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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS


ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ – CAMPUS DE MACAÍBA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE AJUSTES DOS NÍVEIS


NUTRICIONAIS PARA POEDEIRAS EM INICIO DE PRODUÇÃO

ERIK BARROSO DE ANDRADE

MACAÍBA, RN
2023
ERIK BARROSO DE ANDRADE

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE AJUSTES DOS NÍVEIS


NUTRICIONAIS PARA POEDEIRAS EM INICIO DE PRODUÇÃO

Trabalho apresentado à coordenação do curso


de Zootecnia da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito final para a
obtenção do grau de zootecnista.

ORIENTADORA: PROFª. DRª. JANETE


GOUVEIA DE SOUZA.

MACAÍBA, RN
2023
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola
de Jundiaí - EAJ – Macaiba

Andrade, Erik Barroso de.


Análise de viabilidade econômica de ajustes dos níveis nutricionais para
poedeiras em início de produção / Erik Barroso de Andrade. - Macaíba, 2023.
32f.: il.

Monografia (Graduação) Universidade Federal do Rio Grande do Norte,


Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias, Curso de Graduação em
Zootecnia.
Orientador: Dra. Janete Gouveia de Souza.
Coorientador: Dra. Claudia da Costa Lopes.

1. Qualidade de ovos - Monografia. 2. Eficiência econômica - Monografia.


3. Pico - Monografia. I. Souza, Janete Gouveia de. II. Lopes, Claudia da
Costa. III. Título.

RN/UF/BSPRH CDU 637.4

Elaborado por Valéria Maria Lima da Silva - CRB-15/451


ERIK BARROSO DE ANDRADE

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE AJUSTES DOS NÍVEIS


NUTRICIONAIS PARA POEDEIRAS EM INÍCIO DE PRODUÇÃO

Trabalho apresentado à coordenação do


curso de Zootecnia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito final para a obtenção do grau
de zootecnista.

PROFª. DRª. JANETE GOUVEIA DE DRª. ANA RAFAELA SILVA DE


SOUZA MACEDO
Universidade Federal do Rio Grande do Universidade Federal de Uberlândia
Norte Examinadora externa
Orientadora

DR. HITALO JOSÉ SANTOS


BARBOSA
Mantiqueira Brasil - Primavera do leste/
MT
Examinador Externo
AGRADECIMENTOS

Somos frutos de decisões do passado, e por isso, é importante entender que cada ato
praticado no presente nos leva a novas possibilidades de futuro. Se orgulhar de tudo o que fez
é uma dádiva. Dádiva em ter a consciência de que tudo foi como deveria ser.

Agradeço a Deus por todos os que passaram em minha vida, pois foram essenciais por
moldar meus caminhos até o presente, e por ter me dado forças para seguir em frente e
suportar todos os desafios, sem Ele nada disso seria possível.

Agradeço a minha família pelo apoio que me foi dado, em especial minha mãe,
Solange Silva. Sem a senhora nada disso seria possível.

Gostaria de agradecer a minha orientadora, Janete Gouveia, por todo incentivo e por
ter me ajudado a trilhar pelos caminhos da Avicultura.

Aos meus amigos da graduação por todas as trocas durante esses 5 anos.

A Mantiqueira Brasil, em especial ao meu amigo Hitalo Barbosa, por ter me


concedido os dados para o TCC e por todo o apoio prestado na realização deste trabalho.

Aos amigos e colegas que a Mantiqueira me deu: Anderson Cardozo, Camila Bertoldi,
Eslane Moura, Igor Vasconcelos, Lorrayne Nogueira, Valéria Biselo, Bárbara Peixoto,
Sadryne Araújo e Rafael Ueyama. Muito obrigado por fazer deste trabalho uma realidade, a
ajuda de vocês foi de suma importância, obrigado!
"O que torna belo um deserto, é que em algum lugar ele esconde um poço”.

