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1. Traumatismo raquimedular..................................... 3
2. Epidemiologia............................................................... 3
3. Tipos de fratura........................................................... 5
4. Escalas..........................................................................14
5. Anatomia......................................................................15
6. Clínica............................................................................16
7. Radiologia....................................................................21
8. Tratamento..................................................................23
Referências bibliográficas .........................................27
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 3
Figura 1. Rolamento em Bloco. (A) Enquanto uma pessoa realiza a imobilização cervical outras duas ficam ao lado do
paciente, para controlar o corpo e extremidades. (B) Manutenção do alinhamento da coluna enquanto é feito o rola-
mento. (C) Uma quarta pessoa avalia o dorso enquanto remove a prancha rígida. (D) Reposicionado de forma supina,
mantenho o alinhamento e imobilização da coluna. (Fonte: Adaptado de ATLS 9ª Ed, 2012)
casos, devido à sua maior exposição O TRM na região cervical pode culmi-
e mobilidade, geralmente relacionado nar em morte pela apneia provocada
a mergulhos em superfícies rasas. pela lesão dos nervos frênicos.
SAIBA MAIS!
O nervo frênico é o primeiro nervo periférico a emergir da coluna cervical.
cursando com 21% dos Figura 2.Fatores causais no TRM, de acordo com suas
ordens de prevalência. (Fonte: Aula SanarFlix)
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 5
Cabe ressaltar que o TRM usualmen- geral. O TRM não varia dessa obser-
te acomete a população jovem, de vação, acometendo mais homens, em
15 a 40 anos, em plena idade produ- uma proporção de 4 homens a cada
tiva. Sendo assim, gera dependência 1 mulher.
e diminuição expressiva da qualidade Cabe aqui a diferenciação entre TRM
de vida, com um estigma associado primário ou Secundário. A TRM pri-
muito importante, além do impacto mária trata-se do insulto inicial, onde
para previdência, sendo portanto uma a fratura ocorreu. A TRM secundária
importante questão de saúde pública. envolve as lesões secundárias me-
Sabe-se que o homem é epidemiolo- dulares, como o edema medular, a
gicamente mais acometido que a mu- ocorrência de disautonomia, espasti-
lher nos mecanismos de trauma, em cidade, entre outros.
Epidemiologia
do Trauma
Cervical: 50% Raquimedular
Torácico: 29%
Homem 4:1 Mulheres
Lombar: 15%
Sacral: 4%
Acidentes automobilísticos:30%
Mergulho em água rasa: 21% TRM Primário: Insulto inicial
Queda da própria altura: 20% TRM Secundário:
FAF: 12% Lesões medulares secundárias
Acidentes esportivos: 2%
Figura 3. Lesões compressivas (Tipo A). 1: Lesões “em lágrima” (Tear drop). 2: Fratura “em Split”. 3: Acometimento de
um platô. 4: Acometimento de ambos platôs. (Fonte: Aula SanarFlix)
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 7
Figura 4. Lesões por ruptura (Tipo B). 1: Ruptura anteroposterior. 2: Ruptura do platô superior, associada a ruptura
ligamentar. 3: Ruptura do disco vertebral com ruptura ligamentar total. (Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix)
2: Ruptura do platô
Envolvem compressão,
1: “Tear Drop” 2: Fratura em Split 1: Ruptura anteroposterior superior, com lesão
rupturas e deslocamentos
ligamentar
Figura 8. Subluxação por rotação em C1. A – Torcicolo persistente. B – Ao exame de imagem pode-se observar uma
rotação da vértebra C1 sobre C2, com deslocamento do processo odontoide. (Fonte: Adaptado de Resid Pediatr.
2019;9(2):156-160)
Fraturas
odontoides
Figura 9. Fraturas do Odontoide (C2) A - As fraturas do odontoide podem ser do tipo I (No ápice), tipo II (na base, as
mais comuns) e tipo III (Na base, atravessando o corpo vertebral). B – Fratura da base do odontoide (Seta). (Fonte:
Adaptado de Aula SanarFlix e ATLS 9ª Ed, 2012)
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 11
Figura 10. Fratura dos elementos posteriores (C2) – Resultado de uma lesão por extensão (A), causando fratura dos ele-
mentos posteriores (B, C e D), como os processos espinhosos. (Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix e ATLS 9ª Ed, 2012)
Raro, normalmente
fatal por destruição de
tronco encefálico.
Critérios de avaliação
Fratura por explosão =
vascular: fraturas de C1 a
Fratura de Jefferson
C3, fraturas cervicais com
Sobrecarga axial
subluxação e envolvendo
Rx transoral
forame transverso Luxação Atlanto-Occipital
Passagem do agente
Lesões vasculares Fratura do Atlas
pelo canal vertebral
usualmente gera déficit Torcicolo persistente por
neurológico completo. cotação de C1 sobre C2
Pode ocorrer também por Subluxação por
Lesões Penetrantes
transferência de energia rotação em C1
HORA DA REVISÃO!
