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irregulares, creptações, respiração superficial, taquipneia e !

A AESP
TRAUMA TORÁCICO cianose (é um sinal tardio de hipóxia).
pode estar presente no pneumotórax hipertensivo,
tamponamento cardíaco e em hipovolemias profundas. Outras
(ATLS, 10ed) PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO causas são hipóxia, acidose por íon H+, hipotermia, trombose,
hipo/hipercalemia, hipoglicemia e toxinas.
Hipóxia, hipercapnia e acidose são resultados frequentes do Vazamento de ar para o espaço pleural (válvula unidirecional)
trauma torácico. O atendimento inicial do doente com trauma que leva ao colabamento do pulmão e desvio do mediastino
HEMOTÓRAX MACIÇO
torácico consiste em avaliação primária, normalização dos para o lado oposto, diminuindo o retorno venoso e
comprimindo o pulmão contralateral. O choque associado é do Acúmulo de mais de 1500ml ou mais de 1/3 do volume total de
sinais vitais, avaliação secundária e tratamento definitivo.
tipo obstrutivo pois há a diminuição do retorno venoso e sangue da cavidade torácica do paciente no espaço pleural,
! A maioria das lesões torácicas com risco à vida é tratada pela débito cardíaco. Sua causa mais comum é a ventilação comprometendo a ventilação por compressão pulmonar. É
permeabilização da VA ou descompressão mecânica com pressão positiva em doentes com lesão da causado mais comumente por ferimentos penetrantes, mas
(dedo/dreno/agulha). pleura visceral. Pode se constituir de um pneumotórax simples pode ser resultado de um trauma contuso. As veias do pescoço
complicado (não ocorreu fechamento da lesão) ou após apresentam-se colabadas (devido à grave hipovolemia) ou
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: LESÕES QUE tentativas mal direcionadas de inserir um cateter venoso distendidas caso também haja um pneumotórax associado. É
central na subclávia ou jugular interna. diagnosticado por choque associado com ausência de
AMEAÇAM A VIDA murmúrio vesicular e/ou macicez à percussão do hemitórax. O
! Seu diagnóstico é clínico, sendo identificado por sintomas
tratamento inicial é baseado na reposição volêmica (com
Problemas críticos devem ser corrigidos assim que como timpanismo à percussão, desvio de traqueia e ausência
cristaloide e depois com sangue não-cruzado/tipo-
identificados. de murmúrio vesicular no hemitórax afetado além de dispneia
específico/autotransfundido) e descompressão torácica com
importante, dor torácica, hipotensão, taquicardia, estase de
PROBLEMAS DE VIA AÉREA tubo de 28-32 French no 5°EIC anterior à linha axilar média, de
jugular e cianose como manifestação tardia.
forma simultânea. O retorno de 1500ml ou mais no dreno, a
OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA Para identifica-lo, pode-se usar a saturação arterial de O2 do perda de 200ml/h durante 2 ou 4 horas, a necessidade de
Deve-se ouvir os movimentos do ar no nariz, boca e campos oxímetro de pulso e o eFAST, caso esteja disponível. O contínuas transfusões, ferimentos penetrantes anteriores e
pulmonares, observar a presença de CE na orofaringe, tratamento consiste na descompressão torácica com agulha ou mediais à linha dos mamilos ou posteriores e mediais às
estridores, crepitações e rouquidão, além de contrações dedo no 5° EIC entre as linhas axilar anterior e média escapulas sinalizam a necessidade de toracotomia de urgência.
musculares intercostais e supra claviculares. O trauma de (convertendo-o em pneumotórax simples), com o posterior
laringe pode levar à obstrução aguda da via aérea, assim como posicionamento do dreno como tratamento definitivo. TAMPONAMENTO CARDÍACO
lesões torácicas superiores (luxação posterior da cabeça da
PNEUMOTÓRAX ABERTO Compressão cardíaca devido ao acúmulo de líquido no saco
clavícula).
pericárdico que diminui o retorno venoso e débito cardíaco. É
Ferida torácica aspirativa por onde o ar passa
LESÃO NA ÁRVORE TRAQUEOBRÔNQUICA mais causado por lesões penetrantes mas também ocorre em
preferencialmente nos esforços respiratórios caso seu
traumas contusos. Tríade de Beck: abafamento de bulhas
A maioria acontece a 2,54cm da carina. Hemoptise, enfisema diâmetro seja ≥ 2/3 do diâmetro da traqueia. A ventilação
cardíacas + hipotensão + estase de jugulares. Sinal de Kussmaul
subcutâneo cervical, pneumotórax hipertensivo e/ou cianose efetiva, torna-se prejudicada levando à hipóxia e hipercapnia.
(aumento da pressão venosa na inspiração durante a
além da expansão incompleta do pulmão após drenagem Seus sintomas são: dor, dispneia, taquipneia, diminuição dos
respiração espontânea) reflete um comportamento paradoxal
