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Exame andrológico em animais


de produção e companhia para
comunidade externa

João Victor da Silva Teodoro Nathallia Almeida Pires


IF Goiano Campus Urutaí IF Goiano Campus Urutaí

Geisiana Barbosa Gonçalves Andressa Silva Nascimento


IF Goiano Campus Urutaí IF Goiano Campus Urutaí

Wesley José de Souza Gustavo Gonçalves Ribeiro


IF Goiano Campus Urutaí IF Goiano Campus Urutaí

Daniel de Almeida Rabello Yuri Faria Carneiro


IF Goiano Campus Urutaí IF Goiano Campus Urutaí

Daniele Alves Corrêa de Abreu Luís Fernando Martins Mendes


IF Goiano Campus Urutaí IF Goiano Campus Urutaí

10.37885/210303922
RESUMO

Objetivo: avaliar a saúde reprodutiva dos machos utilizados nas propriedades, através
de exame andrológico e orientar os produtores e tutores de animais de companhia sobre
como manejar e aproveitar melhor o potencial desses animais nos acasalamentos, além
de ressaltar a importância das características andrológicas do macho na eficiência repro-
dutiva da criação. Resultados: em algumas propriedades, foi orientado o descarte de
alguns animais que não estavam aptos à reprodução (em bovinos). Em cães, apenas um
cão atendido não obteve resultados satisfatórios pois não conseguiu ejacular. Conclusão:
com a execução do projeto, foi possível levar aos produtores e tutores informações e
conhecimentos acerca da qualidade da saúde reprodutiva dos animais de produção como
de companhia respectivamente, orientando sobre a importância dos cuidados a serem
executados com todos os animais.

Palavras-chave: Andrologia, Reprodução, Machos.

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INTRODUÇÃO

A fertilidade do macho nos programas de reprodução é muito maior do que a de


qualquer fêmea isoladamente, visto que o macho pode se acasalar com número maior de
fêmeas, tanto nos sistemas de monta natural como na inseminação artificial. A fim de evitar
a ocorrência de problemas de subfertilidade ou infertilidade nos machos, que por sua vez,
podem comprometer os índices de fertilidade do rebanho, os exames andrológicos se fazem
imprescindíveis na seleção dos reprodutores e acompanhamento de seus desempenhos
reprodutivos (BARBOSA et al., 2005).
A andrologia é essencial no estudo das funções reprodutoras do animal macho, abor-
dando as características de ereção, capacidade ejaculatória e libido. O exame andrológico
auxilia claramente na análise de alterações no estado da saúde reprodutiva e dos requisi-
tos de maturidade sexual e reprodutivas dos reprodutores, favorecendo e estabelecendo
evolução na criação e prevenindo eventuais problemas. A essência do exame andrológico
é caracterizar o potencial reprodutivo dos animais e deve atender ao diagnóstico da saúde
sexual, saúde hereditária e saúde reprodutiva tanto no aspecto da capacidade de monta
(potentia coeundi) quanto na capacidade fecundante (potentia generandi).
O objetivo do projeto foi avaliar a saúde reprodutiva dos machos utilizados nas pro-
priedades, e orientar os produtores e tutores de animais de companhia sobre como manejar
e aproveitar melhor o potencial desses animais nos acasalamentos, além de ressaltar a
importância das características andrológicas do macho na eficiência reprodutiva da criação.

