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Alanne Paula I 7E

DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA: EVENTOS RESULTANTES DO TRAUMA TORÁCICO:

➔ O trauma torácico pode resultar de mecanismos ➔ Hipóxia:


contusos ou penetrantes;
 Ocorre devido à má perfusão dos tecidos;
➔ A maioria das lesões requer tratamento simples,
como oxigenoterapia suplementar, suporte  Alteração na relação V/Q, nos casos de
ventilatório, analgesia e toracostomia com tubo, contusão pulmonar, hemorragias alveolares,
quando necessário; hematomas;

➔ A TORACOTOMIA é realizada na minoria das  Hipovolemia;


lesões torácicas, de 15 a 20%;
 Alteração da pressão intratorácica:
➔ Menos de 10% dos traumatismos fechados do
causada por pneumotórax hipertensivo,
tórax e somente 15 a 30% das lesões penetrantes
pneumotórax aberto.
necessitam de procedimento cirúrgico.

➔ Hipercapnia – retenção de CO2:


MECANISMO DO TRAUMA:
 Hipoventilação e diminuição do nível de
consciência;
Traumatismo torácico contuso (fechado):
 Alterações nas relações pressóricas
 As causas mais comuns desse tipo de
intratorácicas.
traumatismo são os acidentes
automobilísticos, as quedas e os ➔ Acidose metabólica:
acidentes com bicicleta;
 Ocorre também por hipoperfusão dos
 Os tipos desse traumatismo incluem: tecidos – choque obstrutivo;
- Fraturas da parede torácica;
- Luxações;  Acúmulo de ácido lático e acúmulo de
- Fraturas de arcos costais; CO2.
- Barotraumas;
- Lesão de pleura, dos pulmões, do trato
aerodigestório e lesões contusas do coração. AVALIAÇÃO – ATENDIMENTO INICIAL:

➔ O tempo é um fator muito importante no trauma


Traumatismo torácico penetrante (aberto): torácico;

 A consequência clínica desse tipo de ➔ O paciente deve ser avaliado imediatamente


trauma depende do mecanismo de lesão, para determinar o tempo decorrido desde a
de sua localização, das lesões associadas lesão, o mecanismo, nível de responsividade,
e das doenças subjacentes; lesões específicas, perda de sangue estimada,
uso recente de fármacos ou bebidas alcoólicas e
 As lesões mais comuns são:
tratamento pré-hospitalar;
- Pneumotórax, hemotórax e tamponamento
cardíaco. ➔ O XABCDE deve ser seguido:
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 Inspeção de vias respiratórias, tórax, veias  Ruptura traumática de aorta.


do pescoço e da dificuldade respiratória;

 As especificidades incluem a avaliação da ➔ Iniciar tratamento à medida em que os


frequência e profundidade da respiração; problemas críticos forem encontrados.

 Examina-se o tórax quanto à simetria de LESÕES ESPECÍFICAS DO TRAUMA TORÁCICO:


movimentos e sons respiratórios, ferimentos
abertos, à entrada ou saída de feridas,
objetos encravados, desvio traqueal, Pneumotórax Pneumotórax Pneumotórax
enfisema subcutâneo e movimento simples hipertensivo; aberto;
paradoxal da parede torácica;

 A parede torácica é examinada em busca Tórax instável; Hemotórax; Tamponamento


cardíaco;
de hematomas, petéquias, lacerações e
queimaduras;
Fraturas de Contusão Ruptura de
 SSVV e coloração da pele são avaliados
costelas; cardíaca; diafragma;
quanto aos sinais de choque;

 O tórax é palpado para verificar se há Contusão Comoção Ruptura


dor, rigidez e crepitação, além de avaliar pulmonar; cardíaca; traumática da
a posição da traqueia; aorta;

 Na percussão, verificar se o som está


timpânico, hipertimpânico, maciço ou som Ruptura Asfixia traumática.
claro pulmonar; traqueobrônquica;

 E, na ausculta, se há presença, ausência ou


diminuição dos MV.
LESÕES TRAQUEOBRÔNQUICAS:
➔ Identificar as lesões ameaçadoras à vida:
➔ FRATURA DE LARINGE:
 Pneumotórax hipertensivo;
 São lesões raras que provocam importante
 Pneumotórax aberto – ferida aspirativa; obstrução em vias aéreas e dispneia;

 Hemotórax maciço;  Os sinais evidentes são:

 Lesões traqueobrônquicas; 1. Rouquidão;


