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A B
Figura 1. Paracentese (A) x Drenagem (B). A drenagem é pautada na utilização de drenos para a retirada de possí-
Imagem:
veis Paracentese
conteúdos produzidos em(A) x Drenagem
cavidades, (B). A no
principalmente drenagem é pautadaAna
âmbito pós-operatório. utilização
paracentese é a de drenos
retirada de um
conteúdo já existente, o líquido ascítico. (Fonte: Rev. Bras. Cir. Plást.2009;24(4):521-524)
para a retirada de possíveis conteúdos produzidos em cavidades, principalmente no
âmbito pós-operatório. A paracentese é a retirada de um conteúdo já existente, o líquido
2. QUAIS OS OBJETIVOS conteúdo peritoneal, de forma a iden-
ascítico. (Fonte: Rev. Bras. Cir. Plást.2009;24(4):521-524)
DO PROCEDIMENTO? tificar a etiologia subjacente à ascite.
Os itens avaliados laboratorialmente
A paracentese possui tanto objeti-
serão discutido adiante.
vos propedêuticos como objetivos
terapêuticos.
O objetivo propedêutico envolve a
investigação etiológica da ascite,
portanto, a paracentese nesse âmbi-
to é feita de forma a ser diagnósti-
ca. A paracentese diagnóstica é feita
através da avaliação laboratorial do
PARACENTESE 4
Insuficiência cardíaca
Acometimento da (Congestão do sistema
cavidade peritoneal por Doenças Hepáticas venoso e extravasamento
neoplasias malignas. para o terceiro espaço)
Ex: Metástases peritoneais Ex: Insuficiência cardíaca
congestiva (ICC)
Liberação de líquido
inflamatório e linfático Acometem o peritônio
para a cavidade Ex: Tuberculose Peritoneal
Ex: Linfoma Fonte: Aula SanarFlix
PARACENTESE 6
Peritonite
Bacteriana
Espontânea
Junção celular
Junção celular normal
defeituosa
A B C
Figura 3. Mensuração do ponto em que deve ser puncionado pela USG (A), de forma a evitar alças intestinais (B) e
vasos superficiais da parede abdominal (C). (Fonte: Adaptado de CHEST, 2018)
PARACENTESE 9
Indicações e
Contraindicações
da Paracentese
Minimizar os
riscos: USG!
Indicações Contraindicações
5. TÉCNICA DA
PARACENTESE procedimento. Devemos lembrar que
Podemos pensar na realização da a paracentese é realizada como um
paracentese como um passo a passo. procedimento estéril, sendo de alto
Para isso, teremos algumas etapas. risco de contaminação com material
biológico. No âmbito da paracentese,
lidamos usualmente com pacientes
Preparação: portadores de hepatites virais crôni-
A primeira etapa é composta pela pre- cas, em exemplo, por isso devemos
paração do material utilizado para o
PARACENTESE 10
sempre nos precaver dos acidentes estéril, luva estéril, avental, másca-
com material biológico. ra, gorro e óculos, se disponível no
Dessa forma, necessitaremos de an- local.
tisséptico, gaze, campo fenestrado
Campo Fenestrado
O Jelco é uma agulha revestida com ele é utilizado para outra função que
um cateter de silicone, o qual per- será descrita em breve.
manece na cavidade após a punção Além disso, serão utilizados também
e retirada da agulha, possibilitan- tubos de análise laboratorial, bem
do a saída do líquido ascítico sem a como um tubo específico para cul-
permanência da agulha na cavidade tura do conteúdo puncionado. Por
durante esse procedimento. Quanto fim, devemos nos lembrar do cálice
maior a sua numeração, menor o graduado, um objeto de vidro que
seu diâmetro. possui a mensuração do conteúdo
O equipo é um instrumento que habi- ali depositado, de forma a possibili-
tualmente é utilizado para conectar o tar a contagem de quantos litros de
soro ao dispositivo de punção venosa líquido ascítico foram retirados no
periférica. Aqui nesse procedimento procedimento.
Equipamentos
necessários para a
paracentese
Espinha ilíaca
ântero-superior
Artéria epigástrica
inferior
Figura 4. Duas possíveis abordagens para punção na paracentese. A – Formação de uma linha imaginária entre o
umbigo e a Espinha Ilíaca Anterossuperior (EIAS), com punção no ponto do terço inferior dessa linha (ponto vermelho).
agem: DuasB –possíveis
Punção noabordagens para punção
ponto a 3 cm medialmente e 3 na paracentese.a EIAS,
cm superiormente A – Formação de uma
evitando os vasos linha imaginária
epigástricos inferiores. entre o
(Fonte: Uptodate, 2020)
pinha Ilíaca Anterossuperior (EIAS), com punção no ponto do terço inferior dessa linha (ponto vermelho). B –
nto a 3 cm medialmente e 3 cm superiormente a EIAS, evitando os vasos epigástricos inferiores. (Fonte: Uptodate
Anestesia: quando aspirar e vier o líquido as-
cítico, usualmente de coloração ci-
O primeiro passo antes da punção
trina! Nesse momento, você recua
é a anestesia da pele no local em
até não ocorrer mais aspiração de
que ela será feita. Com a agulha N°
líquido ascítico, significando que você
22 e seringa com lidocaína deve-
está na borda do peritônio, onde
mos adentrar o local e sempre as-
deve realizar mais uma aplicação do
pirar antes de realizar a injeção do
anestésico. Após anestesiar o peritô-
anestésico, de forma a não aplica-lo
nio, você deverá realizar o trajeto de
em algum vaso. A agulha deve ser
saída aplicando o anestésico até a
aprofundada a 45° até a cavidade.
borda da pele, onde deve ser realiza-
Você saberá que chegou na cavidade
do um botão anestésico.