MÉTODO

O serviço de extensão rural possibilitou aos produtores que tiveram suas propriedades
atendidas, uma avaliação geral da saúde reprodutiva de seus reprodutores. Essa avaliação
feita pelo responsável técnico permite definir em que situação estavam os parâmetros repro-
dutivos dos animais, permitindo o diagnóstico de patologias, ou alterações que prejudicam
a saúde reprodutiva.
Ao visitar as propriedades rurais era feito a anamnese dos animais que seriam ava-
liados, os dados coletados eram: regime de atividade sexual (monta natural/doador de sê-
men); número de fêmeas cobertas pelo reprodutor; tipo de alimentação; situação sanitária e
reprodutiva do rebanho. Os animais atendidos foram bovinos. Após essa avaliação inicial, o
próximo passo é a avaliação clínica geral, a partir desta etapa é necessário avaliar o animal
em tronco de contenção para evitar acidentes com o animal e o profissional da avalição,
durante a examinação do animal faz- se a inspeção do sistema nervoso, respiratório, circu-
latório, digestivo e locomotor, avaliando as condições de aprumos, cascos e articulações, se
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necessário faz- se a avaliação mais detalhada caso haja alguma alteração. Para avaliação
do sistema genital dois fatores são importantes para tal, como inspeção e palpação. Nesta
etapa avalia- se dimensões, presença, simetria, mobilidade e consistência dos órgãos en-
volvidos no sistema, relacionando com idade e estado do animal. Para avaliação dos órgãos
é ideal sempre definir uma sequência para facilitar o manejo durante o exame, dessa forma
inicia- se a avaliação do escroto verificando se há presença de carrapatos e feridas, grau de
mobilidade, sensibilidade, temperatura, espessura e aderências, se houver alterações anote-
as na no laudo. Quanto a avaliação testicular é necessário avaliar a forma (oval/alongada),
simétricos quanto tamanho e forma, mobilidade em todas direções, quanto a sensibilidade
não apresentar sinais de dor, temperatura inferior à do corpo, posição de acordo com a par-
ticularidade de cada espécie e tamanho com base em alterações que houver. Quanto aos
epidídimos são avaliados conforme forma, tamanho e posição de cada espécie. Quanto ao
prepúcio avalia- se a presença de ferimentos, o pênis deve passar livremente pelo óstio pre-
pucial e também verificar se há presença de edemas. Quanto ao pênis avaliar sob repouso
e exposição, tamanho, mobilidade, mucosa, secreções e presença de anormalidades. Por
fim do exame genital avalia- se as glândulas anexas quanto presença, tamanho e localiza-
ção, pode ser utilizado como estratégia de avaliação, aparelho de ultrassonografia por via
transretal ou abdominal dependendo da espécie.
É necessário avaliar a libido do animal, como parâmetro geral utilizamos como estratégia
de avaliação o interesse pela fêmea, monta, introdução e descida. Para coleta do sêmen em
bovinos utiliza- se eletroejaculador, a probe é introduzida no reto e são realizadas descargas
elétricas controladas para estimular a ereção e posterior ejaculação para coleta do sêmen e
análise. O espermograma, segundo componente do exame especial, deve ser realizado de
forma criteriosa e sistemática e consiste na avaliação macroscópica: volume (mL), aspecto
(aquoso, soroso, leitoso e cremoso), odor, cor (branco, amarelo), pH; e avaliação micros-
cópica: motilidade massal ou turbilhonamento (0-5), motilidade individual progressiva; (%),
vigor (0-5), morfologia (defeitos maiores e defeitos totais, %) e concentração espermática
(sptz/mm3) (CBRA, 2011). Nas propriedades atendidas a avaliação andrológica eram feitas
conforme os critérios citados acima.
Em algumas propriedades também foram avaliados carneiros, os métodos de avaliação
foram semelhantes aos de bovinos, diferenciado- se o método de coleta que foi realizada
pela utilização de vagina artificial.
Na avaliação de animais de companhia foram feitas análises andrológicas de
cães. Os métodos utilizados foram semelhantes aos de bovinos, diferenciando- se o méto-
do de coleta que era realizada pela técnica de excitação mecânica onde é coletado apenas
o sêmen de animais treinados ou na presença de uma fêmea no cio.
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Figura 1. avaliação transretal de glândula acessória

Fonte: do autor.

Figura 2. Teste de libido

Fonte: do autor

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Figura 3. estimulação por meio de eletroejaculador

Fonte: do autor

Figura 4. coleta de sêmen bovino

Fonte: do autor

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Figura 5. coleta de sêmen de cão

Fonte: do autor

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre os touros da raça Nelore, avaliados no presente estudo, um foi caracterizado


como inapto, quando submetido ao exame das características físicas do ejaculado, com
auxílio de microscópio num aumento de 200 a 400 vezes, o turbilhonamento foi de 2, moti-
lidade espermática 40% e 1 de vigor, além de já ter tido 6% de defeitos maiores e 8% para
defeitos menores. Seguindo as medidas do CBRA (1998) onde o turbilhonamento segue
escala de 1 a 5, motilidade espermática progressiva retilínea (0 – 100%) e o vigor espermá-
tico de 0 a 5. Este animal foi considerado inapto temporariamente, após duas reavaliações,
com intervalos de 15 dias, os resultados continuaram insatisfatórios, sendo assim, o animal
foi considerado inapto, o descarte foi sugerido ao produtor.
Os defeitos individuais de anormalidades do sêmen não devem ultrapassar de 5%
para defeitos maiores e 10% para defeitos menores por touro avaliado (FRENEAU, 2011).
Conforme a EMBRAPA (2000) o valor preferencial para a motilidade espermática é que
esta seja superior a 50%, com vigor superior a 2, porém efetivamente coerente com a % de
espermatozóides normais. Os indivíduos que não estejam dentro destes padrões devem
ser reavaliados.

