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Conceito:

A espirometria mede o volume e os fluxos aéreos derivados de manobras inspiratórias e expiratórias


máximas forçadas ou lentas.

Volumes:
• Volume corrente (VC) = 500 ml em repouso.
• Volume de reserva inspiratória (VRI) = 3.000 ml em máxima inspiração.

• Volume de reserva expiratório (VRE) = 1.100 ml em máxima expiração.

• Volume residual (VR) = 1.200 ml ‘não se pode quantificar na espirometria’.


• Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) = é a quantidade de ar eliminada no 1°
segundo da manobra expiratória forçada.

Capacidades:
• Capacidade inspiratória (CI) = VC + VRI → 3.500 ml.
• Capacidade expiratória (CE) = VC + VRE → 1.600 ml.
• Capacidade residual funcional (CRF) = VRE + VR → 2.300 ml.
• Capacidade vital (CV) = VC + VRI + VRE → 4.600 ml.
• Capacidade pulmonar total (CPT) = VC + VRI + VRE + VR → 5.800 ml.
Obstrutivo Restritivo Misto
FVC% (> 80%) Normal (> 80%) Baixo (< 80%) Baixo (< 80%)
FVE1% (> 80%) Baixo (< 80%) Baixo (< 80%) Baixo (< 80%)
FEV/FVC (> 70%) Baixo (< 70%) Normal (> 70%) Baixo (< 70%)

Doenças pulmonares obstrutivas x restritivas:


As doenças pulmonares difusas podem ser classificadas em duas categorias:
• 1° doenças obstrutivas:
➢ Caracterizadas pela limitação do fluxo de ar, usualmente resultado do aumento da resistência
causada pela obstrução completa ou incompleta em qualquer nível.
➢ As principais doenças obstrutivas difusas são o enfisema, bronquite crônica, bronquiectasia e
asma. Em pacientes com essas doenças, a capacidade vital forçada (CVF) está normal (> 80%),
enquanto a taxa de fluxo expiratório, medida em termos de volume expiratório forçado em 1
segundo (VEF1), está significativamente diminuída (< 80%). Portanto, a razão VEF1/CVF está
diminuída (< 70%).
➢ A obstrução expiratória pode resultar do estreitamento anatômico das vias aéreas
classicamente observada na asma ou da perda da capacidade de recolhimento elástico,
característica do enfisema.
• 2° doenças restritivas:
➢ Caracterizada por expansão reduzida do parênquima pulmonar acompanhada por diminuição
da capacidade pulmonar total.
➢ Nas doenças restritivas difusas, a capacidade vital forçada (CVF) está diminuída (< 80%) e a
taxa de fluxo expiratório em 1 segundo FVE1 está diminuída (< 80%). Portanto, a razão FVE1/CVF
está próximo do normal (≥ 70%).
➢ O defeito restritivo ocorre em duas condições gerais → a) desordens da parede torácica na
presença de pulmões normais (ex: obesidade severa, doenças pleurais e desordens
neuromusculares, como a síndrome de Guillain Barré, que afetam os músculos respiratórios); e b)
doenças pulmonares intersticiais agudas ou crônicas.
➢ A doença restritiva aguda clássica é a SARA. As doenças restritivas crônicas incluem
pneumoconiose, fibrose intersticial de etiologia desconhecida e a maioria das condições
infiltravas (ex: sarcoidose).

