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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

PROPOSTA DE GRUPOS DE ACASALAMENTO PARA BOVINOS


PANTANEIRO POR MEIO DA CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA

Diogo Alves da Costa Ferro


Orientadora: Drª. Eliane Sayuri Miyagi

GOIÂNIA
2013
ii
iii

DIOGO ALVES DA COSTA FERRO

PROPOSTA DE GRUPOS DE ACASALAMENTO PARA BOVINOS


PANTANEIRO POR MEIO DA CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA

Dissertação apresentada para obtenção


do grau de Mestre em Ciência Animal
junto ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal da Escola de Veterinária e
Zootecnia da Universidade Federal de
Goiás.

Área de Concentração:
Produção Animal

Linha de Pesquisa:
Fatores genéticos e ambientais que
influenciam o desempenho dos animais

Orientadora:
Profª. Drª. Eliane Sayuri Miyagi – UFG

Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Emmanuel Arnhold - UFG
Drª. Raquel Soares Juliano – Embrapa Pantanal

GOIÂNIA
2013
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v
vi

A Deus e a minha família


DEDICO.
vii

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado sabedoria, ânimo para não desistir nos
momentos difíceis, pelos momentos de alegria, enfim, pelo dom da vida.
Aos meus pais, que tanto amo, José Alves da Costa e Iraná de Fátima
Alves Ferro, por terem me dado à oportunidade da vida, pelo amor, educação,
dedicação e apoio, por serem um exemplo de vida.
Aos meus irmãos Murilo Alves da Costa Ferro e Rafael Alves da Costa
Ferro, pelo apoio e por estarem sempre presentes em minha vida. Amo vocês.
À professora Dra. Eliane Sayuri Miyagi pela orientação na realização
dessa dissertação, pela paciência, apoio, dedicação e amizade. Obrigado pela
honra de ser seu orientando.
À Dra. Raquel Soares Juliano e ao professor Dr. Emmanuel Arnhold que
fazem parte do meu comitê de orientação e que foram fundamentais para a
elaboração dessa dissertação. Muito obrigado!
À professora Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti pela orientação e pelo
convite para participar do projeto vinculado a Rede Pró-Centro Oeste
Caracterização, Conservação e Uso das Raças Bovinas Locais Brasileiras:
Curraleiro e Pantaneiro, me proporcionando um grande crescimento profissional.
Obrigado!
A Universidade Federal de Goiás, em especial a Escola de Veterinária e
Zootecnia e toda a sua equipe.
Aos professores do curso de Pós Graduação em Ciência Animal que não
mediram esforços para transmissão de conhecimento e incentivo a pesquisa.
À Embrapa Pantanal e toda sua equipe, que me proporcionou a
oportunidade de realização do experimento com os bovinos Pantaneiros.
Ao professor Dr. Marlos Castanheira, Bruna Paula Alves Silva, Rafael
Alves da Costa Ferro, Tânia Torres, Marcelo Corrêa Silva, Maria Ivete de Moura,
Thiago de Jesus do Carmo e a todos os outros membros da equipe
Curraleiro/Pantaneiro, que foram fundamentais durante o experimento.
Aos meus alunos Renata Vaz Ribeiro, Rafael Lennini, João Paulo
Oliveira, Bruna Stefani, Loredanna Ramyla e Fernando Augusto que participaram
na coleta de dados do experimento.
viii

Aos meus colegas de trabalho e amigos Luciano Schneider da Silva,


Aracele Pinheiro Pales dos Santos, Fernanda Rodrigues Taveira Rocha, Klayto
José Gonçalves dos Santos, Renato Tângari Dib e Camilla Cruvinel pelo apoio
durante a realização do mestrado.
A todos os professores do curso de Zootecnia que me ajudaram na
realização deste trabalho, em especial ao Dr. Rodrigo Zaiden Taveira pelo auxilio
na interpretação de alguns resultados e discussão.
A toda minha família, avós, avôs, tios, tias, padrinhos, madrinhas, primos
e primas que sempre me apoiaram na construção deste sonho.
As novas amizades que foram construídas durante o curso de Pós
Graduação em Ciência Animal.
A todos os meus amigos, colegas e conhecidos que contribuíram direta
ou indiretamente para a obtenção do grau de mestre e para a realização deste
trabalho.
ix

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 1
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................... 3
2.1 Histórico do bovino Pantaneiro........................................................ 3
2.2 Caracterização morfológica do bovino Pantaneiro.......................... 4
2.3 Variabilidade e caracterização genética.......................................... 5
2.4 Endogamia...................................................................................... 6
2.5 Programas de acasalamento........................................................... 8
2.6 Análise de agrupamento.................................................................. 10
2.6.1 Medidas de similaridade ou dissimilaridade.................................... 10
2.6.2 Técnicas de agrupamento............................................................... 11
2.7 Tipos de acasalamento................................................................... 14
2.7.1 Monta natural................................................................................... 15
2.7.2 Monta controlada............................................................................. 16
2.7.3 Inseminação artificial....................................................................... 17
3 OBJETIVOS.................................................................................... 19
3.1 Geral................................................................................................ 19
3.2 Específico........................................................................................ 19
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................ 20
4.1 Local................................................................................................ 20
4.2 Animais............................................................................................ 20
4.3 Manejo............................................................................................. 20
4.4 Avaliações morfológicas.................................................................. 20
4.5 Análise estatística............................................................................ 23
4.6 Implantação dos programas de acasalamento................................ 24
5 RESULTADOS................................................................................ 25
6 DISCUSSÕES................................................................................. 33
7 CONCLUSÕES............................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 40
x

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Características observadas nos bovinos Pantaneiros e suas


variações................................................................................. 25
TABELA 2 Matriz de dissimilaridade das variáveis qualitativas de
acordo com o coeficiente de Jaccard...................................... 28
TABELA 3 Grupos de fêmeas Pantaneiras dissimilares a um
determinado reprodutor......................................................... 31

TABELA 4 Fêmeas Pantaneiras que podem ser acasaladas com mais


de um reprodutor..................................................................... 32
xi

RESUMO

A caracterização morfológica permite organizar estratégias de conservação de


raças locais, com a construção de matriz de dissimilaridade e formação de
dendrogramas, permitindo a elaboração de proposta de programa de
acasalamentos entre os animais mais dissimilares. Objetivou-se elaborar um
programa de acasalamento para um núcleo de conservação in situ de bovino
Pantaneiro baseado na dissimilaridade genética. Utilizaram-se 69 fêmeas e 15
machos adultos da Fazenda Experimental Nhumirim, de propriedade da Embrapa
Pantanal, sendo todos caracterizados morfologicamente. Observou-se uma
grande variedade de características morfológicas, as quais foram utilizadas para o
cálculo da porcentagem e o grau de significância das observações, bem como
para a obtenção da matriz de dissimilaridade pelo método de Jaccard e
elaboração do dendrograma pelo UPGMA, determinados pelo programa
estatístico computacional R. Foram identificadas as fêmeas mais dissimilares em
relação aos machos reprodutores, o que permitiu a formação de grupos com um
reprodutor e com as fêmeas mais dissimilares. Dos 15 machos adultos, potenciais
reprodutores, apenas cinco foram utilizados para formação de lotes para a
realização de monta natural, caso seja utilizado à monta natural controlada pode-
se utilizar oito reprodutores. Entretanto, pode-se trabalhar também com rodizio de
touros, pois 16 fêmeas encontraram-se mais dissimilares de mais de um macho.
Outra alternativa seria a adoção da inseminação artificial, buscando animais com
características dissimilares das observadas com o intuito de aumentar a
variabilidade genética dentro do rebanho.

Palavras-chave: Dissimilaridade, Jaccard, Pantanal, raça local, variabilidade


genética.
xii

ABSTRACT

The morphological characterization allows conservation strategies of local races,


with a construction of dissimilarity pattern and dendogram formation, can be to
elaborate proposal of breeding programs between animals there are most
dissimilar. Aimed to elaborate a breeding program for an in situ conservation core
of bovine Pantaneiro based in genetic dissimilarity. Were used 69 females and 15
adult males in Fazenda Experimental Nhumirim, property of Embrapa Pantanal,
being all of them morphological characterized. Was observed a big variety of
morphological characteristics, which were used to percentage calculation and the
significance grade of observations, as well as, achievement of dissimilarity pattern
by Jaccard method and elaboration of dendogram by UPGMA, determined by
computational statistic program R. Were identified female more dissimilar as
breeding males, which allows formation of groups with one breeding and females
more dissimilar. Of 15 adults males, potential breeding, only five were used for
allotment formation to realized natural mating, if used controlled natural mating,
can be use eight breeding. However, can use too rotation of bulls, because 16
females are more dissimilar than one male. Other alternative was using artificial
insemination, seeking animals with dissimilar characteristics aim to increase the
genetic variability inside the herd.

Keywords: dissimilarity, Jaccard, Pantanal, local race, variability, genetic.


1 INTRODUÇÃO

O Brasil possui raças locais adaptadas a diferentes regiões do país,


tais como o bovino Pantaneiro no Pantanal e o bovino Curraleiro Pé-Duro, na
região do Cerrado e do Semiárido. Essas raças encontram-se ameaçadas de
extinção, em decorrência da introdução, no país, de raças especializadas, o que
deflagrou um processo gradativo de substituição e absorção das raças locais por
meio de cruzamentos.
Embora essas raças locais sejam consideradas menos produtivas,
quando comparadas a raças exóticas especializadas e despertem menor
interesse para criação, elas apresentam características importantes de
adaptabilidade às condições ambientais regionais, podendo ser utilizadas nos
programas de melhoramento genético. Nesse caso, faz-se necessário a
caracterização dos indivíduos a serem utilizados por meio da morfologia, da
morfometria ou da genética molecular. Sendo a morfológica um método de
triagem e organização da população para uma posterior avaliação molecular.
Segundo CAMPIDELLI & JOSAHKIAN (2011) a caracterização
morfológica é a mais antiga ferramenta de seleção utilizada pelo homem. Essas
características morfológicas podem ser determinadas pela ação de um ou mais
genes, sendo denominados fenótipos, podendo ser uma boa indicação do
genótipo do animal.
Para se obter uma caracterização morfológica eficiente faz-se
necessário uma correta avaliação visual, com pessoas treinadas para determinar
cada característica e suas variáveis em cada animal observado. Com isso, pode-
se estimar a distância genética entre os indivíduos e posteriormente elaborar
dendrogramas de populações de acordo com a similaridade ou dissimilaridade
entre os indivíduos de uma mesma população ou de populações diferentes.
Com a utilização da matriz de dissimilaridade pode-se propor
acasalamento entre os bovinos mais distantes fenotipicamente, com o objetivo de
minimizar o grau de endogamia e manter uma maior variabilidade genética.
O tipo de acasalamento a ser empregado, dependerá da quantidade de
animais, estrutura da propriedade e nível de endogamia do rebanho; podendo-se
utilizar monta natural (MN), monta controlada (MC) ou inseminação artificial (IA),
2

que seria mais indicada em rebanhos endogâmicos, sendo necessária o


intercambio de material genético com outro rebanho, aumentando assim a
variabilidade genética.
Diante disso, buscou-se com esse estudo gerar informações que
possam subsidiar programas de acasalamento para núcleos de conservação in
situ de bovino Pantaneiro, baseados na dissimilaridade genética, contribuindo
assim para a manutenção destes animais em seu próprio habitat.
3

