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I​NSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FARROUPILHA - ​CAMPUS ​ALEGRETE


CURSO SUPERIOR BACHARELADO EM ZOOTECNIA

Lisandro Oliveira Freitas

INFLUÊNCIA DA CASTRAÇÃO ORGÂNICA E CIRÚRGICA NOS


ASPECTOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS DE CARCAÇAS E
DA CARNE DE OVINOS

Alegrete, RS, Brasil


2019
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Lisandro Oliveira Freitas

INFLUÊNCIA DA CASTRAÇÃO ORGÂNICA E CIRÚRGICA NOS ASPECTOS


QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS DE CARCAÇAS E DA CARNE DE OVINOS

Monografia apresentada ao Curso de


Graduação em Zootecnia, do Instituto
Federal Farroupilha como requisito final
para aprovação na disciplina de Trabalho
de Conclusão de Curso III

Orientador: Prof. Dr. Emmanuel Veiga de Camargo


Co-orientador: Dra. Patrícia Alessandra Meneguzzi Metz Donicht

Alegrete, RS
2019
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Lisandro Oliveira Freitas

INFLUÊNCIA DA CASTRAÇÃO ORGÂNICA E CIRÚRGICA NOS ASPECTOS


QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS DE CARCAÇAS E DA CARNE DE OVINOS

Monografia apresentada ao Curso de


Graduação em Zootecnia do Instituto
Federal Farroupilha como requisito final
para aprovação na disciplina de Trabalho
de Conclusão de Curso III.

Aprovado em 26 de novembro de 2019:

________________________________________
Emmanuel Veiga de Carvalho, Dr. (IFFar - Alegrete)

________________________________________
Gabriel Faria Estivallet Pacheco. Dr. (IFFar - Alegrete)

________________________________________
Marcel Hastenpflug, MSc. (IFFar - Alegrete)

2019
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5

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho ocorreu graças à dedicação e empenho de várias


pessoas que estão imbuídas no processo de evolução das pesquisas na área de
ovinocultura do Instituto Federal Farroupilha - ​campus Alegrete. Agradeço a todos
que de uma forma ou de outra contribuíram para gerar este estudo, em especial:
Ao meu orientador Emmanuel Veiga de Carvalho pela oportunidade de
pesquisa na área de ovinocultura como Trabalho de Conclusão do Curso de
Bacharelado em Zootecnia do Instituto Federal Farroupilha;
Ao Grupo de Pesquisa e Extensão em Ruminantes do Instituto Federal
Farroupilha, pelo comprometimento e dedicação no apoio para o estabelecimento do
experimento;
À Instituição Pública de Ensino gratuíto pela oportunidade desenvolver e
concretizar este estudo;
Aos professores e funcionários do curso de Zootecnia que contribuíram para
minha formação acadêmica;
Aos meus colegas de trabalho Jhon Pablo Cornélio, Diogo Kersten e ao
professor Dr. Vilnei Dias do Laboratório de Mecanização Agrícola do Pampa da
UNIPAMPA por terem sido compreensivos com minha indisponibilidade de tempo;
Enfim, a todos aqueles que de uma forma ou de outra tornaram minha
caminhada acadêmica menos penosa e fazem parte de meu cotidiano enriquecendo
minha formação, o meu muito obrigado.
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RESUMO

INFLUÊNCIA DA CASTRAÇÃO ORGÂNICA E CIRÚRGICA NOS ASPECTOS


QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS DE CARCAÇAS E DA CARNE DE OVINOS

AUTOR: Lisandro Oliveira Freitas


ORIENTADOR: Emmanuel Veiga de Camargo

O presente estudo buscou avaliar a eficiência da utilização de uma solução à base ácido
lático e papaína como agente químico castrador em ovinos comparado com o método de
castração cirúrgica e um grupo de animais não castrados, considerando o comportamento
metabólico após os procedimentos, os aspectos produtivos de ganho médio diário de peso,
aspectos quantitativos e qualitativos da carcaça e qualidade da carne. Por meio deste
buscou-se uma forma menos invasiva de submeter animais ao processo de castração,
tornando este procedimento menos doloroso contribuindo assim para o bem-estar animal e
consequentemente menor interferência nos ganhos produtivos de ovinos. Este trabalho
avaliou também quanto o processo de castração interfere na qualidade de carcaça e suas
perdas pós abate, bem como o quanto contribuiu na qualidade da carne como produto final
em suas propriedades características como maciez e gordura. Foram utilizados animais
ovinos com 150 dias de idade divididos em três grupos que foram mantidos em um mesmo
ambiente e mesma dieta pelo período de 77 dias. Após foram abatidos e submetidos à
mensuração para dados quantitativos e qualitativos de carcaça, posteriormente foram
realizados testes para averiguar a qualidade da carne e sua relação com os procedimentos
empregados durante a pesquisa. Conclui-se que a castração não influenciou na deposição
de gordura na carcaça e não alterou os aspectos qualitativos da carne como a maciez pois
não houve diferença entre os tratamentos.

Palavras-chaves:​ Métodos de Castração. Qualidade de Carcaça. Qualidade da Carne


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ABSTRACT

INFLUENCE OF ORGANIC AND SURGICAL CASTRATION ON THE


QUANTITATIVE AND QUALITATIVE ASPECTS OF CARCASS AND SHEEP
MEAT

AUTHOR: Lisandro Oliveira Freitas


ADVISOR: Emmanuel Veiga de Camargo

The present study aimed to evaluate the efficient use of a solution of lactic acid and papain
as a castrating chemical agent in sheep, with the surgical castration method and a group of
non-castrated animals, considering the metabolic behavior after the procedures, the methods
average daily weight gain, quantitative and qualitative aspects of carcass and meat quality.
Through this we sought a less invasive way to subject animals to the process of castration,
making this procedure less painful thus contributing to animal welfare and consequently less
interference in the productive gains of sheep. This work also evaluated how much the
castration process affects carcass quality and its losses after slaughter, as well as how it
contributed to the quality of meat as final product in its characteristic properties such as
tenderness and fat. We used 150 days old sheep animals divided into three groups that were
kept in the same environment and the same diet for a period of 77 days. After they were
slaughtered and subjected to measurement for quantitative and qualitative carcass data,
tests were later performed to verify the quality of the meat and its relationship with the
procedures employed during the research. It was concluded that castration did not influence
carcass fat deposition and did not alter the qualitative aspects of meat such as tenderness as
there was no difference between treatments.

Keywords:​ Castration Methods. Carcass Quality. Meat Quality


8

SUMÁRIO

SUMÁRIO​……………………………………………………………………………………………... 8

1. INTRODUÇÃO​……………………………………………………………………………………. 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO​………………………………………………………………………. 12
2.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUALIDADE DA CARCAÇA OVINA​……………….. 12
2.1.1 Área de Olho de Lombo (AOL) e Espessura de Gordura de Cobertura (EGC)​. 16
2.2 ANDRÓGENOS E A INTERFERÊNCIA NO CRESCIMENTO DOS TECIDOS
ESQUELÉTICOS​……………………………………………………………………………….. 18
2.3. A CASTRAÇÃO ENQUANTO TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO SEXUAL​…………20
2.3.1. Métodos de castração​…………………………………………………………………...21
2.3.1.1. Castração Física​………………………………………………………………….. 22
2.3.1.2. Castração Hormonal​……………………………………………………………... 23
2.3.1.3. Castração Química​……………………………………………………………….. 24
2.3.1.3.1. Ácido lático​………………………………………………………………….. 25
2.3.1.3.2. Papaína​……………………………………………………………………... 25
2.3.2. Problemas relacionados à castração física​……………………………………….26
2.3.3. Avaliação da dor após a castração​……………………………………………….. 28

3. PROBLEMA DA PESQUISA​…………………………………………………………………....29

4. HIPÓTESE​………………………………………………………………………………………... 30

5. OBJETIVO​………………………………………………………………………………………... 30
5.1. OBJETIVO GERAL​………………………………………………………………………... 30
5.2. OBJETIVO ESPECÍFICO​………………………………………………………………….30

6. JUSTIFICATIVA…………………………………………………………………………………..​30

7. METODOLOGIA ………………………………………………………………………………….​31
7.1. PRIMEIRA FASE:…………………………………………………………………………..​32
7.2. SEGUNDA FASE: ………………………………………………………………………….​35
7.3. TERCEIRA FASE: ………………………………………………………………………….​36

8. RESULTADOS E DISCUSSÕES……………………………………………………………....​39

9. CONCLUSÃO……………………………………………………………………………………..​47

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ………………………………………………………….​48


9

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da cadeia produtiva da ovinocultura pode ser considerado


uma relevante estratégia para desenvolvimento rural em algumas regiões, tendo em
vista seu potencial para a geração de renda tanto para os produtores rurais quanto
para os demais agentes da cadeia produtiva. No entanto, e setor produtivo
caracteriza-se por contrastes organizacionais significativos entre regiões produtoras
do Brasil, como por exemplo empresas rurais em que tentam minimizar seus custos
e maximizar suas receitas e produtores rurais que não buscam se atualizar para
produzir um produto satisfatório para atender o mercado consumidor.
O mercado consumidor de carne ovina no Brasil encontra-se em fase de
desenvolvimento, porém, ainda é caracterizado por grandes diferenças regionais.
Segundo Souza (2006) os maiores mercados consumidores concentram-se no
entorno de regiões produtoras, tais como no Rio Grande do Sul e alguns estados da
região Nordeste, entretanto, a demanda tem se expandido por outras regiões como a
Centro-oeste e a Sudeste.
De acordo com a ​Food and Agriculture Organization (​ FAO, 2018), nos últimos
3 anos a produção de carne ovina foi de 14,4 milhões de toneladas, tendo em 2017,
um leve acréscimo de 0,1 milhões de toneladas, devendo atingir 23 milhões de
toneladas em 2020, para suprir a demanda de carne ovina do mercado consumidor.
O comércio internacional de produtos da ovinocaprinocultura atinge cerca de
US$ 11 bilhões todos os anos (VIANA, 2008). Na região sul do Brasil, a ovinocultura
juntamente com a avicultura, suinocultura e bovinocultura, está entre as principais
atividades pecuárias desenvolvidas. De acordo com Viana (2008), o seu
estabelecimento como exploração econômica se deu no começo do século XX,
com a valorização da lã no mercado internacional e, a partir da década de 1940,
com o incremento tecnológico da produção. A produção de lã, intermédio da criação
de raças laneiras e mistas, foi o principal objetivo da exploração econômica da
ovinocultura, na qual os sistemas produtivos eram desenvolvidos com o intuito de
obter a maximização da produção de lã dos rebanhos, enquanto na produção de
carne, produto considerado secundário, apenas sobre o consumo dos
estabelecimentos rurais.
10

