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Mariana Tourinho
1. Introdução
Metade do nosso có rtex está envolvido com a aná lise do mundo virtual. Assim, em relaçã o à visã o, no fundo do
nosso olho, encontramos a retina. Essa contém uma série de fotorreceptores especializados na transformaçã o
de energia luminosa em potenciais de açã o, ou seja, atividade neural. A esse processo damos o nome de
fototransduçã o. Além disso, nosso olho ainda é capaz de se ajustar aos diferentes tipos de luminosidade e ainda
focalizar automaticamente objetos de interesse.
Na prá tica, o que acontece é que os axô nios dos neurô nios retinais reú nem-se em feixes no nervo ó ptico e
distribuem a informaçã o captada em potenciais de açã o a diversas porçõ es do encéfalo. A primeira estação
sináptica (relacionada à percepçã o visual) acontece em células do tá lamo dorsal, no núcleo geniculado
lateral. Deste local, a informaçã o ascende para o có rtex cerebral, onde será interpretada e lembrada.
2. Anatomia do olho
À olho nu, conseguimos visualizar a:
Pupila: uma espécie de abertura que permite que a luz entre no olho e alcance a retina. Ela é escura
justamente pela presença de fotorreceptores que absorvem a luz na retina;
Íris: circunda a pupila e contém dois mú sculos que alteram o tamanho da pupila. Um dele contrai a
pupila (m. esfíncter da pupila ou circular da íris, inervado pelo n. oculomotor, pela via
parassimpá tica nú cleo de edinger-westfal), e o outro a dilata (o que dilata sã o o mm. radiais da íris,
inervado pelo sistema simpá tico, causando midríase)
Có rnea: cobre a pupila e a íris. É uma superfície vítrea transparente;
Esclera: é a continuaçã o mais lateral da có rnea, correspondendo ao “branco dos olhos”;
Quanto à sua aparência oftalmoscopia, observamos a retina:
Papila ó ptica/disco ó ptico: onde se originam os vasos da
retina e onde as fibras do nervo ó ptico deixam o olho. É
um ponto desprovido de fotorreceptores;
Mácula: regiã o mais escura, dedicada à visão central.
Ela nã o possui vasos sanguíneos.
Fó vea: um ponto escuro na má cula. É o local em que a
retina é muito delgada. É ela quem divide a retina em
retina nasal (mais medial), onde encontramos a papila, e a
retina temporal (mais lateral);
Tríade da acomodação:
1. Cristalino mais arredondado (contraçã o dos m. ciliares);
2. Reduçã o do diâmetro pupilar (miose): reduçã o da entrada de raios luminosos;
3. Olhos apresentem convergência: objetos distantes olhos paralelos. Mas quando há aproximaçã o desse, os
olhos tendem a convergir.
Defeitos da visão:
Olho emétrope: alguém é dito emétrope quando os raios de luz emitidos por uma fonte distante se focalizam na retina
sem necessidade de focalizaçã o pelo cristalino.
Miopia: é o contrá rio da hipermetropia. O diâ metro antero-posterior do indivíduo é maior que o habitual, e por isso
há a formaçã o da imagem anteriormente à retina. Usa-se lentes côncavas/divergentes.
Hipermetropia: nesses casos, o globo ocular do indivíduo possui um diâmetro antero-posterior menor do que o
habitual, o que faz com que a convergência dos raios luminosos aconteça posteriormente à retina. Nesses casos, o
paciente pode enxergar de longe adequadamente, mas para visualizar objetos de perto, a acomodaçã o do cristalino
nã o é suficiente. Usa-se lentes convexas/convergentes.
Astigmatsmo: causado por irregularidade na curvatura da có rnea ou do cristalino, que levam a diferentes graus de
refraçã o.
Presbiopia (vista cansada): enrijecimento do cristalino intrínseco ao envelhecimento. Ele acaba perdendo a
elasticidade, perdendo a capacidade de torna-se suficientemente arredondado/achatado durante a acomodaçã o e o
relaxamento, respectivamente. Usa-se lentes bifocais/cilíndricas.
Catarata: opacidade do cristalino.
Reflexo pupilar da luz direta:
Esse processo envolve conexõ es entre a retina e o tronco encefá lico que controla os mú sculos que contraem a
papila. Quando incidimos um foco de luz no olho, a pupila tende a se contrair. Porém, o reflexo pupilar é
consensual, isto é: mesmo se o foco de luz atingir somente o olho D, a pupila do olho E também irá se contrair. A
ausência desse reflexo consensual indica sinais patoló gicos.
A constrição da pupila aumenta a profundidade do foco: imagine dois pontos, um mais próximo e um mais longe.
Caso você olhe para o mais perto, o ponto mais longe aparecerá como algo borrado. Entretanto, caso você
diminua a abertura do olho (constrição da pupila), o ponto mais longe aparentará um pouco menos borrado
Os fotorreceptores:
Cada fotorreceptor apresenta 4 regiõ es:
Segmento externo: conta com uma série de discos membranosos onde estã o os fotopigmentos. Sã o
esses fotopigmentos que absorvem a luz e determinam potenciais de açã o na membrana do
fotorreceptor;
Segmentos internos;
Corpo celular;
Terminais siná pticos: axô nios.