PARACENTESE 13
A D
A AA DD D
A D
B BB
B EE E
E
B E
C CC FF F
C
C FF
Figura 6. Paracentese. A – Avaliação do sítio de punção por via ultrassonográfica. B – Marcação do sítio de punção e
degermação do local. C – Colocação do campo cirúrgico fenestrado. D – Anestesia no local da punção. E – Punção com
Jelco. F – Retirada da agulha e fixação do cateter na pele, com micropore. Incorporação ao equipo, por onde é drenado
o líquido ascítico até o cálice graduado. (Fonte: Adaptado de British Journal of Hospital Medicine, 2007, Vol 68, No 9)
Síndrome
Hepatorrenal
• Cirrose Descompensada
• Hipertensão portal grave
SAIBA MAIS!
Os germes comumente encontrados na PBE são a Escherichia coli, Streptococcus sp. e Kle-
bsiella pneumoniae.
Por fim, caso haja uma suspeita ela- observado em microscopia óptica
borada sobre a presença de uma (MO), em busca de células tumo-
neoplasia primária ou secundária rais viáveis. Caso a citologia oncótica
de topografia abdominal, como a esteja positiva, temos um direciona-
carcinomatose peritoneal, deve- mento positivo para a carcinomatose
mos realizar uma citologia oncóti- peritoneal. Podemos também lançar
ca. Realiza-se um esfregaço em uma mão dos marcadores tumorais na
lâmina com o líquido ascítico, que é análise do líquido ascítico.
Figura 8. Carcinomatose peritoneal. Achado chamado de “Omental Cake”, se referindo a difusa infiltração da gordura
peritoneal por material neoplásico. (Fonte: https://www.atlascirurgico.com.br/artigo/106a-carcinomatose-peritoneal)
Figura 9. Presença de circulação colateral que pode dificultar o procedimento da paracentese, favorecendo a aciden-
tes como o sangramento. Devemos nos atentar principalmente para os vasos epigástricos inferiores. (Fonte: Atlas de
Anatomia Humana, 7ª Ed, 2019; Anatomia Orientada para a Clínica, 6ª Ed, 2013)
Hepatopatias Alívio dos sintomas Ascites resistentes Antisséptico, gaze, Lidocaína a 2% sem vaso, seringa (10 mL e 20 mL),
ao tratamento campo fenestrado, agulha (N° 18 e 22), Jelco (N° 14 ou 16), Equipo, tubos de
compressivos clínico otimizado análise laboratorial, de cultura e cálice graduado
luva estéril, máscara
Cardiogênica cirúrgica, touca e
óculos cirúrgicos Equipamentos
Doenças Terapêutica Punção da cavidade necessários
Infecciosas peritoneal
Material de proteção
Propedêutica Terço inferior entre o
Doenças umbigo e a Espinha Ilíaca
linfoproliferativas Anterossuperior (EIAS)
O que é? Preparação Marcação
Ascite a esclarecer
do ponto USG: acúmulo de líquido,
Carcinomatose poucas alças intestinais e
peritoneal Técnica poucos
vasos colaterais
Febre, dor Ascite com piora
abdominal, do estado clínico Sempre injetar depois de
O procedimento aspirar: Evitar vasos!
encefalopatia,
leucocitose, Grande distensão de Não há
disfunção renal alças abdominais volume Anestesia
máximo! Anestesiar até a cavidade,
e acidose Exames solicitados retornar anestesiando
Coagulopatias peritônio, em seguida até a
Atentar para Retirar o pele (botão anestésico)
Peritonite Contraindicações Macroscopia: seroso, suficiente
Bacteriana Ambas contrain- hemorrágico, turvo, para aliviar
Espontânea dicações são relativas quiloso e bilioso os sintomas Ultrapassar pele,
(PBE) subcutâneo, músculo e
Acidentes aponeurose, gordura pré-
Infecção Minimização Avaliação bioquí- peritoneal, peritônio e
dos riscos: USG! mica: Albumina (soro Retirada
bacteriana GASA (Gradiente albumina soro- de grandes cavidade peritoneal
do líquido ascite): Relação que possibilita a e ascite), proteínas
Compressão Sangra- totais e GASA volumes:
ascítico local avaliação etiológica da ascite Cuidado com
mento Punção Saberá que adentrou a
na a síndrome cavidade quando aspirar o
ausência Compressão Outros exames: Citometria: Células hepatorrenal!
local, curativos Vaza- GASA > 1,1: líquido ascítico
de Ascite quilosa: vermelhas e brancas.
outra compressivos mento Hepatopatias Triglicérides > 200mg/
pelo Polimorfonucleares
infecção ou sutura dL. Carcinomatose (PMN) > 250 = PBE! Reposição Adentrar o cateter do Jelco
local da e retirar a agulha
intra- Aspiração de punção GASA < peritoneal: Citologia de albumina:
abdominal ar ou fezes oncótica A partir de
1,1: Outras
Perfur- Bacteriologia: 5L, 1 frasco Conexão Conectar o Jelco ao equipo
Pode gerar Peritonite ação etiologias (Ex: Eventualmente cocos gram para cada litro com o e esse ao
positivos, principalmente germes Cultura
Bacteriana Secundária (menos Cardiogênica) retirado Equipo cálice graduado
(PBS) ou fístula digestiva comum) entéricos (E. coli, K. pneumoniae)
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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