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Histórico do bovino Pantaneiro

Durante o período de colonização, foram introduzidos na América do


Sul um grande número de bovinos oriundos da Península Ibérica que
encontraram um novo ambiente e gradativamente se adaptaram a essas novas
condições, por meio de modificações comportamentais, morfológicas e
fisiológicas, fixando em diferentes regiões geográficas, que proporcionaram a
formação das raças locais brasileiras (MAZZA et al., 1994).
Dentre as regiões que originaram raças locais, encontra-se o Pantanal
Mato-Grossense caracterizado por uma topografia em sua maioria plana, diversas
condições climáticas, com altas temperaturas no verão e alternância entre
períodos de seca e alagamento durante grande parte do ano. Ao longo dos anos
os bovinos foram criados nessa região livremente, auxiliados pela abundância de
pastagens naturais que permitiram a sobrevivência dos animais melhor adaptados
e terminaram por dar origem ao bovino Pantaneiro, precursor da pecuária no
Pantanal (PRIMO, 1992).
Ao longo dos anos esses bovinos passaram por mudanças
morfológicas, fisiológicas, comportamentais, entre outros, tornando os bovinos
Pantaneiros mais resistentes às condições ambientais. Essas mudanças
ocorreram por meio da seleção natural ou pelo cruzamento desses animais com
outras raças, o que ocasionou uma perda da diversidade genética da raça
Pantaneira (MAZZA et al., 1994).
A perda da diversidade genética desses animais locais pode ser
minimizada mantendo-se a variabilidade genética por meio de programas de
conservação de recursos genéticos in situ (manutenção do animal em seu habitat
natural) e ex situ (manutenção fora do ambiente natural, com a inclusão de
bancos de germoplasma), executados pelas Universidades e Institutos de
pesquisa (EGITO et al., 2002; COSTA & MARTINS, 2008). Com este objetivo, a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem trabalhando na
conservação in situ do bovino Pantaneiro, desde a implantação do núcleo de
criação dessa raça na Fazenda Nhumirim, além da conservação ex situ com a
4

manutenção de bancos de germoplasma na Embrapa Recursos Genéticos e


Biotecnologia (CENARGEN). Essas ações vem sendo executadas pelo Programa
Nacional de Conservação de Recursos Genéticos Animais, coordenado pelo
Cenargen (EGITO, 2007).
Até 2012, os núcleos de conservação de bovinos Pantaneiros estavam
restritos a Fazenda Nhumirim (Embrapa Pantanal), no município de Corumbá,
MS; na Fazenda Promissão, no município de Poconé, MT; no núcleo NUBOPAN,
no Campus de Aquidauana, UEMS e na APF, localizada na Fazenda Santo
Augusto, Rochedo, MS. Esses núcleos de conservação, em parceria com a
Embrapa e outros centros de pesquisa e universidades, com o intuito de
conservar e ampliar o número de exemplares de bovinos Pantaneiros propõe-se a
estudar características genéticas, produtivas, reprodutivas e sanitárias da raça
(MARQUES JÚNIOR et al., 2012).

2.2 Caracterização morfológica do bovino Pantaneiro

A pressão de seleção natural ocasionou mudanças no tamanho, biótipo


e temperamento, tornando os bovinos Pantaneiros mais resistentes às condições
ambientais, climáticas e hidrológicas extremas, definindo assim a raça local
Pantaneira, também conhecida como Cuiabano ou Tucura. Algumas das
características de adaptação do bovino Pantaneiro estão relacionadas à grande
rusticidade, o que permite a sobrevivência em locais com baixa disponibilidade de
alimentos sazonais e a resistência a certas doenças (MAZZA et al., 1994).
No ano de 1909, Lisboa descreveu o bovino Pantaneiro, como sendo
caracterizado por estatura pequena, pelo curto, coloração vermelha ou castanha
mais ou menos escura, com a tendência a clarear no dorso, focinho preto com
buçal branco, cauda comprida, com posterior pouco desenvolvido, chifres curtos,
finos e voltados para frente, apresentando crânio curto e largo na região dos olhos
(MAZZA et al., 1994).
Em 1913 o bovino Pantaneiro foi caracterizado por Cotrim, como um
animal pequeno e leve, com cabeça curta e fina, chifres direcionados para frente
e para cima com coloração clara e extremidades escuras; orelha pequena e com
5

poucos pelos, focinho preto rodeado de uma coroa branca. Chanfro escuro com
fronte mais clara, coloração clara também sobre os olhos. Pescoço regular, mas
grande e sem barbela. Linha dorsal bastante regular e horizontal, com pequena
depressão na região lombar. Anca comprida, com inserção de cauda pouco
levantada, sendo esta fina e com vassoura preta. Couro grosseiro, epiderme
escura e pelagem fina, sedosa e de coloração amarelo-escuro no lombo e
costelas, preto nas pernas e geralmente branco na porção ventral (MAZZA et al.,
1992).
É importante ressaltar que essas características foram observadas nas
primeiras décadas do século XX, quando já estavam ocorrendo cruzamentos dos
bovinos Pantaneiros com outras raças, principalmente raças zebuínas (MAZZA et
al., 1994).
A partir da chegada dos zebuínos na região do Pantanal, foram
realizados cruzamentos absorventes entre os animais locais e os zebuínos,
principalmente da raça Nelore, obtendo animais F1 de alta heterose,
considerados animais mais produtivos. Com isso houve uma acentuada perda da
diversidade e variabilidade genética dos bovinos Pantaneiros (SERENO, 2002;
RANGEL et al., 2004).

2.3 Variabilidade e caracterização genética

A variabilidade genética é um parâmetro de fundamental importância


para a caracterização de raça e populações (FARIA et al., 2010). Segundo GAMA
(2004), na conservação dos recursos genéticos, o conhecimento da diversidade
genética intra e inter-raciais pode contribuir para evitar a erosão genética.
A caracterização genética, principalmente de raças locais, até o final do
século XX, baseava-se nas características morfológicas e produtivas dos animais,
sendo altamente influenciadas pelo ambiente. Nas últimas duas décadas do
século passado, foram desenvolvidas técnicas capazes de detectar variações ao
nível de DNA, ficando livres das influências do meio ambiente, auxiliando nas
decisões a serem tomadas nos programas de conservação (EGITO, 2007).
6

A caracterização morfológica é considerada a mais simples e de menor


custo, sendo realizada pela identificação e classificação de variáveis, podendo ser
distribuídas em dois grupos, variáveis quantitativas e qualitativas, onde as
qualitativas podem ser divididas em várias categorias ou classes, representando a
classificação do indivíduo (CRUZ et al., 2011). É considerada uma etapa de
fundamental importância para o eficiente uso dos recursos genéticos, sendo que o
processo de caracterização consiste nas anotações facilmente visíveis, que são
expressos em qualquer ambiente. Assim a caracterização morfológica possibilita
o conhecimento da diversidade genética e da variabilidade genética (BUZAR et
al., 2007).
A caracterização genética pode gerar uma maior acurácia na
determinação da distância genética entre indivíduos ou populações. Com as
informações relativas a distância genética, é possível promover o direcionamento
de acasalamento, visando à manutenção da variabilidade genética, por meio da
escolha de indivíduos menos similares genotipicamente (EGITO, 2007).
A variabilidade sofre grande impacto do sistema de acasalamento, que
quando realizado de maneira incorreta, pode aumentar a taxa de endogamia
(MALHADO et al., 2008). A endogamia é caracterizada pelo acasalamento entre
indivíduos que possuem algum grau de parentesco, aumentando a homozigose e
diminuindo a heterozigose (QUEIROZ et al., 2000), podendo haver fixação e
expressão de genes indesejáveis na população (SILVA et al., 2001).
O controle da endogamia pode ocorrer com o auxilio da dissimilaridade
genética, ou seja, pela diferença genética entre os bovinos, determinada pela
caracterização genética (RON et al., 1996).

2.4 Endogamia

O aumento da homozigose permite selecionar algumas características


genéticas desejáveis. Pode promover a seleção dos genes dominantes ou
recessivos, consequentemente poderão ser escolhidos tanto as qualidades como
os defeitos (LÔBO & LÔBO, 2007). Segundo LUSH (1945) e CROW & KIMURA
7