sugere a lesão. A broncoscopia confirma o diagnóstico, mas na sons respiratórios do lado afetado e barulho do ar passando
da pressão venosa comumente associado ao tamponamento. A
suspeita deve-se obter uma avaliação cirúrgica imediata. A pela lesão. O tratamento é realizado com o curativo de 3
AESP também sugere tamponamento, apesar de ter várias
intubação pode causar/piorar uma lesão na traqueia/brônquios pontos e, definitivamente com a drenagem torácica (longe da
outras causas A ecocardiografia e a janela pericárdica são
proximais. Tratamento imediato pode exigir uma VA definitiva abertura) e possível cirurgia subsequente para o fechamento
métodos adicionais para diagnóstico quando o FAST não está
(a intubação é dificultada devido à lesão, hematomas e lesões da lesão.
disponível. Tratamento: pericardiocentese como temporário e
orofaríngeas associadas, podendo ser necessária a intubação PROBLEMAS CIRCULATÓRIOS toracotomia ou esternotomia de urgência, como definitivo.
seletiva do brônquio não afetado). Em pacientes estáveis o Deve-se inspecionar e palpar a pele para detectar manchas,
tratamento cirúrgico pode esperar a resolução da inflamação ! A administração de fluido intravenoso é útil para aumentar a
cianose, palidez e temperatura, avaliar as veias do pescoço pressão venosa e melhorar o débito cardíaco enquanto a
aguda/edema. (distensão), ouvir a qualidade e regularidade dos batimentos cirurgia está sendo preparada.
PROBLEMAS VENTILATÓRIOS cardíacos, avaliar o pulso central (em pacientes com
Deve-se expor o pescoço e o tórax, inspecionar, percutir, palpar hipovolemia os pulsos distais podem estar ausentes), medir a PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA NO TRAUMA
e auscultar a caixa torácica à procura de sons e movimentações pressão arterial e de pulso, além do ECG e oxímetro de pulso.
Causas: hipóxia severa, pneumotórax hipertensivo, Acúmulo de sangue na cavidade pleural com volume < 1500ml. PVC elevada sem causa óbvia pode indicar disfunção
hipovolemia profunda, tamponamento cardíaco, herniação Causas mais comuns: laceração pulmonar ou ruptura de um ventricular direita secundária à contusão. Deve-se suspeitar
cardíaca e contusão miocárdica severa. É diagnosticada pela vaso intercostal ou artéria mamária interna. Esse sangramento também que o evento traumático pode ter sido precipitado por
inconsciência associada à ausência de pulso. A monitorização geralmente é autolimitado e não necessita de intervenção um episódio isquêmico do miocárdio. As troponinas cardíacas
cirúrgica. Deve-se avaliar a região quanto ao movimento da podem diagnosticar o IAM, mas na contusão cardíaca seu uso é
AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: LESÕES parede torácica e lesões penetrantes (incluindo a posterior), inconclusivo. Doentes com esse diagnóstico por ECG correm
além dos sons de respiração. O raio-x mostrará a região com risco de desenvolver arritmias e devem ser monitorados nas
POTENCIALMENTE LETAIS uma opacidade homogênea. Um hemotórax que apareça em primeiras 24h pós-trauma, os com ECG normais não
radiografia deve ser tratado por drenagem com um dreno de necessitam.
com ECG ou a ecocardiografia além da saturação de oxigênio 28-32 French. Mais de 1500ml (hemotórax maciço) requer
são essenciais. Deve-se iniciar a RCP juntamente com o ABC, intervenção cirúrgica, além de drenagem de mais 200ml/h por RUPTURA TRAUMÁTICA DE AORTA
assegurando uma via aérea definitiva pela intubação 2 a 4h ou caso sejam necessárias contínuas transfusões
Causa comum de morte súbita após colisão entre veículos ou
orotraqueal com ventilação mecânica de O2 a 100%. Para (exploração operativa). A decisão final baseia-se no estado
queda a alturas consideráveis. Doentes com possibilidade de
aliviar um pneumotórax hipertensivo potencial, pode-se hemodinâmico do paciente.
tratamento costumam ter uma ruptura incompleta, hematoma
realizar toracostomias bilaterais com dedos ou drenos. A mediastinal (presente em todos os sobreviventes) + integridade
reposição de fluido pode ser através de drenos de grosso da adventícia previnem uma exsanguinação e morte no local. A
TÓRAX INSTÁVEL COM CONTUSÃO PULMONAR
calibre ou agulhas intraósseas e deve ser administrado 1mg de hipotensão, caso haja, geralmente é causada por outra fonte
epinefrina. Caso não haja um retorno espontâneo da Consta em 2 ou mais costelas adjacentes fraturadas em 2 ou
de sangramento. Achados de raio-x e desaceleração
circulação, uma toracotomia de ressuscitação pode ser mais pontos ou na separação costocondral de uma única