2. Enfisema subcutâneo;
3. Crepitação durante a palpação.
 Tamponamento cardíaco.
 Único caso em que a traqueotomia está na
sala de trauma.
➔ Identificar lesões potencialmente ameaçadoras
à vida:
➔ FRATURA DE TRAQUEIA:
 Tórax instável – retalho costal móvel com
contusão pulmonar;  Pode ser causada por lesões penetrantes
ou contusas;
 Contusão pulmonar e/ou cardíaca;
 Quando penetrantes, podem causar
 Ruptura traumática de diafragma; lesões associadas em esôfago, carótida,
jugulares, devido à dissipação produzida
 Perfuração esofágica; por projétil;
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 São corrigidas cirurgicamente.  O ar entra para a cavidade pleural sem


possibilidade de sair, colapsando
completamente o pulmão
➔ TRAUMA DE BRÔNQUIO:

 Trauma muito importante pelo alto índice de  O mediastino é deslocado para o lado
mortalidade, um grande número de vítimas oposto, diminuindo o retorno venoso e
morre na cena do acidente; comprimindo o pulmão contralateral;

 Entre os que chegam no hospital, a  Causa mais comum:


mortalidade atinge 30% por apresentarem
lesões associadas como: pneumotórax o Ventilação mecânica com pressão
hipertensivo; positiva, em doentes com lesão da
pleura visceral.
 Sinais: hemoptise, enfisema subcutâneo,
 Pode acontecer devido a complicação de
dispneia, hipoventilação e hipóxia.
pneumotórax simples, devido a um trauma
penetrante ou contuso;
 Em consequência da diminuição do retorno
PNEUMOTÓRAX: venoso e queda do DC, o paciente pode
chegar a um quadro de choque obstrutivo;

 Sinais e sintomas:
o Dor torácica;

o Sensação de “fome de ar”;

o Hipotensão;

o Taquicardia e dispneia importante;

o Desconforto respiratório;

o Desvio da traqueia para o lado


contrário da lesão;
➔ PNEUMOTÓRAX SIMPLES:
o Ausência unilateral de MV;
 Entrada de ar entre a pleura visceral e a
parietal; o Distensão das veias do pescoço;

 Normalmente, a cavidade torácica está o Cianose tardia.


completamente preenchida pelo pulmão,
mantido em contato com a parede torácica  Diagnóstico:
por uma tensão superficial entre as superfícies o Diagnóstico essencialmente clínico;
pleurais, a presença de ar no espaço
pleural rompe a força de adesão entre as
o Ausculta de MV diminuídos,
pleuras, o que causa colapso pulmonar.
observação de desvio da traqueia
e percussão pulmonar;
➔ PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO/FECHADO:
o Sinais de choque: pulsino fino, pele
 Formação de um mecanismo valvulado fria, bradicardia...
unidirecional de escape de ar do pulmão
para o espaço pleural; o O paciente pode apresentar
condição clínica estável, com SSVV
e oxigenação mantidos;
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o Na percussão, os sons ficam


timpânicos/hipertimpânicos.

 Tratamento:
o Para alívio da compressão, pode-se
realizar uma toracocentese de alívio:

- No 5º EI, entre as linhas axilar anterior e


média, com jelco 14/16.

o Entretanto, o tratamento definitivo


consiste na drenagem em selo d’água.

➔ TÓRAX INSTÁVEL:

 Retalho costal móvel, ocorre quando um


segmento da parede torácica não tem
mais continuidade óssea com a caixa
torácica;

 É decorrente de traumas que afetam a caixa


torácica, fraturando 2 ou mais arcos
costais em diferentes lugares;

 A presença de um segmento torácico instável


resulta em grave prejuízo dos movimentos
➔ PNEUMOTÓRAX ABERTO:
normais da parede torácica;
 Provocado por grandes ferimentos na
parede torácica, que permanecem abertos
e são chamados de ferimentos torácicos  As maiores repercussões do tórax instável têm
aspirativos; origem na lesão pulmonar subjacente –
contusão pulmonar – levando a hipóxia;
 Assim, ocorre equilíbrio entre as pressões
intratorácicas e o meio externo, devido à  Sinais e sintomas:
essa comunicação – traumatopneia; o Movimento respiratório paradoxal;