(1970) as manifestações de genes recessivos, geralmente provocam alguma


degeneração na média do mérito individual e uma depressão endogâmica.
SANTANA & JOSAHKIAN (2010) destacaram a depressão endogâmica
como sendo outra consequência do aumento da homozigose, que se caracteriza
como a manifestação de combinações gênicas desfavoráveis e, portanto, ocorre
em características influenciadas por efeitos genéticos não aditivos. Por isso, ela
normalmente é interpretada como sendo o efeito inverso da heterose
(combinações gênicas favoráveis), causando diminuição, em relação à média, do
desempenho produtivo e/ou reprodutivo dos animais provenientes de
acasalamentos endogâmicos.
Esse aparecimento dos genes recessivos se torna ainda mais
expressivos quando a taxa de endogamia ultrapassa valores de 10% (ALCALÁ et
al., 1995); favorecendo o aparecimento dos efeitos desfavoráveis da
consanguinidade, caracterizados pela redução da fertilidade, da sobrevivência e
do vigor dos animais (LÔBO & LÔBO, 2007).
Considerando esses efeitos prejudiciais durante o processo de seleção,
é imposto um grande desafio aos melhoristas, que é a redução da
consanguinidade a níveis aceitáveis, com o passar dos anos, dentro de um
rebanho (CUNHA et al., 2003).
A existência de ancestrais comuns entre os indivíduos fica mais
evidente com o passar das gerações, aumentando a probabilidade de
acasalamentos consanguíneos (OLIVEIRA et al., 1999). Esses efeitos negativos
foram observados por FALCÃO et al. (2001), em experimento com bovinos Pardo-
Suíço verificando o peso ao nascer (PN), onde valores a partir de 10% de
endogamia promovem a diminuição do PN. Foi observada diminuição na média
do PN, com valores de 36 kg, 37,44 kg e 33,85 kg, respectivamente para os
valores de endogamia de 0%, de 5% a 10% e superior a 25%.
Ao se avaliar o efeito da endogamia sobre as características produtivas
de bovinos de ecótipo Mantiqueira, SILVA et al. (2001), encontraram regressões
dos valores genéticos para produção de leite e duração de lactação, em função
das classes de endogamia. Para níveis crescentes de endogamia observaram-se
tendência linear de diminuição dos valores genéticos para produção de leite. O
8

incremento de 1% no coeficiente de endogamia corresponde uma redução de,


aproximadamente, 1,15 kg de leite produzido.
O coeficiente de endogamia representa o grau de endogamia de um
indivíduo, sendo a probabilidade de que dois alelos em um lócus tomado ao
acaso sejam idênticos por descendência. O coeficiente de endogamia de um
indivíduo pode ser calculado como a metade do parentesco entre seus pais. O
parentesco, por sua vez, representa a porcentagem esperada de genes em
comum entre indivíduos. Como exemplo, o parentesco entre meio irmãos (filhos
de um mesmo progenitor) é de 25%, sendo que o acasalamento entre eles
resultaria em um animal com coeficiente de endogamia de 12,5%
(CARVALHEIRO & PIMENTEL, 2004).

2.5 Programas de acasalamento

Os sistemas de acasalamento podem ser utilizados para alterar a


constituição das populações, podendo aumentar ou diminuir os níveis de
endogamia, dependendo do objetivo do programa (PEREIRA FILHO, 2005).
Segundo FARIA et al. (2010) diversos programas de seleção,
acasalamento, tem sido proposto para aperfeiçoar o uso da variabilidade genética
em populações de animais domésticos, assegurando maiores taxas de respostas,
minimizando os efeitos negativos da elevação da endogamia.
Tem-se observado na literatura algumas práticas de acasalamentos
não aleatórios entre os pais selecionados: acasalamentos do tipo fatorial,
caracterizado pelo acasalamento de cada genitor masculino com um genitor
feminino, reduzindo a consanguinidade na seleção (WOOLLIAMS, 1989);
acasalamentos com parentesco mínimo (TORO et al., 1988); e acasalamentos
compensatórios, que consiste em acasalar um progenitor com alta característica
com uma progenitora de baixa característica (SANTIAGO & CABALLERO, 1995).
Em outras estratégias, estabelece-se o valor do parentesco médio entre os
indivíduos selecionados (MEUWISSEN, 1997).
Segundo FALCONER (1987), o grau de parentesco entre os indivíduos
depende do tamanho efetivo da população, sendo que a possibilidade de pares
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acasalados ao acaso serem mais proximamente aparentados é maior em uma


população pequena que em uma grande população, em razão da maior
probabilidade de acasalamento entre indivíduos com algum parentesco.
Quando se fala nos programas de acasalamento o mais simples e
bastante utilizado é do tipo ao acaso (AA), que consiste na escolha aleatória de
machos e fêmeas para a reprodução (PEREIRA FILHO, 2005).
A escolha de animais para a reprodução pode ocorrer de duas formas,
a primeira com base nas informações fenotípicas e a segunda de acordo com o
pedigree. O acasalamento de acordo com o fenótipo pode ser classificado em
preferencial positivo (AP), quando animais com fenótipos ou genótipos similares
são acasalados entre si, e o preferencial negativo (AN), com acasalamento de
animais de fenótipos ou genótipos distintos (BARROS, 2009).
De acordo com CARVALHEIRO et al. (2007), o AP aumenta a
probabilidade de nascimento de animais com genótipos extremos superiores,
sendo considerado um resultado de grande interesse aos programas de
melhoramento genético, que buscam melhores oportunidades de comercialização
de material genético e a aceleração do progresso genético. Porém também
aumenta a probabilidade de produção de animais extremos inferiores devido a
possível adoção de acasalamentos endogâmicos.
NEVES et al. (2009) estudando estratégias de acasalamento do tipo
AA, AP e AN, observaram que as estratégias de acasalamento são eficientes em
elevar a proporção de animais geneticamente superiores e, ao mesmo tempo,
reduzir a variabilidade da progênie, mediante a redução da proporção de animais
inferiores. Mas uma possível consequência da busca por animais superiores seria
o aumento do número de acasalamentos endogâmicos, proporcionando um grau
de endogamia no rebanho, fazendo assim o AP obter piores respostas em relação
ao AA e AN. Também foi observado que o AN é muito eficiente em produzir
progênie uniforme.
O trabalho com o pedigree envolve a presença ou ausência de
parentesco, como a exogamia, caracterizada como o acasalamento de indivíduos
menos aparentados entre si, e a endogamia, com indivíduos aparentados entre si
(BARROS, 2009).
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O acasalamento exogâmico deve ser utilizado quando se deseja evitar


os efeitos depressivos da consanguinidade e elevar a variabilidade genética do
rebanho, sendo necessário o conhecimento da distância genética dos animais,
com análises de agrupamentos para a orientação individual dos acasalamentos
(SILVEIRA et al, 2004).

2.6 Análise de agrupamento

Objetiva-se com a análise de agrupamento reunir, por meio de alguns


critérios de classificação, grupos de indivíduos que possuem homogeneidade e
grupos de heterogeneidade, de acordo com avaliação de variáveis determinadas
(RIBEIRO JÚNIOR, 2001). Segundo VICINI (2005) as análises de agrupamentos
estudam todo o conjunto de relações interdependentes, não fazendo distinção
entre variáveis dependentes e independentes.
O critério de agrupamento utilizado na maioria dos casos envolve uma
medida de similaridade ou dissimilaridade entre os indivíduos (SCHEEREN et al,
2000). Sendo o processo dividido basicamente em duas etapas, a primeira com a
estimação das medidas de dissimilaridade entre os indivíduos e a segunda a
adoção da técnica de agrupamento para formação dos mesmos (CRUZ et al.,
2004).
Segundo VICINI (2005) a análise de agrupamento conta com certa
amostra de n indivíduos, cada um com suas inúmeras variáveis, onde será
realizado um esquema de classificação, agrupando os indivíduos em grupos em
que exista homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre os grupos.

2.6.1 Medidas de similaridade ou dissimilaridade

Na realização das medidas de similaridade ou dissimilaridade pode-se


trabalhar com classificação de variáveis, que podem ser divididas em dois
grandes grupos, sendo os quantitativos e qualitativos. Os quantitativos são
aqueles que podem ser aferidos em escala real, e os qualitativos são definidos
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em varias categorias ou classes, fazendo-se a representação do indivíduo


(ASSIS, 2011).
Grande parte dos experimentos trabalham com análises variáveis
qualitativas, essas por sua vez podem ser transformadas em quantitativas e
serem utilizados as medidas de similaridade ou utilizar o coeficiente de
similaridade trabalhando com as variáveis qualitativas, comparando a ausência ou
presença de certas características avaliadas, podendo ser representada por uma
variável binária do tipo 0 (espécie ausente) ou 1 (espécie presente). Como
exemplo de coeficiente de similaridade, pode-se citar o coeficiente de Jaccard
(MOTA, 2007). Segundo VIEIRA et al. (2005), uma matriz de similaridade pode
ser transformada em uma matriz de dissimilaridade a partir do complemento da
similaridade estimada.
Para analisar um conjunto de dados, é de fundamental importância à
escolha de um coeficiente que quantifique o quanto dois indivíduos são parecidos.
Esse coeficiente pode ser dividido em duas categorias, sendo o de similaridade,
ou dissimilaridade, entre as populações ou indivíduos. Nas matrizes de
similaridade, pode-se verificar que quanto maior for os valores, mais similares são
os indivíduos e na observação dos valores oriundos da matriz de dissimilaridade,
pode observar que quanto maior for os valores, mais distantes são os indivíduos
(VICINI, 2005).
Essa determinação dos indivíduos mais distantes é fundamental para a
determinação de acasalamento, pois de acordo com SOUZA (2009) quanto
menos similares forem os genitores, maior a variabilidade resultante na população
futura, e maior a probabilidade de novas combinações favoráveis de alelos.

2.6.2 Técnicas de agrupamentos

Técnicas de agrupamentos são caracterizadas como técnicas


exploratórias utilizadas para a formação de grupos homogêneos a partir das
distâncias entre os indivíduos, de acordo com suas características. Assim, obtém-
se uma matriz de distância entre os indivíduos observados. A determinação das
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matrizes de distância genética permite a utilização de métodos de agrupamentos


(SPRITZE et al., 2003).
Existem inúmeros métodos de agrupamentos, diferenciando pelo tipo
de resultado a ser obtido e pelas inúmeras formas de definir a relação entre um
indivíduo e um grupo já formado ou entre dois grupos quaisquer (FARIA, 2009).
Segundo CRUZ et al. (2004), o processo de agrupamento envolve
praticamente duas etapas, a primeira envolve a determinação, estimativa, de uma
medida de dissimilaridade ou similaridade entre os progenitores. Na segunda
etapa realiza-se a adoção de uma técnica de agrupamento para a formação de
grupos.
Dentre os métodos de agrupamentos mais utilizados estão os
hierárquicos e de otimização. Os métodos hierárquicos utilizam o agrupamento de
genótipos por um processo que se repete várias vezes, até que seja obtido o
dendrograma, não sendo necessário um número ótimo de táxons, como por
exemplo, o método UPGMA (unweighted pair group method with arithmetic
means). Já para os métodos de otimização, os grupos são formados com o
objetivo de alcançar uma partição dos indivíduos que otimize (maximizando ou
minimizando) alguma medida predefinida, sendo um dos métodos mais utilizados
o proposto por Tocher, adotando o critério de que a média das medidas de
dissimilaridade dentro de cada grupo deve ser menor que as distâncias médias
entre os grupos (CRUZ & CARNEIRO, 2006).
Segundo YAMAKI et al. (2008) com a obtenção dos grupos genéticos
formados pelo método de otimização de Tocher, pode-se estabelecer estratégias
de cruzamentos entre as linhagens para maximização da heterose e
complementaridade das características desejáveis.
O método de UPGMA determinado por SNEATH & SOKAL e citado por
MENEZES (2005), baseia-se no agrupamento sucessivo de pares de táxons de
acordo com o nível de similaridade, ocorrendo da seguinte forma:
 O par de táxons mais semelhante, com menor distância, é unido e um nó é
posicionado exatamente na metade da distância que separa os dois.
 Procura-se a menor distância entre o par de táxons unidos e o táxon ao qual
ele está sendo comparado. Novamente a menor distância na nova matriz
determina quais táxons devem ser unidos e um novo nó é posicionado.
13