diagnosticam o problema: alargamento mediastinal, desvio de
necessária, mas se não tiver equipe suficiente e haja um alto costela do tórax (retalho costal móvel). A contusão pulmonar é
traqueia e esôfago para a direita, derrame extrapleural apical,
índice de suspeição de tamponamento cardíaco, uma a lesão
hemotórax à esquerda, fratura de escápula ou 1°/2° arcos
pericardiocentese deve ser feita. do parênquima pulmonar causada pelo trauma torácico.
costais, etc. A TC helicoidal, aortografia, ecocardiografia
Envolve um exame físico aprofundado, exame contínuo de Fluidos como o sangue podem acumular-se na região
transesofágica podem ser úteis. A dor deve ser tratada com
ECG, monitoração de oximetria de pulso, gasometria arterial, interferindo na ventilação e causando hipóxia, além da
analgésicos. Se não existirem contraindicações (como a
raio-x de tórax vertical (em pacientes sem suspeita de TRM) e restrição dos movimentos respiratórios pela dor (respiração
hipotensão) pode-se usar um B-bloqueador de curta duração
TC de tórax em pacientes com suspeita de TRM ou lesão na paradoxal). A insuficiência respiratória resultante pode ser sutil
ou bloqueador de canais de cálcio para manter a FC < 80bpm e
aorta. O eFAST tem sido usado para diagnosticar pneumo e (ao longo do tempo). Pacientes idosos, cuja reserva ventilatória
uma PAM de 60-70mmHg. O tratamento consiste no reparo
hemotórax. é limitada, estão predispostos a uma insuficiência ventilatória
cirúrgico da lesão.
precoce. O tratamento consiste em ventilação adequada e uma
PNEUMOTÓRAX SIMPLES reposição cuidadosa de fluidos. Pacientes com saturação de O2 ! A transferência de instalações com poucos recursos não deve
< 90% podem precisar de intubação na 1h pós-trauma. O atrasar (pode ocorrer ruptura de hematoma mediastinal devido
Entrada de ar no espaço pleural que permite o colabamento do ao excesso de exames).
tratamento definitivo ainda consta com a analgesia para
pulmão, promovendo alterações na ventilação e perfusão. melhorar o esforço respiratório do paciente. Deve-se realizar
Pode ser causado tanto por um trauma penetrante quanto por RUPTURA TRAUMÁTICA DE DIAFRAGMA
um monitoramento.
um trauma fechado (laceração pulmonar com vazamento de
ar). O murmúrio vesicular encontra-se diminuído e a percussão ! Crianças em especial, podem sofrer contusão pulmonar sem Mais diagnosticada do lado esquerdo por conta da menor
é hipertimpânica. Uma radiografia AP de tórax em expiração ter necessariamente um tórax instável ou fratura de costela. proteção pelo fígado e melhor visualização. O trauma contuso
pode ser útil. Tratamento: drenagem no 5°EIC entre as linhas leva à herniações por rupturas radias grandes, enquanto que o
axilar anterior e média. Após a ligação do dreno a um sistema CONTUSÃO CARDÍACA penetrante gera pequenas perfurações que podem
de selo d’água com/sem aspiração deve-se realizar um novo permanecer assintomáticas por anos. A elevação do diafragma
A utilização precoce do FAST pode auxiliar no diagnóstico. direito, penetração da sonda gástrica no tórax no raio-x,
raio-x. Pacientes podem relatar desconforto no tórax, o que pode ser aparecimento do líquido da LPD no dreno de tórax e o estudo
! Idealmente, um paciente com essa lesão não deve receber atribuído à contusão da parede torácica ou fraturas de esterno. contrastado do trato gastrointestinal ou métodos endoscópicos
anestesia geral, ser transportado por ambulância aérea nem O verdadeiro diagnóstico pode ser dado apenas pela inspeção menos invasivos auxiliam no diagnóstico. O tratamento
receber ventilação por pressão positiva sem ter realizado a direta do miocárdio lesionado. Os sinais frequentes são: consiste no reparo direto. Deve-se tomar cuidado na inserção
drenagem torácica anteriormente. hipotensão, disrritmias e/ou anormalidades do movimento da de drenos torácicos caso haja suspeita de lesão, para não lesar
parede do ECG bidimensional (contrações ventriculares estruturas gastrointestinais que podem ter herniado para o
HEMOTÓRAX prematuras, fibrilação atrial, alterações no segmento ST, etc). A tórax.
RUPTURA ESOFÁGICA POR TRUMA FECHADO
Golpe forte no abdome superior + expulsão forçada do
conteúdo gástrico, produzindo lacerações esofágicas. Causa
mediastinite e empiema. Esofagoscopia/estudos contrastados
são úteis. Tratamento: toracotomia e ampla drenagem do
espaço pleural.
ENFISEMA SUBCUTÂNEO
Resultado de uma lesão de VA ou pulmonar ou explosão. Não
necessita de tratamento, atentar-se às lesões subjacentes. Caso
seja necessária a ventilação com pressão positiva deve-se
drenar o hemitórax afetado (evitar pneumotórax hipertensivo).