A ovinocultura na região sul foi marcada por períodos de ascensão e crises,


entre as décadas de 1940 e 1960. Com a valorização da lã, houve aumento nos
rebanhos, principalmente pelas raças laneiras, neste período 66,17% do rebanho
nacional concentravam-se na região sul. Na década de 1970, em consequência da
revolução verde, o governo investiu maciçamente na agricultura, desfavorecendo
assim a pecuária mais precisamente a ovinocultura, portanto este cenário fez com
que muitos produtores abandonassem a atividade pecuarista (BOFILL, 1996).
A partir da década de 1980 o surgimento da fibra sintética, um produto
derivado do petróleo contribuiu ainda mais para o declínio da atividade, esse déficit
da produção laneira se estendeu até a década de 1990, tornando atividade ainda
mais minorizada. A expansão das lavouras de arroz soja e fruticultura reduziram o
espaço da ovinocultura. Hoje o estado possui em torno de 3.957.275 animais
declarados na Inspetoria Sanitária (IBGE, 2015) que representa 21,5% do rebanho
nacional.
A crise no setor laneiro fez com que a ovinocultura no Rio Grande do Sul
passasse por um processo de reestruturação da atividade, substituindo as raças
especializadas em lã para as raças com aptidão para carne, assim, desviando o foco
para a produção de carne de cordeiro. Este cenário é confirmado pela maior
quantidade de animais dessas raças expostos na Expointer, uma das maiores feiras
agropecuárias da América Latina. Quando na década de 1970, registrava apenas
0,8% , atualmente, estas raças representam mais de 72% dos animais credenciados
(SEAPA, 2018).
Muito embora a ovinocultura no estado do Rio Grande do Sul tenha se
modificado para produção de carne e as condições ambientais favoreçam esta
atividade, a cadeia produtiva enfrenta vários entraves como: a sazonalidade de
produção, a baixa qualidade do produto final, a falta de cortes que facilitem o
preparo culinário, a existência do abate informal, bem como a carência estratégias
de ​marketing e a falta de mão de obra qualificada (SELAIVE-VILLARROEL e
OSÓRIO, 2014).
A ovinocultura no Brasil sempre foi símbolo de subdesenvolvimento por ter
sido desenvolvida e praticada em áreas marginais. Porém, essa visão vem mudando
11

nos últimos anos, pois de acordo com dados do IBGE (2006) que mostra um
crescimento no número de propriedades com a participação da ovinocultura,
criadores e pecuaristas começaram a enxergar nessa atividade uma alternativa de
rápido retorno financeiro. Outro fator importante são os sistemas de criação, sendo
mais comum no Brasil o modo extensivo, estudos que compararam os dois tipos de
sistemas de criação demonstraram que o desempenho nos sistemas extensivos é
menor quando comparado ao intensivo (NEIVA, TEIXEIRA, TURCO 2004) (POLI,
MONTEIRO, BARROS, MORAES, FERNANDES, PIAZZETTA 2008).
Segundo Barros (2010), o produtor necessita, seja individualmente ou em
ações coletivas (como associações e cooperativas), de maior nível de capacitação,
financiamento e gestão, favorecendo desta forma, a redução dos custos, aumento
da escala de produção, comercialização conjunta e direcionamento estratégico para
atender a demanda de mercado de forma regular, suficiente e satisfatória.
A carne ovina vem conquistando consumidores dos centros urbanos conforme
aponta Barreto Neto (2010), por ser ofertado em mercados mais dinâmicos e estar
disponível em cortes menores e pronto para o preparo. Para tal, se requer um animal
que produza níveis equilibrados de músculo e gordura na carcaça pois de acordo
com Cézar e Souza (2010) os aspectos quantitativos e qualitativos da carcaça são
dependentes destas características e classificados em uma escala de 1 a 5 e a
medida que aumentam, melhor será a classificação da carcaça.
A castração é uma técnicas utilizada para melhorar o manejo no rebanho
quando não há separação dos lotes por sexo, pois a reatividade de machos não
castrados tendem a influenciar seu comportamento provocando disputas por
território e consequentemente lesões de carcaças (KENT, 1996; STAFFORD, 2007).
Há relatos de que a ação de hormonal androgênica pode influenciar a
deposição de gordura na carcaça (SOUZA, 2002). A partir desta afirmação esta
pesquisa utilizou dois diferentes métodos de castração, a castração orgânica
utilizando ácido lático e papaína e a castração cirúrgica através do método da
orquiectomia, avaliando sua eficiência e interferência nas características da carcaça
e da carne ovina.
12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Considerando os aspectos de maior relevância a proposta desse experimento,


são apresentados mediante revisão bibliográfica em periódicos, livros, sites
especializados e contribuições teóricas para o entendimento e sustentação das
hipóteses.
O ​rigor mortis​, é o processo em que o músculo transforma-se em carne pela
queima do glicogênio presente na célula muscular e produção de ácido lático, o
músculo começa a perder a extensibilidade, diminuindo o tamanho dos sarcômeros.
O estabelecimento do ​rigor mortis implica em não haver mais energia nas células
para desfazer as ligações actina-miosina, acarretando perda completa da
extensibilidade do músculo, o sarcômero atinge seu menor tamanho. Na definição do
rigor (maturação da carne) acontece o processo enzimático, desenrolam-se a
hidrólise das proteínas celulares (LAWRIE, 2005). Este processo varia entre as
espécies, em ovinos o tempo do rigor é em média 12 horas, podendo variar entre 10
e 20 horas (ABERLE, et al., 2001).

2.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUALIDADE DA CARCAÇA OVINA

Cada país possui sua definição de carcaça conforme sua legislação, poderá
incluir alguns órgãos de acordo com o seus hábitos e costumes alimentares. No
Brasil a Portaria n. 307 de dezembro de 1990, define como carcaça de ovino: o
corpo inteiro animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido de
cabeça, patas, glândulas mamárias, verga, exceto suas raízes e testículos,
retiram-se os rins e as gorduras perirrenal inguinal, no rabo, permanecem não mais
que seis vértebras coccígeas (SELAIVE-VILLARROEL e OSÓRIO, 2014).
A qualidade de carcaça é determinada pelos caracteres desejáveis que
tendem a manter as propriedades sensoriais da carne inalteradas como a suculência
e maciez, seus potenciais compradores e os valores a elas atribuídos. Para o
produtor é necessário conhecer estas características pois elas serão seu ponto de
partida para determinar o tipo de produção. Portanto, a comercialização, a
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qualidade e a produção serão consolidadas se existir uma linguagem inequívoca de


descrição das características da carcaça (SELAIVE-VILLARROEL e OSÓRIO, 2014)
como há em aves, suínos e bovinos em que o consumidor escolhe o produto na
gôndola sabendo suas características pois existe uma padronização para cada corte.
Os aspectos qualitativos da carcaça são identificados quanto ao sexo, a
maturidade óssea e fisiológica, a conformação, a distribuição dos tecidos adiposos, a
cor e a consistência da gordura. Já os aspectos quantitativos levam em
consideração o peso da carcaça, a idade cronológica, a espessura e profundidade
dos planos musculares, o pH do músculo, a espessura da gordura, o peso da
gordura renal e pélvica, as medidas de comprimento, a profundidade, a largura e
perímetros, o comprimento e a espessura dos rádios ósseos e a coloração do
músculo e da gordura (SELAIVE-VILLARROEL e OSÓRIO, 2014).
O genótipo e os sistemas de produção ( principalmente a nutrição) são
responsáveis por quatro caracteres básicos que prevalecem no sistema de avaliação
de carcaças vigentes nos distintos países, implicando no comércio internacional da
carne: genótipo, conformação, estado de engorduramento e sistema de produção
(SELAIVE-VILLARROEL e OSÓRIO, 2014).
Os fatores básicos para a produção de carne são o crescimento e o
desenvolvimento quantitativo muscular e estes estão bem relacionados. O
desenvolvimento esquelético está relacionado com a multiplicação celular dos
tecidos, sua massa e volume, enquanto o crescimento diferencial está relacionado
com as proporções das diferentes partes corporais relativas a esta expansão
corporal (SILVA SOBRINHO et al., 2008; SELAIVE-VILLARROEL e OSÓRIO, 2014).
A alimentação, o sexo e o genótipo são fatores que podem influenciar no
crescimento e desenvolvimento dos tecidos (SILVA SOBRINHO et al., 2008). O
desenvolvimento e a formação dos tecidos em ovinos é diferente sendo o tecido
ósseo desenvolvido com maior precocidade seguido pelo muscular e por último o
adiposo (DA ROSA et al., 2005).
De acordo com ​Berg e Butterfield (1976), o crescimento segue o modelo
sigmóide (Figura 1), evidenciando o crescimento do tecido muscular no período
14

pós-natal, enquanto o tecido adiposo apresenta pouco desenvolvimento neste


período, aumentando à medida que o animal se aproxima da fase adulta.

