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FRATURAS

CONTENTS
1. Conceitos Básicos...................................................... 3
2. Classificação das Fraturas....................................... 7
3. Consolidação..............................................................11
4. Estabilidade no Tratamento das Fraturas.......19
5. Quadro Clínico............................................................23
6. Abordagem.................................................................24
7. Tipos de Imobilização..............................................26
8. Complicações.............................................................27
9. Fraturas Expostas.....................................................35
10. Fraturas da Fise de Crescimento.....................39
Referências Bibliograficas..........................................42
FRATURAS 3

1. CONCEITOS BÁSICOS qualquer perda de continuidade ós-


sea, mesmo que não seja completa, é
O conceito de fratura é a perda
uma fratura!
da continuidade óssea. Ou seja,

A B

Figura 1. Fratura ou perda de continuidade óssea incompleta (A) e Fratura ou perda de continuidade óssea completa
(B). Fonte: Adaptado de https://bit.ly/2VNxepX

Geralmente as fraturas surgem atra-


vés de traumas de alta energia. O SE LIGA! Fraturas relacionadas a trau-
osso, em condições normais, possui mas de baixa energia devem acender
um alerta sobre a possibilidade de fra-
a habilidade de suportar cargas e ab-
turas patológicas, ou seja, associadas
sorver essa energia. Caso haja um a doenças ósseas, entre outras que cul-
grande nível de energia associado ao minam com a fragilidade óssea, como
trauma, o osso não consegue supor- por exemplo a Osteoporose ou Lesões
Tumorais.
tar e acaba sofrendo uma fratura.
FRATURAS 4

Fratura intertrocantérica do colo Fratura proximal do Fratura do rádio distal ou


femoral Úmero fratura de Colles

Fratura por compressão do


corpo vertebral

Figura 2. Fraturas tipicamente patológicas, associadas a Osteoporose. A osteoporose é uma doença que predomina
na idade senil, cursando com fraturas típicas, como a fratura compressiva dos corpos vertebrais. Fonte: Adaptado de
https://bit.ly/2O3i8bz

As fraturas podem acometer a epífise do osso (região articular), metáfise ou na


diáfise (corpo ósseo).
FRATURAS 5

Epífise

Lâmina
epifisial

Diáfise

Metáfise

Lâmina
epifisial

Epífise

Figura 3. Anatomia e Crescimento do Osso Longo. O osso longo em processo de crescimento finalizado é composto
pela epífise, lâmina epifisial (onde existia a cartilagem epifisial ou placas de crescimento), metáfise e diáfise (ou corpo
do osso). Fonte: Adaptado de Anatomia Orientada para a Clínica, 6ª Ed., 2013)

Para cada tipo de energia aplicada ao torção implicam em fratura em es-


osso, podemos observar tipos espe- piral, forças de tração implicam em
cíficos de fratura relacionadas. For- fratura por avulsão e forças com-
ças angulares implicam em fraturas pressivas implicam em fraturas de
transversas ou oblíquas, forças de compressão.
FRATURAS 6

Forças Angulares

Fraturas transversas ou
oblíquas

Forças de Torção

Fraturas em Espiral

Forças de Compressão

Fraturas de Compressão

Figura 4. Tipos de força e fraturas relacionadas. Fonte: Adaptado de UptoDate, 2020)

MAPA MENTAL: FRATURA – CONCEITOS BÁSICOS

Fratura

Baixa Energia: Fraturas


Epífise, Metáfise ou Diáfise
Patológicas?

Para cada tipo de força,


Traumas de alta energia
determinado tipo de fratura

Forças angulares – Fraturas


Perda de continuidade óssea transversas ou oblíquas
Forças de torção – Fraturas em
espiral
Forças de tração – Fraturas por
avulsão
Completa Incompleta Forças compressivas – Fraturas
de compressão
FRATURAS 7

2. CLASSIFICAÇÃO DAS classifica-la em simples, quando há


FRATURAS apenas um traço, sendo uma lesão
única que realiza a transfixação de
Na Ortopedia, existem diversos tipos
todo o osso. Caso sejam observados
de classificação para as fraturas. De
dois traços de fratura formando
uma maneira geral, elas podem ser
uma cunha, considera-se a fratura
classificadas por seu traço, pelo com-
como em cunha. Por fim, quando ob-
prometimento articular e pelo com-
servam-se múltiplos traços de fratu-
prometimento de partes moles.
ra, com o osso fraturado em vários se-
De acordo com o traço da fratura ob- guimentos, podemos classificar esse
servado radiograficamente, podemos tipo de fratura como cominutiva.

Fratura em Cunha

Fratura Simples Fratura Cominutiva

Figura 5. Classificação da Fratura de acordo com traço. A fratura pode ser classificada como simples (apenas um tra-
ço), em cunha (dois traços formando uma cunha) e cominutiva (multifragmentar). Fonte: UptoDate, 2020)

Quanto ao comprometimento arti- invasão do traço da fratura até na ar-


cular da lesão, podemos ter fraturas ticulação e na segunda podemos ve-
intra-articulares ou extra-articula- rificar que o traço fraturário não aco-
res. Na primeira, pode-se observar a mete a articulação.
FRATURAS 8

A B

Figura 6. Incidência radiográfica (A) e reconstrução tomográfica (B) demonstrando fratura intra-articular, com frag-
mento ósseo desviado. Fonte: Adaptado de Rev Bras Ortop. 2015;50(3):352-5)

Por fim, de acordo com o compro- foco da fratura com o meio externo,
metimento de partes moles, uma podendo culminar desde em lesões
fratura pode ser classificada como puntiformes até fraturas extensas,
aberta ou fechada. Fraturas aber- como no esmagamento. As fraturas
tas, também chamada de expostas, fechadas, por outro lado, são aque-
são aquelas em que há o contato do las em que não há contato do foco da
fratura com o meio externo.

