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1. Introdução...................................................................... 3
2. Fisiopatologia............................................................... 3
3. Sepsis-2 e Sepsis-3.................................................. 5
4. Abordagem Diagnóstica........................................10
5. Abordagem Terapêutica........................................12
Referências Bibliográficas..........................................15
SEPSE 3
1. INTRODUÇÃO 2. FISIOPATOLOGIA
Sempre que o nosso corpo é invadi- Pois bem… Toda vez que um micror-
do por algum microrganismo, quem ganismo antigênico invade nosso cor-
se encarrega por resolver o problema po, ele vai ser exposto aos mecanis-
é o Sistema Imunológico. No entanto, mos imunológicos inatos e adquiridos
em alguns casos, a resposta imune que terão o objetivo de nos proteger.
pode se dar de forma tão exacerbada Contudo, no caso da Sepse, como já
que acaba sendo mais danosa para o comentamos, a resposta imunológi-
corpo do que a própria infecção. São ca se dá de forma exacerbada e isso
justamente esses casos que nós cha- também traz prejuízos.
mamos de Sepse! O que acontece é o seguinte: o pa-
E a Sepse, também conhecida popu- ciente adquire uma infecção - nor-
larmente como “Infecção Generaliza- malmente no trato respiratório, mas
da”, é uma condição muito prevalen- também é comum que seja no urinário
te no meio médico. Só nos EUA, ela ou no digestório - e, a partir daí, inicia
é responsável por cerca de 750 mil uma produção exacerbada de me-
casos por ano, gerando um gasto diadores pró-inflamatórios. Dentre
que fica em torno de 16 bilhões de esses, os mais expressivos são as
dólares. Já no Brasil, mais especifica- citocinas TNF-α e a IL-1, que estão
mente, a Sepse parece estar presente muito associadas ao desenvolvimen-
em cerca de 25% dos pacientes em to de Sepse. Mas além disso também
UTIs, sendo que a sua taxa de mor- há produção de prostaciclinas, trom-
talidade fica em torno de 50%. boxanos, leucotrienos, óxido nítrico,
A partir disso, a gente consegue perce- fator de ativação plaquetária (PAF),
ber que a Sepse é uma condição muito entre outros. Tudo isso, em grande
comum na prática e, por isso, nós pre- quantidade, acaba caindo na circula-
cisamos aprender como deve ser feito ção sanguínea e se disseminando por
o manejo dos pacientes nesse quadro. todo o corpo do paciente. Ou seja, em
Mas para isso, vamos começar pelo co- linhas gerais, a Sepse consiste em um
meço e entender , antes de tudo , processo infeccioso que, mesmo
como é a fisiopatologia da Sepse. que localizado, provoca uma rea-
ção inflamatória generalizada.
E é justamente esse processo de in-
CONCEITO! A sepse corresponde a
flamação generalizado que acaba le-
uma reação inflamatória desregulada ,
secundária a uma infecção (suspeitada vando à disfunção de vários órgãos
ou diagnosticada) que se associa com - o que também é característico da
disfunção orgânica ameaçadora à vida. Sepse. Mas como isso ocorre? Não
SEPSE 4
• TNF-α
• PAF
• IL-1
• Leucotrienos
• NO2
• Tromboxanos
• Prostaciclinas
Produção
exacerbada Liberação na
Infecção
mediadores pró- corrente sanguínea
inflamatórios
Processo
inflamatório
sistêmico
Fase fria,
Reação sobrecarga
Dificuldade de Reação
inflamatório exacerbada e
trocas gasosas inflamatória
capilar/alveolar DC não da conta
(Choque)
Fase quente,
Aumento da
aumento do Vasodilatação
Lesão endotelial permeabilidade
débito periférica
e edema
compensatório
4
Leucograma > 12.000 ou < 4.000
ou > 10% de bastões
nessa categoria quando ele já esti-
ver apresentando sinais de hipoper-
fusão tecidual ou disfunção orgânica
e a gente conclui quanto a isso se
o paciente tiver ≥ 1 dos seguintes
SE LIGA! Para avaliar SIRS observe que achados:
nós analisamos os dois principais siste-
mas acometidos na sepse (cardiovascu- CRITÉRIOS DE DISFUNÇÃO ORGÂNICA
SOFA ESCORE 0 1 2 3 4
<200 com <100 com
PaO2/FiO2 ≥400 <400 <300 suporte venti- suporte venti-
latório latório
Plaquetas (103) ≥150 <150 <100 <50 <20
Bilirrubina <1,2 1,2-1,9 2-5,9 6-11,9 ≥12
Dopamina Dopamina
Dopamina <5
(5,1-15) ou >15 ou adre-
ou dobutami-
Cardiovascular PAM ≤70 PAM <70 adrenalina nalina >0,1 ou
na (qualquer
≤0,1 ou nora- noradrenalina
dose)
drenalina ≤0,1 >0,1
Glasgow 15 14-13 12-10 9-6 <6
Creatinina ou
3,5-4,9 ou DU >5 ou DU
débito urinário <1,2 1,2-1,9 2-3,4
<500 <200
(mL/dia)
Tabela 1: SOFA - Sequential Organ Failure Assessment
Para cada sistema avaliado pelo vel para consulta, então na prática a
SOFA, o paciente receberá uma pon- gente não precisa memorizar todos
tuação que varia entre 0 e 4, de modo esses valores de referência, mas,
que, no final das contas, ele pode ficar por outro lado, conhecer quais são
com um escore de 0 a 24 pontos. E os parâmetros avaliados (bilirrubina,
a gente vai definir que há disfunção creatinina, etc.) é fundamental pois é
quando o paciente tiver um aumento isso que define quais exames vamos
de 2 pontos no SOFA. solicitar!