 Faz-se o mesmo procedimento até que todos os táxons estejam incorporados


no dendrograma.
Esse método é considerado o mais utilizado em diversidade,
principalmente quando se trabalha com populações de animais silvestres,
apresenta vantagens quando comparado a outros métodos por considerar as
médias aritméticas das medidas de dissimilaridade, o que evita a caracterização
da dissimilaridade por valores extremos entre os indivíduos. Também é definido
com um método sequencial, aglomerativo, sem superposição, sendo considerado
um dos mais utilizados na prática, além de ser de fácil aplicação (FARIA, 2009).
De acordo com ARAÚJO (2004) esse método proporciona dendrogramas com
simetria de ramos ao redor de um nó, em consequência das taxas evolutivas
constantes.
Dendrograma é um gráfico bidimensional, que utiliza de forma
combinada (de árvore) a ocorrência da fusão com a estimativa de distância das
unidades agrupadas, unindo as amostras mais próximas (NASCIMENTO et al.,
2010), buscando identificar a similaridade entre populações de espécies
diferentes e indivíduos (ARAÚJO, 2004). Segundo FARIA (2009) nele está contido
um eixo que representa os indivíduos e outro eixo representa as distâncias
obtidas após a utilização de uma metodologia de agrupamento. Observando os
dendrogramas pode-se visualizar os ramos da árvore que fornecem a ordem das
ligações, onde o primeiro nível representa a primeira ligação, o segundo a
segunda ligação, e assim sucessivamente até realizar todas as ligações.
Outro método hierárquico é o método do vizinho mais próximo (método
simples), onde as populações são agrupadas por meio das menores distâncias de
dissimilaridade, sendo repetido até a completa formação do dendrograma.
Existindo também o método do vizinho mais distante (método completo), com o
agrupamento das populações de acordo com as maiores distâncias de
dissimilaridade (CRUZ & CARNEIRO, 2006). Neste método, não há preocupação
com um número adequado de grupos, porque o interesse está no dendrograma,
bem como nas suas ramificações obtidas. As delimitações podem ser
determinadas por meio de um exame visual do dendrograma, com a avaliação
dos pontos onde ocorrem elevadas mudanças de nível, tornando-os delimitadores
do número de linhagens por grupos (CRUZ et al., 2004).
14

Pode-se observar que existem várias técnicas de agrupamentos,


devendo-se identificar qual a melhor, que fornecerá um dendrograma com uma
imagem menos distorcida da realidade. A visualização dessa menor distorção é
possível com o cálculo do coeficiente cofenético. Segundo VICINI (2005) o menor
grau de distorção será representado pelo maior coeficiente cofenético, fornecido
pela matriz fenética, com a correlação entre as matrizes cofenéticas e a matriz de
distância. De modo que a maior capacidade de evidenciar a melhor estrutura dos
dados, em grupos, será no coeficiente cofenético de maior valor.
De acordo com VIEIRA et al. (2005) o coeficiente de correlação
cofenética, auxilia na verificação do ajuste entre a matriz de dissimilaridade e o
dendrograma, onde somente valores acima de 0,80 indicam um bom ajuste entre
as medidas originais de distâncias e as distâncias gráficas. Valores abaixo de
0,80 podem indicar a inexistência de um padrão de distribuição uniforme, uma vez
que para a observação do ajuste elevado seria necessário que as variáveis
observadas apresentassem alta homogeneidade entre si.

2.7 Tipos de acasalamento

Um sistema de criação de bovinos pode sofrer influência de vários


fatores, como ambiente, alimentação, manejo, reprodução, entre outros. O
manejo reprodutivo vem sendo de fundamental importância por ser considerado a
base para proliferação da espécie e geração de produtos. Então, quanto mais
eficiente for o desempenho reprodutivo, maior será a resposta no sistema de
criação (MARTINEZ et al., 2004).
O manejo reprodutivo constitui a essência da vida útil e do sucesso do
sistema de criação, sendo caracterizado com a aplicação de técnicas e
procedimentos que permitem de forma direta ou indireta a reprodução eficiente
dos animais (MARQUES JÚNIOR, 2012).
Atualmente existem vários tipos de sistemas de acasalamento, dentre
eles estão o uso de reprodutores na monta natural (MN), monta controlada (MC) e
de maneira crescente tem-se utilizados a inseminação artificial (IA). Mas vale
15

ressaltar que cada sistema apresenta vantagens e desvantagens, devendo ser


analisado em função das condições de cada criatório (CLÓVIS, 2009).

2.7.1 Monta natural

No sistema de MN, sem estação de monta definido, o macho


permanece todo o tempo junto com a fêmea, realizando acasalamento sem
controle, em qualquer época do ano (CLÓVIS, 2009). Nesse regime, o manejo
reprodutivo prevê a cobertura das vacas por touros em condições a campo. No
Brasil em condições normais recomenda-se a proporção de 25 a 30 fêmeas por
touro (LAZZARINI NETO, 2000).
A MN apresenta como vantagem a economia na mão-de-obra e um
melhor aproveitamento do estro. Mas existem algumas desvantagens como a
dificuldade de anotações do dia da cópula, diminuição da vida útil do touro, maior
probabilidade de ocorrência de acidentes com o reprodutor, maior chance de
transmissão de doenças e um menor número de serviço por reprodutor
(FERREIRA et al., 2012).
Existe ainda o sistema de MN onde vários touros são mantidos no
mesmo pasto que as fêmeas, sendo denominado acasalamento múltiplos, tendo
como desvantagem o desconhecimento da paternidade da progênie, a
impossibilidade de comparação de desempenho reprodutivo e produtivo (VALLE
et al., 2000).
Existe também o manejo em que as coberturas se dão com a fixação
de uma estação de monta, onde o período de serviço será reduzido, ou seja, o
touro não fica junto com a vaca o ano todo, apenas no período determinado. A
estação de monta visa orientar as parições para épocas mais favoráveis às
condições climáticas, nutricionais, sanitárias e condições de manejo de cada
região. O período de duração de uma estação de monta deve ser tal que
proporcione uma maior concentração de nascimentos, quanto máxima fertilização
das vacas. A estação de monta no Brasil tem sido praticada normalmente com
duração de dois a quarto meses (LAZZARINI NETO, 2000).
16

No manejo reprodutivo dos bovinos na região do Pantanal, a estação


de monta é uma das primeiras práticas a ser implantada na propriedade, o que
permite a implantação de um eficiente programa de manejo do rebanho em
épocas estabelecidas, como maiores cuidados com os recém-nascidos, pela
concentração de nascimentos, formação de lotes homogêneos e concentração de
mão-de-obra. Infelizmente, por questões econômicas e de manejo esta prática
ainda vem sendo analisada e negligenciada por muitos (SERENO, 2005).
Segundo ENCARNAÇÃO & SERENO (2002) alguns produtores de
bovinos de corte defendem que a estação de monta é prática prejudicial aos
índices de natalidade do rebanho, mas essa informação não tem fundamento,
uma vez que a estação de monta praticamente coincide com a época de
concentração da monta natural.
Para a região do Pantanal recomenda-se iniciar a atividade de estação
de monta com uma duração de seis meses, reduzindo-se gradativamente para
quarto ou três meses, englobando os meses de outubro a fevereiro, devendo
coincidir com a época de maior disponibilidade de alimento, proporcionando maior
ganho em peso e ocorrência de estro nas fêmeas (SERENO, 2005).

2.7.2 Monta controlada

O touro é mantido separado das vacas durante o ano, tendo contado


apenas na época destinada para o acasalamento. Quando uma fêmea é
detectada em estro, ela é levada para o mesmo piquete que o macho, onde
permanece até a cobrição. Normalmente só é permitido um serviço, mas quando
ocorre uma monta pela manhã e outra pela tarde, as probabilidades de
concepção são maiores. Esse método pode ser utilizado quando se deseja
conhecer a paternidade da progênie (VALLE et al., 2000).
De acordo com FERREIRA et al. (2012), esse método apresenta como
vantagem uma maior facilidade de anotações reprodutivas, aumento da vida útil
do touro, menor possibilidade da ocorrência de acidentes e melhor
aproveitamento do touro durante o ano, servindo aproximadamente 100 vacas.
17

Apresentando algumas desvantagens como aumento de gastos com mão-de-


obra, possibilidade de perdas de cio e maiores gastos com instalações.

2.7.3 Inseminação artificial

Segundo CLÓVIS (2009) a IA é um método artificial de reprodução em


que as fêmeas não têm contato com o macho, onde o sêmen é depositado
diretamente no útero com a adoção de equipamentos especiais. As fêmeas
utilizadas nesse método devem estar saudáveis, bem nutridas e sem a ocorrência
de problemas reprodutivos.
É uma biotecnologia que quando associada a um manejo adequado do
rebanho, aumenta a probabilidade de aumentar a qualidade e quantidade de
bezerros genética e fenotipicamente superiores (TORRES JÚNIOR et al., 2009).
Tem como vantagem a utilização de sêmen de touros com maior valor
genético, economiza gastos com o reprodutor, evita a transmissão de doenças
pelo touro, maior controle reprodutivo e possibilidade de acasalamentos
desejados (FERREIRA et al., 2012).
Mesmo apresentando uma serie de vantagens a IA não vem sendo
utilizada em grande escala, entre as causas para a não adoção está à criação
extensiva dos animais, uma vez que a adoção dessa tecnologia exige atividades
diárias do rebanho, mão-de-obra especializada e experiências nas praticas de
manejo na propriedade, especialmente para a detecção de estro (AMARAL et al.,
2010).
Para minimizar o problema de perda de estro, deve-se trabalhar com
diferentes formas de detecção de estro, pela observação diária do comportamento
das vacas (montam uma nas outras, mugidos, inquietação, levantam e
chacoalham a cauda, dorso arqueado, entre outros), presença de vulva
edemaciada e muco, bem como utilizar rufiões (LAZZARINI NETO, 2000).
A observação dessas limitações possibilitou a evolução e o
estabelecimento da IA, conduzindo buscas por alternativas para controlar essas
limitações sem comprometer os índices reprodutivos (BARUSELLI et al., 2004).
Desse modo foi possível desenvolver técnicas de sincronização de estro e de
18

