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Tosse, chiado e expectoração

Data da aula @February 28, 2023

Disciplina 💉 Habilidades
Dia da semana

Disciplina da prova

Feito

Estudado

Rev.

Revisado

Anamnese
ID
A C V, 58 anos, almoxarife, casado, branco, sexo masculino, natural de Votorantim e
procedente de Sorocaba, ensino médio, evangélico
QD
Falta de ar, tosse, chiado e aumento de catarro há três dias
HPMA

Antonio, trabalhador em uma fábrica de cimento, procurou atendimento médico na UBS


do bairro onde reside, referindo que era uma pessoa bastante ativa e praticava
esportes até os 48 anos de idade.
Nesta época, percebeu que o seu fôlego não era o mesmo. Inicialmente pensou que a
causa fosse envelhecimento ou por estar em condição física inadequada e em
resposta, reduziu sua atividade física.
Relata que inicialmente a falta de ar passou a ser notada quando andava de bicicleta
aos finais de semana.
Posteriormente, a falta de ar também aparecia quando caminhava em leves aclives e
concomitantemente notou aparecimento de tosse, quase que diária com expectoração

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clara, particularmente ao acordar.
Referiu que nos meses mais frios do ano, percebia piora importante da falta de ar,
aumento da tosse, mudança da cor e volume de secreção, além de chiado no peito
(quando solta o ar). No ano passado houve necessidade de internação, tendo
permanecido no hospital por cinco dias, dois desses dias com cateter de oxigênio.
Há três dias, a falta de ar aumentou de forma significativa, mesmo em repouso. Não
consegue caminhar nem poucos metros no plano ou tomar banho sem ajuda sem ajuda
e desde ontem o catarro está amarelo e apresentou febre (38,7ºC).
O médico clínico geral que o atendeu na UBS, depois de examiná-lo e perguntar sobre
alergias e antecedentes de asma, fato negado, disse que a principal hipótese de
diagnóstico era exacerbação da DPOC, pelo fato de ser tabagista crônico.
Análise

Poderia ser uma falta de ar de origem cardíaca, mas como o paciente trabalha numa
fábrica de cimento que pode ter contribuído para o quadro posso pensar numa dispneia
de causa respiratória, além da presença de chiado e catarro. Se fosse de causa
cardíaca viria com dor no peito, palpitação, edema de MMII.
O paciente é pneumopata
Principal causa de DPOC é o tabagismo
EF respiratório: inspeção + ausculta clareiam muito o diagnóstico

EF respiratório esperado:

Inspeção estática: tórax enfisematoso, em tonel (chiado traduz insuficiência


respiratória canicular → ar entra mais facilmente e ocorre broncoconstrição na
saída)

Frequência respiratória aumentada (deve ser maior que 50 ipm)

Presença de tiragem (acontece principalmente em processos obstrutivos)

Provavelmente é cianótico (alvéolos insuflam e formam bolhas de enfisema que


não realizam trocas gasosas)

Na ausculta deve ter auscultado ruídos adventícios como roncos e sibilos

IDA
Sintomas gerais: fraqueza, falta de apetite

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Gastrintestinal: obstipação intestinal e refluxo gastroesofágico
Geniturinário: acorda aproximadamente 3 vezes a noite para urinar, refere próstata
aumentada

Psicológico e psiquiátrico: quadro depressivo e ansiedade


Análise

Na DPOC, o paciente tem dificuldade com trocas gasosas, acumulando CO2. O


paciente começa a desenvolver cianose generalizada (ponta de dedo, nariz, mucosas,
ponta da orelha). Essa dificuldade aumenta a FC para tentar fazer uma compensação.
A DPOC causa a formação de fibroses, que levam a hipertensão pulmonar, que causa
insuficiência ventricular direita. Insuficiência ventricular direita causada por hipertensão
pulmonar em pacientes com DPOC é chamada de cor pulmonale.
Antecedentes pessoais

Doenças próprias da infância, nega cirurgias prévias e refere uma internação anterior
Antecedentes familiares

Mãe 78 anos, hipertensa e diabética. Pai com 82 anos, hipertenso e portador de


DPOC, irmão com 60 anos e portador de tumor de próstata.
HV

Tabagismo (50 maços/ano), nunca usou drogas ilícitas. Toma cerveja de forma
moderada aos finais de semana. Hábitos alimentares adequados, atualmente
sedentários.

Medicação em uso: tiotrópico, formoterol, alguns ciclos de antimicrobianos e corticoide


oral nos
momentos de piora.