Quanto aos tipos de fotorreceptores, temos:
— Bastonetes: possuem um segmento externo mais comprido e cilíndrico, com muito
mais discos membranosos. Eles sã o mais utilizados durante a noite, justamente pois
sã o muito mais sensíveis à luz. Sã o encontrados em maior quantidade na retina
periférica. Além disso, todos contém os mesmos fotopigmentos;
— Cones: possuem segmento externo que vai diminuindo gradativamente de tamanho,
possuindo menor quantidade de discos membranosos, sendo assim menos sensíveis à
luz, e por isso sã o mais utilizados durante o dia. Sã o encontrados mais na retina
central. Além disso, cada cone pode possuir um dos 3 tipos de fotopigmentos, e sã o
essas variaçõ es que fazem com que cada cone seja sensível a um diferente
comprimento de onda de luz. Assim eles desempenham papel importante na nossa
capacidade de ver cores.
É por conta disso que é difícil detectar cores à noite, pois os bastonetes nã o fazem isso.
* é proposto que cada ponto na retina conta com 3 receptores, cada tipo apresentando
sensibilidade ao azul, ao vermelho e ao verde.
Obs. Quando estamos em um ambiente pouco iluminado e passamos para um local com
muita luz, os bastonetes passam a ser hiperestimulados, e por isso sentimos aquela
sensação de ofuscamento, já que está havendo muita transdução de sinal. Mas com o tempo os bastonetes se
saturam (não dá tempo da rodopsina ser resintetizada) e assim a sensação cessa.
É por conta disso que em locais pouco iluminados, quando usamos mais os bastonetes, é importante ter uma
boa reserva de vitamina A (de onde deriva a rodopsina). Assim, é por isso que a cegueira por deficiência de
vitamina se inicia de noite, pois é quando os bastonetes trabalham.
5. Fototransdução
O que é necessá rio saber é que basicamente é que o potencial de repouso de um neurô nio é -65mV, mas que
o potencial de açã o da membrana do segmento externo do bastonete, na escuridã o, é de -30mV. Isso
acontece por conta de um movimento de cargas positivas através da membrana chamada de corrente da
escuridão.
Além disso, é importante saber que:
ESCURO: GMPc ativa canal de só dio entrada de Na despolarizaçã o (isso porque o escuro “é o
normal” para nossos olhos)
LUZ: por uma série de cascatas há ativaçã o da fosfodiesterase (PDE) que hidroliza GMPc. Ou seja,
menos GMPc fecha canal de Na hiperpolarizaçã o.
Vale lembrar que os fotorreceptores liberam neurotransmissores como qualquer neurô nio, e que essa
liberaçã o se dá no momento da despolarizaçã o, isto é, durante o “escuro”.
7. Processamento na retina
O neurotransmissor liberado pelos fotorreceptores é o glutamato (liberado no escuro pois é quando a célula
esta despolarizada, enquanto que na luz ela encontra-se hiperpolarizada). Isso acontece porque o estímulo
“preferido” do fotorreceptor é o escuro e nã o a luz.
Campos receptivos: as células bipolares podem ser divididas em do tipo OFF e do tipo ON.
As do tipo OFF possuem canais de cálcio ativados pelo glutamato, já as do tipo ON respondem ao glutamato com
hiperpolarizaçã o.
Cada célula bipolar recebe aferência direta de um grupo de fotorreceptores, só que além dessas conexõ es
diretas, existe ainda a conexã o via células horizontais, que conectam a célula bipolar a um anel circunscrito de
fotorreceptores. Isso é o que delimita o campo receptivo, que corresponde na área da retina, que quando
estimulada pela luz, gera alteração de potencial na membrana.
Isso nos faz perceber que as células ganglionares são responsivas principalmente às diferenças de luminosidade dentro
do seu campo receptivo, não sendo tão boas em mudanças de luminosidade que não incluam ao mesmo tempo o centro e
a periferia do campo receptivo, entende? Isso porque sob uma iluminação uniforme, centro e periferia se cancelam.
8. Tipos de células ganglionares
Sã o divididas em:
— Do tipo M: correspondem a 5% da retina. Sã o bem maiores e possuem maior campo receptivo,
conduzem potencial de açã o de forma mais rá pida (principalmente através de uma rápida rajada
transitória de potenciais de açã o)
— Do tipo P: correspondem a 90% da retina e respondem através de uma descarga de potencial de açã o
mais continua e persistente, que dura até o estímulo acabar.
— Do tipo nã o-M-nã o-P: outros 5%.
Existem ainda aquelas relacionadas à oposiçã o de cores: nesse caso, existe aquele mesmo negó cio de oposição
entre centro e periferia a resposta a um determinado comprimento de onda no centro é cancelada por
outro comprimento de onda que gere resposta na periferia (verde x vermelho e azul x amarelo), como exemplo
de células centro-ON vermelho e periferia-OFF verde.
Obs. Caso o vermelho atinga o centro e a periferia, há estimulo, porém bem menor.
Obs. Caso haja a incidência de luz branca (contém todos os comprimentos da luz visível), o centro e a periferia
seriam ativados resposta mutuamente inibida resposta cancelada (funciona da mesma forma que o centro
iluminado por vermelho e a periferia por verde).