Figura 1 - Crescimento alométrico dos tecidos que compõem uma carcaça ovina: (1)
Nervoso, (2) Ósseo, (3) Muscular, (4) Adiposo

Fonte: Hammond (1965) adaptado pelo autor

Segundo Costa Júnior et al. (2006), em função da maturidade esquelética o


crescimento ósseo cessa em uma determinada idade, mais ou menos quando
atingem a puberdade, estabilizando o comprimento corporal, mas o perímetro
torácico e o peso vivo aumentarão simultaneamente por mais tempo por conta da
deposição de músculo e gordura. Uma ferramenta para estimar o peso de carcaça é
o peso vivo do animal pois o seu crescimento estaria correlacionado positivamente
com o seu rendimento, conformação e compacidade, servindo como base para a
seleção no rebanho (​OSÓRIO ​e OSÓRIO,​ 2002​).
Um método muito utilizado para mensurar o crescimento do animal é a o
aumento de peso em um determinado período de tempo ou ganho médio diário de
peso (GMD), que além de mensurar o desempenho produtivo do animal também
avalia a eficiência da dieta oferecida (ZUNDT, MACEDO, ASTOLPHI, MEXIA,
SAKAGUTI, 2006).
15

O percentual de gordura da carcaça é o componente mais variável, quando


em excesso poderá acarretar sua desvalorização e seu déficit implica diretamente
nos aspectos qualitativos da carne, passa a ser o tecido de maior custo para a
produção (​COLOMER, 1988). Este mesmo autor destaca ainda, que se tratando de
ovinos a cor da gordura e sua consistência são características que condicionam as
preferências da compra, sendo a cor mais clara próxima ao branco a mais desejada
e a consistência firme. Todavia, maior importância de qualidade de carcaça, reside
na sua distribuição em detrimento da aparência (cor e consistência).
Dentro deste contexto, as perdas de água durante os processos de
resfriamento e congelamento podem ser minimizadas pela distribuição da gordura
externa ou popularmente chamada, de cobertura, que envolve os tecidos musculares
aumentando a capacidade de retenção de água (CRA).
Outro atributo que contribui para a qualidade da carne durante o ato de
degustação, são a textura e a maciez. Pois determinam a aceitabilidade e a
satisfação dos consumidores que estão dispostos a pagar um preço diferenciado
pela garantia de maciez (BOLEMAN et al., 1997).
Explicações podem ser encontradas quando a textura for considerada
manifestação de propriedades reológicas da carne que consiste na sua forma
estrutural e viscosidade, por determinação a manifestação sensorial da sua estrutura
bem como a maneira com que essa reage a força aplicada durante a mastigação.
Assim, a textura é definida por Szczesniak (2006) como sendo a manifestação
sensorial das propriedades mecânicas e estruturais dos alimentos, detectada através
1
do senso fisiológico de visão, audição, tato e ‘​kinesthethics’ . Esta definição enfatiza
a natureza sensorial e a existência de vários parâmetros envolvidos na
formação/detecção da textura (RAMOS e GOMIDE, 2007).
Por tudo, boa parte das diferenças de maciez da carne está ligadas
diretamente com o sexo, a idade do animal, localização do músculo e o resultado da
diferença do tecido conectivo. Este por sua vez possui uma alta concentração de
colágeno que é a sua principal proteína estrutural. Mesmo a concentração de

1
Conjunto de sensações obtidas na boca durante ou após a ingestão de um alimento ou
bebida essas sensações estão relacionadas a densidade, viscosidade, tensão superficial e outras
propriedades físicas do alimento​ (BOURNE, 2002)
16

colágeno afetando negativamente a maciez, a sua principal contribuição à dureza da


carne diz respeito à quantidade e instabilidade de ligações cruzadas, inter e
intramuscular, entre suas fibras. Essas ligações são responsáveis pela relativa
insolubilidade e resistência do tecido conectivo (RAMOS e GOMIDE, 2007).
Durante o processo de cocção, ocorre o amolecimento da estrutura do
colágeno, devido ao encolhimento de suas fibras, isto ocorre em temperaturas em
torno de 60 a 70 °C. O colágeno gelatiniza-se devido provavelmente a ruptura das
ligações cruzadas, à medida que se eleva a temperatura para valores superiores a
70°C, ocorre uma solubilização parcial do colágeno, resultando na formação de
gelatina (RAMOS e GOMIDE, 2007).
Em processo de confecção em que se adotam temperaturas até 60 °C,
preserva-se a capacidade de retenção da água (CRA) das proteínas miofibrilares e
sarcoplasmática. À medida que se aumenta essa temperatura para cerca de 70 a 80
°C, atividade colagênica é perdida, devido à desnaturação das enzimas (RAMOS e
GOMIDE, 2007).
Assim, o efeito amaciante é maior quando se combinam baixas taxas de
cozimento com temperaturas de cozimentos finais mais elevadas, se
correlacionando bem com avaliação sensorial de propriedades como maciez a
pressão dos dentes (escores mais elevados) e números de mordidas para romper o
tecido (escores menores). Portanto, o amaciamento do tecido conectivo é alcançado
à custa do aumento de dureza oriundo da desnaturação das proteínas miofibrilares e
consequente perda de suculência.
De acordo com Ramos ​et ​al; (2007), a relação das proteínas miofibrilares com
a maciez da carne é basicamente resultado da capacidade de retenção de água
(CRA) e do encurtamento do sarcômero, através da formação de complexos de
actomiosina, como resultado o estabelecimento do ​rigor mortis,​ do encolhimento
Pelo frio e, ou, do encolhimento pelo calor.

2.1.1 Área de Olho de Lombo (AOL) e Espessura de Gordura de Cobertura


(EGC)
17

A determinação da área de olho de lombo é uma técnica empregada para


verificar a composição corporal de uma carcaça, pois determina o conteúdo de carne
de cada animal, obtendo importante influência na avaliação do preço final da carne e
da classificação da carcaça (CEZAR e SOUZA, 2007).
A Espessura de Gordura de Cobertura (EGC) é um indicativo da composição,
em particular, da porção comestível e porcentagem de gordura da carcaça
(MCINTYRE, 1994). Além disso, a espessura de gordura de cobertura (EGC) está
associada à qualidade, na medida em que protege a carne contra o enrijecimento
provocado pela desidratação e pelo resfriamento (MCINTYRE, 1994). O estado de
engorduramento da carcaça é avaliado por apreciação visual: gordura de cobertura
em quantidade e distribuição; também são consideradas as gorduras renal e pélvica
(SELAIVE-VILLARROEL e OSÓRIO, 2014).
Para expor o músculo ​Longissimus dorsi em sua superfície transversal,
efetua-se um corte entre a 12ª e 13ª vértebra torácica de meia carcaça resfriada
para a mensuração da área de olho de lombo (CÉZAR e SOUZA, 2010).
O método pode ser aplicado, como a metade da medida da diagonal maior
​ ​(fig. 2.a), através de grade
vezes a metade da medida da diagonal menor vezes 𝜋
plástica (fig. 2.b), papel milimetrado (fig. 2.c) e ainda ultrassonografia (fig.2.d).

Figura 2 - Cálculos da área de olho de lombo.

a)
18

b)

c)

d)

Fonte - OSÓRIO e OSÓRIO (2002) adaptado pelo autor

2.2 ANDRÓGENOS E A INTERFERÊNCIA NO CRESCIMENTO DOS TECIDOS


ESQUELÉTICOS

De acordo com o Hafez et al (2004), o hormônio é uma substância química


fisiológica, orgânica, sintetizada e secretada por uma glândula endócrina sem ducto
19

e transportada via corrente circulatória. Com exceção dos hormônios produzidos


pelo útero e hipotálamo que não são glândulas.
Os hormônios são classificados de acordo com a sua estrutura bioquímica ou
modos de ação. Quanto a sua estrutura podem ser glicoproteínas, polipeptídeos,
esteroides, ácidos graxos e aminas (HAFEZ, 2004).
Os esteróides são derivados oxidados dos esteróis; eles possuem o núcleo
esterol, mas não possuem a cadeia alquílica ligada ao anel D do colesterol.
(NELSON e COX, 2011).Os hormônios esteróides, hormônios adrenocorticais
sexuais são sintetizados em vários tecidos endócrinos a partir do colesterol. Eles se
deslocam até suas células-alvo através da corrente sanguínea, ligado a proteínas
carreadoras. No córtex adrenal são produzidos mais de 50 hormônios
corticosteróides por reações que removem a cadeia do anel D do colesterol para
introduzir oxigênio, formando grupos cetona e hidroxil.
Os glicocorticóides como o cortisol afetam principalmente o metabolismo e
carboidratos os mineralocorticóides. Os andrógenos como a testosterona e os
estrógenos são sintetizados nos testículos e ovários. Sua síntese também envolve
enzimas do citocromo P-450 que cria uma cadeia lateral do colesterol e introduzem
átomos de oxigênio, esses hormônios afetam o desenvolvimento e o comportamento
sexuais além de uma grande variedade de outras funções reprodutivas e não
reprodutivas (​NELSON e COX, 2011)​.
As gônadas, em ambos os sexos, produzem células germinativas e secretam
hormônios gonadais na corrente sanguínea. Nos machos as células intersticiais,
estão localizadas nos túbulos seminíferos e são denominadas células de Leydig,
estas secretam testosterona que além de atuar na espermatogênese, no
comportamento e libido, age como carreadora de proteínas até os tecidos ósseos,
musculares e adiposo (HAFEZ e HAFEZ, 2004).
A esteroidogênese testicular é modulada pela liberação episódica de
Luteinizing Hormone (LH), com a presença de receptores específicos na superfície
das células de Leydig, que, ao serem estimulados, levam à produção de
andrógenos. Já o ​Follicle Stimulating Hormone (FSH) atua nos túbulos seminíferos,
estimulando a produção de ativina e inibina pelas células de Sertoli que, juntamente
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com os andrógenos, difundem-se junto às células de Sertoli adjacentes e são


secretados no sangue, por onde fazem retroalimentação no hipotálamo para
controlar a liberação de LH e FSH (HAFEZ e HAFEZ, 2004).
A espermatogênese é um processo longo compreende a divisão de células
diplóides localizadas na base dos túbulos seminíferos (espermatogônias).
Inicialmente dividem-se em ​mitose para manter seu próprio número e diferenciação
em espermátides haplóides. Posteriormente os espermatócitos dividem-se por
meiose durante o processo de oogênese e espermatogênese, nos quais se originam
células haplóides após duas divisões celulares com apenas uma duplicação
cromossômica. A espermatogênese é dividida geralmente em três fases:
espermatocitogênese, ​meiose​ e espermiogênese (CUNNINGHAM, 2008).
A espermatogênese depende totalmente de andrógenos para realizar o seu
processo, as células de Sertoli, as células mióides peritubulares e as células de
Leydig possuem receptores de andrógenos ao contrário das células germinativas
que não possuem receptores de andrógenos, isto sinaliza que a ação da
testosterona ocorre via células de Sertoli (MCLACHLAN, 2000; HOLDCRAFT e
BRAUN, 2004). A testosterona e a diidrosterona (DHT) regulam a atividade dos
receptores de andrógenos esta ligação inicia a translocação nuclear e a função
reguladora dos receptores de andrógeno (HOLDCRAFT e BRAUN, 2004).