Derrame pleural:
Os derrames pleurais são acúmulos de líquido dentro do espaço pleural. Em condições normais, 8 – 16
ml de líquido pleural, com composição semelhante ao plasma, mas com conteúdo mais baixo de proteína,
espalham-se finamente pelas pleuras viscerais e parietais, facilitando o movimento entre os pulmões e a
parede torácica.
O líquido proveniente dos capilares sistêmicos da pleura parietal entra na cavidade pleural e sai pelos
estomas e linfáticos do mesmo folheto. O líquido acaba sendo drenado para o átrio direito, portanto a
depuração depende em parte das pressões do lado direito. O líquido pleural acumula-se quando entra
muito ou sai pouco líquido da cavidade pleural.
• Derrame pleural transudativo:
➢ São provocados por alguma combinação de aumento da pressão hidrostática + diminuição da
pressão oncótica na circulação pulmonar ou sistêmica. A Insuficiência Cardíaca Congestiva é
a causa mais comum, seguida pela cirrose com ascite por hipoalbuminemia, geralmente em
decorrência da síndrome nefrótica.
• Derrame pleural exsudativo:
➢ São provocados por processos locais, causando aumento da permeabilidade capilar e
resultando em exsudação de líquido, proteína, células e outros constituintes séricos. As causas
são diversas, mas as mais comuns são pneumonia, doença maligna, embolia pulmonar, infecções
virais e tuberculose.
• Sinais e sintomas do derrame pleural:
➢ Muitos causam dispneia e/ou dor torácica pleurítica. Dor torácica pleurítica, desconforto vago ou
dor aguda, que piora com a inspiração, indica inflamação da pleura parietal.
• Diagnóstico:
➢ Suspeita-se de derrame pleural em pacientes com dor
pleurítica, dispneia inexplicável ou sinais sugestivos.
➢ A radiografia de tórax é o primeiro exame a ser realizado
para confirmar a existência de líquido. Deve-se obter
radiografia de tórax com incidência lateral e em posição
ortostática quando houver presunção de derrame pleural.
Na incidência em posição ortostática, 75 ml de líquido
provocam velamento do seio costofrênico posterior. O
velamento do seio costofrênico lateral geralmente
requer cerca de 175 ml, mas pode suportar até 500 ml.
➢ Derrames pleurais de maiores proporções opacificam
partes do hemitórax e podem causar compressão
Ilustración 1 - a opacidade no campo pulmonar
mediastinal; derrames > 4L podemprovocar inferior direito (seta) parece uma massa sólida,
opacificação completa e desvio do mediastino para o mas foi causada por líquido na fissura maior em
um paciente com insuficiência cardíaca.
lado contralateral.
➢ Na posição ortostática (PA e perfil), o líquido tende a se acumular na porção inferior, causando
uma imagem homogênea que oblitera o seio costofrênico ou altera sua angulação. Esse achado
radiológico ocorre com derrames > 200 ml.
➢ Na incidência anteroposterior (no leito), derrames grandes a moderados aparecem como uma
opacificação homogênea do campo pulmonar, com vasculatura ainda visível.

Imagem 2 - a imagem (A) mostra o embotamento do sulco costofrênico direito (seta) em uma radiografia de tórax em pé devido à
presença de derrame pleural. A imagem (B) mostra uma radiografia em decúbito lateral direito do mesmo paciente e revela camadas de
derrame pleural.

• Causa do derrame:
➢ Deve-se realizar toracocentese1 em quase todos os pacientes com líquido pleural e espessura ≥
10 mm nas incidências laterais de ultrassonografia ou radiografia, que seja de desenvolvimento
recente ou de etiologia incerta. Em geral, os únicos pacientes que não necessitam de toracocentese
são aqueles que tem insuficiência cardíaca com derrame pleural simétrico e sem dor torácica
ou febre; nesses pacientes, pode-se tentar a diurese e evitar a toracocentese, a menos que o
derrame persista por ≥ 3 dias.

Pneumotórax:
Pneumotórax é o ar presente na cavidade pleural, acarretando colapso pulmonar parcial ou
completo. O pneumotórax pode ocorrer de modo espontâneo ou em virtude de pneumopatia
subjacente, trauma ou procedimentos médicos.
• Pneumotórax espontâneo primário (PEP):
➢ Ocorre em pacientes sem pneumopatia subjacente, tipicamente em jovens do sexo masculino,
magro e alto, na adolescência ou por volta dos 20 anos de idade. Admite-se que decorra da
ruptura espontânea de vesículas ou bolhas apicais subpleurais, consequentes ao tabagismo
ou hereditárias. Em geral, ocorre em repouso, embora alguns casos ocorram durante atividades