SAIBA MAIS!
A grande maioria das fraturas são fechadas, com um nível de gravidade associado menor que
as fraturas abertas.
FRATURAS 9

b
Figura 7. Imagem e demonstração gráfica de Fratura fechada (A e a) e Fratura aberta ou exposta (B e b), onde há contato do foco
de fratura com o ambiente externo. Fonte: Adaptado de Ortopedia e Traumatologia para a Graduação, 2010 e UptoDate, 2020
FRATURAS 10

MAPA MENTAL: CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS

Classificação das Fraturas

Simples Traço da Fratura Comprometimento articular Extra-articular

Comprometimento
de partes moles

Em cunha Cominutiva Intra-articular

Fechada Aberta
FRATURAS 11

3. CONSOLIDAÇÃO Sendo assim, a consolidação é a ca-


pacidade de regeneração depen-
Inicialmente, devemos saber que a
dente da reindução das cascatas
fratura gera um processo de cicatri-
osteogênicas do período embrioná-
zação chamado de consolidação,
rio. Ou seja, durante a consolidação
que é um processo único e natural,
há necessidade que ocorra uma nova
ocorrendo de forma espontânea em
osteogênese, como se tivéssemos re-
conjunto com as ferramentas perten-
tornado para o período de formação
centes ao organismo para tal.
óssea!
A estabilização dos fragmentos ós-
SE LIGA! Via de regra, não há necessi-
seos fraturados ocorre, portanto, de
dade de utilização de medicamentos ou
suplementos para favorecer o processo forma gradativa, através da reindução
de consolidação, que ocorre de forma das cascatas osteogênicas, gerando
natural! uma dureza progressiva ao osso.

Figura 8. A consolidação óssea é um processo de cicatrização, capaz de regenerar o osso através da indução de cascatas
osteogênicas. Ou seja, durante a consolidação o osso adquire uma dureza progressiva. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix

Toda vez que pensamos em conso- por um período de remodelamento


lidação, devemos ter em mente que ósseo, para o retorno anatomofun-
o osso sofrerá um processo de repa- cional. Para que a reparação e remo-
ração da lesão. Em seguida, em um delamento ocorram, é necessário que
período mais tardio, o osso passará haja a estabilidade, permitindo um
retorno a função anterior à fratura.
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Figura 9. A consolidação envolve o processo de reparação que se segue pelo remodelamento, permitindo a diminuição
da angulação e o retorno morfofuncional ósseo. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix)

Fatores fraturário por imobilização. O osso


não consolidará caso haja uma movi-
Existem alguns fatores que influen-
mentação excessiva!
ciam diretamente no processo de
consolidação, sendo eles o fator me- A principal célula responsável pelo
cânico e o fator biológico. Caso haja processo de consolidação é o Os-
deficiência em um desses fatores, di- teoblasto, o qual necessita de um
ficilmente ocorrerá a consolidação. espaço entre os fragmentos ósseos
reduzido para que possa realizar a
deposição óssea, o que explica a ne-
Fator Mecânico: cessidade de estabilização.
Para que o osso consolide, há a ne-
cessidade de estabilização do foco
FRATURAS 13

Figura 10. Processo de consolidação óssea, participação dos Osteoblastos. Nessa imagem é possível observar uma
fileira de osteoblastos, com citoplasma basófilo devido sua atividade de intensa produção proteica. Fonte: Adaptado
de Histologia Básica, 12ª Ed., 2013

HORA DA REVISÃO!
O tecido ósseo é um tecido conjuntivo especializado, formado por um material extracelu-
lar calcificado – a Matriz Óssea – e alguns tipos celulares: os osteócitos (ocupam cavida-
des ou lacunas no interior da matriz óssea, sendo essenciais para a sua manutenção), os
osteoblastos (sintetizam a parte orgânica da matriz óssea e se localizam em sua periferia)
e os osteoclastos (células gigantes, multinucleadas e móveis que possuem como função
a reabsorção óssea, gerando processo de remodelação.

