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Semiologia do

Sistema
Respiratório
Prof. Paulo Salzo
ANAMNESE
• 1) Idade
Jovens: doenças congênitas- hipoplasia de traquéia; estenose
de narinas; doenças infecciosas- cinomose, complexo
respiratório felino (CRF)
• 2) Raça
Cães braquicefálicos: doenças do trato respiratório anterior
Cães toy: colapso de traquéia
Gatos siameses: bronquite/asma
Estenose de narinas/ Persa
• 3) Evolução
Tosse aguda - causa infecciosa
Tosse crônica - bronquite, cardiopatia
• 4) Ambiente
Contato com vetores da Dirofilariose
Má ventilação em ambientes fechados
Canis: tosse dos canis
Gatis: CRF
• 5) Antecedentes: ausência de imunização;
metástases pulmonares- doenças neoplásicas prévias
• 6) Tratamento anterior
Corticoesteróides
Antibióticos
Melhora? Piora?
EXAME FÍSICO
• Local tranquilo, animal em estação ou sentado

• Emergência respiratória: excesso de manipulação = óbito

• Sem emergência: avaliar postura, estado geral, locomoção,


tipo respiratório
MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS
• I- Tipo Respiratório
A- Costal (torácico)
B- Abdominal
C- Costo-abdominal: normal, para cães e gatos ligeiramente
mais costal. Na inspiração aumentam os diâmetros torácico
e abdominal, na expiração diminuem os diâmetros
• II- Ritmo

A- Normal: inspiração—expiração—pausa

B- Rápida e profunda: febre, ansiedade, hipóxia – edema


pulmonar/pneumonia
C- Rápida e superficial: dor, efusão pleural, pneumotórax
• III- Frequência Respiratória

Varia com idade, raça, temperatura ambiental


Observar lateralmente e por trás do animal
Contar número de movimentos respiratórios por minuto (1
pausa +1 Insp. +1 exp.)
Valores Normais para cão: 10-30MR/min
Valores Normais para gato: 20-40MR/min
Aumento da FR: taqui/polipnéia
Diminuição da FR: bradi/oligopnéia
Ausência de FR: apnéia (se prolongado, incompatível com a
vida)
• Respiração ofegante em cães
e gatos normais: mecanismo
termoregulador
• Taquipnéia: processos que
diminuem a hematose e o
aumento da FR compensa
(ICC, bronquite, fibrose
pulmonar, acidose)
• Bradipnéia: medicamentos,
agonia, encefalopatia
• IV) Dispnéia (Distrição Respiratória)
Dificuldade Respiratória
A- Inspiratória: inspiração prolongada e trabalhosa, atividade
costal exagerada – obstrução vias aéreas anteriores
Ortopnéia: distensão cervical, boca aberta
B- Expiratória: expiração prolongada e trabalhosa, esforço
abdominal intenso – obstrução vias aéreas posteriores
C- Mista: mais frequente; dificuldade inspiratória e
expiratória- ICC, pneumonia, bronquite
EXAME DAS NARINAS E FOCINHO
• Inspeção
Exame da respiração a partir das narinas
Corrimento nasal
Mucosa nasal
Abertura cavidade nasal

Indireta: rinoscopia
Corrimento
oculo-nasal
mucopurulento
• Corrimento Nasal
Unilateral
Bilateral
Avaliar quantidade e aspecto:
 Seroso
 Mucoso
 Catarral
 Mucopurulento
 Purulento
 Sanguinolento (hemorrágico)
• Corrimento Nasal
Com alimento- fenda palatina?
Sanguinolento:
 Epistaxe: gotas de sangue
 Rinorragia: muito sangue
 Hemoptise: sangue de origem pulmonar

• Obstrução
Corpo estranho, neoplasias
Nódulo em cavidade nasal- Criptococose
EXAME DOS SEIOS PARANASAIS
• Doença primária pouco frequente em cães e
gatos
• Corrimento nasal crônico: periodontite;
neoplasias; infecções fúngicas
• Exame inclui: inspeção, palpação, percussão,
mas geralmente requer radiografia,
rinoscopia, tomografia
Densificação nasal unilateral
EXAME DA LARINGE
• Inspeção externa: tipo respiratório
• Inspeção interna: neoplasia, edema
• Palpação: normalmente simétrica, sem dor. Exame mais
detalhado exige sedação e laringoscopia
• Alteração mais comum: paralisia de laringe
• Auscultação: normal: ruído laringo-traqueal; anormal: sibilo
(paralisia)
• Outros exames: rx; laringoscopia
EXAME DA TRAQUÉIA
• Palpação
Porção extra-torácica- compressão dos anéis traqueais para
observar reflexo da tosse
• Auscultação
Normal: ruído laringo-traqueal
• Inspeção indireta: Rx; traqueoscopia- avaliação de toda
extensão
• Colapso de traquéia

