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pacientes reais por prá cas orientadas, reproduzidas
ar ficialmente em cenários e manequins, evocando
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Sobre esta apos la:

Esta apos la foi elaborada para auxiliar o estudo do


Trauma de Torax e noções primarias sobre o assunto

Bons estudos e Sucesso!


Urgências Trauma cas
Neste material, serão apresentadas as principais emergências na área da cirurgia do trauma. O
profissional de saúde que atua na área terá informações importantes sobre anatomia, fisiologia,
manejo e principais condutas a serem tomadas no atendimento ao trauma zado.

Trauma de tórax

Obje vos de aprendizagem


• Conhecer a epidemiologia do trauma torácico.

• Aprender sobre a anatomia do tórax.

• Iden ficar as lesões com risco


imediato de morte.
• Saber como proceder no atendimento primário a lesões com risco imediato de morte.

• Conhecer os métodos complementares da avaliação do trauma de tórax.

• Saber interpretar uma radiografia de


tórax no trauma.
• Iden ficar as lesões com risco
potencial de morte.
• Conhecer a toracotomia de reanimação.
Urgências Traumáticas

Trauma
de Tórax

5
1. Introdução

O trauma torácico é a causa de 25% das mortes em trauma zados. Pode


decorrer de trauma contuso ou penetrante.
A grande maioria dos casos é tratado por procedimentos simples, não cirúr -
gicos, que devem ser de conhecimento dos profissionais que prestam aten-
dimento a esses pacientes, já que somente alguns deles precisarão de inter-
venção cirúrgica através de uma toracotomia: 10% daqueles com traumas
contusos e de 15 a 30% daqueles com traumas penetrantes.
Anatomia
A anatomia do tórax é representada pelo arcabouço torácico e pelos órgãos
internos.
O arcabouço torácico é formado superiormente pelas clavículas, anteriormente pelo
esterno e posteriormente pelas escápulas e pela coluna torácica. Tanto na região
anterior quanto na lateral e na posterior, há a presença das costelas. A conformação
em forma de caixa é importante na dinâmica da ven lação e na proteção dos órgãos
internos.

Clavícula Clavícula

Escápula Escápula

Úmero Úmero

Esterno

Costelas

Os órgãos internos da cavidade torácica são os órgãos dos sistemas respiratório (traqueia,
brônquios, pulmões, diafragma), circulatório (coração, grandes vasos
– veia cava, aorta, artérias e veias pulmonares) e diges vo (esôfago, que se
encontra posteriormente à traqueia).
Lesões com risco imediato de morte
Independentemente da localização do trauma no indivíduo, o atendimento ao
trauma zado é igual e respeita os mesmos princípios. Ou seja, devemos conhecer o
mecanismo do trauma, entender a sua biomecânica e proceder ao atendimento
inicial seguindo a sequência do “ABCDE”, a fim de promover a adequada avaliação e
a implementação de medidas de cuidado.
No atendimento inicial, devemos reconhecer as lesões com risco imediato de morte
e já promover as primeiras medidas, assim que diagnos cadas. É importante
lembrar que o diagnós co é clínico, não se devendo esperar por métodos
complementares.
Entre essas lesões temos pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto,
hemotórax maciço, tórax instável e tamponamento cardíaco.

Pneumotórax hipertensivo
O pneumotórax hipertensivo decorre de uma lesão pulmonar extensa ou de uma
lesão na árvore traqueobrônquica, com consequente extravasamento de grande
quan dade de ar (pneumotórax) no espaço pleural.
No caso do pneumotórax hipertensivo, a entrada de ar é persistente e uni-
direcional, levando ao colabamento do pulmão do lado acome do e ao pro - gressivo
deslocamento das estruturas centrais (medias no) para o lado contra lateral.
Com isso, nota-se, ao exame sico do pescoço, desvio da traqueia e turgên- cia
jugular, ou seja, um ingurgitamento das veias do pescoço originado pela di- minuição
do retorno venoso ao coração devido ao desvio dos vasos medias nais.

Fonte: Centro de Simulação da Faculdade de Ciências Médicas


da Unicamp - Acervo pessoal 2017.