Antoine de Saint-Exupéry
Sumário

Capítulo I .................................................................................................................................. 6
REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 8
2. DESENVOLVIMENTO MORFOFISIOLÓGICO DE POEDEIRAS .................... 8
3. METABOLISMO ENERGÉTICO ............................................................................. 9
3.1. PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE CARBOIDRATOS ................. 10
3.2. PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE LÍPIDEOS ............................... 11
3.3. PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE PROTEÍNAS ........................... 12
4. NÍVEIS DE ENERGIA METABOLIZÁVEL E INCLUSÃO DE GORDURAS
EM DIETAS DE GALINHAS POEDEIRAS .................................................................. 12
5. NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA E SUPLEMENTAÇÃO COM
AMINOÁCIDOS SINTÉTICOS PARA GALINHAS POEDEIRAS ............................ 14
5.1. LISINA ................................................................................................................. 15
5.2. METIONINA ....................................................................................................... 15
5.3. TREONINA .......................................................................................................... 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 16
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 17
Capítulo II............................................................................................................................... 20
Resumo ................................................................................................................................ 21
Abstract ............................................................................................................................... 22
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 23
2. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 24
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 26
4. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 31
Lista de Tabelas

Tabela 1. Rações Experimentais ...................................................................................... 25


Tabela 2. Valores médios de produção de ovos (Prod. %) Consumo de ração, Peso do
ovo, Conversão alimentar por Kg de ovos (CA por KG), Conversão alimentar por caixas
de ovos (CA CX de ovos) e Viabilidade. ......................................................................... 27
Tabela 3. Valores médios das pesagens das aves nos três períodos experimentais. ........ 29
Tabela 4. Valores médios de peso dos ovos (PO), percentagem de gema (%G),
percentagem do albúmem (%AL), percentagem da casca (%CA), Cor (COR), unidade
Hought (UH), peso específico (PE), resistência da casca (RE) e espessura da casca (EC).
.......................................................................................................................................... 30
Tabela 5. Viabilidade econômica do uso das rações. ...................................................... 30
Lista de Gráficos

Tabela 2. Valores médios de produção de ovos (Prod. %) Consumo de ração, Peso do


ovo, Conversão alimentar por Kg de ovos (CA por KG), Conversão alimentar por caixas
de ovos (CA CX de ovos) e Viabilidade. ......................................................................... 27
Tabela 3. Valores médios das pesagens das aves nos três períodos experimentais. ........ 29
Tabela 4. Valores médios de peso dos ovos (PO), percentagem de gema (%G),
percentagem do albúmem (%AL), percentagem da casca (%CA), Cor (COR), unidade
Hought (UH), peso específico (PE), resistência da casca (RE) e espessura da casca (EC).
.......................................................................................................................................... 30
Tabela 5. Viabilidade econômica do uso das rações. ...................................................... 30
Capítulo I
REVISÃO DE LITERATURA

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a cadeia produtiva avícola profissionalizou, com investimentos