ovulação, permitindo a realização da inseminação artificial em tempo fixo (IATF),


possibilitando um maior número de inseminação por dia, em momentos mais
apropriados aos técnicos (TORRES JÚNIOR et al., 2007).
A utilização do tipo de acasalamento a ser adotado vai depender das
condições de manejo de cada região e da finalidade da adoção do acasalamento.
Essa finalidade, por sua vez, dependerá do tipo de rebanho, uma vez que o
manejo reprodutivo para raças locais deve considerar a dissimilaridade genética
entre os animais, com o objetivo de evitar acasalamentos endogâmicos, manter a
variabilidade genética e o número efetivo de indivíduos dentro da população;
auxiliando na conservação dos recursos genéticos de animais ameaçados de
extinção. A dissimilaridade entre esses animais pode ser observada por meio da
caracterização morfológica, permitindo a formação de matriz de dissimilaridade e
elaboração de dendrograma, o que auxilia na formação de grupos entre fêmeas
similares com um macho não similar.
Na região do Pantanal, encontra-se uma dificuldade de adoção de
tecnologias reprodutivas, pois se observa dois períodos severos de restrição
alimentar (cheia e seca) o que dificulta a implantação da IA. Com isso, entre os
anos de 2005 a 2009, foi realizado um experimento na fazenda Nhumirim com
262 matrizes Nelore, verificando o efeito do ambiente na implantação da IA. Foi
observado que os índices reprodutivos da IA das fêmeas avaliadas estão aquém
do ideal, em função das condições adversas da região do Pantanal Sul
Matogrossense, como picos de inundações, secas, restrições alimentares e
dificuldade de manejo (BATISTA & ABREU, 2010).
19

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Estabelecer uma proposta de grupos de acasalamento para o núcleo


de conservação in situ de bovino Pantaneiro da Fazenda Nhumirim por meio da
dissimilaridade morfológica.

3.2 Específicos

 Avaliar as características morfológicas do rebanho.


 Determinar a diversidade genética do rebanho bovino Pantaneiro, por meio da
caracterização morfológica.
 Selecionar reprodutores a partir das análises de dissimilaridade morfológica.
 Formar grupos de fêmeas similares para acasalar com reprodutor não
similares.
20

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local

A coleta de dados foi realizada durante o mês de maio de 2012 na


Fazenda Experimental Nhumirim, de propriedade da Embrapa Pantanal,
localizada no município de Corumbá (18º59’S e 56º39’W), na sub-região de
Nhecolândia, Pantanal do Mato Grosso do Sul.

4.2 Animais

Para a caracterização do rebanho experimental foram utilizados 84


bovinos Pantaneiros, sendo 15 machos (M) aptos para reprodução e 69 fêmeas
(F) com idade variando de dois anos e quatro meses a 18 anos.

4.3 Manejo

Os bovinos foram criados em sistema extensivo, com lotação de


1UA/3,6 a 4,2ha, em pastagens nativas do Pantanal, cuja disponibilidade e
qualidade sofrem influencia da época do ano, pelos ciclos de cheia e seca.
O manejo reprodutivo da fazenda Nhumirim para o rebanho Pantaneiro
é do tipo monta natural com 14 a 17 vacas por touros na tentativa de garantir a
diversidade genética, utilizando estação de monta de quatro meses, iniciando-se
em novembro.

4.4 Avaliações morfológicas

A avaliação dos bovinos Pantaneiros ocorreu no brete de contenção e


no curral de apartação. Os animais foram identificados por meio da marcação a
ferro na perna direita ou de acordo com o número do brinco.
21

Foram avaliadas as características morfológicas de todos os bovinos


Pantaneiros adultos para estimar as medidas de similaridade entre eles e assim
propor um programa de acasalamento entre os animais mais dissimilares. Para a
caracterização morfológica foram usados os seguintes descritores:
 Cabeça
- Pequena, média ou grande
- Leve, moderada ou pesada
- Retilínea, convexo, subconcavo ou subconvexo
 Chanfro
- Reto, convexo ou subconcavo
 Focinho
- Preto, manchas claras, despigmentado ou avermelhado
- Amplo, moderado ou pequeno
 Buçal
- Branco ou preto
 Olhos
- Pequenos, médios ou grandes
- Óculos completo, óculos incompleto ou sem óculos
 Cor das mucosas
- Escura ou rosada
 Orelhas
- Pequenas, médias ou grandes
- Arredondadas, ligeiramente pontiagudas ou muito afiadas
- Presença de pêlos ou ausência de pêlos
 Chifres
- Pequenos, médios, grandes ou mochos
- Coroa, meia-lira ou aberto
- Extremidade grossa ou extremidade afiada
 Pescoço
- Curto, médio ou largo
- Leve, moderado ou pesado
 Barbela
- Pequena, média ou longa
22

- Poucas pregas ou muitas pregas


 Peito
- Estreito, médio ou amplo (largo)
- Profundo ou superficial
 Dorso
- Horizontal ou inclinada
- Curto, médio ou comprido
- Com defeito ou sem defeito
 Lombo
- Horizontal ou inclinado
- Curto, médio ou comprido
- Com defeito ou sem defeito
 Garupa
- Retilínea, inclinada ou invertida
 Anca
- Estreita ou larga
 Osso sacro
- Não saliente, ligeiramente saliente ou muito saliente
 Cauda
- Fina ou grossa
- Curta, média ou longa
 Vassoura
- Preta (escura) ou branca (clara)
 Umbigo
- Reduzido, médio ou longo
 Úbere
- Raso, intermediário ou profundo
 Tetas
- Pequenas, médias ou grandes
- Abertas, dispostas no centro ou juntas
 Veias mamárias
- Boa vascularização ou pouca vascularização
- Fina, intermediária ou grossa
23

 Bolsa escrotal
- Pele fina ou grossa
- Extremidade escura ou clara
 Testículos
- Simétricos ou assimétricos
 Bainha e prepúcio
- Reduzida ou longa
 Membros
- Proporcional ao corpo ou desproporcional ao corpo
 Cascos
- Pequenos, médios ou grandes
- Preto, amarelo ou rajado
 Cor da pele
- Preta
 Cor da pelagem
- Vermelho claro, amarela avermelhada, baia, amarela, raposa com extremidades
mais escuras, alaranjada fosca, malhada de preto e branco, preta e azulada
 Pêlos
- Finos ou curtos
 Temperamento
- Ativo ou nervoso
- Dócil ou bravio

4.5 Análise estatística

Com a utilização do programa estatístico computacional R – Versão


2.15.2, foi calculado a porcentagem e o grau de significância pelo método de qui
quadrado (valor-p) das variações de cada característica morfológica observada
nos animais. De acordo com essas características morfológicas, foram realizadas
as determinações da matriz de dissimilaridade e elaboração do dendrograma.
A matriz de dissimilaridade foi calculada por meio das variáveis
qualitativas, comparando a ausência ou presença de uma determinada
24

característica. Para a comparação foi determinado que a ausência deveria ser


representada pela variável binária do tipo 0 e a presença pelo tipo 1, utilizando o
coeficiente de Jaccard.
Com as medidas de dissimilaridade foi realizada a elaboração de um
dendrograma pelo método UPGMA, mesmo não apresentando a maior correlação
da matriz cofenética com a matriz de dissimilaridade, comparado aos métodos do
vizinho mais próximo e do vizinho mais distante.

4.6 Implantação do programa de acasalamento

Baseado nos resultados da dissimilaridade e no dendrograma foi


proposto um programa de acasalamento no rebanho, priorizando uma maior
dissimilaridade, formando lotes e sugerindo-se alternativas aplicáveis de manejo
reprodutivo condizentes com a realidade do rebanho (monta natural, monta
controlada, inseminação artificial e rodízio de touros).
25

5 RESULTADOS

Durante a avaliação visual não foram observados bovinos com


características de cabeça convexa ou subconcava, focinho despigmentados ou
avermelhados, olhos grandes, animais mochos, peito estreito, cauda curta, veias
mamárias grossas, cascos grandes ou animais com pelagem alaranjada fosca,
malhada de preto e branco, preta e azulada.
Foram observadas algumas características em comum para todos os
animais, tais como chanfro reto, focinho amplo, orelhas com presença de pêlos,
peito profundo, dorso e lombo horizontal, médio e sem defeito, garupa retilínea,
cauda grossa, umbigo reduzido, tetas dispostas no centro, testículos simétricos,
membros proporcionais ao corpo, pele preta e pêlos finos.
Uma vez que essas características foram similares em todos os
animais, não foram utilizadas para determinação da dissimilaridade entre os
indivíduos. Sendo que todas as outras características observadas sofreram
variações conforme o animal observado.
Podem-se observar na Tabela 1 que algumas características não
sofreram grandes variações, apresentando em mais de 80% dos animais, como
animais com cabeça subconvexa, focinho preto, buçal branco, olhos médios,
orelha grossa e arredondada, pescoço médio, cauda média, vassoura da cauda
preta, bolsa escrotal fina, casco preto e temperamento ativo e dócil.
A maioria das variações das características observadas, encontram-se
diferentes significativamente com p < 0,001.