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A identificação destes touros deve ser rigorosa, pois o uso racional destes reprodutores
possibilita reduzir o número de touros na propriedade, reduzindo os custos e possibilitando
manter uma fêmea produtiva adicional, em seu lugar (BUSS CRUZ, 2007).
Houve considerada procura de inseminação em cães, os criadores têm se preocupado
mais com os aspectos relacionados à reprodução, principalmente aos de alto valor zootéc-
nico. Foi necessário alertar alguns tutores sobre acasalamentos, a fim de evitar a consan-
guinidade, pois a reprodução pode ser comprometida em animais com parentescos muito
próximos. De acordo com SOUZA (2017), o coeficiente máximo de consanguinidade aceito
pela maioria das associações de criadores para registro de ninhadas é de 12,5%.
Alguns cães jovens apresentaram falha na libido, devido ao ambiente que foi realizada
a coleta do sêmen, por ser diferente do que estava acostumado, também estranhou a equi-
pe. Sendo necessário levar este animal mais vezes ao local até se acostumar e acalmar.
Conforme Johnson (2006), os cães sexualmente inexperientes ou submissos podem ser
intimidados por cadelas dominantes ou ambientes estranhos.
Os carneiros obtiveram aceitáveis índices reprodutivos, tanto no exame do sêmen
quanto no exame clínico, sendo todos aptos a reprodução. Esses machos não apresentaram
alterações clínicas ou comportamentais, suas produções espermáticas foram quantitativas e
qualitativamente compatíveis com animais de fertilidade comprovada. Conforme MORAES
(2019), a avaliação clínica dos carneiros visando obter informações sobre sua fertilidade
potencial é o primeiro e o principal componente da avaliação andrológica. Segundo SILVA
(2011), a seleção de reprodutores por meio do exame andrológico tem por finalidade a ob-
tenção de informações que permitem estimar o potencial reprodutivo.

CONCLUSÃO

A partir da execução do projeto, foi possível levar aos produtores e tutores informações
e conhecimentos acerca da qualidade da saúde reprodutiva do reprodutor tanto de animais
de produção como de companhia. Orientando sobre a importância dos cuidados a serem
executados com todos os animais. Evidenciando os possíveis prejuízos que podem ser ge-
rados com a negligência da saúde reprodutiva do macho reprodutor. Outro fator importante
com a execução deste foi à assistência de médico veterinário e graduandos as propriedades
rurais, que não possuíam condições para arcar com os custos de tal assistência, e com a
execução do projeto de extensão, tiveram acesso de forma gratuita. Esses produtores foram
também orientados acerca do melhoramento genético do rebanho, informando sobre cru-
zamentos, e assim possibilitando aumentar a lucratividade. Quanto aos tutores de cães, o
exame andrológico antes do cruzamento foi de extrema importância no sucesso reprodutivo,
foram também orientados quanto a saúde reprodutiva.
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AGRADECIMENTOS E/OU FINANCIAMENTOS

Ao Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí pelo apoio financeiro e ao Grupo de


Estudos em Reprodução Animal (GERA).

REFERÊNCIAS
1. ALFARO, C. H. Importância da avaliação andrológica na seleção de reprodutores a cam-
po. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, ano 2011, v. 35, ed. 2, p.
152-153. E-book.

2. BARBOSA, R. T.; MACHADO, R.; BERGAMASCHI, M. A. C. M. A importância do exame


andrológico em bovinos. São Carlos, SP: Embrapa Pecuária Sudeste, 2005. 13 p. (Embrapa
Pecuária Sudeste. Circular técnica, 41).

3. BUSS CRUZ, F. Alternativas para maximizar a capacidade reprodutiva de bovinos. Disser-


tação (Mestrado), Pós-Graduação em Ciências 463 Veterinárias (CAV-UDESC), Lajes/SC, 2007.

4. COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL – CBRA. Manual para exame andro-


lógico e avaliação de sêmen animal. 2.ed. Belo Horizonte: CBRA, 1998. 49p.

5. EMBRAPA. A predição da fertilidade de touros. Comunicado Técnico, nº 29. Bagé, RS:


Embrapa Pecuária Sul. Agosto/2000, p3.

6. FRENEAU G.E. Aspectos da morfologia espermática em touros. Revista 484 Brasileira


Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.35, n.2, p.160-170, abr./jun. 485 2011.

7. JOHNSON C. Conceitos atuais sobre infertilidade no cão. Waltham Focus. v.16, p.7-12,
2006.

8. MORAES, J. C. F, SOUZA C.J.H. Uma revisão sobre a execução do exame andrológico


nos carneiros. Bagé RS: Embrapa Pecuária Sul, 2019. 21p.

9. SOUZA. F.F. Critérios para exame andrológico em cães. Anais da 2ª Reunião da Associação
Brasileira de Andrologia Animal (ABRAA). 1.ed. Uberlândia, MG: Embrapa Pantanal Corumbá,
MS 2017. 201p.

10. SILVA, A. L. M. Optimização do manejo reprodutivo de uma exploração de bovinos em


regime extensivo. 2011. 74 f. Dissertação (Mestrado em medicina veterinária) – Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2011.

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