Há consequentes sinais de choque por não haver sangue a ser bombeado para o
restante do organismo, em decorrência da redução do retorno venoso. A persis-
tência do quadro faz com que o coração não possua mais conteúdo a bombear e
acabe parando.
Normal Traqueia desviada para a direita

Cartilagem tireóide
Cartilagem tireóide

Cartilagem cricóide
Cartilagem cricóide

Traqueia
Traqueia

Dessa forma, o diagnós co clínico é realizado na avaliação da respiração e da


ven lação, na qual encontramos, no lado acome do: ausculta pulmonar abolida
com hiper mpanismo à percussão e, na maioria das vezes, presença de estase
jugular, desvio de traqueia e sinais d e choque.
A conduta imediata, assim que detectado o pneumotórax, é a toracocentese no 2º
espaço intercostal do lado acome do, com disposi vo para acesso venoso periférico
calibroso a 90°. A toracocentese fará com que o ar, que está presente em grande
quan dade no lado acome do, saia parcialmente, deixando de desviar as estruturas
medias nais.

Após a toracocentese, deve-se


realizar a drenagem de tórax no
lado acome do. Realizada a
drenagem de tórax, o disposi vo
para acesso venoso periférico
usado para a punção já pode ser
re rado.

Fonte: Centro de Simulação da Faculdade de Ciências Médicas da


Unicamp - Acervo pessoal 2017.
Pneumotórax aberto
O pneumotórax aberto decorre de uma abertura na parede torácica por um trauma
penetrante, que possibilita a entrada de ar pelo ori cio e não pelas vias aéreas, por
ter menos resistência. Para isso, é necessário que essa abertura tenha no mínimo 2/3
do diâmetro da traqueia do paciente.
A persistência da entrada de ar gera um colapso pulmonar simil ar ao quadro do
pneumotórax hipertensivo, podendo ocasionar o desvio do medias no.
O diagnós co se faz, inicialmente, na inspeção ao exame sico, em que se nota o
ferimento presente no tórax, muitas vezes um ferimento soprante (traumatopneia).
A conduta imediata a ser realizada é a oclusão valvulada do ori cio, denominado
cura vo de 3 pontas.
Esse cura vo impede a entrada de ar na inspiração e permite a saída de ar na
expiração.

Curativo de três pontas

O obje vo é produzir um efeito de válvula. Quando o paciente inspirar, a sucção da ferida


fará o cura vo colabar, impedindo a entrada de ar. ... Ocluindo os quatro lados
do cura vo ocorrerá acúmulo de ar no espaço pleural resultando em pneumotórax
hipertensivo.

Após o cura vo de 3 pon- tas,


deverá ser realizada a
drenagem torácica do pa-
ciente através de um ori cio
criado cirurgicamente, em
condições assép cas.
Com a cavidade devida-
mente drenada, o ferimento
Fonte: Centro de Simulação da Faculdade de Ciências Médicas da pode ser suturado e comple-
Unicamp - Acervo pessoal 2017.
tamente ocluído.
Hemotórax maciço
O hemotórax maciço é originado por uma lesão de algum vaso intratorácico que origine
sangramento de grande volume no espaço pleural, precisamente mais de 1.500ml.
Geralmente decorre de ferimentos penetrantes, e muitas vezes o vaso que origina o
sangramento faz parte do arcabouço torácico, como os vasos intercostais e a artéria
mamária.

Artéria
Vasos mamária
intercostais

O paciente apresentará, ao exame sic o, diminuição ou ausência de ausculta


pulmonar no lado acome do, com submacicez ou macicez e sinais de choque pelo
sangramento.
Deve-se proceder à drenagem torácica ao ser diagnos cado hemotórax, e a grande
quan dade de volume drenado é indicação formal de intervenção cirúrgica.

Tórax instável
O tórax instável decorre da origem traumá ca de um segmento móvel
flutuante no arcabouço torácico.
Existem dois pos de tórax instável:
1. um mais frequente, que decorre da fratura de duas ou mais costelas consecu vas
em dois ou mais lugares;
2. outro mais raro, em que há a fratura de duas ou mais costelas consecu vas em
apenas um lugar associado à disjunção das costelas com o osso esterno (tórax
instável esternal).