Ocl
Op

Os

L
Oc

Ob LC

Figura 11. Tecido Ósseo. Podem ser observados Osteoblastos (Ob), Osteoclastos (Ocl) e Osteócitos (Oc) em suas
determinadas Lacunas (L). Fonte: Adaptado de Tratado de Histologia em Cores, 3ª Ed., 2007
FRATURAS 14

Para a imobilização pode-se utili- a manutenção da irrigação no foco


zar tala gessada, aparelho gessado da fratura.
e imobilizadores internos e externos, Como células e substâncias essen-
como será melhor explicado adian- ciais, podemos citar as células san-
te. A escolha do imobilizador utiliza- guíneas, mediadores químicos infla-
do é fundamental para o sucesso da matórios (como as citocinas), células
estabilização. osteogênicas e células de preenchi-
Em casos selecionados, como fratu- mento (tecido conjuntivo).
ras instáveis, há necessidade de lan-
çar mão da cirurgia para promoção da
estabilização adequada. Etapas

Fator Biológico O processo de consolidação ocor-


re, didaticamente, em 3 etapas que
Está relacionado com o aporte san- se sobrepõem durante esse proces-
guíneo e a chegada de substâncias so. Inicialmente, ocorre a inflama-
essenciais na consolidação óssea, in- ção, seguida do reparo e, por fim, da
cluindo o aporte de oxigênio e nu- remodelação.
trientes. Nesse caso, é imprescindível

Intensidade
Resposta

10% Tempo

40%

70%

Figura 12. O processo de consolidação ocorre em 3 etapas que se sobrepõem: a inflamação, seguida do reparo e, por
fim, da remodelação. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix
FRATURAS 15

Mecanismos de Consolidação Os macrófagos teciduais participam


De um modo geral, o hematoma fra- de uma maneira expressiva da con-
turário recruta plaquetas para redu- solidação, liberando citocinas infla-
zir o processo de sangramento. matórias e fatores de crescimento.
As plaquetas liberam fatores de cres- Todo esse processo culmina na di-
cimento, gerando o recrutamento de ferenciação celular de células me-
células inflamatórias, como neutró- senquimais presentes no periósteo,
filos, linfócitos e monócitos, os quais gerando a diferenciação do Pré-os-
também participam da cascata imu- teoblasto a Osteoblasto, as células
nológica da consolidação óssea. responsáveis pela deposição óssea.

24h
Neutrófilos Os osteoblastos se originam de
Plaquetas Linfócitos células mesenquimais
Monócitos pluripotentes

Endotélio
TGFβ Capilar
PDGF FGF FGF
PDGF
BMP2

Pré-osteoblasto
Macrófago
Osteoblasto
48h

Tecido de
TGFβ granulação
FGF Fibroblasto
PDGF 72h

Figura 13. Mecanismo Imunológico da consolidação óssea. Fonte: Aula SanarFlix.


FRATURAS 16

Tipos de Consolidação assim, não há formação de calo


A consolidação óssea pode ser pri- ósseo!
mária ou secundária. Ocorre o contato direto nas corticais
A consolidação primária ocor- dos fragmentos fraturados. Esse con-
re quando não há nenhum grau de tato direto possibilita a proliferação
mobilidade no foco da fratura. Nesse dos canais de Havers (Ósteons).
tipo de consolidação, os fragmentos Ou seja, formam-se túneis ósseos,
fraturados não se movimentam em contendo capilares, células mesen-
relação uns aos outros, usualmente quimais e osteoblastos que se proli-
pela utilização de imobilizações in- feram conjuntamente, entre ambos
terfragmentárias cirúrgicas. Sendo os fragmentos, através dos canais de
Havers, possibilitando a consolidação
óssea.

SAIBA MAIS!
Por esse motivo, esse tipo de consolidação é chamado de Remodelação Haversiana.

Linha de fratura Seção demonstrada abaixo

Osso Atividade Crescimento Linha de Lamela de


morto osteoclástica vascular fratura Osteóide osso novo Osteoblastos

Figura 14. A Consolidação Primária ocorre quando não há movimentação no foco de fratura, havendo contato direto entre os
fragmentos, gerando a proliferação pelos canais de Havers (Ósteons). Não há formação de calo ósseo. Fonte: Aula SanarFlix
FRATURAS 17

HORA DA REVISÃO!
A maior parte do osso compacto é composto pelos Sistemas de Havers ou Ósteons.
Cada um desses sistemas é composto por cilindros de lamelas concêntricas em torno
de um espaço neurovascular, chamado de Canal de Havers ou Canal Haversiano. Os
canais de Havers adjacentes são unidos por Canais de Volkmann. Figura 17. Desenho
esquemático de área diafisária de um osso, demonstrando tecido ósseo cortical compac-
to, com a presença dos Canais de Havers (formando os ósteons) e Canais de Volkmann,
que realizam a conexão entre os Canais de Havers. Fonte: Adaptado de Tratado de His-
tologia em Cores, 3ª Ed., 2007)

A consolidação secundária ocorre foco da fratura. Além disso, células


quando há uma movimentação con- e substâncias que participam da re-
trolada no foco da fratura, utilizando- paração óssea iniciam seu papel no
-se processos de estabilização que per- local, como fibroblastos, condro-
mitam esse grau de mobilidade. Nesse blastos, fatores de crescimento,
caso, há formação de calo ósseo! interleucinas, prostaglandinas e
Esse tipo de consolidação possui algu- células mesenquimais.
mas fases mais prolongadas e demar- • 3º Estágio – Calo Mole: Formação
cadas, sendo elas: de um calo provisório, chamado de
• 1º Estágio – Hematoma: Ocorre no calo mole. Esse tipo de calo ainda
momento imediato após ao trau- é fibrocartilaginoso, em processo
ma que levou à fratura. Devemos de consolidação óssea, apresentan-
lembrar que tanto o tecido ósseo do ainda um grau importante de
quanto os tecidos moles que o en- mobilidade ao exame físico. Ocor-
volvem são bastante vasculariza- re usualmente 2 semanas após a
dos, o que implica na formação de fratura.
sangramento local e acúmulo de • 4º Estágio – Calo Duro: Ocorre uma
células inflamatórias no foco da substituição gradual do calo mole
fratura. Sendo assim, essa fase cur- pelo calo duro, o osso em si. Na ra-
sa clinicamente com dor e edema diografia, nesse momento, pode-se
no local da fratura. observar uma matriz óssea calci-
• 2º Estágio – Inflamação: Fase em ficada, com estruturação óssea já
que ocorre a proliferação de célu- expressiva.
las inflamatórias, como ocorre em • 5º Estágio – Remodelação Óssea:
lesões de qualquer tecido do orga- Essa fase é mais prolongada, duran-
nismo humano. Nesse momento, há te até 2 anos após a fratura. Nesse
o início da angiogênese, de forma a momento, o excesso de tecido ós-
promover uma melhor irrigação no seo será absorvido, remodelando-o.
FRATURAS 18