Análise
Tiotrópico e formoterol são broncodilatadores

Exame físico geral


REG, corado, hidratado, orientado, cianótico e anictérico. Tipo constitucional
mediolíneo, IMC de 34 kg/m2, mucosas úmidas e coradas, pele e fâneros sem
alterações, sem edemas, febril (T:38,7ºC), musculatura sem anormalidades, sem veias
visíveis anormais, PA: 136x88 mmHg e FC 102 bpm

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Cadeias ganglionares sem dados relevantes
Pulsos carotídeos sem anormalidades

Aparelho respiratório
Tórax em tonel, sem abaulamentos ou retrações localizados, expanasibilidade
reduzida, frêmito toracovocal reduzido difusamente, hipersonoridade à percussão,
murmúrio vesicular reduzido de forma simétrica e global, roncos e sibilos bilaterais,
estertores grossos nas bases pulmonares, particularmente à direita.
Saturação de O2: 91/92%

Análise

Condensações pulmonares aumentam o frêmito toracovocal, como ocorre na


pneumonia

Atelectasia é um pulmão sem ar, os alvéolos estão colabados, principais causas são
corpo estranho, pacientes em pós-operatório
Murmúrio vesicular é o som relacionado com a entrada de ar no parênquima pulmonar

Cardiovascular
Ictus não visível e não palpável, ritmo cardíaco regular a dois tempos, sem sopros.

FC: 102 bpm

Abdome: plano, sem abaulamentos ou retrações, RHA normais, palpação superficial e


profunda - normais

Extremidades - sem edema e com pulsos normais

Raio-X de tórax
Primeiramente, observa-se as partes moles, avaliando a presença de tumores

Parte óssea, ver se o paciente está bem posicionado (traquéia e clavículas bem
posicionadas), densidade radiológica das costelas (podem evidenciar pouco cálcio),
análise dos espaços intercostais (no caso do Antonio estão alargados), trama
vasobrônquica aumentada

Área cardíaca normal, mas o botão aórtico está aumentado, dilatação da aorta
descendente

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Raio-X compatível com DPOC

Achados:

Aumento difuso da transparência dos campos pulmonares

Rebaixamento e retificação das cúpulas frênicas


Aumento dos espaços intercostais

O espaço entre o esterno e coração e grandes vasos é aumentado na visão lateral

Espirometria
Espirometria é a prova de função respiratória

Exame indicado para insuficiência respiratória canalicular (de obstrução de vias aéreas)

Tosse, expectoração e chiado

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Tosse é um mecanismo de defesa do organismo de grande importância. Consiste em
uma inspiração rápida e profunda, seguida do fechamento da glote e contração dos
mm expiratórios (pp/ o diafragma), terminando com uma expiração forçada, após
abertura súbita da glote.

Quando em excesso pode ser nociva ao sist. respiratório pelo aumento da pressão na
árvore brônquica que culmina com a distensão dos septos alveolares.

Pode ser causa de hérnias inguinais e incisionais em P.O. (pós-operatório)

Fisiopatologia

Estímulos de natureza:

inflamatória (hipermeia, edema, secreções, ulcerações)

mecânica (poeira, corpo estranho, variação da pressão pleural)

química (gases irritantes)

térmica (frio ou calor excessivo)

Estímulo de receptores da mucosa das zonas tussígenas das vias respiratórias > vias
aferentes (vago) > BULBO > vias eferentes (n. laringeo inferior; n. frênico - diafragma e
outros que inervam mm resp.) > glote e mm. expiratórios > TOSSE
Causas

-Tabagismo

-Enfisema (seca ou produtiva)

-Doença pulmonar intersticial


-Embolia pulmonar

-Insuficiência ventricular esquerda ou estenose mitral (edema pulmonar)

-Câncer de pulmão

-Hérnia de hiato
-Refluxo gastro-esofágico (causa mais frequente de tosse seca noturna)

-Sinusite crônica

-Inibidor de ECA

-Psicogênica

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Tipos de tosse
-seca ou improdutiva

-produtiva

-bitonal (paralisia das cordas vocais) → tosse de "cachorro”

-rouca (laringite crônica)


-quintosa (coqueluche) → tosse sem fim

Caracteres propedêuticos

-Frequência

-Intensidade
-Expectoração

-Horário ou período
-Aparecimento agudo ou crônico
-Fenômenos que acompanham (chiado, dor)

-Relação com decúbito


Expectoração

A produção normal das células caliciformes e glândulas mucíparas da mucosa é


aproximadamente 100 ml de muco nas 24 horas, trazidos até a garganta pela
movimentação ciliar
Composição

-Serosa (típica da tosse alérgica)


-Mucoide (comum em asma)

-Purulente (comum em pneumonia e abcesso pulmonar)


-Hemoptoica (+sangue) (comum em tuberculose, neoplasia, infarto hemorrágico do
pulmão, bronquiectasuas sangrantes, fístulas artério-venosas, abcesso pulmonar,
edema agudo de pulmão)
Chiado
Expressão clínica da redução do calibre da árvore brônquica devido a espasmo ou
edema da parede dos brônquios. Asma, bronquiolite, ICC (generalizado), corpo

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estranho, tumor (localizado).

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