palpação de região esternoclavicular; - Lesões cutâneas na caixa torácica: escoriações,
equimoses, lacerações, ferimentos perfurantes;
- Inspeção da orofaringe: corpos estranhos que
necessitem de remoção mecânica ou aspiração (ex.: - Palpar gradil costal: dor, crepitações
vômito, sangue, dente). (óssea/subcutânea), deformidades;
Garantir a perviedade das vias aéreas, com - Ausculta: alterações no murmúrio vesicular
atenção à prevenção de lesões cervicais bilateralmente, batimentos cardíacos, atritos;
adicionais: - Percussão torácica;
- Havendo dificuldade de manejo das vias aéreas - Pesquisa de turgência jugular;
por restrição do colar cervical: retirar o colar e - Posicionamento das estruturas medianas (ex.:
promover mobilização manual cervical; traqueia).
- Persistindo a dificuldade, mobilizar a cervical a Procedimentos emergenciais relacionados:
despeito do risco de lesão cervical adicional: a via
aérea é prioritária; - Punção torácica descompressiva com agulha;
- Hematomas cervicais: avaliar intubação - Toracostomia digital;
orotraqueal (IOT) precocemente; - Toracostomia tubular;
- É importante nesse tipo de trauma o domínio de - Curativos oclusivos;
técnicas adicionais para controle de via aérea - Curativos com mecanismo valvular.
difícil: ventilação a jato transtraqueal,
Circulação
fibroendoscopia flexível, cricotireoidostomia.
A cavidade torácica compreende um dos focos de
Suspeita de lesão traqueal cervical e laríngea:
choque circulatório por etiologia hipovolêmica,
- IOT com muito cuidado, em mãos experientes - restritiva ou obstrutiva.
preferência pelo uso de fibroendoscopia flexível;
Atentar para:
- Presença de aumento do enfisema cervical à
- Frequência cardíaca;
ventilação e não melhora da ventilação - suspeita
de lesão traqueal cervical: cervicotomia e - Pressão arterial;
introdução de cânula de traqueostomia ou tubo - Pulsos centrais e periféricos: simetria, amplitude,
orotraqueal no coto distal traqueal. Lesões regularidade;
laríngeas contraindicam a realização de - Distensão de veias cervicais;
cricotireoidostomia, podendo-se optar por
traqueostomia emergencial; - Temperatura;
Luxações esternoclaviculares: - Perfusão periférica;
- Podem promover obstrução das vias aéreas - Diurese;
superiores, quando houver luxação posterior; - Envolve também os cuidados no paciente com
- Suspeita: palpação de defeito na região, estridor, parada cardiorrespiratória decorrente de trauma.
alteração na voz; Procedimentos Emergenciais Relacionados
- Curativos compressivos;
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- Acessos venosos calibrosos;  Ruptura esofágica traumática;