Doença traqueal muito comum em cães toy e obesos


Presença de tosse seca e dispnéia inspiratória após pressão
digital leve ao nível da entrada torácica
Colapso
de
traquéia
EXAME DO TÓRAX
• 1) INSPEÇÃO
Animal sentado, estação ou decúbito esternal
Aumento unilateral: pneumotórax, derrame
pleural, neoplasia de parede
Aumento bilateral: enfisema pulmonar, edema
subcutâneo
Deformações da coluna vertebral:
 Cifose:
 Lordose:
 Escoliose:
• Dor torácica: ansiedade, relutar em deitar ou
locomover, estação com abdução de membros
anteriores, respiração superficial
• 2) PALPAÇÃO
Sentido crânio-caudal e dorso-ventral
Temperatura: aumentada em pleurite, febre
e abscessos
Sensibilidade: ponta dos dedos
pressionando espaços interdigitais-
pleurite, fratura de costela
Frêmitos: ruídos palpáveis- pleural;
pericárdico ou valvular (sopro grau VI)-
com a palma da mão sente-se vibração
por roçar de serosas
• Enfisema subcutâneo- presença de ar ou gás no tecido SC

• Edema subcutâneo- acúmulo de líquido no tecido SC (sinal


de godet +)
• 3) PERCUSSÃO
Em estação, sentado ou decúbito esternal
Técnica: dígito-digital
Direção: caudo-cranial e dorso ventral, bilateral
Delimitação de área pulmonar- vide figura em seguida
Sons:
A- Claro: normal do pulmão (ar ou gás)
B- Hipersonoro: excesso ar- pneumotórax, enfisema
pulmonar
Delimitação
pulmonar para
percussão e
auscultação,
Feitosa 2004
C- Maciço: anormal, ausência de ar ou gás;
inflamação, neoplasia, efusões, edema,
pneumonia
• 4) AUSCULTAÇÃO
Melhor meio semiológico para avaliação
pulmonar
Delimitação igual para percussão
Técnica indireta
Direções iguais para percussão
Em cada local auscultar 2 movimentos
respiratórios
Ambiente calmo e tranquilo; fechar boca do
animal
• Ruídos normais:
A- Laringo-traqueal: vibração das paredes de laringe e
traquéia, detectado sobre traquéia cervical, na
passagem de ar
B- Traqueobrônquico: detectado em área torácica no
1/3 anterior, passagem de ar pelos grandes
brônquios e final da traquéia com vibração de suas
paredes
C- Bronco-bronquiolar (murmúrio vesicular): vibração
por brônquios menores e bronquíolos. 2/3
posteriores do tórax
• Aumento dos ruídos normais
Animais taqui ou dispneicos

Animais com pneumonia ou


edema pulmonar (facilidade
de condução do ruído pelo
líquido)

Animais com parede torácica


delgada
• Diminuição dos ruídos normais
Obstrução vias aéreas
Animais obesos
Animais de pelame longo
Repouso excessivo
Dor em tórax
Edema subcutâneo
Efusão pleural
• Ruídos patológicos ou adventícios
A- Crepitação grosseira ou estertor úmido
Aumento de líquido em brônquios, edema e
broncopneumonia; similar a “ruptura de bolhas”
B- Crepitação fina ou estertor crepitante
Pequenas vias aéreas com muco ou líquido, edema,
pneumonia, enfisema pulmonar; similar a
“esfregar o cabelo próximo de orelha”
C- Sibilo
Manifestação sonora aguda, de alta intensidade, similar chiado
ou assobio. Estreitamento de vias aéreas por deposição de
secreção viscosa aderida ou bronco espasmo. Obstrução de
pequenas vias aéreas, compressão de traquéia e estenose
de laringe
EXAMES AUXILIARES NO DIAGNÓSTICO
DOS PROCESSOS RESPIRATÓRIOS
• 1) Toracocentese
Utilizada para diferenciar o diagnóstico de exsudato de transudato
pleural, tanto para fins diagnósticos como terapêuticos; também
utilizada para drenagem de ar (pneumotórax)
Animal deve permanecer sentado ou em estação, punciona-se
geralmente no lado direito, 5 ou 6 espaço intercostal, abaixo da
coleção líquida
Material- catéter, torneira 3 vias
Complicações- contaminação do tórax, hemorragia, entrada de ar no
tórax, laceração pulmonar
http://www.aamefe.org/distres_respiratorio_felinos_moro.htm
• 2) Avaliação laboratorial de secreções e exsudatos

• 3) Lavado traqueal
Instilar solução fisiológica estéril via traqueal para em seguida
recuperar exsudato suficiente para cultura e citologia
• 4) Radiografia
Diferenciação de processos intersticiais, alveolares e
brônquicos; neoplasias, edema, pneumonia
Diferenciar quadros focais de generalizados
Efusão pleural
Pneumotórax
• 5) US
Broncopneumonia
Pneumonite eosinofílica – caso do Pastor Alemão
que está nas fotos do lavado traqueal
• 6) Endoscopia
• 7) Outros
Hemograma
Coproparasitológico
Sorologias
Biópsia pulmonar
Necrópsia

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