O diagnós co é baseado na inspeção clínica, em que se


constata um assincronismo entre o seg- mento móvel
flutuante e os movimentos respi- ratórios, denominado
respiração paradoxal.
Segmento flutuante Inspiração Expiração

O tratamento do tórax instável consiste em suporte ven latório e analg esia


adequada.
Invariavelmente, há a presença de lesões torácicas associadas, como pneu - motórax
e principalmente contusão pulmonar, havendo, portanto, a necessidade de
tratamento para cada uma dessas.

Tamponamento cardíaco
O tamponamento cardíaco decorre na maioria das vezes de ferimento pene- trante,
resultando em uma lesão cardíaca ou coronariana que sangra para o interior do
espaço pericárdico.
O coração, que bate livremente no espaço pericárdico, encontrará resistência
devido à presença de sangue, com isso, diminuindo sua efe vidade.
Bombeando menos, o sangue que chega ao coração ficará represado, como um
conges onamento, ocasionando ingurgitamento dos vasos antes de chegar ao
coração e consequente sinais de choque.
Dessa forma, o diagnós co é clínico, com a presença de estase jugular, sinais de
choque e abafamento das bulhas cardíacas à ausculta.
Ao conjunto desses sinais, chamamos de tríade de Beck, que está presente em cerca
de 30% dos tamponamentos.
Devemos suspeitar e descartar a pre-
sença de lesão cardíaca em todos os fe-
rimentos penetrantes na zona de risco,
denominado área de Sauer-Murdock ou
Ziedler – já que de 20% a 40% dos
pacientes com ferimentos nessas áreas
podem evoluir para tamponamento car-
Saudável Tamponamento
cardíaco díaco e foram admi dos estáveis hemo -
dinamicamente.
Tanto a área de Sauer-Murdock quanto a de Ziedler são projeções no tórax do
paciente tanto anteriormente quanto posteriormente.
Os limites são: superiormente encontra-se a linha das clavículas, nas laterais estão
as linhas hemiclaviculares ou mamilares, e inferiormente o rebordo costal.

A área de Ziedler também é um cubo, por ser projetada posteriormente. Da


mesma forma que na área de Sauer-Murdoch, sua região anterior é delimi- tada
superiormente pelas clavículas e inferiormente pelo rebordo costal. Porém, nas
laterais observa-se um deslocamento das linhas vistas na área de Sauer-
-Murdock para a esquerda, ou seja, delimitado pela linha paraesternal direita e pela
linha axilar anterior.

Importante!
Lembre-se de que, sempre que ver
ferimento penetrante na la- teral ou
dorso que represente a projeção das
linhas desenhadas anteriormente,
deve-se descartar lesão cardíaca e de
grandes vasos.

O ultrassom FAST pode evidenciar a presença de líqu ido livre na janela pericár- dica.

Ao se suspeitar de tamponamento cardíaco,


pode-se realizar a pericardiocentese subxi-
foídea (punção de Marfan), que é uma pun- ção
do saco pericárdico com agulha e aspira- ção do
conteúdo presente nele. Atualmente, seu uso
tem sido indicado, com o auxílio da
ultrassonografia, para minimizar os riscos de
complicações como perfuração ventricular ou
coronariana, por exemplo.

Como alterna va à pericardiocentese, pode-se indicar um procedimento cirúr- gico


de janela pericárdica em que o cirurgião faz uma abertura no saco pericár- dico para
avaliar o conteúdo presente, podendo inclusive esvaziá -lo quando for hemá co.
Métodos auxiliares da avaliação inicial
Após proceder ao atendimento primário ao trauma zado e pro mover as medidas
necessárias para a reanimação do paciente, ou seja, para a normalização dos sinais
vitais, podemos u lizar métodos auxiliares.
No trauma de tórax, tanto a radiografia simples (RX) de tórax quanto a tomografia
computadorizada (TC) são métodos auxiliares imprescindí- veis, já que nos auxiliam
em muitos diagnós cos.
Além deles, tem se tornado mais popular a realização do ultrassom torácico.

Radiografia simples de tórax


A radiografia simples de tórax geralmente é realizada na
incidência anteroposterior, visto que o paciente se
encontra deitado.
Saber avaliar uma radiografia de tórax é imprescindível e,
para isso, u lizamos uma forma baseada no programa
de Advanced Trauma Life Support (ATLS) para interpretá-
lo e não deixar passar nenhuma avaliação.
Seguimos o mesmo método mnemônico “ABCDE”.