As lesões medulares implicam em síndromes específicas a depender da topografia de
acometimento.
Síndrome central medular: perda de força mais acentuada em membros superio-
res. Geralmente ocorre por hiperextensão em pacientes com estenose preexistente
do canal medular.
Síndrome anterior medular: paraplegia e dissociação da perda sensorial, com per-
da de sensibilidade à dor e temperatura (Trato Espinotalâmico). Das lesões incom-
pletas, é a de pior prognóstico.
Síndrome posterior medular: comprometimento da propriocepção, sensação vi-
bratória e tato epicrítico.
Síndrome de Brown-Séquard ou Hemissecção medular: comprometimento motor
ipsilateral (trato corticoespinhal) e perda da sensibilidade postural (coluna posterior),
além da perda contralateral à sensibilidade térmica e à dor (Trato Espinotalâmico).
Fascículo grácil
Coluna dorsal
Fascículo corneato
Trato corticoespinhal
lateral
Trato espinotalâmico
Figura 14. Tratos da Medula Espinhal. 3 tratos podem ser avaliados clinicamente, o trato corticoes-
pinhal lateral (motor), o trato espinotalâmico lateral (dor e temperatura) e tratos das colunas dorsais
(Fascículo grácil e corneato ou cuneiforme, responsáveis pela propriocepção consciente, tato epicrítico
e sensibilidade vibratória). (Fonte: Adaptado de ATLS 9ª Ed, 2012)].
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 15
ESCALA DE FRANKEL
A Não apresenta nenhuma resposta motora. Rotura completa.
B Função sensitiva até S4/S5, sem resposta motora. Rotura incompleta.
C Resposta motora com grau inferior a 3 na maioria dos grupos musculares. Rotura incompleta.
D Resposta motora com grau superior a 3 na maioria dos grupos musculares. Rotura incompleta.
E Sem alterações motoras ou sensitivas. Normal.
Tabela 1. Escala de Frankel (Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix)
Processo espinhoso
Curvatura Vértebras
cervical cervicais
Processo Lâmina Processo
articular superior transverso
Curvatura Vértebras
torácica torácicas Forame
Discos Faceta para o
intervertebrais vertebral
tubérculo
Forame
intervertebral
arco costal
Corpo Pedículo
Curvatura Vértebras
lombar lombares
Sacro
Curvatura Figura 15. Anatomia da Coluna Vertebral. A – Coluna vertebral,
sacral
visão lateral direita e posterior. B – Vértebra torácica típica vista
Cóccix superiormente. (Fonte: Adaptado de ATLS 9ª Ed, 2012)
A medula espinhal, por sua vez, par- como cauda equina com as raízes
tícipe do Sistema Nervoso Central, se nervosas. As raízes nervosas emi-
inicia a nível do forame magno e tidas se distribuem para inervação
termina ao nível de L1, continuando do corpo dentro de determinados
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 16
HORA DA REVISÃOQ
Os dermátomos são a área da pele inervada por neurônios sensitivos per-
tencentes a uma determinada raiz nervosa. É importante termos noção
de alguns dermátomos, para que saibamos reconhecer o nível da lesão
traumática.
Podemos internalizar alguns dermátomos mais significativos, a partir dos
quais lembraremos o restante! C5 – Deltoide T4 – Mamilos T8 – Apêndice
Xifóide T10 – Umbigo T12 Região Inguinal S4/S5 – Região Perianal.
Figura 16. Distribuição dos dermátomos de acordo com as raízes nervosas. Podemos
internalizar alguns dermátomos mais significativos, a partir dos quais lembraremos o
restante! C5 – Deltoide T4 – Mamilos T8 – Apêndice Xifóide T10 – Umbigo T12 Região
Inguinal S4/S5 – Região Perianal. (Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix)
Cervical C4 -
Tetraplegia
Torácica
C6 -
Tetraplegia
Lombar
Sacral T6 -
Paraplegia
Coccígea
L1 -
Paraplegia
SAIBA MAIS!
O choque neurogêni- MAPA MENTAL: CHOQUE NEUROGÊNICO X CHOQUE MEDULAR
co resulta da lesão das
vias descendentes do
sistema nervoso sim-
pático a nível cervical
ou torácico alto (até T6,
usualmente), o que oca-
siona a perda do tônus
vasomotor e a perda
da inervação simpática
do coração. A perda do
tônus vasomotor causa
vasodilatação dos va-
sos viscerais e das ex-
tremidades inferiores, Choque Neurogênico Choque Medular
represamento de sangue
e, consequentemente, Lesão das vias Choque por
Cervical a Torácico Perda do tônus
hipotensão. O doente descendentes do
SNA simpático
alto (até T6) muscular e arreflexia
lesão medular em
qualquer nível
pode tornar-se bradicár-
dico ou deixar de apre-
Pode voltar Período de
sentar taquicardia como Perda do tônus
vasomotor
Perda da inervação
simpática do coração
a apresentar acometimento
função normal é variável
resposta à hipovolemia.