MAPA MENTAL: CONSOLIDAÇÃO SECUNDÁRIA

Hematoma Inflamação Calo Mole Calo Duro Remodelação Óssea

Imediata ao trauma que Substituição gradual Excesso de tecido ósseo


Células inflamatórias Calo provisório
levou à fratura do calo mole será reabsorvido

Matriz calcificada formando


Sangramento local Angiogênese Tecido fibrocartilaginoso um calo de tecido ósseo no
foco fraturado

Acúmulo de células Fibroblastos, condroblastos, Visualização na radiografia


fatores de crescimento,
interleucinas,
prostaglandinas e células
Dor e edema no local mesenquimais
FRATURAS 19

4. ESTABILIDADE NO Estabilidade Relativa


TRATAMENTO DAS Gera uma movimentação controla-
FRATURAS da no foco da fratura, o que promove
O tipo de estabilidade realizado para uma consolidação do tipo secundá-
o tratamento das fraturas pode ser de rio, como já foi explicitado.
dois tipos, relativa ou absoluta. Sendo assim, existe uma movimen-
tação interfragmentária adequada e
controlada para a formação do calo
ósseo. Podem ser utilizadas sínteses
flexíveis (como placa e parafuso).

A B

Figura 15. Realização de Estabilidade Relativa através da utilização de sínteses flexíveis (A) e haste intramedular (B).
Fonte: Adaptado de Ortopedia e Traumatologia, 1ª Ed., 2018
FRATURAS 20

Habitualmente, utiliza-se a estabili- Estabilidade Absoluta


dade relativa em fraturas diafisárias,
Existem métodos que podem ser uti-
onde há necessidade de formação do
lizados de forma cirúrgica para pro-
calo ósseo. Porém, isso não é uma
mover a estabilidade absoluta, como
regra!
certos tipos de placa e parafusos,
parafusos interfragmentários, en-
SE LIGA! Na estabilidade relativa há tre outros.
formação de calo ósseo, movimentação
controlada e a consolidação é secundá- Nesse caso, não existe no foco fra-
ria! Utilizada usualmente para fraturas turário a formação de hematoma
diafisárias ou calo ósseo, ocorrendo uma res-
tauração óssea anatômica com a jun-
ção dos fragmentos fraturários, após
redução dos mesmos.

Figura 16. Estabilidade Absoluta obtida através de placas e parafusos, gerando uma união entre os fragmentos e
consolidação sem a formação de calo ósseo. Fonte: Adaptado de Ortopedia e Traumatologia para a Graduação, 2010)
FRATURAS 21

A estabilidade absoluta implica que Via de regra, utiliza-se a estabilidade


não há movimentação no foco de absoluta em fraturas intra-articula-
fratura. Ou seja, o paciente será sub- res, para evitar a movimentação e fa-
metido nessa caso a uma consolida- vorecer a consolidação.
ção primária!
As superfícies do foco de fratura não se SE LIGA! Na estabilidade absoluta não
deslocam mesmo sob aplicação de car- há formação de calo ósseo, não há mo-
vimentação e a consolidação é primá-
ga. Inclusive, deve-se estimular a mo-
ria! Utilizada usualmente para fraturas
bilização precoce nesses casos, com intra-articulares.
a utilização de carga de forma mais
rápida que na estabilidade relativa.
FRATURAS 22

MAPA MENTAL: PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA

Mecânico: Estabilização por Estabilidade - Reparação


Relativa
imobilização - Osteoblasto -Remodelamento

Processo natural,
Biológico: Aporte sanguíneo –
Fatores regeneração dependente Estabilidade Absoluta
células e mediadores químicos
das cascatas osteogênicas

Sem mobilidade, sem Com mobilidade, com


CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA
formação de calo ósseo formação de calo ósseo

Inflamação, reparo
Etapas Mecanismos de Consolidação Tipos de Consolidação Primária
e remodelação

Hematoma – Plaquetas – Fatores de Crescimento e Citocinas – Secundária


Células inflamatórias – Pré-osteoblasto a Osteoblasto –
Deposição Óssea
FRATURAS 23

5. QUADRO CLÍNICO
SE LIGA! Pode-se perceber, portanto,
O quadro clínico habitual do pacien- que o quadro clínico não é muito elabo-
te que sofreu uma fratura é composto rado. Devemos nos atentar sempre para
de dor (não necessariamente aguda, a queixa de dor localizada em algum
segmento, associada a alguns dos fa-
podendo ser inclusive progressiva ou
tores, como incapacidade ou impotên-
regressiva), incapacidade funcional cia funcional e/ou deformidade, e a as-
(nem sempre está presente, muitas sociação com a imagem sugestiva de
vezes o paciente mantém a funcio- fratura!
nalidade), impotência funcional (re-
dução da funcionalidade, dificuldade
de realizar as ações) e deformidade
(nem sempre está presente).