Avaliação do raio X de tórax – método “ABCDE”


1) Avaliamos a iden ficação da radiografia, ou seja, se é do paciente a que es-
tamos nos referindo.
2) ABCDE do raio X:

A: Airway
Avaliamos as vias aéreas, isto é, observamos a
coluna de ar na traqueia e percebemos se está
centrada, se possui algum disposi vo etc.
B: Breathing
Avaliamos o parênquima pulmonar bilateral-
mente, observando se está presente até a peri-
feria, se existe alguma diferença entre os lados, se
há alguma lesão no parênquima.

C: Circulação
Avaliamos o coração e grandes vasos, analisan- do
a área cardíaca e o medias no.

D: Diafragma
Observamos se este encontra-se linear bilate-
ralmente, se existe algum velamento do seio
costofrênico (derrame).

E: Esqueleto
Observamos se há alguma fratura no arcabouço
torácico (costelas, clavículas, escápula, coluna).
F: Fios e disposi vos
Observamos se há algum fio de monitorização ou
disposi vos, como eletrodos, drenos, cânu- las
intratraqueais, sonda nasogástrica, marca- passo
etc.

Tomografia computadorizada (TC) de tórax


Tem aumentado o uso da tomografia computadorizada (TC) de tórax pela sua
maior indicação em quadros de traumas originados de grande energia.
Saber interpretar os principais achados se faz importante. Mostraremos alguns
achados principais ao longo deste capítulo.

Ultrassom (E-FAST)
A realização do ultrassom FAST no atendimento ao trauma zado u liz ando as
janelas abdominais já é ro na, e seu uso já está oficializado. Porém, a sua
popularização e maior disponibilidade têm mostrado sua importância em outros
segmentos corpóreos, como o torácico.
O FAST que inclui o segmento torácico é denominado E-FAST, ou seja, “extended”
FAST (estendido).
Com o E-FAST, além das janelas abdominais, há o acréscimo de 4 janelas torácicas: 2
apicais (4º espaço intercostal) e 2 basais posteriores, sendo uma de cada lado.

O obje vo da realização do ultrassom no tórax


encontra-se na pesquisa de líqui- do livre
(hemotórax) ou linha de pneu- motórax.
O hemotórax é visualizado como uma linha
anecóica (preta) adjacente à linha do dia-
fragma.
Fonte: Centro de Simulação da Faculdade de Ciên- cias
Médicas da Unicamp - Acervo pessoal 2017.

Normalmente, o espaço pleural é visto como


uma linha que se move durante a respiração,
formando um sinal denominado “cauda do
cometa”. Quando esse sinal não está presente,
indica que nessa região não há deslizamento
entre a pleura visceral e parietal, sugerindo
pneumotórax.
No modo ultrassonográfico de movimento (modo M), conseguimos ver a
normalidade do deslizamento da pleura, chamado “sinal da praia”. A presença de
pneumotórax é vista como uma ausência da linha da praia, chamada “sinal da
estratosfera”.
Se somarmos o “sinal da estratosfera” com a presença do ponto “P” (limite entre a
zona normal vista com “sinal da praia” com a zona alterada vista como “sinal da
estratosfera”), temos 100% de especificidade para pneumotórax.

A: sinal da praia
B: sinal da estratosfera
Seta: linha da praia
P: ponto de intersecção área normal
com área de pneumotórax

Lesões com risco potencial de morte


As lesões torácicas com risco potencial de morte são aquelas que podem ser
diagnos cadas após exames complementares, ou seja, podem ser suspeitadas no
atendimento primário e confirmadas posteriormente, já que não originam alteração
clínica inicial.