2.3. A CASTRAÇÃO ENQUANTO TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO SEXUAL

A castração é uma prática utilizada ao longo dos anos para minimizar os


problemas de manejo reduzindo o comportamento agressivo em ovinos, assim como
a possibilidade de manter fêmeas e machos no mesmo piquete (KENT, 1996;
STAFFORD, 2007).
No sistema de produção tradicional do Rio Grande do Sul, os cordeiros
criados para produção de carne são alimentados exclusivamente em pastagens
naturais e, geralmente, são castrados em torno de 45 dias de idade. Entretanto para
otimização do sistema produtivo de carne ovina, deve-se considerar a diferença
existente entre cordeiros castrados e não castrados, quanto ao crescimento e
21

desenvolvimento anatômico, tecidual e dos componentes químicos da carcaça


(OSÓRIO ​et al.​ , 1999a).
Os resultados encontrados por Pereira et al, (2001) não demonstraram
diferenças quanto ao teor de gordura quando avaliado os cortes de pernil e paleta de
cordeiros castrados e não castrados da raça Corriedale. Nesta ocasião, os animais
foram castrados aos 30 dias de idade e abatidos aos 123 dias. Mediante o fato da
castração ter sido muito cedo, antes dos 60 dias e o abate ter ocorrido de modo
precoce, afetou significativamente a deposição de tecido muscular e a gordura das
carcaças.
Souza ​et al.​ (2002), trabalhando com cordeiros mestiços, constatou a maior
deposição centesimal de gordura em fêmeas, machos castrados e machos inteiros,
respectivamente. Isto reforça a idéia das diferenças entre os sexos, em virtude da
ação hormonal androgênica, na deposição de gordura e na composição da carne.

2.3.1. Métodos de castração

A castração pode ser realizada através de três métodos: físico, químico e


hormonal. Esses grupos podem ser divididos pela técnica, mas de modo geral, a
castração é o produto da danificação irreversível da função testicular através da
atrofia por estenose do vaso (AMERICAN VETERINARY MEDICAL
ASSOCIATION`S ANIMAL WELFARE DIVISION, 2009).
A castração física frequentemente utilizada é aquela que envolve a remoção
cirúrgica dos testículos (orquiectomia) ou a castração sem derramamento de sangue
por meio da utilização de fixação externa com alicate castrador tipo emasculador
(ALMEIDA, 2010).
Técnicas químicas incluem a injeção de agentes esclerosantes ou tóxicos no
parênquima testicular, que causam danos irreparáveis e levam à perda da função
reprodutiva. A castração química exige prazos adicionais e habilidade técnica, e
quase o dobro do tempo de cura em relação à castração cirúrgica (ALMEIDA, 2010).
Técnicas hormonais de castração (imunocastração) normalmente envolvem a
injeção de imuno contraceptivos para induzir a produção de anticorpos contra o
22

hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), resultando em diminuição da produção


de hormônios. Recentemente foi desenvolvido uma nova prática para castração em
adição as já descritas, trata-se da castração orgânica, com uso de papaína e ácido
lático, não sendo necessário o uso de outros medicamentos, os testes comprovaram
a insignificância na perda de peso na utilização deste método. Soma-se a essas
vantagens, o fato da prática ser humana e ecologicamente correta, pois são
minimizados os processos de dor e sofrimento nos animais tratados (VIVACQUA,
2014).

2.3.1.1.​ ​Castração​ ​Física

As técnicas físicas de castração resulta em remoção, danos irreversíveis ou


destruição do testículo, e consiste no uso de fitas elastradoras, anéis de borracha,
alicate emasculador ou remoção cirúrgica. Os anéis de borracha e as fitas
elastradoras permanecem no local a aplicação, criando uma isquemia crônica e
resultando em necrose dos tecidos localizados na parte distal da fita ou do anel. A
castração com o alicate castrador tipo emasculador promove o esmagamento da
porção proximal do cordão espermático, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos,
resultando em um processo isquêmico, tendo, como resultado, a atrofia testicular
(DINIS et al.,1997).
O método de castração física mais usado no mundo é a cirúrgica, consiste na
remoção dos testículos através de procedimento cirúrgico (orquiectomia). No Reino
Unido existem leis que exigem que os animais com idade superior a dois meses
sejam castrados por um Médico Veterinário com a utilização de anestesia local. No
Brasil, a castração cirúrgica é regulamentada pela portaria 877/2018 do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que determina que o processo deve
ser feito por um Médico Veterinário, dentro das normas de assepsia e com a
utilização de anestésico.
De acordo com ​Lazzeri ​(1994), a castração pode ser feita de diversas
maneiras, do método mais simples ao mais complexo. De acordo com Dietz et al.
23

(1985), as técnicas mais utilizadas na pecuária brasileira têm sido as castrações com
duas incisões laterais na bolsa escrotal, com a remoção do ápice do mesmo
utilizando o alicate emasculador.
Há também uma técnica utilizada com o uso de anéis de borracha, a técnica
do criptorquidismo induzido também chamada de encurtamento escrotal ou
castração térmica, consiste em conduzir-se a bolsa escrotal por dentro de um anel
de borracha distendido, deslocando-se os testículos pelo canal inguinal até a
cavidade abdominal ou externamente a esta, contra a parede do abdômen,
liberando-se a seguir o anel de castração para que se ajuste ao redor da bolsa
escrotal. Entre duas e quatro semanas a bolsa cai e os testículos ficam retidos na
região abdominal (DOBBIE et al., 1993).
As complicações decorrentes ao período pós operatório incluem hemorragias
do pedículo do cordão espermático que podem ocorrer tanto no momento ou após o
procedimento, geralmente causadas por emasculação ou suturas inadequadas,
edema escrotal, infecção no local da incisão (JOHNSTON et al., 2001; SILVA et al.,
2009; ALMEIDA et al., 2010), miíases que ocorrem em decorrência dos ovos
depositados pelas moscas nas bordas da ferida cirúrgica e que, após a eclosão,
transformam-se em larvas que penetram nos tecidos do animal para se alimentarem,
lesionando-os (ANDRADE, 2002). Segundo este mesmo autor, esta complicação
está geralmente associada a condições nas quais a cicatrização é retardada em
virtude de situações tais como: imperícia na realização do procedimento,
hemostasias inadequadas, utilização dos endectocidas em doses insuficientes e,
principalmente, quando os cuidados pós-operatórios não são realizados de forma
adequada.

2.3.1.2.​ ​Castração Hormonal

A injeção de substâncias análoga à produção de hormônios endógenos, por


induzir a produção de anticorpos contra o hormônio liberador de gonadotrofinas
(GnRH). Este processo é denominado de imunocastração (FISHER et al., 1996;
ZANELLA et al., 2009).
24

O processo de imunocastração tem ação pelo por prazo determinado de


aproximadamente 6 meses, após deve-se fazer uma nova aplicação, o que torna o
processo mais oneroso, além de não inibir o comportamento de monta e interferir no
consumo de alimentos. Portanto passou a ser uma alternativa desprezada pela
maioria dos produtores (STAFFORD 2005; SANTOS, 2009).

2.3.1.3. Castração Química

A castração química pode ser definida como um processo no qual se realiza a


administração de agentes esclerosantes no testículo ou estruturas adjacentes (JANA
et al., 2002; AVMA AWD, 2012). As técnicas químicas de castração incluem injeções
de agentes tóxicos ou esclerosantes, como o ácido lático a 88 % no parênquima
testicular, com o objetivo de causar danos irreparáveis e perda de função
(FORDYCE et al​., ​1989; STAFFORD et al​., ​2005). A castração química requer um
tempo de procedimento adicional e maior habilidade na execução da técnica, por
outro lado ocasiona um tempo de recuperação duas vezes maior do que aquele
necessário na castração cirúrgica (FORDYCE et al​., ​1989).
A aplicação de agentes esclerosantes como ácido lático (HILL et al., 1985),
ácido tânico e sulfato de zinco (FEHER ​et al​; 1985), ácido alfahidroxipropiônico
​ 995), formalina (IJAZA et al​., 2
(COHEN et al​. 1 ​ 000). Estas substâncias deixaram de
ser pesquisadas nos anos seguintes, pelas complicações apresentadas após as
aplicações e pela ineficiência apresentada para a obtenção de um agente de
quimioesterilização.
O produto utilizado para castração à base de princípios ativos naturais (ácido
lático e papaína) tem como efeito uma ação esclerosante, ou seja, uma vez em
contato com o tecido testicular, induz, inicialmente, um processo inflamatório e,
posteriormente, uma substituição deste por tecido conjuntivo fibroso. Esta técnica
promove a eliminação da síntese testicular de testosterona, não requerendo cirurgia
(VIVACQUA, 2010). Segundo Johnston ​et al​. (2001), a aplicação da papaína e do
25

ácido lático promove resposta sistêmica imune devido à ruptura da barreira de


células de Sertoli, favorecendo a esterilização sexual.

2.3.1.3.1. ​Ácido lático

O ácido lático ou ácido 2-hidroxi propanoico com fórmula molecular C​3​H​6​O​3 e


com peso molecular 90,08 g/mol. É o produto resultante da fermentação do açúcar
de cana, sua apresentação é de aspecto aquoso e denso, límpido sem substâncias
em suspensão. Tem sabor suave e usado largamente como acidulante na indústria
alimentícia (​WATANABE, 2006​).
No organismo dos mamíferos, o ácido lático é produzido quando a molécula
de glicose é quebrada durante atividade muscular intensa. A forma sintética do ácido
lático é comumente utilizada em alimentos e bebidas como flavorizante e
conservante e também é utilizado em alguns medicamentos (APPELL et al.; 1992).
Em seu mecanismo de ação, o ácido lático quando em acúmulo nas células
torna o pH muito baixo gerando disfunções metabólicas que podem variar de
intensidade de acordo com a permanência dessa condição, gerando lesões celulares
irreversíveis (KUIPERS, 1998).