- Reposição volêmica e de hemocomponentes;  Traumatismo da parede torácica (incluindo
- Autotransfusão; fraturas dos ossos da caixa torácica).
- Desfibrilação e compressão cardíaca;
- Punção pericárdica (Marfan); 5. Principais Diagnósticos:
- Toracotomia anterolateral esquerda de
reanimação. Lesão Traqueobronquial
As lesões na árvore traqueobronquial são raras e
4. Avaliação Secundária: potencialmente fatais, inclusive, a grande maioria
dos pacientes morre ainda em cena. No entanto,
aqueles que conseguem chegar com vida,
Pesquisa de lesões que impõe risco potencial e normalmente se apresentam com:
precoce à vida, mas não imediato. - Hemoptise;
Envolve exame pormenorizado craniocaudal, - Enfisema subcutâneo;
incluindo a avaliação do dorso.
- Pneumotórax Hipertensivo;
Deve-se garantir a estabilização inicial das lesões
da avaliação primária. - Cianose.
Envolve a realização de exames complementares Pneumotórax Hipertensivo
adicionais, a depender da suspeita e estabilidade do O pneumotórax hipertensivo se desenvolve quando
paciente: o ar consegue entrar na cavidade pleural através de
 Radiografia de tórax; um mecanismo de válvula unidirecional, ou seja: o
ar entra, mas não sai.
 Tomografia computadorizada de tórax com
contraste venoso; Dessa forma, o ar começa a se acumular,
comprimindo o pulmão e empurrando o mediastino
 Eletrocardiograma;
para o lado contralateral.
 Ultrassonografia transtorácica (E-FAST);
Com toda essa compressão, então, o paciente sofre
 Exames endoscópicos: broncofibroscopia, uma redução do retorno venoso e,
endoscopia digestiva. consequentemente, do débito cardíaco, levando a
Divisão das Lesões quanto ao Manejo um quadro de choque do tipo obstrutivo.
Imediatamente ameaçadoras à vida: O manejo deve acontecer de forma rápida e, para
isso, o primeiro passo será identificá-lo. Através da
Identificadas e tratadas na avaliação primária:
clínica e, no máximo, uma Ultrassonografia (USG)
 Pneumotórax hipertensivo; Fast.
 Pneumotórax aberto; Visto isso, os sintomas costumam ser:
 Hemotórax maciço; - Dor Torácica;
 Lesão de via aérea; - Desvio de traqueia Taquipneia;
 Tamponamento cardíaco; - MV abolido;
 Parada cardíaca relacionada ao trauma. - Dispneia Tórax elevado (s/ resp.);
Potencialmente ameaçadoras à vida: - Desconforto respiratório;
Identificadas e tratadas na avaliação secundária: - Estase de jugular;
 Pneumotórax simples; - Hipotensão;
 Hemotórax não maciço; - Cianose (tardio).
 Contusão pulmonar; Conduta:
 Tórax instável; Punção de Alívio no espaço pleural.
 Contusão miocárdica; Devido à espessura variável do tórax parede, torção
 Ruptura traumática de aorta; do cateter e outros procedimentos técnicos ou
 Lesão traumática do diafragma; complicações anatômicas, a descompressão da
agulha pode não ser bem-sucedido.
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Nesse caso, a “Toracostomia por dedo” (do inglês, material estéril sobre a lesão e fixá-lo em apenas 3
Finger Decompression) é uma abordagem dos seus lados, deixando um livre.
alternativa, que quando bem-sucedida converte um Dessa forma, durante a inspiração o material é
pneumotórax hipertensivo em um pneumotórax sugado e oclui a entrada do ar, porém, na fase de
simples. expiração, o ar empurra o material para fora e
No entanto, após ambos os procedimentos, é consegue sair pelo lado não fixado do curativo.
mandatório realizar uma Drenagem Torácica no Na sequência, também é mandatório realizar uma
paciente. Drenagem Torácica no paciente e frequentemente
Sendo que tanto a descompressão com dedo quanto é também necessário o fechamento da lesão do
a drenagem torácica devem ser realizados no tórax.
mesmo local que a punção de alívio em adultos: 4º
ou 5º espaço intercostal (EIC) anterior à linha axilar
média.

Hemotórax Maciço
Hemotórax corresponde a presença de sangue na
cavidade pleural e a gente o classifica como maciço
quando esse volume de sangue é maior do que
Pneumotórax Aberto 1500mL ou maior do 2/3 do volume total.
Nessa situação, haverá uma lesão na parede A partir daí o sangue vai se comportar como o ar e
torácica (normalmente ≥ 2/3 do diâmetro da comprimir o pulmão, atrapalhando, assim, o
traqueia) comunicando o espaço pleural com o processo respiratório.
meio externo, o que acaba fazendo com que a Não tem como saber se é ou não um hemotórax
pressão intrapleural se iguale com a atmosférica. maciço, então na prática o que é feito suspeitar é
Dessa forma, vai haver uma compressão do pulmão tratar essa condição quando o paciente apresentar
(e consequente prejuízo para a respiração), mas sinais de hemotórax e sinais de choque.
como o ar vai conseguir entrar e sair, acaba não Sinais clássicos:
acontecendo um acúmulo muito grande, que é o
A macicez à percussão e os murmúrios vesiculares
que justifica não encontrarmos aqui o desvio do
(MV) abolidos, ambos justificados pelo fato de
mediastino e a congestão venosa, por exemplo.
haver líquido no local onde deveria estar o
Sinais e sintomas: parênquima pulmonar.
- Dor torácica;
- Taquipneia;
- Dispneia;
- MV abolido.
Manejo:
O primeiro passo é fechar a lesão que está
permitindo a entrada de ar, no entanto, a gente tem
que lembrar que também é ela que permite a sua Manejo:
saída. Drenagem torácica e reposição volêmica
Dessa forma, nossa conduta inicial deve ser realizar SIMULTANEAMENTE - usando primeiro
o chamado Curativo de 3 pontas: colocar um cristaloides e, logo depois, transfusão sanguínea.
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Se tratando de um trauma penetrante medialmente Manejo:


a escápula, possivelmente houve lesão de estruturas Toracotomia/Esternotomia de Emergência e é
importantes como os grandes vasos, a região hilar interessante infundir fluido para aumentar um
ou mesmo o coração, e tudo isso levaria à pouco sua pressão venosa e seu débito cardíaco
toracotomia. enquanto aguarda a cirurgia.
Se não houver cirurgião disponível para realizar o
procedimento, deve-se optar por realizar uma
descompressão através do procedimento de
Pericardiocentese, mas aí deveremos nos atentar
para 2 questões:
a) a inserção às cegas está muito associada com
complicações e por isso é indicado realizar o
Tamponamento Cardíaco procedimento guiado por USG;
Mecanismo: basicamente vai haver um acúmulo b) esse tratamento não é definitivo e o paciente
de fluido dentro do saco pericárdico e isso vai precisa passar por uma abordagem cirúrgica o
comprimir o coração, comprometendo o seu quanto antes!
enchimento e, por tabela, o débito cardíaco (ou São métodos adicionais de diagnóstico:
seja: choque restritivo). ecocardiograma e janela pericárdica.
Para identificar essa condição, Tríade de Beck: PCR Traumática
- Hipotensão; 2 sinais: inconsciência e ausência de pulso.
- Estase de Jugular; No ECG ela costuma se apresentar como AESP,
- Abafamento de bulhas. fibrilação ventricular e assistolia.
No entanto, a estase de jugular pode não estar No entanto, vale frisar que uma vez identificada a
presente, por conta da hipovolemia do paciente, e o PCR, não se deve atrasar o manejo para obter ECG
abafamento das bulhas cardíacas pode ficar ou ecocardiograma.
inviável de ser identificada no barulho da sala de Conduta:
emergência.
Iniciar o protocolo de Suporte Avançado de Vida
em Cardiologia (ACLS).
A sistematização do ACLS para o manejo da PCR
traumática consiste em iniciar imediatamente a
reanimação cardiopulmonar (RCP) e,
concomitantemente, seguir uma sequência de
prioridades muito parecida com a do ATLS, que é
o ABCD
Pode acontecer de confundirmos um
tamponamento com um pneumotórax hipertensivo
(especialmente se for do lado esquerdo).
A grande diferença está em dois fatores:
a) percussão, em que o pneumotórax se mostrará
hipertimpânico;
b) ausculta, na qual os MVs estarão presentes
bilateralmente se for tamponamento.
Confirmação diagnóstica:
USG Fast, exame capaz de identificar entre 90 e Tendo visto, então, temos que o fluxograma da
99% dos casos. Inclusive: o tamponamento pode se abordagem desses pacientes se inicia com a RCP
desenvolver a qualquer momento, então repetir fechada associada ao ABCD pregado pelo ACLS.
esse exame é essencial! Se isso já for bem sucedido e fizer o paciente voltar
à circulação normal, segue-se o atendimento
normal. Caso contrário, está indicado a realização
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de descompressão torácica bilateral. Isso pode ou Pneumotórax Simples


não resolver a parada do paciente. O pneumotórax simples resulta da entrada de ar no
Caso resolva, deve-se realizar Drenagem Torácica espaço pleural e, na maioria das vezes, isso devera
e seguir o atendimento normal. No entanto, se não de uma lesão no pulmão que permite a passagem
resolver, o indicado é seguir para uma abordagem do ar para esse espaço.
cirúrgica, com a realização de uma Toracotomia A quantidade de ar não é tão grande, então tem uma
(Anteroposterior ou de Clamshell) com compressão do pulmão, mas não costuma ser
Pericardiotomia. suficiente para deslocar mediastino, por exemplo.
Dessa forma, poderemos determinar se a causa da Clínica:
parada foi uma lesão cardíaca ou uma hipovolemia
severa e aí, a depender do que definirmos, Percussão hipertimpânica, ausculta com MV
seguiremos por vias diferentes. abolidos e também pela identificação de um tórax
elevado e sem movimentos respiratórios.
Havendo lesão cardíaca, a conduta deve ser reparar
o coração, o que já é suficiente para acabar com a Tratamento:
parada. Porém, pode acontecer de o paciente Drenagem Torácica com posterior radiografia de
continuar em PCR e aí a última tentativa é realizar tórax para confirmar o posicionamento do tubo.
massagem cardíaca interna e/ou aplicar choque Hemotórax
elétrico internamente.
O hemotórax (não maciço) consiste no acúmulo de
Se mesmo assim o paciente não voltar em até menos do que 1,5L de sangue no espaço pleural.
30min de ressuscitação, deve-se considerá-lo
As principais causas para essa condição são as
morto. Por outro lado, se a questão toda for uma
lacerações de pulmão, de grandes vasos, de vasos
hipovolemia severa, nossa abordagem envolverá o
intercostais, entre outros.
clampeamento de vasos envolvidos e a reposição
através do acesso venoso. Contudo, no final das contas esses sangramentos
tendem a ser autolimitados, de modo que o paciente
Caso o paciente continue em parada: massagem
pode apresentar percussão maciça, ausculta com
interna e/ou choque elétrico internamente. Se ele
MV abolidos e também sinal de trauma penetrante.
não voltar em até 30min, deve ser considerado
morto. Uma vez identificados tais sinais, deve-se solicitar
radiografia de tórax.
Conduta: Drenagem Torácica com tubo de 28-32
French.
Tórax Instável e Contusão Pulmonar
São 2 condições diferentes e que podem aparecer
de forma independente.
Tórax instável, também conhecido retalho costal
móvel, advém de fraturas em 2 pontos da costela e
em duas ou mais costelas adjacentes, ou então pode
ser decorrente de uma luxação de articulações
costocondrais.
Esse tipo de lesão acaba criando um retalho na
parede torácica, que se move de forma
independente e oposta ao restante da caixa óssea
(então enquanto a parede torácica se expande, o
retalho se retrai e vice-versa).
Já a contusão pulmonar, por sua vez, é como se
fosse um hematoma dentro do pulmão.
Normalmente depois de um trauma contuso,
sangue e outros fluidos se acumulam no tecido
pulmonar, interferindo na respiração e causando
hipóxia no paciente.
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Para identificar essas condições: No entanto, alguns pacientes podem ter uma
Buscar por hipóxia, esforço respiratório e também ruptura incompleta da aorta ou o sangramento
fazer uma radiografia de tórax. vazar apenas para dentro do mediastino, o que
permite a formação de um hematoma que o
Conduta: contenha.
- Administrar oxigênio umidificado; Como identificar:
- Adequar a ventilação; Esse é o problema. A ruptura de aorta não apresenta
- Iniciar reposição volêmica; sinais e sintomas específicos, então a gente acaba
- Anestesiar o paciente. ligando o alerta apenas com a história de
desaceleração.
Mas atenção com 2 coisas:
Dessa forma, o seu diagnóstico é feito com base
a) Antes de começar a reposição é importante
nos achados radiológicos, sendo que os exames
avaliar se o paciente tem sinais de hipotensão, caso
solicitados podem ser 2: a TC e a radiografia de
ele não tenha, essa reposição deve ser com cuidado,
tórax.
controlando para não infundir muito volume e
acabar atrapalhando ainda mais o processo de A TC é o melhor exame nesse caso, mas é
respiração; importante a gente atentar de que ela é
contraindicada caso o paciente esteja
b) A anestesia pode ser feita com narcóticos por via
hemodinamicamente instável e é justamente aí que
intravenosa ou de forma localizada por bloqueio de
entra a radiografia, que pode se apresentar com
nervo (que é a mais indicada pois os narcóticos
uma série de sinais:
podem deprimir o sistema respiratório).