Pneumotórax “simples”
Pneumotórax decorre da presença de ar no espaço pleural.
Alguns usam a nomenclatura de pneumotórax simples para diferenciar do
hipertensivo. Há o receio em nomear dessa forma para não subes mar a
potencialidade da gravidade. Pode ser usado somente pneumotórax.
Muitos casos são de pequeno volume, e dessa forma não apresentam
sintomatologia ou achados no exame primário, sendo diagnos cados com exames
complementares. Não deve ser feita toracocentese para o esvaziar, nem para
diagnos cá-lo.
O tratamento depende do tamanho do pneumotórax e da sintomatologia
apresentada pelo paciente.
Os pequenos pneumotórax, considerados menores que 30% da área torácica do lado
acome do em pacientes assintomá cos, podem ser tratados sem drenagem de
tórax.
A drenagem de tórax deve ser realizada nas seguintes situações:
• pneumotórax maiores de 30%;

• pacientes sintomá cos (dor torácica, dispneia, queda da saturação,


taquipneia);
• pacientes que serão subme dos a ven lação mecânica;

• pacientes que u lizarão transporte aéreo.

RX de tórax evidenciando pneumotórax


à direita.

Hemotórax “simples”
Hemotórax é a presença de sangue
no espaço pleural.
Tal como com o pneumotórax, a no-
menclatura “simples” serve para di-
ferenciar do hemotórax maciço. É
decorrente de lacerações pulmo-
nares ou sangramentos menores nas
artérias intercostais ou na artéria
mamária.
O diagnós co pode ser radioló- gico
ou tomográfico. Sabe-se que volumes
maiores de 300mL são visí- veis na
radiografia de tórax.
RX de tórax evidenciando derrame pleu- Todo hemotórax deve ser drenado,
ral à esquerda. Como trata-se de trau- ma, visto que sua presença no tórax po-
temos um hemotórax. derá gerar complicações.
Urgências Traumáticas

Drenagem de tórax
Fratura de costela, clavícula, escápula e esterno
Em qualquer trauma torácico pode haver fraturas do arcabouço torácico sem que
ocorra acome mento de estruturas intratorácicas, visto que esse arcabouço,
juntamente com a musculatura, absorvem o impacto em muitos traumas.
Já em crianças, pela elas cidade do arcabouço torácico em formação, pode haver
lesões intratorácicas sem a presença de fraturas.
Podemos considerar a fratura de costela como o trauma torácico mais frequente.
Quando há fratura de costelas, dependendo de sua localização, podemos suspeitar de
algumas lesões internas. Por exemplo, lesão nos primeiros arcos costais nos obriga a
descartar lesão de grandes vasos, principalmente aorta.
Já a fratura dos úl mos arcos costais, pela dinâmica da respiração, em que se eleva
e abaixa o diafragma, pode ocasionar lesões intra-abdominais, principalmente no
gado e no baço.

A fratura de clavícula também é frequente, porém menos incidente que a de


costela. A sua presença indica avaliação complementar da perfusão e pulsos do lado
acome do, com comparação contralateral, visto que os vasos sanguíneos que
irrigam o membro superior percorrem a porção inferior da clavícula, tendo
localização justaclavicular.
Já as fraturas de escápula e esterno são raras, e para ocorrerem é necessá- rio um
mecanismo de trauma de alta energia. Em ambas, temos que suspeitar de lesões de
grandes vasos medias nais, principalmente da aorta e na fratura esternal, além de
descartar contusão miocárdica.

Contusão pulmonar
A contusão pulmonar decorre do impacto sobre o pulmão, diretamente ou dele em
relação ao arcabouço torácico.
Pode apresentar-se sem outras lesões associadas, porém é mais frequente com
outros achados, como fraturas de costelas, pneumotórax, etc.
O impacto pulmonar leva à ruptura de vasos e consequente extravasa- mento de
líquidos e sangue para o inters cio pulmonar e intraalveolar. O resultado é a
diminuição de espaço pulmonar sadio para a troca gaso- sa, levando a hipóxia.
O seu principal tratamento é suporte ven latório, sendo muitas vezes neces- sário o
uso de ven lação mecânica. A fisioterapia respiratória é imprescindí- vel para evitar
complicações, sendo a principal delas infecção.
O principal diagnós co diferencial é a presença de broncoaspiração. Porém, esta
respeita os limites dos lobos e segmentos nos achados de imagem, diferen- te da
contusão pulmonar.
No raio X de tórax, a contusão pulmonar é caracterizada por imagem de opaci - dade,
conforme imagens abaixo.
Contusão Cardíaca
A contusão cardíaca (miocárdica) decorre do impacto so- bre o
coração, diretamente ou dele em relação ao arca- bouço torácico,
principalmente o esterno.
A lesão mais comum é a transmural, podendo haver rupturas
cardíacas manifestadas como tamponamento cardíaco.
Quando o mecanismo de trauma for de alto impacto, por exemplo, com deformi-
dade de volante, alguns acionamentos de air bag e fraturas de esterno, devemos
suspeitar de contusão miocárdica.
Na sala de emergência, a realização do E-FAST pode auxiliar na busca de disci- nesias
do ba mento cardíaco.
Em todos os pacientes suspeitos, deve ser realizado um eletrocardio- grama (ECG)
e a dosagem laboratorial de troponina (marcador mais sensível de injúria
miocárdica).

