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EXAME FÍSICO

DO SISTEMA
RESPIRATÓRIO
Exame Geral
• O paciente pode estar visivelmente dispneico, sendo evidente pelas
excursões respiratórias e pelo adejo nasal (movimento das asas do
nariz).
• A presença de cianose sugere patologia respiratória (pneumonia,
edema pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crónica) ou
cardíaca.
• A presença de sudação pode estar associada à febre (etiologia
infecciosa) e quando associado a dispneia, pode levantar a suspeita
clínica de uma pneumopatia infecciosa (pneumonia, tuberculose)
· Sinais vitais:
• A febre sugere um processo infeccioso ou um processo neoplásico (cancro
pulmonar ou brônquico).
• Frequência respiratória – uma taquipneia pode sugerir pneumonia, derrame
pleural, edema pulmonar, crise de asma. A asma também pode originar uma
bradipneia.
• Frequência cardíaca – taquicardia relacionado com a dispneia/taquipneia ou
bradipneia, significando compensação cardíaca pela hipóxia.
• Tensão arterial – pode estar elevada (reflexa a um estado de estresse agudo) ou
baixa (sugerindo um estado de hipotensão que se conjugado com a febre, dispneia
pode sugerir um choque séptico por pneumopatia infecciosa)
• A presença de linfadenopatias cervicais pode levantar a possibilidade de uma
tuberculose ou neoplasias metastáticas pulmonares
Exame do Tórax
• O exame deve ser realizado, sempre que
possível, com o paciente sentado ou
deitado, numa superfície horizontal dura
para não tomar posições assimétricas. Este
deve estar calmo, despido da cintura para
cima e sem outras peças de roupa que
interfiram nos movimentos respiratórios.
Inclui as seguintes etapas:
Inspeção

Em condições normais, a respiração é tranquila e fácil, quase


inaudível perto da boca entre aberta, com um fraco sopro.

Pele e partes moles: presença de cicatrizes, erupção cutânea,


tumefacções, circulação parietal aumentada ou outras alterações.