em equipamentos, genética, nutrição e técnicas de manejo. A mecanização da produção
proporcionou a produção em escala, possibilitando a redução dos custos fixos dos sistemas
produtivos, e aumentando a competitividade das granjas (FARIA et al., 2019).
Hoje, o Brasil ocupa a 6º colocação entre os países que mais produzem ovos no
mundo (Banco do Nordeste, 2022). No ano de 2022 foram produzidos 52.068.585.438 de
unidades de ovos, valor 5,28% menor do que a produção de ovos de 2021, ano de produção
recorde com 54.973.807.551 unidades de ovos produzidos (ABPA, 2023). Essa redução foi
reflexo de uma desestabilização no mercado, provocada pela pandemia de COVID-19, com
altos alojamentos em 2020 e redução dos mesmos em 2021 e 2022 (ABPA, 2021; ABPA,
2022).
O consumo de ovos no Brasil também caiu no último ano, em 2021 o consumo foi de
257 ovos por habitante, já em 2022 o consumo per capta foi de 241 ovos, uma redução de
6,31%. Nas exportações de ovos o reflexo de queda também foi sentido, com redução de
16,49% das exportações, quando comparado ao ano 2021 (ABPA. 2023). Em contrapartida,
em cinco meses as exportações de 2023 já superaram as exportações de ovos do ano de 2022,
indicando uma forte retomada da produção de ovos no Brasil (ABPA, 2023).
Nutricionalmente falando, o ovo é rico em proteínas de alta digestibilidade, lipídeos,
vitaminas e minerais, sendo composto por 52,3% de água, 31,8% de lipídeos e 15,7% de
proteínas (FARIA et al., 2019), sendo considerado um alimento de altíssimo valor biológico,
sendo considerado o segundo alimento mais completo, atrás apenas do leite materno
(MAZZUCO, 2008).
A otimização dos sistemas produtivos passa por buscas por alternativas nutricionais,
visando atender as exigências nutricionais das aves, como também maximizar os ganhos
econômicos através de redução de custos. Vários nutricionistas têm optado pela utilização de
alimentos alternativos, como milheto e sorgo na substituição parcial ou total do milho
(Gazeta Digital, 2023).
As exigências nutricionais dos animais são influenciadas por uma série de fatores
endógenos e exógenos (FARIA et al., 2019; SAKOMURA et al., 2014). O não atendimento
destas exigências pode ocasionar desvios no uso da utilização dos nutrientes, diminuindo seu
uso para a produção de ovos (REECE et al., 2017). Entender esses estímulos e os seus efeitos
no organismo do animal é de suma importância para a potencialização dos índices
zootécnicos, como também a eficiência econômica dos sistemas produtivos.

2. DESENVOLVIMENTO MORFOFISIOLÓGICO DE POEDEIRAS

Com o passar do tempo as poedeiras foram selecionadas geneticamente para


possuírem melhores desempenhos zootécnicos, que influenciaram no seu consumo alimentar,
ganho de peso, crescimento e produtividade (FARIA et al., 2019). Essas modificações
8
tornaram os animais mais exigentes aos manejos nutricionais, requerendo uma maior atenção,
por parte do produtor, para atingir os indicadores propostos pela linhagem. O início do
desenvolvimento da capacidade produtiva de uma poedeira inicia-se ainda durante as
primeiras fases de vida da pintainha, influenciados por uma série de fatores de manejo, como:
nutrição, luminosidade, debicagem e peso da ave. (ALBINO et al., 2014).
O desenvolvimento morfofisiológico das poedeiras é considerado multifásico e
descontínuo. Nas primeiras seis semanas de vida da pintainha, há um maior desenvolvimento
dos sistemas digestório e imunológico. As primeiras cinco semanas é considerada uma fase
crítica para a formação de uma boa poedeira, visto que o desenvolvimento neste período
possui alta correlação com o desempenho produtivo da ave adulta. O mal desenvolvimento
desses sistemas pode acarretar numa menor digestão e absorção de nutrientes, como também
imunossupressão, levando o lote a possuir índices zootécnicos aquém do esperado
(VALBUENA, 2018; FARIA et al., 2019).
O período de maior crescimento da poedeira, onde haverá o desenvolvimento do
tecido esquelético (músculos, penas e ossos), ocorre da sexta a décima segunda semana de
vida da ave, resultando em cerca de 95% do desenvolvimento esquelético ao final da 13º
semana. É nesse momento em que ocorre a calcificação dos ossos longos, impedindo o seu
crescimento posterior a esse período. As reservas minerais de cálcio disponíveis para a
formação da casca do ovo estão diretamente relacionadas ao tamanho do esqueleto da ave
(VALBUENA, 2018; SANTOS & ZANCANELA, 2020).
A partir da 12º semana, o crescimento esquelético diminui, e o aparelho reprodutor se
desenvolve e se prepara para a produção de ovos. O desenvolvimento muscular continua, e é
nesse período que a ave começa a armazenar energia nos adipócitos, na forma de ácidos
graxos (VALBUENA, 2018; FARIA et al., 2019). Nesse período, os hormônios
gonadotróficos (LH e FSH) começam a ser produzidos, e é possível observar algumas
mudanças morfológicas na ave, tais como aumento das cristas e barbelas (ALBINO et al.,
2014). O peso da ave tem relação direta com o início da oviposição, como também com o
peso do ovo (FARIA et al., 2019).