2.3.1.3.2. ​Papaína

A papaína é uma substância extraída do látex do mamão verde adulto ​Carica


papaya Linn​, trata-se de uma enzima proteolítica muito utilizada na indústria
alimentícia, cosmética e farmacêutica, cujo sítio ativo é portador de um radical
sulfidrila (SH) possuindo fórmula molecular com 17 aminoácidos diferentes e uma
massa molecular relativa de 20900µ. Pertencente ao aminoácido cisteína
fundamental para sua atividade enzimática (SILVA, 2003; FERREIRA et al.; 2008)
De acordo com Rocha (2005), a papaína possui ação desbridante,
antiinflamatória, bactericida e bacteriostática, e aceleradora e modeladora do tecido
26

de granulação e dos processos de cicatrização tecidual, reduzindo a formação de


quelóides, além de todos os benefícios, a papaína possui baixos efeitos colaterais e
de baixo custo operacional.
A papaína também age na remoção de exsudatos inflamatórios e células
mortas, diminuindo o tempo de reparação tecidual sem afetar o tecido ao redor da
lesão. Deste modo, a papaína digere os restos teciduais e constituintes insolúveis do
exsudato inflamatório (fibrina e material genético das células mortas) e,
consequentemente, os transformam em peptídeos quimiotáticos para os fibroblastos,
que, consequentemente, irão estimular precocemente a fibroplasia/cicatrização
(FERREIRA et al​.​, 2008).
A caracterização da papaína após seu preparo consiste em um pó de cor
leitosa, com odor forte e característico, lembrando enxofre. É solúvel em água e
glicerol, mas praticamente insolúvel em álcool, éter e clorofórmio. A papaína é
inativada quando reage com agentes oxidantes como ferro, oxigênio, derivados de
iodo, água oxigenada, nitrato de prata, luz e calor. Seu armazenamento deve ser em
local fresco, seco e abrigado da luz e calor, pois sua deterioração é muito rápida
(SANCHES, 1991).
A papaína quebra toda a proteína que contenha resíduos de cisteína. Esta
propriedade torna-a não seletiva, uma vez que muitas proteínas, incluindo fatores de
crescimento, contêm resíduos de cisteína. O colágeno não contém resíduos de
cisteína, portanto, não sofre ação da papaína (FALANGA, 2002).

2.3.2. Problemas relacionados à castração física

As complicações relacionadas à prática da castração cirúrgica incluem


hemorragias, edemas, infecções e deficiência ou falha na cura das ulcerações
(STAFFORD et al., 2000). O uso de alicate emasculador mostrou-se ineficiente em
muitos casos geralmente relacionado ao uso inadequado do equipamento
(STAFFORD et al., 2005; STAFFORD et al., 2007).
As complicações por hemorragias acontecem muitas vezes pela falta de
experiência do castrador que não ajusta corretamente o fio de sutura em castração
27

com bisturi ou quando não há pressão suficiente, acarretando hemorragias que


podem levar à morte por anemia (OLIVEIRA et al., 2006). A hemorragia é uma das
complicações mais comum na castração, podendo ocorrer durante, ou mesmo após
vários dias do ato cirúrgico (STAINK, 2006).
É normal a presença de algum edema, não caracterizando uma complicação.
Edemas excessivos podem acontecer no local cirúrgico pela drenagem insuficiente
(TURNER & MCILWRAITH, 2002), a manipulação excessiva durante o ato cirúrgico
e por contaminação ou infecção da ferida cirúrgica (ALVES et al., 2007). Geralmente
o pico do edema atinge entre o terceiro e sexto dia, regredindo significativamente no
nono dia pós-operatório. Coágulos sanguíneos podem, também, contribuir para a
oclusão da drenagem dos fluídos teciduais do escroto (STAINK, 2006).
Outro problema relativo a castração cirúrgica são as infestações por miíases,
isto ocorre quando a utilização de endectocidas em doses insuficientes e quando
produtos utilizados como curativos, não surtem efeito esperado (OLIVEIRA et al.,
2006). As lesões crônicas e soluções de continuidade podem atrair, por meio de
cheiro de sangue ou tecidos necrosados, moscas varejeiras para ovoposição e,
consequente, infestação.
A imunodepressão também está relacionada com a castração cirúrgica pois
de acordo com Murata (1997), há um déficit de glóbulos brancos na circulação e
redução da função dos linfócitos T e significativo aumento da contagem total das
células sanguíneas e de neutrófilos.
Tecidos necrosados na bolsa escrotal, resultantes do processo isquêmico
causado pela aplicação de elastrador, tornam-se um local propício para o
desenvolvimento de microrganismos patogênicos (MCGRATH ​et ​al; 1
​ 954). A
contaminação da ferida cirúrgica por clostrídeos presentes no solo pode resultar em
infecções locais e/ou septicemia. Dada esta possibilidade, a vacinação contra as
clostridioses é recomendada por ​Rodd e Cole (1991), antes de se proceder à
castração. O mesmo autor afirma que o uso de anéis de borracha, em bezerros
acima de seis meses, pode estar associado com o incremento dos riscos de tétano e
outras infecções.
28

A determinação e a interpretação de compostos químicos no sangue são


algumas das principais aplicações práticas da Bioquímica Clínica. Os perfis
bioquímicos do plasma podem ser utilizados em veterinária, não somente para
avaliação clínica individual, mas também para avaliar e monitorar a condição
nutricional e metabólica em grupos de animais. No metabolismo energético, são
considerados os níveis sanguíneos de glicose, colesterol e ácidos graxos livres. Em
ruminantes, também são estudados os níveis de β-hidroxibutirato (BHB). No
metabolismo proteico, são determinados os níveis de proteínas totais, albumina,
globulinas e, em ruminantes, a ureia (GONZÁLEZ ​et al​., 2017).
Os níveis de cortisol, que são uma forma de avaliar o nível de estresse dos
animais, aumentam de forma significativa em qualquer tipo de procedimento de
castração, corroborando com a experiência mais traumática para um animal (FELL
et al., 1986; FISCHER et al., 2001; STAFFORD et al., 2002). Os diferentes tipos de
castração apresentam níveis diferentes de cortisol, sendo a castração cirúrgica a
forma mais traumática, pois causa o maior nível substancial na concentração
plasmática de cortisol (MOLONEY et al., 1995; FISCHER et al., 1996; STAFFORD et
al., 2000; EARLEY et al., 2002; STAFFORD et al., 2002)

2.3.3. Avaliação da dor após a castração

O emprego de analgesia em ovinos para o procedimento de castração


cirúrgica não é utilizado sempre, uma vez que, geralmente, não é feita por
profissional habilitado na área que deveria zelar pelo bem-estar animal (SILVA et al.,
2009). A ciência animal tem avançado suas pesquisas na área de conforto e
bem-estar animal para minimizar o estresse causado pelo manejo em animais de
produção por entender que animais submetidos a algum tipo prolongado de
estresse, tendem a ter um um desenvolvimento menor (PARANHOS et al., 2002).
Segundo ​Hopkins ​et al.​ (1996), a manutenção do comportamento de libido
nos machos não está relacionada com a concentração de residual de andrógenos
gonadais no sangue. A testosterona é metabolizada tão rapidamente que oito horas
após a castração a concentração é reduzida a níveis não detectáveis.
29

Animais castrados podem relembrar aspectos e odores relacionados a rotina


sexual anterior à castração e estabelecer cópula com sexo oposto porque várias
áreas do cérebro estão conectadas ao sistema olfatório acessório ou órgão
vomeronasal, que contém receptores olfativos para feromônios (RODRIGUES e
RODRIGUES, 2005).
O cortisol, considerado o hormônio do estresse, aumenta consideravelmente
em situações, como o confinamento, o transporte, ambientes com temperaturas
extremas. A avaliação do cortisol vem se tornando de grande valia, para estabelecer
o bem-estar animal e, consequentemente, auxiliando na manutenção da homeostase
(MARQUES FILHO et al., 2009).
A técnica de radioimunoensaio de fase sólida pode ser usada para quantificar
o nível de cortisol no sangue, por meio de uma avaliação quantitativa, valendo-se do
isótopo de iodo radioativo (I 125) emissor de radiação gama. Este método usa o
antígeno marcado radioativamente e anticorpos para determinar a concentração de
antígenos de precisão, sendo muito usado para a determinação da concentração de
hormônios. A concentração do cortisol é determinada por meio da comparação com
uma curva de calibração e os valores obtidos são inversamente proporcionais à
quantidade de hormônio presente na amostra (RODRIGUES, 2006).
A concentração plasmática média de cortisol oscila entre 2 a 12 μg/dL e nos
bovinos e esta aumenta cerca de 20 minutos após a exposição ao estresse agudo,
chegando ao seu pico máximo em até duas horas (SILANIKOVE, 2000).
Segundo ​Moberg ​(2000) o estresse é causador de efeitos negativos que
também afetam a produtividade, devido aos atrasos de desenvolvimento
crescimento. Os animais respondem ao estresse de acordo com três estágios: 1)
reconhecimento do estímulo estressante; 2) defesa biológica contra o estímulo
estressante; 3) consequência da resposta ao estresse.
30

3. PROBLEMA DA PESQUISA

Quanto à castração em ovinos jovens pode afetar o seu desempenho e as


características quantitativas e qualitativas da carne e da carcaça de cordeiros? Será
a castração orgânica uma alternativa a supressão das alterações impostas a carcaça
e a carne de cordeiros inteiros?

4. HIPÓTESE
Utilizar um método de castração orgânica a base de ácido lático e papaína
para minimizar os problemas de bem-estar e de lesões provocadas pelo método de
orquiectomia. Avaliar o efeito de hormônios androgênicos na deposição de gordura
da carcaça de ovinos.

5. OBJETIVO

5.1. OBJETIVO GERAL

Estimar a real necessidade do uso da castração em ovinos jovens e a sua


relação com a conformação de carcaça.

5.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

● Mensurar os efeitos da castração orgânica e cirúrgica em ovinos e sua


interferência no ganho médio diário de peso;
● Verificar a relação entre a ação de hormônios e a deposição de gordura
em ovinos jovens;
● Relacionar o teor de gordura da carcaça com a capacidade de retenção
de água da carcaça e o encurtamento de fibra muscular;
31

6. JUSTIFICATIVA

Na busca de uma padronização de produtos de origem ovina, o presente


estudo apresenta o potencial emprego de uma nova tecnologia para a prática de
castração. Por se tratar de uma prática muito comum entre os criadores e apresentar
um dos principais fatores da baixa conformação de carcaça de cordeiros terminados
aos 120 dias.
Com a intenção de agregar valor à carne ovina, este estudo trata também da
questão de bem-estar animal, pois o mercado está cada vez mais exigente na
questão de origem e suas formas de produção do produto ofertado na gôndola.
Sabendo das exigências mercadológicas é possível ofertar aos consumidores um
produto bem acabado e que respeita os critérios de bem-estar animal.
Tendo em vista estes aspectos, este trabalho procurou testar a eficiência de
uma nova tecnologia ligada a produção de carne ovina, bem como sua utilização em
outras espécies de animais de produção.