ESMAGAMENTO TORÁCICO (ASFIXIA TRAUMÁTICA)


Achados incluem: pletora em tronco, face e MMSS e petéquias
secundárias à compressão aguda e transitória da VCS. Podem
estar presentes edema maciço e até mesmo edema cerebral.
As lesões subjacentes devem ser tratadas.
FRATURA DE ARCOS COSTAIS, ESTERNO E ESCÁPULA
A dor à movimentação, crepitação e palpação resultam na
restrição dos movimentos respiratórios. Fraturas de escápula,
esterno e dos 2 primeiros arcos costais mostram uma
magnitude tal qual a colocar em risco segmentos como a
cabeça, pescoço, medula espinhal e grandes vasos
(mortalidade pode chegar em até 35% pelas lesões associadas).
Fraturas de esterno podem acompanhar contusão pulmonar e
ou cardíaca. A luxação posterior da articulação
esternoclavicular pode comprimir a VCS, mesmo que
raramente, assim, a redução imediata é obrigatória.
Fratura dos últimos arcos costais (10-12) aumentam a suspeita
de trauma hepatoesplênico.
Deve-se pedir um raio-x de tórax para avaliar as lesões.
Ataduras, cintas costais e fixação externa são contraindicadas,

OUTRAS LESÕES TORÁCICAS

o controle agressivo da dor precoce por meio de anestesia,


analgésicos ou narcóticos sistêmicos é indicado (tomando
cuidado para evitar a depressão respiratória).

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