Figura 17.. Presença de deformação em fratura fechada. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix
FRATURAS 24

6. ABORDAGEM clínico, checando alterações anatô-


micas no local da lesão, assim como
A abordagem inicial para um caso
alterações funcionais e neurovas-
suspeito de fratura envolve o exame
culares associadas.

SAIBA MAIS!
Devemos sempre avaliar e inspecionar a região acometida, em busca de lesão de tecidos
moles ou a presença de osso em contato com o meio externo pelo foco de fratura.
A avaliação neurovascular inclui a palpação de pulsos distais, observação do tempo de
enchimento capilar, examinando sempre a função motora, sensória e discriminação entre
dois pontos em região distal a fratura.

Além disso, em um segundo momen- ortogonais. Geralmente realiza-se as


to, é fundamental a realização do exa- incidências AP (Anteroposterior) e
me radiológico, o qual deve ser rea- em Perfil nas lesões ortopédicas em
lizado em pelo menos 2 incidências geral.

A B

Figura 18. Radiografia óssea para avaliação de fraturas. Devem ser realizadas em 2 incidências básicas, anteroposte-
rior (AP) – A e perfil – B. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix
FRATURAS 25

Já o tratamento definitivo envolve o Sendo assim, para escolha do trata-


alívio da dor, a redução da fratura mento adequado para uma determi-
(recolocação do osso em sua posição nada fratura, devemos sempre nos
habitual, podendo ser realizado de questionar 3 questões:
forma aberta (cirúrgica) ou fecha-
• Que tipo de estabilidade desejo?
da), a imobilização (manter o contato
estável entre os fragmentos fraturá- • Que implante é necessário para
rios para favorecer a consolidação) e garantir essa estabilidade?
restaurar a função do paciente (após • Que tipo de consolidação eu
a consolidação, buscar a reabilitação). espero?

SE LIGA! Em algumas situações, como


fraturas instáveis ou associadas com
muita dor, é necessária a realização de
redução aberta no centro cirúrgico,
sob sedação e anestesia.

Exame Radiológico

•  Alívio da dor
•  Exame clínico
•  2 Incidências •  Redução da fratura
•  Alterações anatômicas,
•  Anteroposterior (AP) e (aberta ou fechada)
funcionais e
Perfil •  Imobilização
neurovasculares
•  Reabilitação

Abordagem Inicial Tratamento Definitivo

Que tipo de estabilidade desejo?


Que imobilização é necessária para garantir essa estabilidade?
Que tipo de consolidação espero?

Figura 19. Abordagem de uma Fratura


FRATURAS 26

7. TIPOS DE Contenção Externa


IMOBILIZAÇÃO Utilização do aparelho gessado, em
Existem diversos tipos de imobiliza- torno de todo o membro onde houve
ção que podem ser utilizados no tra- a fratura ou com uma tala gessada,
tamento das fraturas. apenas em uma face do local onde
houve a fratura.

Figura 20. Contenção externa através de Aparelho Gessado. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix

Fixação Cirúrgica Externa com estabilização do foco fraturário,


possibilitando a consolidação.
Utilização de fixadores externos,
como os fixadores circulares Ilizarov,

Figura 21. Fixação cirúrgica externa. A – Utilização de Fixador externo Unilateral. B – Fixador Ilizarov Circular. Fonte:
https://bit.ly/3dYEXb3
FRATURAS 27

Fixação Cirúrgica Interna pautada pelo uso de placas e para-


fusos que realizam a fixação óssea.
Categoria usualmente mais conhecida
no âmbito das cirurgias ortopédicas,

Figura 22. Utilização de placas e parafusos como método de fixação interna para realização de consolidação primária.
A- Radiografia inicial da lesão. B – Radiografia pós-operatória. C – Radiografia após 52 semanas. Fonte: Adaptado de
Ortopedia e Traumatologia, 1ª Ed., 2018)

8. COMPLICAÇÕES o contato com bactérias que, ino-


culadas no osso, podem gerar uma
Osteomielite
Osteomielite.
Existe um risco associado às fraturas A osteomielite é uma complicação
de ocorrência de infecções, principal- muito séria e de difícil tratamento, já
mente as fraturas expostas, as quais que na grande maioria das vezes há
possuem um contato do foco fraturá- uma cronificação e necessidade de
rio com o meio externo, possibilitando antibioticoterapia estendida.
FRATURAS 28

SAIBA MAIS!
A Osteomielite é uma infecção do osso, que pode ser classificada de acordo com o meca-
nismo de infecção (hematogênico ou não hematogênico) ou de acordo com a duração da
patologia (aguda ou crônica).
Com relação as fraturas, o tipo mais comum de Osteomielite é a não hematogênica, que
resulta da disseminação direta para osso de tecidos moles adjacentes ou por inoculação
direta, principalmente por mecanismos de trauma ou cirurgia.
Pode ser polimicrobiana ou monomicrobiana, predominando as bactérias S. aureus, Sta-
phylococcus coagulase negativos ou bacilos aeróbios gram negativos.