Importante!
A dosagem da enzima cardíaca CKMB não tem valor diagnós co de lesão
miocárdica, por encontrar ro neiramente com valores aumenta- dos decorrentes
de injúria muscular sistêmica pelo impacto do trauma.

A presença de arritmias, hematoma cardíaco na TC, alterações no ECG inicial ou


troponina alterada indica a realização de ecocardiograma.
Sua fisiopatologia é diferente da observada no infarto, em que há a obstrução ao fluxo
de um dos vasos do coração (coronárias), de forma que o tratamento não deve ser
igual.
Ruptura traumá ca da aorta
A maioria dos pacientes com ruptura de aorta não sobrevivem ao trauma, sendo que
são admi dos em unidade de emergência somente cerca de 15% desses pacientes.
O mecanismo de trauma que origina a lesão de aorta é uma grande desaceleração,
ou seja, qualquer mecanismo em que o corpo do paciente sofre uma frenagem
abrupta em seu movimento, como em atropelamentos, impactos frontais, ejeções
dos veículos e quedas de altura.
Por ocorrer devido a uma desaceleração, na maioria dos casos a ruptura ocorre no
ligamento arterial, ou seja, sua fisiopatologia difere da observada no aneurisma de
aorta e na dissecção de aorta, de forma que não podemos u lizar essas
nomenclaturas.
O principal método de triagem diagnós ca é a radiografia de tórax,
sendo que alguns achados sugerem a sua lesão.
Somente 1 a 2% das lesões de aorta não apresentam achados ao raio X.

artéria artéria caór da


branquiocefálica comum esquerda

Estresse por artéria


torção subclávia
esquerda

aorta
ascendente
Estresse por
cisalhamento

Estresse por
dobradura

valva ligamento
aór ca arterial
aorta
descendente
Urgências Traumáticas

Achados no raio X de tórax sugerindo lesão de aorta


A confirmação do diagnós co deve ser feita por tomografia contrastada na fase
arterial ou arteriografia.

Fonte: Centro de Simulação da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp - Acervo pessoal 2017.

O tratamento do trauma de aorta é cirúrgico e pode ser feito por via aberta
(convencional) ou endovascular.

Ruptura do diafragma
A ruptura do diafragma é uma condição pouco frequente. Decorre de mecanismos
de aumento abrupto da pressão intra-abdominal no trauma fechado ou mais
frequentemente no trauma penetrante.
Não é fácil fazer o diagnós co por imagem quando a lesão é pequena. A radiografia
de tórax e a TC de tórax auxiliam no diagnós co, porém muitas vezes há a
necessidade de confirmação por laparoscopia.
Na radiografia abaixo podemos notar uma irregularidade no contorno do diafragma
à esquerda, com uma imagem arredondada no tórax que equivale a porção
intes nal herniado.
Se houver dúvida no raio X de tórax, pode-se
passar uma sonda gástrica e repe -lo. Será
evidenciado que esta se encontra no tórax,
corroborando para sua hipótese diagnós ca.
O tratamento é cirúrgico. Tem-se discu do a não
intervenção em lesões do lado direito, não sendo
consenso na literatura.
Lesão traqueobrônquica
A lesão da traqueia ou dos brônquios principais é uma lesão incomum e potencialmente
fatal.
No trauma fechado, geralmente ocorre 2 a 3 cm da carina.
Nos quadros graves, pode originar
quadro de insuficiência respiratória ou
mesmo o extravasamento de ar para a
cavidade pleural, formando um pneu-
Traqueia motórax, e, por ter um alto fluxo, mui-
tas vezes hipertensivo.
Brônquio A sintomatologia clínica depende do ta-
esquerdo
manho da lesão e da necessidade do
paciente de ven lação mecânica.
Em lesões menores, os pacientes po-
dem apresentar sintomatologia clíni- ca
mínima, havendo suspeita de lesão
tranqueobrônquica em caso de persis-
Carina tência do escape aéreo do pneumotórax
ou de ausência de resolução do mesmo.
Em lesões maiores, pode-se ter dificuldades de intubação orotraqueal e de
ven lação.
Inicialmente, alguns achados nos métodos complementares nos fazem levantar a
suspeita de lesões, tais como a presença de ar no medias no (pneumomedias- no)
no raio X de tórax.