7. METODOLOGIA

Para Gil (2008) a pesquisa é definida por um procedimento racional e


sistemático que busca respostas aos problemas propostos, sendo compreendida
desde a formulação de um problema até a apresentação e discussão dos resultados.
Assim, esta pesquisa classifica-se-se como quantitativa pois caracteriza-se pelo uso
da quantificação, tanto na coleta quanto no tratamento das informações,
utilizando-se de técnicas estatísticas (RICHARDSON, 1999) para a aquisição de
resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação e que
possibilitem a maximização da margem de segurança (DIEHL, 2004).
Quanto à natureza da pesquisa, tratou-se de uma pesquisa experimental, ora,
pois, determinou-se um objeto de estudo, selecionando-se as variáveis que
poderiam influenciá-los e assim, oportunamente, as formas de controle das
observações dos efeitos que a variável produz no objeto (GIL, 2008).
32

O experimento foi conduzido no Laboratório de Ovinocultura do Instituto


Federal Farroupilha Campus Alegrete – RS, no período compreendido entre março
de 2019 e junho de 2019. A região, fisiograficamente denominada Campanha,
caracteriza-se, geologicamente, por derrames basálticos, com relevo suave e
geralmente entre 60 e 120 metros acima do nível do mar. Alegrete possui uma
latitude de 29°47’01,63” sul e uma longitude de 55°47’27,54” oeste sendo, o clima,
do tipo Cfa (subtropical temperado e quente), tendendo para a continentalidade,
segundo a classificação de Köppen (MORENO, 1961). A média das precipitações
anuais é de 1525 mm. A temperatura média anual é de 18,6°C, variando entre
13,1°C em julho e 35,8°C em janeiro. A umidade relativa média do ar é de
aproximadamente 75% em todos os meses do ano.
Foram utilizados 12 cordeiros machos, não castrados, predominando
mestiços da raça Texel, contemporâneos, criados todos sob pastagem natural
(campo nativo) até o início do experimento. O experimento foi dividido em três fases
distintas: 1ª fase consistiu de avaliação de peso, formulação da dieta, adaptação à
dieta, tratamentos anti-helmínticos, separação dos grupos para os tratamentos,
submissão ao procedimento de castração e tratamento curativo; 2ª fase consistiu na
coleta de amostras de sangue, pesagem para ajuste de dieta e monitoramento da
oferta de forragem; 3ª fase consistiu do abate dos animais, avaliação e tipificação
das carcaças e a avaliação dos perfis bioquímicos.

7.1. PRIMEIRA FASE:

Após o desmame, que ocorreu aproximadamente aos 90 dias idade, os


cordeiros foram mantidos em regime de pastejo contínuo, em pastagem de ​Panicum
maximum cultivar Aruana, providas de bebedouros e comedouros coletivos. Ao início
do período experimental, os animais receberam tratamento anti-helmíntico à base de
Monepantel, sendo o controle do nível de infecção estimado por técnicas
coproparasitológicas e pelo método FAMACHA​® descrito por MALAN & VAN WYK
(1992).
A dieta experimental fornecida aos animais foi idêntica para todos os
tratamentos. Em sua elaboração se empregou capim Aruana (​Panicum maximum)​ ,
33

farelo de soja (​Glycine Max)​ , grão de milho triturado (​Zea mays)​ , farelo de trigo e
farelo de arroz desengordurado e calcário calcítico (Tabela 1). Foi ofertado 1% do
peso vivo total dos cordeiros. A mistura mineral consistiu de produto específico para
ovinos (Gadoforte​® Ovinos - Azevedo Bento) adquirido no comércio local e ofertado
em comedouros individuais ​ad libitum.​ A dieta foi calculada de modo a atender as
exigências nutricionais de cordeiros em crescimento (NRC, 2007) mediante a
utilização do software SRNS (2012). O arraçoamento ocorreu duas vezes ao dia, em
horários pré-estabelecidos, às 8 e 17:00 horas.

Tabela 1. Composição bromatológica dos ingredientes utilizados na dieta

Milho em Farelo de Farelo de Farelo de


% Aruana
grão Soja Trigo Arroz
MS 24,78 87,80 87,63 87,75 89,58
MO 94,21 98,58 93,70 95,13 89,40
PB 10,39 9,87 47,72 18,20 13,42
EE 1,7 4,97 2,88 3,38 16,38
ENN 52,98 82,05 32,1 54,26 44,27
NDT 56,92 82,37 72,66 71,11 84,70
FDN 72,99 11,00 28,02 33,75 23,15
FDA 37,55 1,31 9,55 12,72 11,96
LIG. 22,43 1,2 1,56 4,55 4,64
MS= matéria seca; MO= matéria orgânica; PB= proteína bruta; EE= extrato
etéreo; FB= fibra bruta; ENN= extrato não nitrogenado; NDT= nutrientes
digestíveis totais; FDN= fibra em detergente neutro; FDA= fibra em detergente
ácido; LIG = lignina.
Fonte: Cqbal 4.0 adaptado pelo autor
34

Tabela 2. Proporção de ingredientes (%MS) da dieta experimental.

Ingredientes % MS
Aruana 75,80
Farelo de soja 5,05
Milho quebrado 7,58
Farelo de Trigo 6,32
Farelo de Arroz 5,05
Calcário calcítico 0,20
Fonte: Autor

Os tratamentos consistiram de diferentes métodos de castração na seguinte


disposição: Grupo 1 (G1) – tratamento controle com animais inteiros; Grupo 2 (G2) –
orquiectomia cirúrgica e Grupo 3 (G3) – castração orgânica.
Os animais foram submetidos a jejum hídrico e alimentar de doze horas
recebendo aplicação de benzilpenicilina benzatina na dose de 25000 UI/Kg P.V., por
via intramuscular, imediatamente anterior ao procedimento cirúrgico.
A orquiectomia cirúrgica deu-se pelo método aberto com prévia sedação com
acepromazina a 1% na dose de 0,05mg/Kg de P.V., por vía endovenosa. Após 15
minutos, os animais receberam xilazina a 10% na dose de 1mg/Kg de P.V.,
associada à Butorfanol, na dose de 0,036mg/Kg de P.V., também pela via
endovenosa. Após cinco minutos, os animais foram posicionados em decúbito
dorsal, em calha cirúrgica onde realizou-se a tricotomia da região pré-escrotal e
escrotal com posterior antissepsia com álcool/iodo/álcool com imediata aplicação em
todo o perímetro de inserção escrotal de anestesia cutânea com ropivacaína 0,2%. A
abordagem cirúrgica foi realizada mediante a incisão de pele com lâmina de bisturi
n° 24 na porção mais distal do escroto, circundando-o. Imediatamente foi feita a
ressecção da túnica Dartos e túnicas vaginais para a exposição dos testículos.
Nesse momento foi realizada a identificação e isolamento das estruturas testiculares
com as mãos e a fixação com pinça de Allis do mesórquio. Após, ocorreu à incisão
do mesórquio e liberação do músculo cremaster com tesoura. Em seguida, mediante
o uso de fio de nylon cirúrgico 3.0 agulhado, apoiado por porta agulha de Mayo
35

Hegar, providenciou-se a transfixação e ligadura do cordão espermático para


oclusão dos componentes do cordão espermático e plexo pampiniforme. Vencida a
etapa de ligadura, com o auxílio de tesoura cirúrgica romba, foi providenciada a
incisão do cordão distante 1 cm da ligadura para ressecção do testículo. O
procedimento descrito foi repetido no testículo contralateral.
A incisão permaneceu aberta para cicatrização por segunda intenção. No
pós-operatório, todos os animais foram medicados com doramectina intramuscular
na dose de 200 microgramas por Kg de P.V., em dose única; penicilina benzatina, na
dose de 25000 UI/Kg de P.V. Após 48 e 96 horas da primeira aplicação. Para
analgesia, flunixin meglumine na dose de 1,1mg/Kg de P.V., uma vez ao dia, por três
dias consecutivos. Não foram realizados curativos na ferida cirúrgica para evitar a
contaminação iatrogênica sendo apenas aspergido, mediante solução em spray,
repelente associado à sulfadiazina de prata.
O grupo que recebeu a aplicação da solução orgânica foi precedida dos
mesmos procedimentos pré operatórios e pós operatórios do grupo anterior.
Todavia, uma vez posicionados em decúbito dorsal, em calha cirúrgica, realizou-se
tricotomia da região escrotal com posterior antissepsia com álcool/iodo/álcool e
imediata aplicação da solução de ácido láctico + papaína, na proporção de 40% de
ácido lático e 5% de papaína em solução aquosa, na dosagem de 5 ml por testículo,
ou até os testículos tornarem-se túrgidos pois o excesso da solução poderia romper
o saco escrotal, depositados o mais próximo possível da cabeça do epidídimo,
região que coincide com a proximidade da rede testis, facilitando a sua difusão por
todo o testículo (LIMA, 2014).

7.2. SEGUNDA FASE:

As pesagens foram realizadas em intervalos de 7 (sete) dias com o uso da


balança modelo XR 3000 da marca Tru Test​® para ajustes da dieta e determinação
do ganho médio diário dos animais.
O método de pastejo utilizado foi o rotacionado, em que uma área de 0,55 ha
foi dividida em 4 piquetes, com lotação variável, de maneira a manter a oferta de 10
Kg MS de lâmina foliar para cada 100Kg de P.V., conforme metodologia proposta
36

por Mott & Lucas (1952). Foram utilizados 12 cordeiros experimentais e um número
variável de reguladores por repetição, conforme a necessidade de ajuste da oferta.
As estimativas de massa de forragem foram realizadas a cada 14 dias
aproximadamente, pelo método de estimativa visual direta com dupla amostragem
(MANNETJE, 2000), efetuando-se, em cada potreiro, a leitura visual da massa de forragem
em 20 quadros de 0,25 m², sendo que em cinco destes foi providenciado o corte do material
rente ao solo. A partir das amostras de forragem cortadas foi determinado os componentes:
lâmina de folha, colmo + bainha e material senescente da forragem disponível, por meio de
separação manual.
Oportunamente, foram obtidas amostras de sangue em tubos siliconizados
com vácuo, mediante a punção da veia jugular, os quais, depois de centrifugados a
1000 G durante 10 minutos, ocorreu a separação do soro. Após, as amostras foram
processadas e armazenadas a -96°C para posterior análise. As coletas foram
realizadas nos dias zero, 2, 4 e 8 após o início do experimento. A atividade da
enzima fosfatase alcalina no soro – (método Bowers e Mc Comb modificado),
gammaglutamiltransferasa – GGT (método de Szasz modificado), albumina (método
colorimétrico do verde de bromocresol), alanina aminotransferase (ALT) (método
cinética UV - IFCC) e glicose sanguínea (método GOD-Trinder) foram mensurados,
mediante a utilização de reagentes comerciais (Labtest Diagnóstica SA). As leituras
dos parâmetros foi realizada em espectrofotômetro semi automático (SF200DM
UV-Vis), com comprimento de onda específica para cada variável. Todas as
variáveis foram determinadas em triplicatas, considerando-se o valor médio obtido
para as análises estatísticas.

