Você está na página 1de 45

Sintomas e sinais em

Pneumologia
Susete Peleve
Médica Pneumologia n
Introdução
• A recolha dos sinais e sintomas é parte fundamental da anamnese
• Deve incluir alem dos sintomas actuais os antecedentes pessoais,
familiares e de convivência
• O interrogatório deve ser preciso e completo, com disponibilidade
para ouvir toda a historia
Introdução
• Na recolha dos dados dum doente respiratório há pontos
absolutamente essenciais como
• Caracterizar com precisão a data do inicio, a duração, a intensidade, a
ordem de aparecimento, a sua periodicidade, a existência de períodos
livres de sintomas
• Se houver modificações sintomáticas recentes, deve-se investigar as
suas características
Introdução
• Se fumador deve-se calcular a carga tabágica

• CT = número cigagarros/dia X nº de anos


20

U.M.A. = ⅀ Nº cigarros /dia


20
Sintomas e sinais em pneumologia
• Tosse
• Sibilância ou pieira
• Expectoração
• Hemoptises
• Dispneia
• Dor torácica
Sintomas e sinais em pneumologia
Tosse
• A tosse é o sintoma frequente que leva o doente a hospital
• A tosse é durante o sono é mesmos frequente devido a existência
dum limiar mais alto aos estímulos da tosse

• A tosse é um importante mecanismo de defesa, permitindo remoção


do excesso de secreções e do material estranho, pelo que não deve,
em regra ser deprimida com antitússicos

• A tosse é um factor importante de disseminação da infecção


Tosse
Existem 3 fases da tosse
• Fase inspiratória – a tosse é em geral precedida por uma inspiração
profunda, fundamental para uma maior pressão e fluxo na fase
expiratória

• Fase compressiva- há enceramento das cordas vocais, por forma a


que a pressão intratorácica suba o suficiente para permitir a
velocidade do fluxo aéreo necessário a uma tosse eficaz

• Fase expiratória – abertura da glote com saída de um fluxo aéreo


extremamente forte, cumprindo-se assim a função de mecanismo de
defesa da tosse: remoção do material indesejável das vias aéreas
inferiores
Classificação da tosse
• Aguda – presença de tosse até três semanas
• Tosse subaguda – tosse persistente por um período entre três a oito
semanas
• Tosse crónica – tosse com duração maior que oito semanas
Importância da tosse
• Eliminação das secreções das vias aéreas pelo aumento da pressão
positiva pleura

• Protecção contra aspiração de alimentos, corpos estranhos e


secreções

• É mais efectivo mecanismo quando existe lesão ou disfunção ciliar


Complicações da tosse
• Hipertensão arterial • Incontinência urinaria
• Cefaleias • Pneumomediastino
• Bradi e taquiarritmias • Inversão da bexiga
• Refluxo gastroesofágico • Pneumotórax
• Fractura das costelas • Enfisema subcutâneo
• Diminuição da qualidade de vida • Exacerbação da asma
• Sincope
Causas de tosse aguda
• Constipação • Asma
• Sinusite bacteriana aguda • Pneumonia
• Infecção por Pertussis • Insuficiência cardíaca congestiva
• Exacerbação da DPOC • Aspiração do corpo estranho
• Rinite alérgica • Embolia pulmonar
• Renite por irritantes ambientais • Bronquiectasias
Causas de tosse crónica
• Síndrome de corrimento nasal • Carcinoma broncogénico
posterior • Pneumonia intersticial crónica
• Asma • Sarcoidose
• DRGE • Insuficiência ventricular
• Bronquite crónica esquerda
• Bronquiectasias • Aspiração por disfunção faríngea
• Tratamento com IECA
• Tosse pós infeccioso
Tipos de tosse
• Tosse produtiva • Tosse quintosa
• Tosse seca e irritativa • Tosse coqueluchoide
• Tosse bitonal • Tosse emetizante
• Tosse rouca • Tosse sincopal
• Tosse anfórica
Tipos de tosse
• Tosse bitonal – dois sons roucos simultâneos, resultantes da paralexia
duma corda vocal

• Tosse rouca – variante da anterior, podendo surgir em situações mais


graves

• Tosse quintosa – acessos sucessivos e muito próximos, sem grandes


inspirações intercalares, sendo devida a irritação do vago ou nervo
laríngeo
Tipos de tosse
• Tosse coqueluchoide- variante da quintosa, acompanha-se de uma
inspiração sibilante
• Tosse emetizante – acompanha-se de vómitos

• Tosse sincopal – devido a anoxia cerebral desencadeada pela tosse ao


condicionar hipertensão venosa intracraniana e isquemia cerebral
Mecanismos que alteram a efetividade da tosse