 O aumento da pressão ocasiona colapso o Crepitação, decorrente de


do pulmão – balanço do mediastino com fraturas;
torção de veias cavas;
o Dor torácica intensa;
 O ar tende a passar pelo local menos
persistente, então, se a lesão for 2/3 do o Gasometria arterial com sugestão
diâmetro de traqueia ou maior, o ar de insuficiência respiratória –
passará preferencialmente pela lesão da hipóxia.
parede;
 Causas:
 Então a ventilação efetiva é prejudicada o Fratura dos primeiros arcos costais;
e resulta em hipóxia e hipercabia – o Fratura de costelas inferiores;
aumento de PaCO2 no sangue; o Lesão de baço e/ou fígado;
o Pneumotórax hipertensivo.
 Realizar curativo valvulado (3 pontas) –
 Tratamento:
efeito de válvula unidirecional.
o Analgesia;
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o Reposição volêmica – evitar hiper-


hidratação;  Pode desencadear o choque hipovolêmico;

o O2 suplementar;  Pode ter como causa: lesão de grandes


vasos, lesão de vasos do hilo pulmonar, lesão
o Terapia definitiva: cardíaca;

- Narcóticos IV;  Classificação quanto ao volume:


- Anestésicos locais, inclusive bloqueio
1. Pequeno: >400ml;
intermitente do nervo intercostal;

- Anestesia peridural; 2. Moderado: 400 a 1.500ml;

- IOT: FR >35 ou <8, Pco2 >55mmHg ou 3. Maciço: 1.500 a 2.000 ml.


FiO2 >50, Shunt >0,2, Relação Po2-fIo2
<300
 Sinais e sintomas:
o Aumento da FR;

o Agitação ou inconsciência;

o Taquicardia;

o Instabilidade hemodinâmica.

 Diagnóstico:

o Diagnóstico clínico;
 Identificação de lesões potencialmente
ameaçadoras à vida: o Pesquisa de lesões penetrantes,
escoriações, abaulamentos,
o Contusão pulmonar e cardíaca; hematomas, enfisema subcutâneo;
o Ruptura traumática de diafragma;
o Perfuração esofágica; o Desvio de traqueia;
o Ruptura traumática de aorta.
o Percussão pulmonar: maciça;

➔ HEMOTÓRAX: o Sinais de choque hipovolêmico;

 Ocorre quando há entrada de sangue no o MV diminuídos/ausentes.


espaço pleural;

 Esse espaço pode acumular grande volume  Tratamento:


sanguíneo, dessa forma o hemotórax pode
representar uma fonte significativa de o Drenagem torácica em selo d’água
sangramento; – 5º EI;

 Som de macicez durante a percussão;


o Reposição volêmica com
cristaloides;
 A perda de volume de sangue circulante
para o espaço pleura, representa um dano
o Transfusão de concentrado de
fisiológico maior para o paciente com
hemácias;
lesão torácica do que o colapso pulmonar
produzido pelo hemotórax;
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o Toracotomia, se: necessidade  Como o saco pericárdico é inflexível, a


persistente de transfusões, volume pressão começa a aumentar rapidamente
drenado imediato >1.500ml; à medida que o líquido se acumula,
impedindo retorno venoso, diminuindo DC
o Conservador com observação; e PA;

o Pleurostomia;  A cada contração cardíaca, mais sangue


pode entrar no saco pericárdico,
o Vídeotoracoscopia; prejudicando ainda mais a capacidade de
o coração de se encher para a próxima
contração;
o Punção torácica guiada;

 Normalmente ocorre por ferimento


o Injeção intrapleural de agentes
penetrante, mas também pode ocorrer por
fibrinolíticos;
ferimento contuso;

o Na toracocentese:  Na maioria das vezes, ocorre no ventrículo


- Se a água borbulhar: pneumotórax; direito, devido a sua posição anteriorizada;

- Se observar sangue: hemotórax;  Sinais e sintomas:

- Pode ser utilizada para descompressão e


o Sinal de Kussmaul – aumento da
também para diagnóstico diferencial.
pressão venosa com a inspiração
profunda;

o AESP – atividade elétrica sem pulso;

o Pulso paradoxal – diminuição de


10mmHg ou mais na PA sistólica
durante a inspiração;

o Tríade de Beck:

1. Hipofonese das bulhas;

2. Hipotensão;
➔ DIFERENÇA ENTRE PNEUMOTÓRAX HIPERTESIVO
3. Aumento da pressão
E HEMOTÓRAX:
venosa/turgência jugular.

 Diagnóstico:

o Clínico, ECO, EFAST.