TABELA 1 - Características observadas nos bovinos Pantaneiros e suas variações


(continua)
Porcentagem Porcentagem de
Características
de fêmeas machos
Pequena 23,19 0
Média 73,91** 46,67
Grande 2,90 53,33
Leve 73,91** 0
Cabeça
Moderada 26,09 80**
Pesada 0 20
Retilínea 10,14 0
Subconvexa 89,86** 100**
**p<0,01
26

TABELA 1 - Características observadas nos bovinos Pantaneiros e suas variações


(continuação)
Porcentagem Porcentagem de
Características
de fêmeas machos
Preto 89,86** 80**
Focinho
Manchas brancas 10,14 20
Branco 86,96** 93,33**
Buçal
Preto 13,04 6,67
Pequenos 10,14 0
Médios 89,86** 100**
Com óculos completo 31,88 46,67
Olhos
Com óculos incompleto 31,88 0
Sem óculos 36,24 53,33
Pequena 14,49 0
Média 84,06** 100**
Grande 1,45 0
Orelha
Arredondada 97,10** 100
Ligeiramente pontiaguda 1,45 0
Muito afiada 1,45 0
Escura 73,91** 80**
Mucosa
Rosada 26,09 20
Pequeno 35,82 0
Médio 38,81 46,67
Grande 25,37 53,33
Coroa 44,778** 53,33
Chifre
Meia lira 8,96 0
Aberto 46,27** 46,67
Extremidade grossa 26,87 66,67**
Extremidade afiada 73,13** 33,33
Curto 7,25 0
Médio 91,30** 80**
Largo 1,45 20
Pescoço
Leve 82,61** 0
Moderado 15,94 80**
Pesado 1,45 20
Pequena 8,70 0
Média 63,77** 60
Barbela Longa 27,54 40
Poucas pregas 76,81** 80**
Muitas pregas 23,19 20
**p<0,01
27

TABELA 1 - Características observadas nos bovinos Pantaneiros e suas variações


(continuação)
Porcentagem de Porcentagem
Características
fêmeas de machos
Médio 65,22** 20
Peito
Amplo 34,78 80**
Estreita 1,45 0
Anca
Larga 98,55** 100**
Não saliente 42,03 26,67
Ossos sacro Ligeiramente saliente 34,78 53,33**
Muito saliente 23,19 20
Média 88,41** 46,67
Cauda
Longa 11,59 53,33
Vassoura da Preta 81,16** 86,67**
cauda Branca 18,84 13,33
Raso 57,97** 0
Úbere Intermediário 31,88 0
Profundo 10,14 0
Pequenas 66,67** 0
Tetas Médias 31,88 0
Grandes 1,45 0
Boa vascularização 24,64 0
Veias Pouca vascularização 75,36** 0
mamárias Finas 75,36** 0
Intermediárias 24,64 0
Fina 0 93,33**
Grossa 0 6,67
Bolsa Escrotal
Extremidade escura 0 53,33
Extremidade clara 0 46,67
Bainha e Reduzida 0 73,33**
prepúcio Longa 0 26,67
Pequeno 62,32** 6,67
Médio 37,68 93,33**
Casco Preto 95,65** 86,67**
Amarelo 1,45 0
Rajado 2,90 13,33
**p<0,01
28

TABELA 1 - Características observadas nos bovinos Pantaneiros e suas variações


(conclusão)
Porcentagem de Porcentagem
Características
fêmeas de machos
Vermelho claro 63,77** 13,33
Amarelo avermelhada 8,70 26,67
Baia 1,45 6,67
Pelagem
Amarela 15,94 0
Raposa com
extremidade mais escura 10,14 53,33**
Ativo 100** 93,33**
Nervoso 0 6,67
Temperamento
Dócil 81,16** 73,33**
Bravio 18,84 26,67
**p<0,01

Utilizando as variáveis qualitativas, comparando a ausência e a


presença de determinadas características pela variável binária, foi determinado
uma matriz de distância genética entre os machos e as fêmeas. Onde quanto
mais próximo do número um, mais dissimilares são esses animais e quanto mais
próximo de zero, mais similares eles são, como descrito na Tabela 2.
Com a determinação da matriz de distância genética foi calculado o
coeficiente cofenético, sendo a correlação entre as matrizes de distância e a
matriz gráfica, verificando correlações de 0,1035, 0,0889 e 0,1542 para os
métodos UPGMA, vizinho mais próximo e vizinho mais distante, respectivamente.
O método UPGMA foi o escolhido, mesmo não apresentando maior correlação,
por ser o mais usual quando se trabalha com dissimilaridade e diversidade.
Pode-se verificar que ambos os métodos apresentaram baixo valor de
coeficiente cofenético, o que proporcionou um dendrograma (Figura 1) distorcido
da realidade, quando se observada a matriz de dissimilaridade.

TABELA 2 - Matriz de dissimilaridade das variáveis qualitativas de acordo com o


coeficiente de Jaccard
(continua)
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15
F1 0.71 0.74 0.68 0.62 0.58 0.58 0.65 0.68 0.50 0.68 0.65 0.64 0.58 0.65 0.54
F2 0.68 0.65 0.58 0.58 0.50 0.50 0.68 0.68 0.50 0.68 0.58 0.50 0.41 0.62 0.58
F3 0.58 0.62 0.62 0.65 0.58 0.65 0.65 0.62 0.54 0.58 0.71 0.46 0.50 0.54 0.65
F4 0.46 0.46 0.36 0.50 0.50 0.54 0.58 0.54 0.58 0.46 0.65 0.41 0.50 0.41 0.62
F5 0.62 0.58 0.46 0.54 0.46 0.50 0.58 0.58 0.41 0.54 0.58 0.31 0.41 0.50 0.58
F6 0.68 0.65 0.68 0.54 0.46 0.31 0.68 0.77 0.41 0.54 0.71 0.50 0.54 0.54 0.50
F7 0.68 0.62 0.65 0.65 0.58 0.50 0.77 0.80 0.54 0.62 0.74 0.62 0.58 0.58 0.62
F8 0.58 0.58 0.46 0.50 0.50 0.50 0.68 0.65 0.54 0.46 0.58 0.50 0.41 0.50 0.50
29

TABELA 2 - Matriz de dissimilaridade das variáveis qualitativas de acordo com o


coeficiente de Jaccard
(conclusão)
M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7 M8 M9 M10 M11 M12 M13 M14 M15
F9 0.68 0.50 0.54 0.62 0.58 0.46 0.77 0.71 0.62 0.58 0.68 0.58 0.50 0.54 0.58
F10 0.58 0.50 0.46 0.54 0.50 0.54 0.68 0.58 0.41 0.50 0.71 0.46 0.50 0.50 0.50
F11 0.41 0.54 0.41 0.41 0.31 0.36 0.62 0.58 0.41 0.31 0.71 0.50 0.50 0.46 0.62
F12 0.62 0.65 0.68 0.54 0.41 0.41 0.62 0.71 0.41 0.54 0.65 0.46 0.50 0.50 0.50
F13 0.62 0.62 0.50 0.58 0.50 0.46 0.77 0.68 0.54 0.62 0.71 0.50 0.50 0.62 0.54
F14 0.62 0.68 0.65 0.71 0.50 0.46 0.80 0.74 0.58 0.58 0.77 0.50 0.50 0.54 0.68
F15 0.68 0.61 0.53 0.53 0.61 0.49 0.68 0.64 0.57 0.57 0.53 0.61 0.61 0.57 0.44
F16 0.62 0.62 0.46 050 0.46 0.36 0.71 0.68 0.50 0.54 0.65 0.46 0.46 0.54 0.54
F17 0.62 0.54 0.54 0.46 0.41 0.41 0.58 0.62 0.41 0.46 0.65 0.36 0.36 0.36 0.46
F18 0.50 0.58 0.58 0.50 0.46 0.46 0.65 0.68 0.50 0.50 0.65 0.36 0.46 0.41 0.46
F19 0.50 0.50 0.26 0.26 0.36 0.50 0.58 0.58 0.31 0.50 0.46 0.26 0.31 0.46 0.31
F20 0.62 0.41 0.46 0.46 0.46 0.50 0.65 0.62 0.41 0.58 0.62 0.36 0.50 0.46 0.41
F21 0.54 0.65 0.58 0.54 0.58 0.62 0.68 0.65 0.50 0.46 0.74 0.54 0.58 0.54 0.54
F22 0.65 0.58 0.62 0.58 0.54 0.50 0.74 0.68 0.54 0.54 0.74 0.62 0.62 0.54 0.58
F23 0.58 0.62 0.62 0.65 0.46 0.46 0.68 0.65 0.54 0.50 0.65 0.46 0.46 0.46 0.62
F24 0.63 0.67 0.67 0.55 0.45 0.34 0.70 0.74 0.45 0.55 0.70 0.50 0.50 0.55 0.55
F25 0.80 0.74 0.74 0.65 0.80 0.71 0.65 0.62 0.74 0.74 0.62 0.74 0.80 0.74 0.58
F26 0.74 0.65 0.62 0.62 0.65 0.62 0.46 0.54 0.58 0.58 0.41 0.54 0.58 0.58 0.58
F27 0.68 0.74 0.71 0.65 0.65 0.58 0.71 0.71 0.58 0.58 0.71 0.68 0.71 0.65 0.65
F28 0.58 0.71 0.58 0.50 0.41 0.41 0.68 0.65 0.46 0.58 0.71 0.41 0.46 0.50 0.50
F29 0.50 0.65 0.54 0.46 0.36 0.41 0.65 0.65 0.46 0.46 0.62 0.36 0.36 0.50 0.41
F30 0.62 0.50 0.50 0.41 0.41 0.36 0.68 0.65 0.36 0.54 0.65 0.41 0.54 0.41 0.41
F31 0.50 0.50 0.58 0.50 0.50 0.46 0.58 0.65 0.36 0.31 0.68 0.46 0.50 0.31 0.58
F32 0.54 0.62 0.54 0.54 0.50 0.46 0.62 0.71 0.54 0.46 0.71 0.46 0.50 0.58 0.58
F33 0.54 0.58 0.50 0.58 0.31 0.41 0.68 0.62 0.41 0.54 0.65 0.31 0.31 0.46 0.58
F34 0.58 0.58 0.58 0.58 0.58 0.50 0.68 0.65 0.58 0.54 0.71 0.50 0.54 0.41 0.54
F35 0.67 0.59 0.50 0.59 0.50 0.50 0.59 0.45 0.50 0.55 0.55 0.55 0.55 0.55 0.59
F36 0.68 0.74 0.68 0.58 0.62 0.62 0.62 0.62 0.58 0.68 0.54 0.62 0.62 0.68 0.50
F37 0.58 0.65 0.58 0.58 0.41 0.50 0.65 0.65 0.46 0.58 0.65 0.41 0.36 0.50 0.54
F38 0.54 0.68 0.58 0.50 0.41 0.36 0.68 0.68 0.50 0.50 0.65 0.41 0.41 0.54 0.46
F39 0.62 0.65 0.58 0.46 0.41 0.31 0.65 0.74 0.50 0.54 0.68 0.58 0.58 0.65 0.50
F40 0.62 0.68 0.68 0.58 0.46 0.41 0.77 0.74 0.46 0.62 0.80 0.46 0.54 0.54 0.58
F41 0.68 0.65 0.68 0.54 0.54 0.41 0.68 0.77 0.50 0.54 0.71 0.50 0.54 0.54 0.50
F42 0.65 0.65 0.58 0.58 0.54 0.58 0.68 0.68 0.46 0.62 0.62 0.50 0.58 0.58 0.50
F43 0.65 0.65 0.62 0.46 0.41 0.36 0.62 0.68 0.41 0.54 0.54 0.41 0.50 0.46 0.41
F44 0.54 0.62 0.54 0.50 0.62 0.58 0.65 0.62 0.54 0.54 0.68 0.46 0.54 0.54 0.50
F45 0.71 0.74 0.77 0.65 0.58 0.46 0.80 0.83 0.62 0.68 0.77 0.58 0.65 0.62 0.62
F46 0.54 0.68 0.50 0.41 0.41 0.41 0.58 0.58 0.36 0.58 0.58 0.41 0.50 0.54 0.46
F47 0.62 0.68 0.62 0.62 0.50 0.50 0.71 0.71 0.50 0.65 0.62 0.50 0.50 0.62 0.58
F48 0.54 0.65 0.50 0.41 0.41 0.46 0.68 0.65 0.46 0.54 0.58 0.31 0.46 0.50 0.41
F49 0.65 0.65 0.71 0.54 0.41 0.26 0.71 0.77 0.46 0.54 0.71 0.50 0.50 0.50 0.54
F50 0.65 0.71 0.68 0.62 0.41 0.36 0.74 0.77 0.41 0.58 0.77 0.46 0.50 0.58 0.58
F51 0.58 0.62 0.62 0.54 0.50 0.36 0.74 0.71 0.54 0.50 0.74 0.50 0.58 0.46 0.50
F52 0.77 0.71 0.71 0.68 0.65 0.58 0.71 0.80 0.71 0.74 0.62 0.77 0.71 0.77 0.65
F53 0.62 0.71 0.68 0.62 0.46 0.41 0.71 0.68 0.50 0.65 0.74 0.54 0.54 0.65 0.54
F54 0.65 0.71 0.65 0.58 0.54 0.50 0.74 0.71 0.50 0.68 0.77 0.54 0.62 0.65 0.54
F55 0.71 0.74 0.77 0.62 0.58 0.46 0.74 0.80 0.58 0.65 0.77 0.65 0.65 0.65 0.62
F56 0.74 0.68 0.68 0.65 0.58 0.46 0.80 0.83 0.62 0.65 0.71 0.65 0.58 0.65 0.62
F57 0.58 0.62 0.54 0.58 0.54 0.50 0.71 0.71 0.58 0.58 0.71 0.54 0.62 0.62 0.62
F58 0.68 0.65 0.68 0.50 0.50 0.36 0.68 0.74 0.46 0.58 0.68 0.58 0.58 0.58 0.50
F59 0.71 0.65 0.68 0.62 0.62 0.62 0.71 0.74 0.58 0.68 0.65 0.68 0.58 0.62 0.54
F60 0.62 0.71 0.68 0.58 0.46 0.41 0.71 0.77 0.54 0.62 0.80 0.62 0.62 0.68 0.65
F61 0.62 0.71 0.65 0.62 0.41 0.36 0.77 0.74 0.50 0.58 0.74 0.50 0.50 0.58 0.58
F62 0.68 0.71 0.65 0.71 0.62 0.58 0.80 0.74 0.62 0.65 0.65 0.62 0.62 0.65 0.62
F63 0.71 0.68 0.71 0.54 0.62 0.50 0.74 0.77 0.54 0.65 0.65 0.62 0.68 0.62 0.46
F64 0.71 0.68 0.68 0.58 0.62 0.58 0.71 0.71 0.58 0.65 0.65 0.62 0.68 0.62 0.46
F65 0.58 0.62 0.62 0.46 0.41 0.36 0.65 0.77 0.58 0.46 0.68 0.50 0.50 0.54 0.50
F66 0.65 0.62 0.62 0.46 0.46 0.50 0.71 0.74 0.46 0.62 0.68 0.46 0.58 0.54 0.41
F67 0.68 0.58 0.58 0.58 0.54 0.50 0.74 0.74 0.62 0.58 0.65 0.54 0.46 0.58 0.54
F68 0.77 0.68 0.68 0.68 0.71 0.71 0.62 0.68 0.71 0.71 0.46 0.65 0.54 0.65 0.58
F69 0.65 0.68 0.68 0.58 0.50 0.46 0.77 0.74 0.46 0.65 0.80 0.50 0.58 0.58 0.58
30