7.3. TERCEIRA FASE:

Aos 74 dias do início do experimento, todos os animais foram submetidos ao


abate que seguiu as normas do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de
produtos de Origem Animal RIISPOA (BRASIL, 2008), no Abatedouro da Unidade de
Ensino e Produção do Instituto Federal Farroupilha, campus Alegrete, com Inspeção
providenciada pelo Serviço Municipal De Inspeção de Alegrete - RS.
Após jejum de sólidos por 16 horas, os animais foram pesados,
insensibilizados por eletronarcose e abatidos mediante sangria por secção do
conjunto de grandes vasos cervicais, na altura das primeiras vértebras cervicais. As
37

carcaças foram pesadas imediatamente após o abate, para determinação do peso


P CQ*100
da carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça quente ( RCQ = PV
onde:
RCQ = rendimento de carcaça quente, PCQ = peso de carcaça quente e PV = peso
vivo); As carcaças foram acondicionadas em câmara de refrigeração a 2ºC por 24
horas. Após o período de refrigeração procedeu-se novamente a pesagem das
carcaças para a obtenção do peso de carcaça fria (PCF). Foram calculados o
P CF *100
rendimento de carcaça fría: RCF = PV onde: RCF = rendimento de carcaça fria,
PCF = peso de carcaça fria e PV = peso vivo; e a quebra por resfriamento:
QR = [ (P CQ−P CF )
P CQ ] * 100 onde: QR = quebra por resfriamento, PCQ = peso de

carcaça quente e PCF = peso de carcaça fria.


A área de olho de lombo (AOL) foi obtida com auxílio de planímetro pela
exposição do músculo ​Longissimus dorsi após um corte transversal na carcaça entre
a 12ª e 13ª costela, traçando-se o contorno desses em lâmina plástica. A área então
foi calculada com auxílio do software AutoCAD (AutoCAD release 14.0, versão
R14.0.0, copyright 1982 - 1997 by Autodesk, Inc.), com auxílio de mesa
digitalizadora. O pH (pH 24) foi avaliado com o auxílio de um pHmetro de eletrodo
penetrante (Hanna® modelo HI 99163) no referido grupamento muscular.
Na mesma região realizou-se a quantificação, por média aritmética de três
mensurações, da espessura de gordura de cobertura (EG) com o uso de paquímetro
digital. Nesta mesma secção, através da observação visual, foram feitas as
avaliações subjetivas da gordura de marmoreio (gordura intramuscular ou gordura
de infiltração) e a cor. Para a primeira, utilizou-se de uma escala de 1 a 5, em que
1,0 = inexistente e 5,0 = excessivo. A última foi estimada nesta mesma região,
através da observação visual, em uma escala de 1 a 5, em que 1,0= rosa pálido e
5,0= vermelho escuro. Foram determinadas também, como características
subjetivas, o estado de engorduramento da carcaça, que expressa a quantidade e
distribuição harmônica da gordura na carcaça e a conformação da carcaça, aspectos
indicadores do desenvolvimento das massas musculares. As avaliações subjetivas
seguiram a metodologia descrita por Osório et al. (1998).
Em seguida, as carcaças foram submetidas à secção longitudinal, sendo
mensurados, em sua metade esquerda, o comprimento interno da carcaça (distância
38

entre o bordo cranial da sínfise ísquio-pubiana e o bordo cranial da primeira costela


em seu ponto médio); o comprimento de perna (distância entre o bordo anterior da
sínfise ísquio-pubiana e a porção média dos ossos do tarso); a profundidade de peito
(distância máxima entre o dorso e o externo); a largura de perna (distância entre os
bordos interno e externo da parte superior da perna em sua parte mais larga); a
profundidade de perna (máxima distância entre os bordos cranial e caudal da perna
em sua porção superior) e o perímetro de perna em sua parte mais larga. A
compacidade da carcaça (COMPCAR) será determinada através do PCF em função
do comprimento da carcaça, sendo expressa em kg/cm.
Após, tomou-se os procedimentos para a separação regional da meia carcaça
direita em quatro cortes, de acordo com a metodologia descrita por Osório et al.
(1998): pernil, paleta, costilhar e pescoço. O lombo de ambos os lados da carcaça,
foram retirados, embalados a vácuo e armazenados a -20°C, para posteriores
análises laboratoriais.
As análises para determinação de gordura total foram realizadas no
laboratório de bromatologia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
utilizando o método de Soxhlet.
As análises físico-químicas da carne foram realizadas no Laboratório de
Bromatologia do Instituto Federal Farroupilha campus Alegre. A partir das amostras
de Longissimus dorsi c​ ozidas, mediante a utilização do equipamento Texturômetro
(Texture Analiser TA XT2i SMS Stable Micro Systems, Inglaterra), determinou-se às
medidas de força de cisalhamento, utilizando-se uma célula de Warner-Bratzler.
Para isso, as amostras foram descongeladas obedecendo ao protocolo de mantê-las
por 24 horas a uma temperatura de 2 a 4°C, na sequência foram cortadas em
pedaços de 2,54 cm de altura transversais às fibras musculares, após foram levadas
ao forno pré-aquecido 30 minutos a 190°C por 12 minutos até atingir a temperatura
interna de 71°C, após permaneceram em temperatura ambiente para esfriar, assim
que esfriaram as amostras foram submetidas ao corte através de um molde cilíndrico
de aproximadamente 1,27 cm de diâmetro percorrendo o eixo longitudinal da fibra
muscular, perfazendo cinco sub-amostras analisadas por animal. Posteriormente,
calibrado o texturômetro para compressão (através de um corpo de prova
39

padronizado) para as velocidades de ensaio de 20cm/min, pré-ensaio e pós-ensaio e


o tempo de ciclos, deu-se seguimento na metodologia proposta por Cañeque y
Sañudo (2005).
As análises de perfil bioquímico foram realizadas seguindo esquema fatorial
(3 tratamentos e 7 períodos) mediante análise da variância sendo as médias
comparadas pelo teste de Student, adotando-se o nível de significância de 5% de
probabilidade do erro Tipo I, utilizando-se o programa estatístico SAS System​®​.
Na oportunidade, para demais variáveis, foi utilizado o delineamento
inteiramente casualizado, onde os cordeiros são as unidades experimentais e os
tratamentos os diferentes métodos de castração. Os dados foram analisados
segundo os recursos do software SAS System® (SAS Inst. Inc., Cary, NC) ao nível
de significância de 5%.

8. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos durante o desenvolvimento do trabalho sofreram


algumas interferências como a idade de submissão dos animais ao processo de
castração. Conforme descreveram Hafez; Hafez (2004), a anatomia do aparelho
reprodutivo masculino de ovinos está completa a partir da 6ª semana de idade, ou
seja, após os 42 dias. Assim, as recomendações para castração em ovinos de
acordo com a Arruda et al. (2002), é de no máximo aos 120 dias de idade, pois a
partir desta idade, o animal já entra na puberdade e começa e expor o pênis e
produzir espermatozóides. Pelo exposto, como os animais foram submetidos ao
procedimento de castração aos 150 dias de vida, em média, os benefícios da
solução orgânica para castração tenham sido afetados não se obtendo o êxito
pretendido.
Na ausência de referência dos percentuais de cada um dos ingredientes para
a constituição da solução castradora para a espécie ovina, observou-se que a
formulação utilizada provocou a necrose do saco escrotal expondo o tecido testicular
em dois animais. Em um deles, a solução drenou para o abdômen ocasionando
peritonite difusa, evoluindo de maneira aguda para o óbito da unidade experimental.
40

No segundo animal do mesmo tratamento, a lesão escrotal e testicular evoluiu para


quadro de infecção sistêmica determinando também o óbito do animal.
Adicionalmente, as temperaturas elevadas (>30°C) na ocasião da realização
dos procedimentos de castração contribuíram para a infestação por miíases nos
animais do tratamento G3 e G2. Essa situação não foi observada nos integrantes do
G1.
Observou-se também durante o período experimental uma má distribuição no
volume pluviométrico com estiagem de 18 dias, a qual, determinou o
comprometimento do crescimento forrageiro e o atendimento das demandas
nutricionais exigidas pela categoria de animais experimentais. Pontua-se ainda que a
realização do experimento deu-se durante o final do ciclo fisiológico da espécie
forrageira utilizada, o capim-aruana (​Panicum maximum)​ , no final do verão e início
do outono, período sabidamente com um maior teor de fibra em sua constituição.
Os fatores descritos acima, o comprometimento do valor nutricional da
forrageira e o pós operatório insatisfatório, determinaram baixo desempenho dos
animais.
Ratificando o caput, pode ser observado na Figura 3 e na Figura 4, a evolução
de peso e os ganhos médios diários, respectivamente, os quais não demonstraram
diferenças significativas entre os tratamentos utilizados.
Quanto às variáveis de desempenho animal, consolidadas na Tabela 3,
observa-se que os tratamentos não influenciaram no peso final para abate ou
mesmo no ganho médio diário.
Os resultados colhidos neste trabalho divergem daqueles apresentados por
Carvalho (1999) ao avaliar o desempenho de ovinos machos inteiros, machos
castrados e fêmeas em um sistema de semi-confinamento semelhante ao que foi
utilizado nesta pesquisa. Esse autor comprovou diferenças estatísticas em favor dos
animais inteiros por apresentarem crescimento tecidual esquelético e muscular maior
do que animais castrados e às fêmeas, fato atribuído a concentração hormonal de
testosterona.
41

Figura. 3 - Evolução de Peso (Kg) dos cordeiros experimentais inteiros, submetidos


a castração cirúrgica ou a castração orgânica.