Figura 23. A - Osteomielite da tíbia após fratura exposta. Presença de fístula associada a lesões tróficas de pele. B – Intra-
operatório, observa-se área de sequestro. Fonte: Adaptado de Ortopedia e Traumatologia para a Graduação, 2010)
FRATURAS 29

Lesão Arterial as quais possuem um maior nível de


gravidade.
As fraturas podem estar associadas
a lesões vasculares da região de Muitas vezes o fragmento ósseo se
partes moles envolvida, sendo que torna muito “afiado”, possibilitando as
devemos ressaltar as lesões arteriais, lesões vasculares!

Úmero

Vasos

Nervos

Rádio

Ulna

Figura 24. Demonstração gráfica da possibilidade de lesão vasculonervosa durante mecanismos de fratura.
Fonte: https://bit.ly/3e503EG)

Síndrome Compartimental É uma importante complicação das


fraturas, sendo uma emergência ci-
Os grupamentos musculares huma-
rúrgica, justamente por implicar em
nos são divididos em compartimen-
compressão de estruturas como
tos, circundados por fortes fáscias
vasos e nervos, gerando isquemia
membranosas. Quando há um au-
tecidual e sintomas de compres-
mento da pressão nesses com-
são nervosa periférica, devendo ser
partimentos, devido principalmente
imediatamente abordadas através de
ao acúmulo de edema ou sangra-
fasciotomia.
mento, pode ocorrer a Síndrome
Compartimental.
FRATURAS 30

SAIBA MAIS!
A fasciotomia consiste na aberta cirúrgica dos compartimento musculares para aliviar a
pressão interna e, assim, reestabelecer a circulação sanguínea para os tecidos e evitar lesões
nervosas irreversíveis. Entretanto, resulta em uma ferida cirúrgica aberta que necessita de
cuidados otimizados, em prol de acelerar a sua cicatrização e minimizar o risco de infecções
ou outras complicações.

Figura 25. Aspecto da fasciotomia do compartimento anterior do antebraço devido Síndrome Compartimental.
Fonte: Adaptado de Rev. Port. Ortop. Traum. vol.22 no.1 Lisboa mar. 2014

Trombose Venosa Profunda (TVP) podem migrar, gerando TVP e, em


alguns casos, Tromboembolismo
A fratura pode gerar trombos pela
Pulmonar (TEP).
hemostasia que ocorre ao redor
da lesão, sendo que esses trombos
FRATURAS 31

HORA DA REVISÃO!
É importante nos relembrarmos sobre o quadro clínico sugestivo de TVP e TEP!
As apresentações clínicas de TVP muitas vezes podem ser inespecíficas, e muitos pa-
cientes podem se apresentar assintomáticos. Entretanto, deve ser suspeitada em pacien-
te que apresente edema de membros, dor, aumento da temperatura no local e erite-
ma. Na maioria dos casos, os sintomas são unilaterais (no membro em que a trombose
ocorreu) e devem ser avaliados em conjunto com os seus fatores de risco associados.
O TEP também varia muito de apresentação clínica, podendo se apresentar desde assin-
tomático até com morte súbita. Os sintomas mais comumente apresentados são disp-
neia, seguido de dor torácica (de natureza pleurítica, ou seja, respiratório-dependente)
e tosse, normalmente associados a sintomas de TVP.

Figura 26. Aspecto clínico da Trombose Venosa Profunda, com ocorrência de dor, edema, rubor e calor no local.
Fonte: https://bit.ly/3gwERcC)
FRATURAS 32

Necrose Avascular que o suporte sanguíneo para uma


área do osso pode ficar comprometi-
A depender do tipo e localização da
do, gerando isquemia e necrose ós-
fratura, pode ocorrer um rompimento
sea avascular.
tão acentuado dos vasos da região

Figura 27. RMN de região de quadril demonstrando área esclerótica hipocontrastante em região central de cabeça do
fêmur, denotando uma importante Osteonecrose (seta). Fonte: Radiol Bras vol.52 no.3 São Paulo maio/jun. 2019)

Pseudoartrose Se existe uma deficiência em algum


dos fatores que influenciam a consoli-
É uma complicação que ocorre em 5
dação, como a irrigação local ou a es-
a 10% das fraturas, culminando na
tabilização da fratura, é possível que
não união óssea.
a fratura não venha a se consolidar.
FRATURAS 33

Figura 28. Classificação das Pseudoartroses em Vasculares ou viáveis (A-C) ou em Avasculares ou atróficas (D-F).
Fonte: Adaptado de Ortopedia e Traumatologia, 1ª Ed., 2018)
FRATURAS 34

MAPA MENTAL: COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS

Osteomielite Lesão Arterial Síndrome Compartimental TVP e TEP Necrose Avascular Pseudoartrose

Aumento da pressão nos


Infecção polimicrobiana Rompimento dos vasos
compartimentos miofasciais Hemostasia - Trombos 5 a 10% das Fraturas
do osso localmente
por edema/sangramento

Lesões
vasculares
TVP: Dor, edema, rubor e Comprometimento da
Fraturas Abertas de partes moles Compressão vasculonervosa Deficiência na consolidação
calor no local. Unilateral irrigação local
pelo fragmento
ósseo