FIGURA 1 - Dendrograma pelo método UPGMA


31

Observando a matriz de dissimilaridade foi possível elaborar grupos de


fêmeas mais dissimilares de um determinado macho, o qual se recomenda
manter esse grupo para a realização de acasalamento, visando uma maior
heterose e minimizando os riscos de acasalamentos endogâmicos. Sendo, então,
o tipo de acasalamento utilizado o preferencial negativo (AN) como indicado na
Tabela 3.

TABELA 3 - Grupos de fêmeas Pantaneiras dissimilares a um determinado


reprodutor
Reprodutor Fêmeas
M1 F2, F5, F15, F25, F26, F35, F64 e F68
M2 F1, F27, F28, F29, F36, F37, F38 e F46
M5 F25
M7 F2, F8, F9, F13, F14, F15, F16, F19, F20, F22, F23, F29, F30, F33,
F37, F38, F42, F47, F48, F51, F57, F61, F62, F64 e F67
M8 F2, F6, F7, F12, F18, F19, F24, F29, F32, F37, F38, F39, F41, F42,
F43, F45, F47, F49, F50, F52, F55, F56, F57, F58, F59, F63, F64,
F65, F66 e F67
M10 F2
M11 F3, F4, F10, F11, F17, F21, F22, F27, F31, F32, F34, F37, F40,
F44, F50, F51, F53, F54, F57, F60 e F69
M13 F25

Com a matriz de dissimilaridade pode-se observar que os reprodutores


de número três, quatro, seis, nove, 12, 14 e 15 não se encontravam o mais
distante de nenhuma fêmea, não sendo utilizado, a princípio, para o sistema de
acasalamento preferencial negativo.
Os reprodutores de número cinco, dez e 13 encontravam-se
dissimilares de apenas uma fêmea, com isso, eles não poderão ser utilizados
para a formação de lotes. As fêmeas que se encontravam mais dissimilares com
esses machos, também se apresentavam dissimilares com outros machos, o que
permitiu a colocação delas em grupos para o acasalamento em monta natural.
Mas esses reprodutores podem ser acasalados com as fêmeas mais dissimilares
se optarem pela adoção da monta natural controlada.
Verificou-se que algumas fêmeas encontravam-se com a mesma
distância de dissimilaridade de vários machos, podendo ser acasaladas com um,
32

dois, três ou até quatro machos distintos, permitido um rodizio de touros para o
acasalamento (Tabela 4).

TABELA 4 - Fêmeas Pantaneiras que podem ser


acasaladas com mais de um reprodutor
Fêmeas Reprodutor
F2 M1, M7, M8 e M10
F15 M1 e M7
F19 M7 e M8
F22 M7 e M11
F25 M1, M5 e M13
F27 M2 e M11
F29 M2, M7 e M8
F32 M8 e M11
F37 M2, M7, M8 e M11
F38 M2, M7 e M8
F42 M7 e M8
F47 M7 e M8
F50 M8 e M11
F51 M7 e M11
F57 M7, M8 e M11
F64 M1, M7 e M8
F67 M7 e M8

Os resultados da matriz de dissimilaridade permitiu a formação de


grupos para monta natural, monta natural controlada, rodizio de touro ou
inseminação artificial, uma vez que os animais dissimilares foram identificados.
33

6 DISCUSSÃO

Em 1913, Cotrim citado por MAZZA et al. (1994) observou as


características morfológicas dos bovinos Pantaneiros, que apresentaram algumas
características similares aos animais de hoje como um maior número de animais
com cabeça do tipo subconvexa e retilíneas, chifres para frente e para cima,
dorso regular e grande, anca larga, vassoura da causa preta e epiderme escura.
Verificou-se que outras características mudaram ao longo dos anos, o que pode
ser explicado pelos cruzamentos e acasalamentos que ocorreram desde o início
do século passado até os dias atuais. Dentre essas modificações pode-se
observar o tamanho do animal, cabeça, orelha, focinho, olhos, pescoço, barbela e
cauda, coloração, como indicado no Quadro 1.

QUADRO 1 - Comparação das características morfológicas dos bovinos da raça


Pantaneira, observadas ao logo dos anos na fazenda Nhumirim,
Corumbá-MS
Característica 1913 2012
Tamanho Pequeno Médio
Cabeça Curta e fina Média e leve
Orelha Pequena e pouco pêlo Média e com pêlos
Focinho Com coroa branca Maioria com coroa branca e
alguns com preta
Olhos Com óculos branco Com óculos preto completo,
incompleto e sem óculos
Pescoço Regular e grande Leve e médio
Barbela Ausente Presente e com pregas
Cauda Fina Grossa
Coloração da Amarelo-escuro no lombo Vermelho claro, amarelo
pelagem e costelas, preto nas avermelhado, baio, amarelo e
pernas e geralmente raposa com extremidade mais
branco na porção ventral escura

A caracterização morfológica também foi efetuada por MAZZA et al.


(1992), observando características próximas aos animais do ano de 1913 e outras
características mais similares aos de 2012, como animais com cabeça leve e
pequena com coloração amarelada e vermelha nas fêmeas e pesadas e
pequenas, frequentemente pretas com tufos de pêlo na marrafa nos machos. O
perfil em sua grande maioria também se apresentava do tipo subconvexo com
alguns casos retilíneos, focinho de coloração negra com buçal branco, olhos
34

escuros e com anel claro em seu entorno. As orelhas apresentavam-se pequenas,


arredondadas, com a presença de pêlos claros na parte interna, chifres marrom
esverdeados na base, claro no meio e negro na ponta, em sua maioria
arredondado, saindo lateralmente para cima e para frente. Corpo pequeno a
médio, com dorso e lombo geralmente retos. A pelagem apresentava em sua
predominância amarelo-avermelhada com extremidade mais escura, cauda fina e
com alta inserção e apresentando temperamento dócil e calmo, tornando-se
bravio quando mantido isolados.
Pode-se observar mudanças nos bovinos Pantaneiros ao longo dos
anos, refletindo nos cruzamentos que ocorreram ou nas características
adaptativas desses animais. Dentre as adaptativas, observou-se a mudança da
coloração dos óculos ao redor dos olhos, passando de branco para preto, a
predominância de mucosa e pele preta, o que permite a esses animais maior
proteção a radiação solar. Foram observados focinho amplo e de coloração preta,
peito médio ou amplo, pelos finos favorecendo uma maior capacidade de toca
térmica por meio dos mecanismos de transferências de energia térmica.
Observa-se que no ano de 1913 os animais não apresentavam barbela
ao contrário dos bovinos Pantaneiros estudados, o que possivelmente pode ser
explicado pelas características adaptativas desenvolvidas por esses animais, uma
vez que na barbela normalmente encontra um grande número de glândulas
sudoríparas, favorecendo uma maior regulação da temperatura corporal. Outra
hipótese do desenvolvimento da barbela seria pelo cruzamento absorvente que
ocorreram ao longo dos anos entre os bovinos Pantaneiros e animais do tipo Bos
tauros indicus, que segundo JORGE et al. (2006) é uma característica de Bos
taurus indicus.
Com a utilização das características morfológicas, foi gerada uma
matriz de dissimilaridade entre os indivíduos, o que proporcionou a formação de
grupos de acasalamento entre de fêmeas e machos reprodutores dissimilares. De
acordo com SOUZA (2009), quanto mais dissimilares forem os genitores, maior
será a variabilidade resultante na população futura.
O método utilizado para a determinação da matriz de dissimilaridade foi
o coeficiente de Jaccard, também utilizado por GAIA et al. (2004) para analisar as
variáveis qualitativas de determinadas características identificadas como ausente
35