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Toracocentese, ou punção pleural, é um procedimento que tem por finalidade diagnóstica ou terapêutica, fazer a remoção do acúmulo
de líquido anormal presente no derrame pleural.
que envolvem extensão ou estiramento. O PEP também ocorre durante o mergulho ou voo em altas
altitudes.
• Pneumotórax espontâneo secundário (PES):
➢ Ocorre em pacientes com pneumopatia subjacente. Com maior frequência, decorre de ruptura
de vesículas ou bolhas em pacientes com DPOC grave ou qualquer doença parenquimatosa
pulmonar adjacente. O PES é tipicamente mais grave que o primário, pois ocorre em pacientes com
doença pulmonar que diminui a reserva pulmonar.
• Pneumotórax iatrogênico:
➢ É provocado por intervenções médicas, incluindo aspiração transtorácica com agulha,
toracocentese, instalação de acesso venoso central, ventilação mecânica e reanimação
cardiopulmonar.
• Fisiopatologia do pneumotórax:
➢ A pressão intrapleural normalmente é negativa (menor do que a pressão atmosférica) por causa
do recuo da parede pulmonar para dentro e da parede torácica para fora. No pneumotórax, o ar
de fora do tórax ou do próprio pulmão entra no espaço pleural através de perfuração pleural
direta. A pressão intrapleural aumenta, e o volume pulmonar diminui.
• Sinais e sintomas do pneumotórax:
➢ Os sintomas do pneumotórax incluem dispneia e dor pleurítica. A dispneia pode ter início súbito
ou gradual, dependendo da velocidade de desenvolvimento e do tamanho do pneumotórax. A
dor pode simular pericardite, pneumonia, pleurisia, embolia pulmonar, lesão musculoesquelética
(quando referida no ombro) ou processo intra-abdominal (quando referida no abdome). A dor
também pode simular isquemia cardíaca.
➢ Achados físicos → consistem classicamente em ausência de frêmito tátil2, hipersonoridade à
percussão e diminuição dos sons respiratórios no lado com pneumotórax.
• Diagnóstico:
➢ A radiografia de tórax é o exame padrão ouro para diagnosticar o pneumotórax. Suspeita-se do
diagnóstico em pacientes estáveis com dispneia ou dor torácica pleurítica e confirma-se com
uma radiografia inspiratória em posição ortostática.
➢ Ar radiotransparente e ausência de imagens pulmonares justapostas entre o lobo ou o pulmão
retraído e a pleura parietal são diagnósticos de pneumotórax. O deslocamento traqueal e o
desvio do mediastino acontecem com pneumotórax mais amplos.
➢ Na radiografia de tórax PA na posição supina é o exame inicial de escolha e revela ausência de
trama vascular e de linha pleural visceral, indicando que o espaço pleural está preenchido por
ar. Em casos graves, pode ser visto desvio de traqueia para o lado contralateral à lesão.

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Frêmito tátil é a sensação de vibração tátil à palpação, em especial no tórax, semelhante à sentida no ronronar de um gato.
Imagem 2 – pneumotórax é visível no hemitórax Imagem 3 – pneumotórax espontâneo em um
direito em que, na periferia, não há trama vascular paciente com a síndrome de Marfan. Observar a
pulmonar. Um ligeiro desvio do coração e do ausência completa de marcações pulmonares no
mediastino para o lado esquerdo pode causar hemotórax esquerdo. A aparente massa hilar é na
fisiologia de pneumotórax hipertensivo. verdade o pulmão esquerdo colapsado.

➢ A hipotensão súbita em um paciente em ventilação mecânica deve levar à suspeita imediata de um


pneumotórax hipertensivo. Se o paciente também tem sons respiratórios diminuídos e hiper-
sonoridade à percussão, deve-se presumir que há pneumotórax hipertensiva.

Hemotórax:
Hemotórax é o acúmulo de sangue no espaço pleural. A causa usual de hemotórax é laceração do
pulmão, de algum vaso intercostal ou da artéria torácica interna. Pode resultar de trauma penetrante
ou fechado. Hemotórax muitas vezes é acompanhado de pneumotórax.
O volume de hemorragia varia de discreto a maciço. O hemotórax maciço costuma ser definido como
o acúmulo rápido de ≥ 1.000 ml de sangue. O choque é comum.
Pacientes com hemorragias volumosas geralmente estão dispneicos, tem diminuição dos sons
respiratórios e macicez à percussão (muitas vezes difícil de reconhecer durante a avaliação inicial dos
pacientes com lesões múltiplas). Os achados podem não ser notados nos pacientes com hemotórax de
pequena monta.
• Diagnóstico:
➢ Suspeita-se de hemotórax com base em sintomas e achados físicos. O diagnóstico costuma ser
confirmado por radiografia do tórax e, as vezes E-FAST ou TC.
Imagem 4 - essa imagem mostra hemotórax esquerdo maciço após ferimento por arma de fogo no hemotórax esquerdo.

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