Não hematogênico:
TEP: Dispneia, dor torácica
disseminação direta ou Fasciotomia Isquemia e necrose óssea Não união óssea
e tosse
inoculação direta
FRATURAS 35

9. FRATURAS EXPOSTAS Nem sempre uma fratura exposta é


tão bem visualizada no exame clíni-
É importante lembrarmos que as fra-
co, podendo ocorrer fraturas expos-
turas expostas são as que existe um
tas que geram lesões puntiformes,
contato do foco de fratura com
pouco visíveis ao exame físico, di-
o meio externo, como já explicado
ficultando a sua percepção. Sendo
anteriormente.
assim, é sempre importante avaliar o
foco de fratura com atenção!

Figura 29. Devemos sempre observar o foco de fratura com atenção pois, apesar de algumas fraturas serem classifi-
cadas mais facilmente como expostas, outras podem demandar um pouco mais de observação para que se verifique o
rompimento das partes moles e contato do foco fraturário com o meio externo, como observado na primeira imagem.
Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix
FRATURAS 36

• Fratura Tipo II: ferida média (en-


SE LIGA! O prognóstico desse tipo de tre 1 a 10 cm), com baixo grau
fratura é proporcional à energia apli- de contaminação, moderada le-
cada no trauma.
são de partes moles e lesão óssea
Quanto pior o trauma, pior será o prog- moderada.
nóstico da fratura externa.
• Fratura Tipo III:

A evolução da fratura exposta está ◊ A: ferida grande (> 10cm),


relacionada com a quantidade de te- contaminada, com lesão de
cidos moles que sofreram lesão e partes moles grave, mas
foram desvitalizados, justamente cobertura cutânea ainda
pela maior dificuldade que o organis- possível e lesão óssea mul-
mo encontrará em distribuir o sangue tifragmentarEm caso de PAF
nessa região e promover a cicatriza- (Projéteis de Arma de Fogo),
ção desse foco. o paciente é classificado auto-
maticamente em IIIA.
As fraturas expostas podem ser clas-
sificadas de acordo com a Classifi- ◊ B: ferida grande (> 10cm),
cação de Gustilo e Anderson. Essa contaminada, com lesão de
classificação guia a necessidade de partes moles grave com per-
antibioticoprofilaxia de acordo com o da de continuidade cutânea
tipo de lesão ocorrida, visto que a pre- (reconstrução de partes moles,
valência de infecções ósseas é alta no enxerto/retalho) e lesão óssea
caso de fraturas expostas! multifragmentar.

Nessa classificação, dividem-se as ◊ C: ferida grande (> 10cm),


fraturas em 3 tipos (I, II e III): contaminada, com lesão de
partes moles grave associa-
• Fratura Tipo I: ferida pequena da a lesão vascular (requer
(< 1cm), limpa, com mínima le- reparo vascular) e lesão óssea
são de partes moles e lesão óssea multifragmentar.
simples.
FRATURAS 37

Figura 30. Exemplo de Fratura exposta de Grau IIIA produzida por Projétil de Arma de Fogo (PAF). Pode-se observar
uma fratura cominutiva ao Raio-X (A), associada a grande destruição de partes moles (B). Fonte: Ortopedia e Trauma-
tologia: Princípios e Práticas, 5ª Ed., 2017.

LESÃO DE PARTES
TIPO FERIDA CONTAMINAÇÃO LESÃO ÓSSEA
MOLES
I < 1 cm Limpa Mínima Simples
II > 1 e < 10 cm Moderada Moderada Moderada
Grave + cobertura
IIIA > 10 cm Contaminada Multifragmentar
cutânea possível
Grave + perda da
continuidade cutâ-
IIIB > 10 cm Contaminada Multifragmentar
nea – reconstrução
de partes moles
Lesão vascular (re-
quer reparo). Graves
IIIC > 10 cm Contaminada Multifragmentar
lesões de partes
moles
Tabela 1. Classificação de Gustilo e Anderson das Fraturas Externas. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix.

Sendo assim, fraturas classificadas Geração + Aminoglicosídeo (Genta-


como Tipo I e II devem receber Ce- micina). Por fim, caso a fratura ocorra
falosporinas de 1ª Geração (Cefalo- em ambientes rurais devemos tam-
tina ou Cefazolina). Fraturas Tipo III bém cobrir anaeróbios, incluindo no
devem receber Cefalosporinas de 1ª esquema a Penicilina Cristalina!
FRATURAS 38

MAPA MENTAL: FRATURAS EXPOSTAS

Fraturas Expostas

Contato do foco de fratura Pode gerar lesões puntiformes até lesões exuberantes.
com o meio externo Prognóstico proporcional a energia do trauma!

Classificação de Gustilo
e Anderson

Pequena (< 1 cm), limpa, com mínima lesão de partes moles


Tipo I
e lesão óssea simples

Média (entre 1 a 10cm), com baixo grau de contaminação,


Tipo II
moderada lesão de partes moles e lesão óssea moderada

A: grande (> 10cm), contaminada, com lesão de partes moles


Tipo III grave mas cobertura cutânea ainda possível e lesão óssea Cefalosporina de 1ª Geração
multifragmentar. PAF!