• Cirurgias abdominais e torácicas


• Doenças neuromusculares
• Medicamentos sedativos e narcóticos
• Anormalidades ou alterações no arco reflexo
• Dano decorrente do aumento da pressão no centro da tosse
• Danos na laringe ( paralisia das cordas vocais )
• Abertura ineficaz da glote por procedimentos médicos
Tosse
• O reflexo da tosse envolve 5 componentes
• Receptores da tosse
• Nervos aferentes
• Centro da tosse
• Nervos eferentes
• Músculos efectores
Expetoração
• Formada essencialmente por secreções brônquicas as quais se veem
juntar ao fluido alveolar e elementos celulares livres na superfície
alveolar, dentritos celulares, células descamadas e por outro lado
secreções salivares e nasais
Tipos de expectoração
• Expectoração mucosa – aspecto de clara de ovo, resulta da
hipersecreção das glândulas mucosas
• Expectoração serosa – abundante, homogenia, espumosa, de cor
amarelada ou rosada. Transudação serosa alveolar

• Expectoração purulenta – opaca, amarela ou esverdeada, é


constituída principalmente por pús

• Expectoração fibrinosa – muito viscosa, de cor acinzentada, é


frequente no inicio de pneumonia por pneumococos
Tipos de expectoração
• Expectoração pseudomembranosa – identificam-se placas de tecido
necrosado e pode surgir em neoplasias ou outros processos
necrosantes do pulmão
• Expectoração hemoptoica – demostra presença de sangue na arvore
brônquica
• A expectoração com sangue vermelho vivo pode surgir em quase
todas as entidades patológicas do pulmão
• Expectoração com vermelho escuro é sinal de retenção de secreções
hemáticas
• Cor de tijolo ou ferruginosa sugere presença de uma pneumonia em
evolução
Hemoptises
• Consiste na emissão pela boca de sangue proveniente dos pulmões
ou dos brônquios

• Sintoma frequente em pneumologia, surgindo em 15 a 25% dos


doentes respiratórios
• Pode surgir em doenças cardiovasculares e hematológicas

• Distinguir sempre do sangue proveniente de:


• Vias respiratórias superiores
• Orofaringe
• Aparelho digestivo
Hemoptises
• Hemoptise pequena o sangue virá misturado com a expectoração

• A hemoptise é precedida ou acompanha-se de tosse

• O sangue deverá ser Vermelho vivo e espumoso por conter bolhas de


ar
Hemoptises
• Hemoptises pequenas – produzem aparência de estrias de sangue
vermelho vivo na expectoração

• Hemoptises médias – emissão de uma quantidade de sangue inferior


a 600 ml

• Grandes hemoptises – emissão de mais de 600 ml em 24 a 48 horas,


podendo ocorrer em 3 a 10% dos doentes com hemoptises

• Hemoptises fulminantes – causa morte do doente por afogamento,


com preenchimento de toda a arvore brônquica pelo sangue
Hemoptises
• De acordo com a frequência podem ser classificadas em:
• Hemoptise Única
• Hemoptise persistente
• Hemoptise periódica
• hemoptise catamenial
Hemoptises – causas
• Adenoma brônquico • Traumatismo traqueobrônquica
• Aspiração do conteúdo gástrico • Tuberculose
• Aspiração do corpo estranho • Metástases Endobrônquicas
• Bronquiolite • Endometriose brônquica
• Bronquiectasias
• Bronquite crónica
• Endometriose brônquica
• Fibrose quística
Hemoptises – causas
• Síndrome da veia cava superior • Aneurisma da artéria pulmonar
• Estenose mitral • Aneurisma da artéria sub-clávia
• Schistosomiase • Aneurisma da aorta
• Varizes venosas pulmonares • Doença cardíaca congestiva
• Embolia gorda • Rotura da artéria brônquica
• Embolia pulmonar
Hemoptises – causas
Grandes hemoptises – Infecções
cardiovasculares • Abcesso pulmonar
• Fistula arterio-brônquica • Aspergiloma
• Falência cardíaca congestiva • Bronquiectasias
• Fistula arteriovenosa • Fibrose quística
• Hemorragia intrapulmonar • Tuberculose
difusa
Neoplásicas
Carcinoma broncogénico
Cancro metastático
Leucemia
Pieira ou sibilos
• Som musical continuo que dura mais de 80 a ms, audível pelo próprio
e pelo observador, sem recursos a qualquer instrumento
• Causador por
• Movimento vibrátil das
Dispneia
• Sensação angustiante de uma respiração difícil, laboriosa ou
desagradável

• Podem-se agrupar em três grupos


• Dispneia por perturbação de oxigénio do sangue
• Por alterações da ventilação – quer por obstrução brônquica e bronquiolar,
quer por incapacidade motora do tórax
• Por alterações da relação ventilador/perfusão
Dispneia
• Dispneia por lesão dos centros nervosos
• Como nos casos AVC, encefalite, hipertensão intracraniana
• É típica a respiração de Cheyne-Stokes, em que a amplitude dos
movimentos vai da apneia, aumentando progressivamente de
frequência e intensidade e depois voltando a diminuir até nova
apneia, durante a apneia há acumulo de CO2 e a hiperventilação
surge para eliminar
Dispneia
• Dispneia por perturbação metabólica
• Corresponde em regra a estados de acidose (coma diabético,
intoxicação por salicilatos), traduzido por respiração de kussmaul,
caracterizada por grande amplitude dos movimentos respiratórios na
tentativa de eliminar valências de acido (CO2) pela respiração
Dispneia tipos
• Dispneia aguda – de inicio súbito, aspiração de corpo estranho, asma,
tromboembolismo pulmonar
• Dispneia crónica – como na DPOC, doenças do interstício