 Tratamento:

o ABC/MOVE (monitorização, oxímetro


de pulso, venóclise e examinar);

o O2 com alto fluxo;


➔ TAMPONAMENTO CARDÍACO:

 Ocorre quando um ferimento cardíaco o Reestabelecer volemia;


possibilita o acúmulo de líquido entre o
saco pericárdico e o coração – geralmente o Pericardiocentese:
sangue;
- Diagnóstica;
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- Terapêutica.
o Ventilação adequada;
o Pericardiotomia via toracotomia;
o Em casos de transferência: intubação
o Toracotomia. e ventilação.

➔ CONTUSÃO CARDÍACA:

 Lesão de difícil diagnóstico e com alta


potencialidade para a morte nos
traumatizados;

 O diagnóstico está baseado em:

o Mecanismo do trauma;

o Presença de traumas torácicos;

o Fraturas de arcos costais;

o Alterações eletrocardiográficas, com:


➔ CONTUSÃO PULMONAR:
alteração do segmento ST,
 Lesão nas quais ocorre danos intersticial e taquicardia sinusal, inversão de
alveolar, com presença de sangue e onda T, contrações ventriculares
edema; prematuras.

 Lesão parenquimatosa mais comum; o Alterações enzimáticas –


marcadores de necrose miocárdica
 Pode ocorrer mesmo sem fraturas de (MNM), ex: CK, troponina;
costela/tórax instável;

 Lesão torácica potencialmente letal mais


comum;

 Insuficiência respiratória pode se


desenvolver progressivamente;

 Já que o ar não penetra nos alvéolos, a


hematose é o principal problema;

 Tratamento:  Tratamento:

o Hipóxia significativa indica o Internação, monitorização rigorosa


intubação na primeira hora após a e ECO;
lesão;
o ABC/MOVE;
o Enfermidades associadas – como:
DPOC, insuficiência renal- o Eletrocardiograma com 12
predispõem intubação precoce e derivações;
ventilação mecânica;
o Vasopressores – hipotensão;
o Oximetria de pulso;
o Transporte ao centro de trauma.
o Monitoração eletrocardiográfica;
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 Tratamento:
➔ RUPTURA TRAUMÁTICA DO DIAFRAGMA: o Reparo cirúrgico.

 Diagnóstico por:

o Ausculta torácica – presença de


➔ DISSECÇÃO/RUPTURA DE AORTA:
ruídos intestinais;
 Pode ocorrer por: acidentes de trânsito,
o Raio- X : elevação do diafragma à patadas de animais, aprisionamento do
esquerda, visualização de bolha tórax;
gástrica no espaço torácico
hematoma subpulmonar e presença
 85% de óbitos;
de sonda gástrica no tórax;
 10 a 15% sobrevive durante o transporte;
o Drenagem pleural – saída de líquido
utilizado no lavado peritoneal, pelo
 1/3 de óbitos em 6h;
dreno;
 1/3 de óbitos em 24h;
o Exploração digital, precedente à
inserção do tubo pleural com
 1/3 de óbitos depois de 3 dias.
detecção de órgãos abdominais no
tórax.
 Sinais e sintomas específicos de ruptura
aórtica normalmente estão ausentes!

 Quadro clínico:  Suspeitar de ruptura aórtica traumática em


o Dispneia e dor abdominal. pacientes com história de trauma por
desaceleração e sinais radiológicos de:

 Tratamento: o Alargamento do mediastino;


o Reparo cirúrgico.
o Desvio do esôfago – sonda gástrica
para a direita;

o Hemotórax à esquerda;
➔ PERFURAÇÃO ESOFÁGICA:
o Fratura do 1º e 2º arcos costais ou
 Pode ocorrer por: PAF, PAB ou iatrogenia;
da escápula;
 Quadro clínico:
o Desaparecimento do cajado aórtico;

o Perfuração esofágica cervical; o Rebaixamento do brônquio principal


o Disfagia; esquerdo;
o Dor;
o Edema local; o Elevação do brônquio principal
o Perfuração esofágica-torácica; direito;
o Febre;
o Derrame pleural. o Desaparecimento do espalho entre a
artéria pulmonar e aorta –
 Complicações: apagamento da janela da artéria
pulmonar.
o Mediastinite;
o Pneumonia;
 Conduta:
o Choque séptico;
o Enfisema pulmonar;
o ABC/MOVE;
o Dor intensa.
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o Tomografia helicoidal do tórax e


arteriografia;

o Restauração de volemia
intravascular;

o Monitorização cardíaca;

o Transferência para centros trauma


ou de cirurgias cardiotorácicas.

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