3. METABOLISMO ENERGÉTICO

A palavra energia está diretamente relacionada à trabalho, sendo essa uma palavra
originada pela combinação de duas palavras gregas: en (dentro) + ergon (trabalho), que
traduzindo de forma literal significa “conter trabalho". Só em 1807 a palavra energia surgiu
com uma concepção moderna, sugerida pelo médico e físico inglês Thomas Young, onde um
sistema contém energia se o mesmo tem a habilidade de produzir trabalho, o qual, por sua
vez, transfere energia de um sistema para o outro (BUCUSSI, 2006).
A produção de energia é regulada por processos exergônicos e endergônicos não
isolados. Os processos exergônicos podem ser caracterizados por um conjunto de reações
donominadas catabolismo, podendo ser defido como a quebra de macromoléculas em
compostos menores. Já os processos endergônicos, também conhecido como anabolismo,
pode ser definido como a formação de moléculas complexas (enzimas, imunoglobulinas e
etc) apartir de moléculas mais simples (aminoácidos, minerais e etc). O conjunto das reações
catabólicas e anabólicas formam o metabolismo (COZZOLINO et al., 2013c).
A energia utilizada nas reações metabólicas dos animais é produzida pela oxidação
dos constituintes orgânicos dos alimentos, portanto, do ponto de vista nutricional, a energia
não é considerada um nutriente (SAKOMURA et al., 2014b). Segundo LEESON &
SUMMERS (2001); e SAKOMURA et al. (2014c), a maior parte da energia utilizada pelos

9
animais é proveniente dos constituintes da digestão de carboidratos (monossacarídeos),
seguido por lipídeos (monoglisseróis e ácidos graxos de cadeia longa) e proteínas (peptídeos
e aminoácidos).
O metabolismo energético caracteriza-se como o processo geral pelo qual as células
vivas adquirem e usam energia para a sua manutenção, crescimento e reprodução. A
liberação da energia proveniente dos alimentos ocorre pelo sincronismo entre a oxidação dos
nutrientes e a síntese de compostos altamente energéticos, como a Adenosina trifosfato
(ATP), sendo essa, a principal enzima carreadora de energia. O receptor final de elétron no
metabolismo aeróbico é o oxigênio molecular. Outras biomoléculas importantes são a
nicotinamida-adenina-dinucleotídeo (NAD+) e a flavina-adenina-dinucleotídeo (FAD), sendo
que a principal função da oxidação das formas reduzidas dessas coenzimas (NADH e FADH ) 2

é gerar um gradiente de próton na membrana externa mitocondrial, cuja a energia produzida


durante esse processo é utilizada para sintetizar e translocar ATP para o citoplasma ( DA
POIAN, EL-BACHA & LUZ, 2010; SAKOMURA et al., 2014c; REECE et al., 2017).
O organismo utiliza vias metabólicas diferentes para cada família de macromoléculas,
que de maneira geral, convergem para uma única via cujo principal objetivo é converter
energia química em moléculas de ATP ou obter precursores para determinados metabólitos
(SAKOMURA et al., 2014c).