RX de tórax mostrando uma linha de ar em volta do TC de tórax evidenciando ar (“preto”) em volta das
coração (pneumomedias no) estruturas mediastinais: pneumomedias no.

Em pacientes estáveis, a broncoscopia confirma a lesão e espera-se para cor- reção


cirúrgica ele va. Em pacientes descompensados ou instáveis, a indi- cação cirúrgica
deve ser imediata.
Transfixante do medias no
Os ferimentos transfixantes do medias no são um desafio para o profissional
responsável pelo atendimento, decorrem de ferimento penetrante torácico que
entrou por um hemitórax e percorreu para o outro passando pela região central.
Todas as estruturas medias nais podem estar acome das. Para isso, vale refor- çar a
anatomia de quais estruturas por lá passam:

• traqueia e brônquios (sistema respiratório);

• coração e grandes vasos (sistema circulatório);

• esôfago (sistema digestório).

Em um paciente estável, há a possibilidade de inves gar todos os órgãos. Em um


paciente instável, a conduta cirúrgica está indicada.
A inves gação dos órgãos faz-se através de exames complementares. A
tomografia é o primeiro deles, e pode nos auxiliar a inferir o trajeto d o pro- jé l e
mostrar lesões.
Porém, adicionalmente, temos que descartar as lesões que a tomografia com-
putadorizada pode deixar passar:

• traqueia e brônquios – broncoscopia;

• coração – ecocardiograma;

• coração e grandes vasos – TC mul canais tem boa sensibilidade, princi-


palmente na fase arterial;
• esôfago – endoscopia diges va alta.

Toracotomia de reanimação
A toracotomia de reanimação é o procedimento cirúrgico realizado na sala de
emergência como medida salvadora.
Suas indicações são controversas na literatura, porém está formalmente indicada nos
quadros de ferimento penetrante do tórax em que o paciente é admi do com
presença de sinais vitais ou quando apresenta sinais vitais e acaba evoluindo para
parada cardiorrespiratória (PCR) ou admi do com PCR em a vidade elétrica sem
pulso (AESP).
Não está indicado em pacientes que já apresentam sinais de morte evidente ou
com tempo impreciso entre PCR e admissão hospitalar, desde que não esteja em
AESP.
Deve ser realizada por médico capacitado e com a disposição de instrumentos
cirúrgicos adequados, como um afastador para abertura e manutenção da abertura
do tórax denominado Finochie o.
Os obje vos principais são:

• aliviar o tamponamento cardíaco;

• controlar a hemorragia decorrente da lesão de vasos intratorácicos ou de lesão


cardíaca;
• realizar a massagem cardíaca aberta;

• clampear temporariamente a aorta torácica descendente a fim de priorizar o


fluxo sanguíneo para o miocárdio e para o cérebro, além de diminuir
sangramentos infradiafragmá cos.

Fonte: Centro de Simulação da Faculdade de Ciências Médicas da Uni- camp -


Acervo pessoal 2017.
Considerações Finais
Parabéns! Você deu um passo importante ao concluir a leitura da
nossa apos la sobre trauma de tórax. Compreender os detalhes e
as nuances desse assunto é fundamental para se tornar um
socorrista de excelência. Agora, quero destacar a importância do
seu aprendizado.

Imagine-se diante de uma situação de emergência envolvendo um


trauma de tórax. Se você já estudou esse tópico, estará muito mais
preparado para tomar decisões rápidas e precisas, o que pode fazer
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