• Dispneia inspiratória – obstrução respiratória alta e acompanha-se de


tiragem
• Dispneia expiratória – há insuflação torácica e o doente sente-se
cheio de ar. Significa obstrução generalizada das vias aéreas e pode
ser paroxística como acontece na asma ou permanente como no
enfisema obstrutivo
Dispneia
• Dispneia de decúbito – desencadeada pelo decúbito, quando é lateral
chama-se trepopneia, surge em derrames e pneumotórax, no
decúbito. Se obriga a posição sentada ou de pé chama-se ortopneia

• Dispneia de esforço – aumento da frequência respiratória com o


esforço
• Polipneia – aumento da frequência respiratória. Pode surgir na
insuficiência cardíaca ou doença do interstício pulmonar
Dispneia
• Bradipneia – diminuição da frequência respiratória como acontece
em situações de asma brônquica e enfisema
Dispneia – avaliação
• Historia clinica e exame físico
• Radiografia do tórax
• Provas de função respiratória
• Estudos cardiológicos não invasivos
• Estudo do esófago
• TAC torácica
• Provas invasivas: biopsia pulmonar, cateterismo cardíaco
Dor torácica
• É um sintoma que alarma os doentes, tem intensidade muito variável
mas que, na maior parte dos casos, não tem causa respiratória
• Os bronquíolos, o parênquima pulmonar e a pleura visceral são
desprovidos de Receptores de sensibilidade dolorosa
• Pode ser classificada em:
• Localizada
• Irradiada
• Reflexa
Dor torácica
• Dor aguda em pontada, aliviando com decúbito para o lado da dor
sugere envolvimento da pleura
• Uma dor constritiva com sensação de aperto torácica com irradiação
ou não para o braço ou outra região – suspeitar patologia cardíaca
• As dores traqueobrônquicas exacerbam com a tosse, inalação do ar
frio ou outros irritantes
• Na pleurisia a dor é tipo pontada, agrava com movimentos
respiratórios e diminui a medida que o derrame aumenta
Dor torácica
• No pneumotórax a dor é intensa e súbita como uma facada e surge
muitas vezes apos o esforço, tosse ou traumatismo

• Nas pneumonias a dor pode se projectar em zonas distantes,


incluindo abdómen
• As Neoplasias pulmonares não costumam produzir dor precoce

• Nas doenças do mediastino a dor projecta-se na região esternal e


interescapular e é uma dor vaga, continua e incómoda

• O aneurisma dissecante da aorta acompanha-se de dor tenebrante e


latejante e a patologia do esófago de dor retroesternal com sensação
de ardor
Estruturas e patologias responsáveis por dor
torácica
• Nervos – Herpes zoster, traumatismo, compressão dos nervos
• Músculos – mialgias

• Ossos e cartilagem – fracturas, processos inflamatórios e neoplasias


• Mamas- mastite, neoplasias

• Árvore traqueobrônquica – traqueítes, bronquite aguda,


traqueobronquite, corpo estranhos, neoplasias, rotura brônquica
Estruturas e patologias responsáveis por dor
torácica
• Coração e pericárdio – angina do peito, enfarte do miocárdio,
pericardite
• Pleura – pleurisias, pneumotórax e neoplasias com extensão para
pleura
• Diafragma – abcessos subfrénicos, hérnias do hiato diafragmático
• Mediastino – mediastinites, aneurisma da aorta, pneumomediastino,
tumores do mediastino, esofagites, tumores do esófago, RGE e
espasmo do cárdia
• Abdómen – neoplasias gástricas, colecistite, pancreatite, peritonite
Outros sinais
• Cianose – é um sinal frequente na patologia respiratória
Caracteriza-se pela coloração azulada da pele, leito ungueal e
membranas mucosas
Presença de desoxi-hemoglobina no leito capilar

Subtipos
• Central
• Periférica
• Mista
Cianose Central

Shunt sanguíneo direito esquerdo


Alteração da V/Q – falha da Tetralogia de Fallot
bomba ventilatória Transposição dos grandes vasos
Drogas depressoras do SNC CIA
Paralexia dos músculos
respiratórios
Miastenias gravis Generalizada
Poliomielite Lábios, lobo da orelha mucosa bucal,
língua, mento e região malar,
acompanha-se de extremidades quentes
Cianose periférica
• Pode ser generalizada ou • Pelo húmida e fria
localizada
• Aumento da hemoglobina
reduzida no sangue venoso,
devido ao fluxo reduzido para os
tecidos e consequentemente
aumento da extração de O2

• Estados de choque
Outros sinais

Você também pode gostar