E a segunda coisa que vem à nossa
cabeça quando olhamos para o SOFA
SE LIGA! O que define a disfunção é o
aumento de 2 pontos, então se o pa- é que ele é uma escala complexa e
ciente tiver alguma condição de base realmente o SOFA não é uma ferra-
que confira alguma pontuação no SOFA, menta prática que a gente consegue
ele só terá evidência de disfunção se au-
aplicar facilmente na abordagem de
mentar 2 pontos em relação a essa pon-
tuação prévia. um paciente - até porque vamos pre-
cisar do resultado de alguns exames,
como acabamos de ver. Foi justamen-
Massa. Mas quando a gente olha
te por conta disso que se criou uma
para uma tabela dessas é inevitá-
versão bem mais simplificada dele, o
vel pensar 2 coisas. A primeira delas
famoso: qSOFA (quickSOFA), que
é: precisa gravar tudo isso? Não!
tem 3 critérios:
O SOFA sempre vai estar disponí-
SEPSE 9
Disfunção orgânica
Infecção + SIRS
• Hipotensão Sepse grave +
• Febre/hipotermia hipotensão não
• Debito urinário/
• Taquicardia responsiva à volume,
Creatinina
• Taquipneia ou
Sepsis - 2 • Plaquetas/INR necessitando de DVA
hipocapnia
• Leucocitose ou
• Bilirrubina para manter PAM ≥
• PaO2/FiO2 65mmHg
leucopenia
• Hiperlactatemia
Infecção + SOFA
• PAM Sepse + hipotensão não
• PaO2/FiO2 CONCEITO NÃO EXISTE responsiva à volume,
• Bilirrubina NO SEPSIS-3! necessitando de DVA para
Sepsis - 3 • Creatinina/Debito
A sepse é considerada uma
manter PAM ≥ 65mmHg
urinário +
doença grave por si só Lactato > 2mmol/L
• Plaquetas
• Escala de coma de (18mg/dL)
Glasgow
SEPSE 10
O paciente apresenta:
Disfunção orgânica
• Hipotensão: PAS ≤ 90mmHg
• Sonolência, agitação,
confusão ou coma Presença de dois Pacientes em cuidados
• SatO2 ≤ 90%, necessidade critérios de SIRS de fim de vida?
de O2 ou dispneia e/ou uma disfunção Sim
• Diurese < 0,5mL/Kg/h orgânica?
Não Continuar atendimento
fora de protocolo sepse
Acionar equipe médica
Quadro sugestivo
de doenças atípicas Sim
Não Foco infeccioso suspeito Sim (dengue, malária,
Finalizar protocolo
ou confirmado? leptospirose)?
Manter a
Não atenção, pois
Quadro clínico pouco
o paciente tem
sugestivo de sepse (IVAS, Não, somente SIRS Paciente com risco de vida
amigdalite ou pacientes disfunção orgânica?
sem fatores de risco?
Sim
Não
Seguimento ao
Continuar atendimento Sim Não atendimento em Paciente com qSOFA ≥ 2
fora de protocolo sepse protocolo Sepse
FLUXOGRAMA RESUMO
Presunção de infecção
PAS < 100mmHg
+
Suspeita de sepse Aplicação do qSOFA Glasgow < 15
Alterações relevantes na história
FR > 22 IPM
Pacientes idosos ou imunossupressos
Monitorização • Reavaliar se
Acesso Venoso persistir suspeita
Monitorização
SOFA Coleta de exames -
Acesso Venoso • Descartar
• Respiratório SOFA
• Cardiovascular Protocolo SEPSE • Investigação
• Fígado • Coleta de exames de foco
• Coagulação SOFA • Disfunção orgânica
• Rim • Investigação de • Dosagem lactato
• SNC foco
Antibioticoterapia
• Antibioticoterapia
Fluidoterapia
(avaliar!)
• Internamento em
SOFA ≥ 2 unidade fechada
• Droga vasoativa
se necessário
Lactato ≥ 2 mmol/L • Avaliar resposta
à volume
Sepse PAM < 65mmHg após Choque séptico
• Dosagem seriada
ressuscitação volêmica de lactato
• Avaliação
parâmetros
de perfusão
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: Elsevier, 2014.
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Assistencial Gerenciado. 5ª ed. São Paulo: 2019.
LEVY, Mitchell; et al. 2001 SCCM/ESICM/ACCP/ SIS International Sepsis Definitions
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Medicine. Vol. 46, nº 6. Jun, 2018.
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gem Prática. 13ª ed. São Paulo: Manole, 2019.
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SCHMIDT, Gregory. MANDEL, Jess. Evaluation and management of suspected sepsis
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