B: grande (> 10cm), contaminada, com lesão de partes moles com Ambiente Rural: + Penicilina
perda de continuidade cutânea e lesão óssea multifragmentar Cristalina!

C: grande (> 10cm), contaminada, com lesão de partes moles Cefalosporina de 1ª Geração +
grave associada a lesão vascular e lesão óssea multifragmentar Aminoglicosídeo
FRATURAS 39

10. FRATURAS DA FISE DE Esses traumas podem gerar fecha-


CRESCIMENTO mento precoce das fises, alterando
o processo de crescimento e angu-
Ocorrem por trauma nas epífises
lação óssea.
dos ossos longos, a placa de cres-
cimento nos ossos das crianças e Geralmente ocorrem em rádio distal,
adolescentes. fêmur distal, cotovelo e tíbia distal.

A B

Figura 31. Fise de Crescimento (A) e Fratura fisária (B) do Tipo II de Salter e Harris. Fonte: Adaptado de Ortopedia e
Traumatologia para a Graduação, 2010

Esse tipo de fratura pode ser classi- placa de crescimento. Mais usual
ficado de acordo com a Classifica- (cerca de 80% dos casos).
ção de Salter Harris, a qual define o
• III: Fratura que envolve a epífise,
prognóstico de cada fratura e o trata-
separando-a em fragmentos.
mento que deve ser realizado.
Nessa Classificação, as fraturas da • IV: Fratura que envolve toda a
placa epifisária são classificadas em I região distal do osso, envol-
a V, sendo: vendo metáfise, epífise e regiões
adjacentes.
• I: Deslocamento da placa epifisária
• V: Compressão da placa de cres-
• II: Deslocamento da placa epifisá- cimento, o tipo mais grave. Ge-
ria associada a fratura acima da ralmente culmina em deficiência
angular pelo fechamento precoce
das placas de crescimento.
FRATURAS 40

Separação do Fragmentação Através do platô de Compressão do


Acima do platô
platô de do platô de crescimento e platô de
de crescimento
crescimento crescimento regiões adjacentes crescimento

Figura 32. Classificação de Salter e Harris das Fraturas Fisárias. Fonte: Adaptado de Aula SanarFlix

Inicialmente, fraturas do Tipo I e II apresentarem maior gravidade. Por


possuem um bom prognóstico, o fim, as fraturas do Tipo V estão as-
que orienta para um tratamento sociadas a um maior grau de energia,
conservador. Fraturas do Tipo III e possuindo um pior prognóstico, com
IV usualmente necessitam de um tra- sequelas angulares praticamente
tamento cirúrgico, justamente por inevitáveis por conta do fechamento
das placas epifisárias.
FRATURAS 41

MAPA MENTAL: FRATURAS

Transversa/ oblíqua/
Simples/Em Cunha/ Com mobilidade,
Completa/incompleta espiralada/ Avulsão/ Estabilidade Relativa Estabilidade Absoluta
Cominutiva com formação de calo ósseo
Compressivas

Epifisárias/Metafisárias/ Sem mobilidade, sem


Intra-Articular/Extra-Articular Classificação Secundária Primária
Diafisárias formação de calo ósseo

Estágios: hematoma,
Mecânicos: Estabilização
Classificação de Salter Harris Aberta/Fechada inflamação, calo mole, Tipos Fatores
Trauma nas epífises dos ossos por imobilização
calo duro, remodelação
longos – Fechamento precoce
– Alteração de Crescimento e
Angulação Biológicos: Aporte de
Fraturas da Fise Etapas: Inflamação,
Consolidação oxigênio
de Crescimento Reparo e Remodelação
e nutrientes (irrigação)

Classificação de Gustilo Contato do foco de fratura Cicatrização do osso: Hematoma – Plaquetas –


Fraturas Expostas O que é Mecanismos
e Anderson com meio externo Reparação e remodelamento Fatores de Crescimento e
Citocinas – Células
inflamatórias – Pré-osteoblasto
Tipo I: < 1cm, limpa, lesão Exame Clínico: Alterações a Osteoblasto –
Qualquer solução de
mínima anatômicas, funcionais e Abordagem Deposição Óssea
contiguidade de um osso!
neurovasculares
Tipo II: > 1 e < 10cm,
moderadamente
contaminada e lesão Exame Radiológico: Fraturas Abertas
moderada Pseudoartrose Não união óssea
AP e Perfil Não Hematogênica
Tipo IIIA: > 10cm,
cobertura cutânea possível,
multifragmentar. PAF! Tratamento Definitivo:
alívio da dor, redução da Osteomielite Complicações Síndrome Compartimental
Tipo IIIB: > 10cm, perda fratura e restaurar função Edema/Sangramento
de continuidade cutânea, Elevação de pressão nos
multifragmentar compartimentos
Imobilizações: Fasciotomia
Tipo IIIC: > 10cm, lesão Contenção Externa: Lesão Arterial TVP e TEP Necrose Avascular
vascular, multifragmentar Aparelho ou Tala Gessada
Fixação Cirúrgica Externa:
Fixadores Externos
Fixação Cirúrgica Interna: Lesões vasculares de partes Rompimento dos vasos –
Hemostasia - Trombos
Placas e Parafusos (Ex). moles envolvidas Isquemia e Necrose
FRATURAS 42

REFERÊNCIAS
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