A pressão sanguínea
não costuma normalizar- Vasodilatação Bradicardia ou
de vasos viscerais taquicardia não
-se através da infusão de e extremidades compensatória
líquidos apenas.
O termo choque medu- PA não se
lar, por outro lado, refe- Hipotensão normaliza apenas
com cristaloides
re-se à flacidez (perda
do tônus muscular) e à
perda de reflexos notada após a lesão medular. O “choque” para a medula pode fazer com
que ela pareça totalmente desprovida de função, ainda que não esteja necessariamente des-
truída, podendo voltar a ter algum nível de funcionamento.
Esses termos muitas vezes são utilizados de forma intercambiável, apesar de serem entida-
des diferentes!
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 19
Paraplegia: Lesões
abaixo de T1, MMII’s
Grau 0: Nenhum movimento
Grau 1: Esboço de movimentos
Tetraplegia: Lesões acima Grau 2: Apenas a favor da gravidade
de T1, MMII’s, MMSS’s e
Paraplegia x Quadro Verificar grau de
Grau 3: Vence a gravidade,
Tetraplegia Clínico TRM força muscular
sustentação axial mas falha contra a resistência
Grau 4: Há contração contra resistência
Grau 5: Força muscular normal
8. TRATAMENTO
Figura 22. A RNM da coluna vertebral possibilita
um maior detalhamento das partes moles, avaliando Por ser um trauma, semelhante ao
contusões medulares, hematomas, lesões ligamentares,
hérnias discais e coleções líquidas. (Fonte: Adaptado
trauma torácico, abdominal, entre
de Aula SanarFlix) outros, o tratamento do TRM tam-
bém pautado no ATLS, seguindo a
sequência de atendimento inicial
Avaliação Radiográfica Torácica e do trauma, o ABCDE. A prioridade,
Lombar: como qualquer trauma, é evitar as le-
Nesse caso também se utiliza de ra- sões secundárias.
diografia em AP, perfil e aqui há um
maior papel da TC em cortes axiais,
principalmente para detectar fraturas
dos elementos posteriores (pedícu-
los, lâmina e processos espinhosos)
e determinar o grau de compressão
medular provocado por fraturas.
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 24
A B C D E
AIRWAY BREATHING CIRCULATION DISABILITY EXPOSURE
Circulação Exposição e
Via aérea e Ventilação e Disfunção
e controle da controle do
colar cervical Respiração Neurológica
Hemorragia Ambiente
Escala
Pele, pulso,
Viabilidade da Inspeção, de Coma de Retirar roupas e
perfusão e
via aérea palpação Glasgow e objetos
hemorragias
Pupilas
Avaliar pescoço
Ausculta e
antes de passar USG Fast IOT se ECG <=8 Avaliar dorso
Percussão
colar
SAIBA MAIS!
O estudo NASCIS III demonstrou que a utilização de corticoide gera benefícios em pacientes
com TRM, porém torna-se inadequada por suas complicações secundárias graves, cur-
sando com 2 vezes mais chance de pneumonias, 4 vezes mais chance de sepse e aumento
da mortalidade em 6 vezes. Portanto, o uso de corticoide é atualmente contraindicado em
TRM.
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 25
Devemos também pensar nas pos- Além disso, na fase crônica do cho-
síveis complicações associadas ao que medular o paciente passa a de-
choque medular, principalmente as senvolver hipertonia, hiperreflexia
relacionadas a perda de esfíncter, e espasticidade, gerando a neces-
tanto urinário quanto fecal. Com re- sidade de medicamentos relaxantes
lação ao descontrole autonômico, musculares ou o uso de toxina bo-
podemos também observar compli- tulínica, por exemplo.
cações crônicas relacionadas ao O tratamento da dor deve sempre
controle pressórico, justamente pelo ser realizado e otimizado, de forma
desbalanço entre o sistema simpático a possibilitar um melhor enfrenta-
e parassimpático. mento do quadro clínico.
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR 26
Paraplegia
Choque medular
Alteração temporária/
Tetraplegia permanente Cervical (50%)
Completa
Função motora,
Lesão Acidentes
autonômica ou
Incompleta sensibilidade automobilísticos
Priapismo
Tratamento Tipos de fratura A Lesões compressivas
Evitar lesões
secundárias Lesões por
TC ou RNM se dor s/ C
deslocamento
evidência na radiografia
Não usar corticoide!
Determinação
Radiografia Anatomia
do nível
Choque medular?
Eixo AP e perfil
Escala de Frankel Classificação clínica
Tratamento cirúrgico
Incidência transoral
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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