Contusão Cardíaca
Cerca de 50% das contusões cardíacas ocorrem por
conta de acidente de carro, atropelamento, acidente
de moto ou queda de mais de 6m, sendo que as Uma vez tendo sido feito o diagnóstico, o
principais repercussões desse tipo de Trauma são: tratamento dessa condição é com o cirurgião e
consiste na sutura da lesão, ou então na colocação
- Contusão do músculo cardíaco; de enxerto.
- Ruptura cardíaca; Ruptura Diafragmática
- Dissecção de artéria coronária; A ruptura diafragmática pode ser gerada tanto por
- Lesão valvar. um trauma penetrante quanto por um trauma
Dessa forma, o paciente costuma se apresentar com contuso, sendo que ela é mais facilmente
hipotensão e desconforto torácico. identificada quando ocorre do lado esquerdo, até
porque o fígado acaba dificultando o acesso a esse
No entanto, o diagnóstico preciso é feito através do
músculo pelo lado direito.
ECG com disritmia e do ecocardiograma alterado.
Principal achado:
Ruptura Aórtica
Elevação da cúpula diafragmática, que pode ser
A ruptura de aorta é uma lesão normalmente
confirmado através de uma radiografia ou de uma
causada por acidente automobilístico e na grande
TC.
maioria das vezes ela leva à morte de forma
imediata.
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Caso nenhum desses exames consigam identificar


a ruptura, aí pode ser necessário solicitar uma
radiografia contrastada.
Métodos diagnósticos minimamente invasivos
também podem ser úteis aqui, como é o caso da
laparoscopia e da toracoscopia.
Tratamento: dessa condição é o reparo direto do
tecido muscular.
Ruptura Esofágica por Trauma Contuso
O trauma mais comum a acometer o esôfago é o
penetrante. Contudo, mesmo sendo raro, o contuso
também pode acontecer e ele é potencialmente fatal
se não for reconhecido.
Normalmente esse tipo de lesão ocorre quando o
paciente sofre uma expulsão forçada do conteúdo
gástrico pelo esôfago.
Toda a força envolvida nesse mecanismo acaba
provocando lesões lineares na musculatura
esofágica, permitindo que o conteúdo caia no
mediastino e/ou no espaço pleural, causando,
respectivamente, mediastinite e empiema.
O diagnóstico é suspeitado quando se encontra ar
no mediastino e pode ser confirmado por meio de
uma radiografia contrastada.
Já o tratamento, por sua vez, consiste na drenagem
do conteúdo perdido e no reparo direto da lesão.

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