Forma

A inspeção inicia com o exame da forma do tórax, buscando


assimetrias e malformações da caixa torácica
Cont.
• Tórax chato ou plano: a parede anterior perde sua convexidade normal, há
redução do diâmetro anteroposterior; as costelas são mais oblíquas, a
musculatura pode ser pouco desenvolvida, e as omoplatas estão mais baixas. É
comum em pacientes magros e em geral não tem implicações patológicas.
•  Tórax em tonel ou globoso: é caracterizado pelo aumento do diâmetro
anteroposterior da caixa torácica, que adquire uma forma semelhante a de um
barril. Deve-se a insuflação pulmonar crónica que acontece em determinadas
patologias como enfisema e formas graves de asma brônquica.
•  Tórax cifótico: é caracterizado pela curvatura posterior da coluna dorsal que
forma uma gibosidade. Tipicamente esta é causado pela idade avançada ou
fraqueza óssea como na osteoporose. Nos casos proeminentes, pode levar ao
surgimento de distúrbios na ventilação – cor pulmonale.
Cont.
•  Tórax infundiboliforme ou tórax de sapateiro (pectus excavatum):
caracterizado por uma depressão na parte inferior do esterno e região
epigástrica. Em geral não cria problemas cardiorrespiratórios a não ser
que seja muito proeminente.
•  Tórax cariniforme ou em quilha (pectus carinatum): é caracterizado
por ter o esterno proeminente e as costelas horizontalizadas, com
forma semelhante ao peito dos pombos. Em geral não cria problemas
cardiorrespiratórios, a não ser que seja muito proeminente.
•  Tórax cifoescoliótico: manifesta-se pelo desvio posterior e lateral da
coluna. Nos casos proeminentes, pode haver distúrbios na ventilação.
Cont.
•  Tórax assimétrico: quando há diferenças na forma e/ ou dimensões
das duas metades do tórax. Um abaulamento unilateral pode sugerir
derrame pleural, pneumotórax.
• Tiragem: retração inspiratória dos espaços intercostais, supra-
claviculares, supra-esternal e subdiafragmática. Indica dificuldade
respiratória e consequente aumento do esforço inspiratório –
pneumonias, derrame pleural, crise asmática.
• Movimentos respiratórios: a avaliação dos movimentos respiratórios
inclui o estudo da amplitude, ritmo, e frequência respiratória.
Cont.
• Amplitude: algumas condições patológicas
unilaterais, diminuem a amplitude dos movimentos
apenas no hemotórax afetado, levando a uma
assimetria dos movimentos respiratórios. São
exemplos o derrame pleural unilateral, o trauma
torácico unilateral, pneumotórax entre outros.
•  A Frequência respiratória deve ser contada durante
um minuto, observando os movimentos da parede
torácica e palpando o pulso do doente para desviar a
atenção do doente da sua respiração.
•  Ritmo: Normalmente a inspiração e a expiração
duram quase o mesmo tempo. Algumas condições
podem alterar esta dinâmica e criar ritmos anormais
como a respiração de Kussmaul e de Cheyne-Stokes.
Palpação
•  A pele e tecidos moles: palpação do tórax normal não é dolorosa,
se houver dor deve-se procurar a causa. Permite detectar edema da
parede, lesões profundas não visíveis á inspeção, enfisema
subcutâneo (crepitação devido a existência de ar no tecido celular
subcutâneo).
•  A musculatura da caixa torácica: pontos dolorosos, eventuais
contraturas.
•  A coluna vertebral, as costelas, as omoplatas: forma, eventuais
malformações e pontos dolorosos;
· Expansibilidade respiratória
• Em casos de patologias unilaterais como
derrames pleurais, atelectasias, a
expansibilidade do lado afetado está
diminuída. Nos casos de patologia
pulmonar difusa como asma, doença
pulmonar obstrutiva crónica (DPOC),
derrame pleural bilateral a
expansibilidade está reduzida em ambos
lados.
Vibrações vocais
• aumentadas: em geral estão presentes nos processos de
consolidação do parênquima em que os brônquios não estão
obstruídos. Exemplos: pneumonias, tuberculose, tumores,
abcesso, bronquiectasias.
• diminuídas: em geral estão presentes nas afecções pleurais,
porque os derrames pleurais líquidos ou gasosos afastam o
pulmão da parede e consequentemente a transmissão dos sons.
Exemplos: tuberculose pleural, hemotórax, empiema,
pneumotórax.
Percussão
Macicez e Timpanismo ou
Da percussão submacicez: hipersonoridade:
surge: Som claro derrame pleural, pneumotórax (ar
pulmonar (som pneumonia, no espaço
normal); tuberculose, pleural),
tumores. enfisema
Alterações do Murmúrio Vesicular
• Alterações na intensidade
• A diminuição ou abolição do murmúrio vesicular, ocorre quando há
limitação parcial ou total ao fluxo aéreo, respectivamente. Exemplo:
asma brônquica, enfisema, derrames pleurais, tumor do brônquio.
• Variações do murmúrio vesicular
• Na presença de agressões pulmonares, o murmúrio vesicular pode ser
alterado pela presença de consolidações, cavitações ou derrames, e
dar origem á sons anormais, denominados sopros.
Destacam-se:
•  Sopro tubário – deve-se á transmissão do sopro traqueal ou
brônquico normal através das condensações pulmonares. Exemplo:
Pneumonia lobar.
•  Sopro cavitário - consiste no sopro tubário transmitido através de
uma cavidade comunicante com um brônquio. Exemplos: cavernas
tuberculosas ou de abcessos pulmonares antigos.
•  Sopro anfórico – resulta da transmissão do sopro tubário por uma
cavidade contendo ar sob tensão. Exemplo: cavernas tuberculosas,
pneumotórax.
Ruídos adventícios ou anormais:
•  Fervores crepitantes: São ruídos agudos, de duração curta, audíveis na inspiração
ou na expiração sobrepondo – se aos sons normais. Modificam-se com a posição e
não com a tosse. Exemplo: edema pulmonar, pneumonias, tuberculose.
•  Fervores subcrepitantes ou bolhosos : São ruídos graves e de maior duração que
os fervores crepitantes, audíveis na inspiração e expiração. Modificam-se com a
tosse e mantém-se com a mudança de posição. Exemplo: edema pulmonar,
bronquite, bronquiectasias
•  Sibilos e roncos: São sons musicais e contínuos, audíveis durante a respiração,
com maior intensidade na expiração. Exemplos: asma, bronquites
•  Estridor: É um som agudo e de grande intensidade que por vezes ouve-se sem
auxilio do estetoscópio. Predomina na inspiração e ocorre nas situações
obstrutivas da laringe ou traqueia.
Cont.
•  Atrito pleural: É similar ao som produzido pelo atrito provocado
quando se esfrega as palmas juntas; audível na inspiração e expiração,
nas regiões axilares inferiores; não é alterável com a tosse, mas varia
com a posição do paciente.
• Ocorre nas inflamações da pleura (pleurites) sem derrame, na
presença de derrame o contato entre os folhetos pleurais perde-se e
o som desaparece.
• Deve-se distinguir o atrito pleural do atrito pericárdico. Suspendendo
a respiração do paciente por breves segundos, o atrito pleural não se
ouve. No caso de atrito pericárdico, o atrito permanece audível.
Auscultação da voz sobre o tórax:
•  Broncofonia a voz é ouvida mais intensa e ressonante que em circunstâncias
normais mas não é possível reconhecer as palavras, há aumento da
ressonância vocal. Ex: pneumonias
•  Pectoriloquia fónica: quando se reconhecem com clareza as palavras e as
sílabas. Ex: pneumonias
•  Pectoriloquia afónica: quando se reconhecem com clareza as palavras e as
sílabas, mesmo com a voz sussurrada. Ex: porções superiores dos derrames
pleurais
•  Egofonia é uma broncofonia de qualidade anasalada, o som produzido
assemelha-se ao do balir de uma cabra. Isto às vezes é descrito como um som
‘EE’ quando o paciente tenta fazer um som ‘AA’. Ex: porções superiores dos
derrames pleurais.
Cont.
•  Voz anfórica – som semelhante ao obtido ao
projetar a voz para uma garrafa. Presente
quando existem grandes coleções de ar sob
tensão. Exemplo: pneumotórax, cavernas
•  Voz cavernosa - som de tonalidade grave e
rouca. Encontra – se nas grandes cavidades
comunicantes com brônquio. Exemplo: cavernas
de abcessos vazias
Cont.
• Exame abdominal
• Neste exame é importante recordar que patologias pulmonares
podem ter repercussão no abdómen (dor referida) e vice-versa.
• Exame das extremidades
• À inspeção pode ser visualizado a cianose no leito ungueal e o
hipocratismo digital (dedos em baqueta de tambor e unhas
em vidro de relógio) que sugere processos supurativos
crónicos (abcesso pulmonar, empiema), tuberculose
pulmonar, bronquiectasias, fibrose quística e neoplasias
brônquicas/pulmonares
FIM

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