3.1. PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE CARBOIDRATOS

O amido é o principal carboidrato consumido pelas aves, visto que as rações são
produzidas tendo o milho como principal componente energético da dieta. Diferentemente
dos mamíferos, onde a digestão inicia-se na boca por meio da amilase salivar, nas aves a
digestão dos carboidratos ocorre ptincipalmente no duodeno, por meio da amilase pancreática
(SAKOMURA et al., 2014a). Um mecanismo complexo controlados por quimiorreceptores
intestinais detectam a presença dos alimentos no intestino acionam a produção de enzimas
pancreáticas, responsáveis por catabolizar os alimentos ingeridos (MOYES et al., 2010b). O
amido catabolizado libera glicose, principal molécula energética, indispensável para o
funcionamento do sistema nervoso (REECE et al., 2017).
A glicólise é a via mais importante para a produção de energia proveniente da glicose.
Esse processo ocorre em duas fases constituídas de dez reações químicas sucessivas
produzindo duas moléculas de piruvato ao final, as quais serão oxidadas para fornecer energia
(COZZOLINO et al., 2013a). Sete das dez reações glicolíticas são facilmente reversíveis,
sendo catalisadas por enzimas compartilhadas entre a via glicolítica e a via gliconeogênica.
As três reações glicolíticas irreversíveis - hexocinase, fosfofrutocinase (PFK) e piruvato-
cinase (PK) - são locais importantes para a regulação da via, sendo controlados pelo efeito da
ação das massas, regulação alostérica e das modificações covalentes (MOYES et al., 2010b).
Quando a glicose é transportada para o interior da célula, rapidamente ocorre uma
fosforilação provocada pela enzima hexocinase. Essa reação consome uma molécula de ATP,
gerando ao final do processo a glicose-6-fosfato. O processo de fosforilação da glicose
prende a molécola dentro da célula, visto que a glicose-6-fosfato não é facilmente
transportada através da mebrana celular (MOYES et al., 2010b). Em seguida, segue-se uma
série de reações bioquímicas gerando, ao final do processo, duas moléculas de piruvato
(REECE et al., 2017c). As moléculas de piruvato geradas na glicólise são transportadas para
a matriz mitocondrial, onde serão convertidas em Acetil-CoA, para posteriormente entrar no
ciclo de Krebs (SAKOMURA et al., 2014b).

10
A energia utilizada nas reações metabólicas dos animais é produzida pela oxidação
dos constituintes orgânicos dos alimentos, portanto, do ponto de vista nutricional, a energia
não é considerada um nutriente (SAKOMURA et al., 2014b). Segundo LEESON &
SUMMERS (2001); e SAKOMURA et al. (2014c), a maior parte da energia utilizada pelos
animais é proveniente dos constituintes da digestão de carboidratos (monossacarídeos),
seguido por lipídeos (monoglicerois e ácidos graxos de cadeia longa) e proteínas (peptídeos e
aminoácidos).
O metabolismo energético caracteriza-se como o processo geral pelo qual as células
vivas adquirem e usam energia para a sua manutenção, crescimento e reprodução. A
liberação da energia proveniente dos alimentos ocorre pelo sincronismo entre a oxidação dos
nutrientes e a síntese de compostos altamente energéticos, como a Adenosina trifosfato
(ATP), sendo essa, a principal enzima carreadora de energia. O receptor final de elétron no
metabolismo aeróbico é o oxigênio molecular. Outras biomoléculas importantes são a
nicotinamida-adenina-dinucleotídeo (NAD+) e a flavina-adenina-dinucleotídeo (FAD), sendo
que a principal função da oxidação das formas reduzidas dessas coenzimas (NADH e FADH ) 2

é gerar um gradiente de próton na membrana externa mitocondrial, cuja a energia produzida


durante esse processo é utilizada para sintetizar e translocar ATP para o citoplasma ( DA
POIAN, EL-BACHA & LUZ, 2010; SAKOMURA et al., 2014c; REECE et al., 2017).
O organismo utiliza vias metabólicas diferentes para cada família de macromoléculas,
que de maneira geral, convergem para uma única via cujo principal objetivo é converter
energia química em moléculas de ATP ou obter precursores para determinados metabólitos
(SAKOMURA et al., 2014c).