ou presente, basicamente definidos pela razão entre as concordâncias positivas e


negativas, verificando uma faixa ampla de similaridade e obtendo uma matriz
estável. O coeficiente de Jaccard também foi utilizado por TELLES et al. (2001)
para avaliar a diversidade genética entre raças bovinas (dois grupos de Nelore e
um de Holandês), para a elaboração da matriz de similaridade, foram utilizados os
números um para indicar presença e zero como ausência, observando a maior
proximidade entre os Nelores e maior distância com o Holandês.
SPRITZE et al. (2003) utilizaram o coeficiente de Jaccard na
caracterização genética da raça bovina Crioulo Lageano, gerando uma matriz de
similaridade genética, onde foi possível verificar que a diversidade genética da
raça é maior do que a observada em amostras da raça Holandesa e Nelore, e que
uma maior similaridade genética nos animais mais jovens pode influenciar
negativamente a variabilidade genética e a conservação da raça.
Na verificação do coeficiente cofenético para a escolha do método de
agrupamento a ser utilizado para a elaboração do dendrograma foi observado
correlações de 0,1035, 0,0889 e 0,1542, para os métodos UPGMA, vizinho mais
próximo e vizinho mais distante, respectivamente. Segundo VIEIRA et al (2005)
esses valores são considerados de baixo ajuste entre as medidas originais de
distância e as distâncias gráficas, ou seja, entre os valores originais de
dissimilaridade e aqueles representados no dendrograma, pois se encontram
abaixo de 0,80, o que pode indicar a inexistência de um padrão de distribuição
uniforme, assim segundo VICINI (2005), podendo gerar um dendrograma com
uma imagem distorcida da realidade, explicando assim a diferença entre a matriz
de dissimilaridade proposta por Jaccard e o dendrograma pelo método UPGMA.
Segundo SANTOS et al. (2010) pode-se observar baixos valores do
coeficiente cofenético quando se observa a presença de empates na matriz de
dissimilaridade. O que justifica o baixo valor do coeficiente cofenético verificado
no experimento, pois ao se observar a matriz de dissimilaridade dos bovinos
Pantaneiros, pode-se visualizar valores de dissimilaridade iguais entre um grande
número de animais.
Apesar do método do vizinho mais distante ter apresentando um valor
superior ao método UPGMA, ambos os valores são considerados baixos, sendo
36

assim optou-se pelo método UPGMA por ser o mais usual quando se trabalha
com dissimilaridade.
Foi verificado no dendrograma uma separação dos animais de
números sete, oito e 11 do restante do rebanho, o que foi explicado por esses
animais não apresentarem óculos, possuírem chifres grandes e do tipo coroa,
pescoço largo, cascos rajados e pelagem amarelo avermelhada, características
essas não apresentadas pela maioria do rebanho Pantaneiro estudado.
O método UPGMA foi utilizado por SPRITZE et al. (2003) gerando um
dendrograma no qual pode-se observar a menor distância genética entre os
grupos de Crioulo Lageano, seguido do grupo de animais Holandeses e
caracterizados como mais dissimilares dos animais Nelores.
MENEZES (2005) também utilizou o método UPGMA para verificar a
variabilidade genética das raças caprinas nativas brasileiras utilizando
marcadores moleculares, verificando a diversidade genética inter-populações das
raças estudadas, sendo facilmente visualizadas pelo dendrograma gerado,
identificando dois grupos distintos de caprinos.
A análise de agrupamento UPGMA foi utilizada por TELLES et al.
(2001), mostrando o relacionamento entre três raças de bovinos, de acordo com o
coeficiente de similaridade de Jaccard.
O método UPGMA foi utilizado para visualizar graficamente a
diversidade genética nas raças bovinas no Brasil, por ser considerado um dos
métodos de agrupamentos mais utilizados para construção de árvores fenéticas
ou fenogramas (baseadas na similaridade). Observou-se a divisão de grupos de
animais taurinos e zebuínos, com as raças locais dentro do grupo de taurinos,
separados das raças especializadas. O grupo de maior proximidade foi composto
por animais naturalizados, Crioulo Lageano, Curraleiro Pé-Duro, Pantaneiro e
Mocho Nacional, mostrando também uma grande proximidade entre os bovinos
Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro (EGITO, 2007).
Com a observação da matriz de dissimilaridade genética, foi possível
determinar os acasalamentos preferenciais negativos entre os indivíduos mais
distantes geneticamente, o que proporcionará progênie com maior valor de
heterose, concordando com CRUZ & CARNEIRO (2006), que afirma que a
37

dissimilaridade genética tem como objetivo identificar animais dissimilares e os


acasalarem, obtendo animais com maior efeito heterótico.
É indiscutível que na ausência de dados para compor o pedigree que
as medidas de dissimilaridade representam uma opção para a realização de
programas de acasalamento. Segundo STURM et al. (2010) a quantificação da
dissimilaridade genética, antes da realização dos programas de acasalamento,
possibilita combinações mais promissoras ao ganho de seleção, sendo bastante
importante a verificação da variabilidade genética
Na adoção de grupos de acasalamentos para a realização da monta
natural serão utilizados a princípio cinco reprodutores (de números um, dois, sete,
oito e 11), onde cada macho será colocado em grupo de fêmeas, como mostrado
na Tabela 3. Os reprodutores de número cinco, dez e 13 não serão utilizados a
princípio no programa de acasalamento, pois encontram-se dissimilares de
apenas uma fêmea, a qual pode ser colocada em outro lote, uma vez que
apresenta dissimilar a outro macho (Tabela 4).
O número de fêmeas por grupo depende da dissimilaridade entre elas
e o macho selecionado, mas nenhum grupo ultrapassou 30 fêmeas por macho,
concordando com LAZZARINI NETO (2000), que em condições normais
recomenda-se a proporção de 25 a 30 fêmeas por touro.
Pode-se utilizar também a adoção da monta natural controlada, onde
os machos permanecem separados das fêmeas durante todo o ano, com contato
apenas no momento do acasalamento. Quando for detectado o estro da fêmea,
essa por sua vez deve ser identificada e levada para um piquete destinado a
reprodução, colocando nesse mesmo piquete o macho que apresenta a maior
dissimilaridade.
Outro método que pode ser adotado é o da monta natural com adoção
de estação de monta, onde o macho permanecerá com a fêmea por
aproximadamente quatro meses, iniciando em novembro, meses estabelecidos de
acordo com a época mais favorável da região, por proporcionar melhores
condições de alimentação, manejo sanitário e manejo geral da propriedade.
Segundo TORRES JÚNIOR et al. (2009) a estação de monta permite a
otimização da utilização da forragem e ainda contribui para um melhor controle
zootécnico e sanitário, além da padronização dos bezerros. Recomenda-se um
38

período de estação de monta de 90 dias para vacas e 60 dias para novilhas,


sendo esse tempo suficiente para apresentar de dois a quatro cios férteis e
emprenharem (VALLE et al., 2000).
Uma alternativa interessante seria a adoção da IA, entretanto, como a
raça Pantaneira ainda não foi reconhecida pelo MAPA, a comercialização de
sémen não é permitida. Assim, para o intercambio de material genético, seria
necessário à busca de sêmen, de forma não comercial ou de alguns reprodutores
Pantaneiros oriundos de outros rebanhos, como o situado na fazenda Jofre ou na
Promissão, ambas localizadas em Poconé – MT. A utilização desse reprodutor
poderia ocasionar um aumento da variabilidade genética do rebanho da Fazenda
Nhumirim, uma vez que não existe contato entre esses dois rebanhos há muitos
anos. Com a alternativa da utilização de animais oriundos de outro rebanho pode
proporcionar um incremento na variabilidade genética.
Seria interessante buscar animais com características dissimilares das
encontradas no rebanho da Nhumirim, como animais com cabeça grande e
pesada, olhos pequenos, orelha pequena ou grande e pontiaguda, chifre meia lira,
pescoço longo e pelagem com coloração raposa, preto, malhado ou amarelo.
Animais com coloração baia e com cascos amarelo, não seriam interessante por
serem características de animais de menor adaptação.
Com a caracterização dos bovinos Pantaneiros e obtenção da
dissimilaridade entre os animais construiu-se um programa de acasalamento, com
monta natural, rodízio de touros, monta natural controlada ou inseminação
artificial, com a finalidade de ampliação do número de animais, maior controle de
endogamia e aumento da variabilidade genética.
A implantação desse programa de acasalamento permitirá o
estabelecimento, a médio e longo prazo, de um plano de conservação do
patrimônio genético do bovino Pantaneiro, associado a um processo de seleção e
melhoramento de características desejáveis.
A incorporação da variabilidade genética do bovino Pantaneiro ao
rebanho comercial brasileiro pode proporcionar ganhos importantes, traduzidos
principalmente, pela inclusão das características de adaptabilidade ao ambiente
do Pantanal e de resistência a doenças.
39

7 CONCLUSÕES

A avaliação da caracterização morfológica permitiu identificar as


principais variações que ocorreram nos bovinos da raça Pantaneira, bem como
calcular a matriz de dissimilaridade entre os animais avaliados permitindo a
formação de grupos de acasalamentos dissimilares.
Houve formação de cinco grupos principais para a adoção da monta
natural entre fêmeas similares com um macho dissimilar. A metodologia permitiu
trabalhar também com o sistema de acasalamento com estação de monta, monta
natural controlada, rodizio de touro ou inseminação artificial, uma vez que os
animais dissimilares foram identificados.
40

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