Fonte: Autor

Quando observado o comportamento da curva de ganho de peso do G1 e


G2 (Figuras 3 e 4), verifica-se um pronunciado crescimento nas duas primeiras
semanas experimentais. Após esse período, comportaram-se de maneira
inesperada, com acentuado declínio a partir da segunda semana. Este fato pode ter
ocorrido pelo ganho compensatório pois ainda estavam em processo de adaptação
da nova dieta, fato este, que não foi observado no tratamento G3. Possíveis
explicações foram proferidas por Furtado (2019) ao avaliar o comportamento
metabólico de ovinos submetidos a castração cirúrgica ou orgânica quando
contabilizou uma diminuição na ingestão de alimentos pelos animais que receberam
a injeção de solução orgânica castradora. O fato explica o desconforto causado pelo
ácido lático quando necrosou o tecido escrotal.
42

Fig. 4 - Avaliação do Ganho Médio Diário de Peso (GMD) dos cordeiros


experimentais inteiros, submetidos a castração cirúrgica ou a castração orgânica.

Fonte: Autor

Tabela 3 - Valores médios e erro padrão para Peso (Kg) dos animais ao abate e
Ganho Médio Diário (GMD) (Kg) de ovinos inteiros (G1) ou submetidos a castração
cirúrgica (G2) ou a castração orgânica (G3).

Peso kg GMD* kg

Tratamento G1 G2 G3 G1 G2 G3

Média 34,82 31,20 34,05 0,119 0,115 0,076

Variância 101,72 68,86 24,21 0,0011 0,0015 0,0008

Desvio Padrão 10,08 8,30 4,92 0,034 0,040 0,29

EPM** 5,43 4,15 2,46 0,0172 0,020 0,0145


(P ≥ 0,05); *Ganho médio diário de peso; **Erro Padrão Médio
43

Para algumas variáveis de composição do perfil bioquímico realizado nas


amostras de plasma sanguíneo, foi obtido resultados fora da padronização,
incorrendo no descarte dos dados. Sugere-se a ocorrência de erro na preparação
das amostras ou na calibração do espectrofotômetro, ora, pois, tratava-se da
primeira utilização desta metodologia pelo pesquisador. Assim, desprezou-se os
testes para fosfatase alcalina, alanina aminotransferase e glicose, considerando
apenas os resultados para albumina e Gama GT.
Para albumina não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos
mantendo-se todos os animais dentro dos valores de referência para a espécie (2,6
e 4,2 g/dL) (Figura 5). Todavia, o G2 apresentou níveis mais elevados de Albumina
sérica nas primeiras 48 horas, ou seja, a concentração de albumina foi mais alta.
Explicações para esse fenômeno podem ser denotadas a hemoconcentração pela
baixa ingestão de água (FELDMAN, 2000) por consequência destes animais ainda
estarem sentindo dor pelo processo de castração, impelindo menor deslocamento
até os bebedouros.
A albumina é uma proteína sintetizada no fígado e entre suas várias funções
é a principal carreadora de hormônios tireoidianos. Seus baixos níveis no sangue
provocam diminuição da pressão osmótica aumentando a concentração de plasma
no espaço intercelular (JAIN, 1993). Assim, a albumina também é utilizada como
marcador da função hepática e a sua baixa concentração relaciona-se com
problemas de desnutrição e absorção de aminoácidos pelo intestino assim como, a
eliminação da bilirrubina pela urina.
As concentrações de Gama Glutamil Transferase foram semelhantes para
os tratamentos e mantiveram-se dentro dos padrões estabelecidos para a espécie
ovina (0 a 32 UI/L) (KANEKO et al., 1997). A partir dos resultados colhidos pode-se
inferir que os tratamentos não ocasionaram comprometimento as funções hepáticas.
Quanto às medidas quantitativas das carcaças, apresentadas na Tabela 4,
não observou-se diferenças estatísticas ao nível de 5% de significância. Logo,
conclui-se que o processo de castração em ovinos jovens não altera de forma
significativa o seu desempenho quanto às características de Rendimento de Carcaça
Quente (RCQ) e Peso de Carcaça Quente (PCQ).
44

Figura 5 - Concentração de Albumina

Fonte: Autor

Tabela 4 - Medidas quantitativas de carcaças de ovinos submetidos a dois diferentes


tipos de castração em comparação com animais não castrados, G1 (não castrados),
G2 (castração cirúrgica) e G3 (castração orgânica)

PCQ* kg RCQ** %
Tratamento G1 G2 G3 G1 G2 G3
Média 16,35 15,37 16,02 45,53 49,77 47,02
Variância 38,96 12,26 6,16 42,54 17,31 0,34
Desvio Padrão 6,24 3,50 2,48 6,52 4,16 0,59
EPM*** 3,12 1,75 1,24 3,26 2,08 0,29
P ≥ 0,05 ​ *Peso de carcaça quente; **Rendimento de carcaça quente; ***Erro padrão médio

De maneira semelhante, nas variáveis espessura de gordura subcutânea


(EGS) e área de olho de lombo (AOL), não ocorreram diferença estatísticas entre os
tratamentos (Tabela 5). Sugere-se que a manutenção da produção de andrógenos
45

nos animais inteiros ou mesmo a sua interrupção após os 150 dias de vida em
ovinos não alteram as variáveis de EGS, AOL, PCQ e RCQ.
Os resultados obtidos não corroboram ao estudo apresentado por Carvalho
(1999), em que os animais não castrados obtiveram um crescimento maior dos
tecidos esqueléticos quando comparado aos castrados cirurgicamente,
principalmente quanto a deposição de gordura. Pelo exposto, questiona-se a
necessidade do procedimento de castração para obtenção de maior deposição de
gordura na criação de ovinos jovens.

Tabela 5 - Médias, variância, desvio padrão e erro padrão para espessura de


gordura subcutânea (EGS) e área de olho de lombo (AOL) de cordeiros submetidos
a dois diferentes tipos de castração em comparação com animais não castrados, G1
(não castrados), G2 (castração cirúrgica) e G3 (castração orgânica)

EGS* mm AOL** cm²


Tratamento G1 G2 G3 G1 G2 G3
Média 1,92 2,24 2,17 13,43 12,95 12,65
Variância 2,83 2,81 0,42 13,95 13,96 1,63
Desvio Padrão 1,68 1,68 1,65 3,73 3,74 1,28
EPM*** 0,84 0,84 0,32 1,87 1,87 0,62
P ≥ 0,05
*Espessura de gordura subcutânea; **Área de olho de lombo; ***Erro padrão médio

A análise de textura e a quantificação do percentual de gordura realizada


com amostras do ​Longissimus dorsi (Tabela 6) revelou equivalência entre os
tratamentos não ocorrendo diferenças estatísticas entre os tratamentos.
Adicionalmente, não houve correlação significativa dessas variáveis as demais
avaliadas no presente estudo.
Os resultados colhidos corroboram aos já apontados por Ramos (1973)
quando correlacionou a maior concentração de gordura a melhoria da textura da
carne, implicando maior maciez e capacidade de retenção de água na carcaça
diminuindo as perdas de água por cocção.
46

Tabela 6 - Médias, variância, desvio padrão e erro padrão para análise de textura da
carne de ovinos submetidos a dois diferentes tipos de castração em comparação
com animais não castrados, G1 (não castrados), G2 (castração cirúrgica) e G3
(castração orgânica).

Gordura Total % Textura kgf/cm²


Tratamento G1 G2 G3 G1 G2 G3
Média 4,50 9,36 7,89 4,44 4,40 4,50
Variância 0,58 25,25 1,30 0,62 0,87 0,58
Desvio Padrão 0,76 5,02 1,14 0,79 0,93 0,76
EPM* 0,38 2,51 0,57 0,39 0,47 0,38
P ≥ 0,05;​ *Erro padrão médio

Todavia, sobre os testes de textura da carne, todas as amostras analisadas


demonstraram classificação na faixa de 4,4 Kgf e 4,5 Kgf para força de
cisalhamento, que segundo Wheller et al (1997b), pode ser considerado aceitável
(faixa de 1,7 a 5,7 Kgf) pela análise sensorial para maciez.
Na Tabela 7 são apresentados as médias para o rendimento de carcaça fria
(RCF) e quebra ao resfriamento (QR). Para as variáveis em questão não houve
diferenças entre os tratamentos.
Quando avaliados os parâmetros para capacidade de retenção de água na
carcaça correlacionados com o percentual de gordura da carne, Ramos et al (2007)
descreve que o grau de maciez estão relacionado com a viscosidade e o percentual
de água presente na carne, que por sua vez é diretamente proporcional ao estado
de engorduramento da carcaça. A pesquisa por sua vez não demonstrou diferença
entre os tratamentos e os percentuais de gordura total da carne.
A pesquisa procurava como objetivo específico quantificar os efeitos da
castração na deposição de gordura na carcaça e quanto isto poderia minimizar as
perdas por resfriamento e encurtamento da fibra muscular, perceptível na
quantificação da força de cisalhamento. Todavia, uma vez mantido um regime de
terminação moderado e os animais abatidos ainda jovens, estes parâmetros não
foram alterados significativamente.
47

Tabela 7 - Média, variância, desvio padrão e erro padrão para análises de


rendimento de carcaça fria (RCF) e quebra por resfriamento (QR) em ovinos
submetidos a dois diferentes tipos de castração em comparação com animais não
castrados, G1 (não castrados), G2 (castração cirúrgica) e G3 (castração orgânica).

RCF* kg QR** %
Tratamento G1 G2 G3 G1 G2 G3
Média 16,35 15,37 16,02 45,53 49,77 47,02
Variância 38,96 12,26 6,16 42,54 17,31 0,34
Desvio Padrão 6,24 3,50 2,48 6,52 4,16 0,59
EPM*** 3,12 1,75 1,24 3,26 2,08 0,29
P ≥ 0,05;​ *Rendimento de carcaça fria; **Quebra por resfriamento; ***Erro padrão médio

9. CONCLUSÃO

Conclui-se que a utilização de uma solução castradora para diminuir o


estresse deste manejo requer mais estudo sobre sua concentração e formas de
aplicação pois não se mostrou mais eficiente em relação a castração cirúrgica.
A utilização da castração em ovinos com o intuito de aumentar a deposição
de gordura na carcaça não se mostrou eficiente para diminuir as perdas por
resfriamento e as características de maciez da carne ovina.
48

10. CRONOGRAMA

2018 2019
Atividades
A S O N D J F M A M J J A S O N D
Revisão da Literatura

Elaboração do Projeto
(TCC I)

Apresentação do
Projeto (TCC I)

Coleta das amostras e


análise dos dados

Avaliação dos dados e


redação (TCC II)

Submissão da banca

Defesa formal

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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