3.2.PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE LÍPIDEOS

Os óleos são muito usados na nutrição de poedeiras, sobretudo em ambientes de clima


quente. O excesso de ácidos graxos ingeridos é esterificado e armazenado no tecido adiposo,
sendo utilizado como reserva energética. (COZZOLINO et al., 2013b). Como fonte de
energia os lípideos produzem 2,25 vezes mais energia do que os carboidratos. Uma grama de
gordura vegetal produz cerca de 9 Kcal de energia, enquanto uma grama de carboidrato
produz apenas 4 Kcal (BERTECHINI, 2012).
A lipolíse é o processo pelo qual ocorre a catabolização dos triglicerídeos, resultando
na sua distribuição para diversos tecidos do organismo. A degradação dos ácidos graxos é
estimulada por hormônios como o glucagon, epinefrina e cortisol. Esses, promovem a
mobilização dos triglicerídeos do tecido adiposo ativando uma lipase intracelular, liberando
os ácidos graxos no sangue onde serão ligados a albuminas e carreados para as células do
organismo animal (SAKOMURA et al., 2014b; REECE et al., 2017).
As lipases que agem sobre os triglicerídeos atuam em série na regulação da lipolíse.
Pelo menos três lipases atuam no processo da lipolíse, sendo elas: Lipase hormônio sensível
(LHS), lipase de triacilglicerol do adipócito (ATGL) e monoacilglicerol lipase (MGL)
(ZECHNER et al., 2012;) Outras estruturas também representam um importante papel para a
lipolíse, destacando-se duas importantes proteínas, sendo elas: as quinases, que
desempenham um importante papel em regular a localização da enzima LHS e pela
fosforilação dos triglicerídeos (COZZOLINO et al., 2013b). Também se destaca a perilipina
A que atua na restruturação da goticula do lipídeo, permitindo o acesso da LHS (ZECHNER
et al., 2009).
A via de oxidação dos ácidos graxos acontece primariamente na mitocôndria, e resulta
na produção do Acetil-CoA.. Ácidos graxos de cadeia curta e média possuem maiores

11
facilidades para adentrar no interior da mitocôndria, onde são ativados por uma acil graxo-
CoA-sintase mitocondrial. Ác. graxos de cadeia longa, incapazes de adentrar o interior da
célula, devem passar por um processo de várias etapas de ativação e transporte (MOYES et
al, 2010b; COZZOLINO et al., 2013b).
A parte glicerol dos ácidos graxos podem ser convertidas a glicose ou frutose, fazendo
parte da via glicolítica. No processo de oxidação dos ácidos graxos, duas moléculas de
carbono podem ser clivadas, por meio da ꞵ-oxidação, para reagir com a coenzima A,
formando ao final do processo o acetil-CoA. Em seguida, o mesmo entra no ciclo de Krebs
para a produção de energia (REECE et al., 2017).

3.3.PRODUÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE PROTEÍNAS

Os aminoácidos (AA) tem grande importância para a produção de energia sendo


precursores de várias enzimas intermediárias do ciclo de Krebs, além de poderem também,
ser utilizados como fonte energética (SAKOMURA et al., 2014b; REECE et al., 2017). Para
isso, é preciso que haja a retirada do nitrogênio presente na sua estrutura molecular, por dois
processos conhecidos como transaminação e deaminação (SAKOMURA et al., 2014b).
A transaminação é uma reação pela qual as enzimas aminotransferases convertem os
AA em seus respectivos ⲁ-cetoácidos, permitindo assim a sua interconversão. A deaminação
retira o grupamento amino em forma de amônia. No fígado, a reação oxidativa do glutamato
resulta em um intermediário do ciclo de Krebs (ⲁ-cetoglutarato) e amônia, posteriormente
convertida em ácido úrico e excretada via urina (SAKOMURA et al., 2014b).
As vias do catabolismo dos aminoácidos são menos ativas do que em relação a
glicolíse e à oxidação de ácidos graxos, sendo responsável por menos de 10% da energia
corporal produzida (RANDALL et al., 2000). Aparentemente a Alanina tem grande
importância na produção de energia, ao ser convertida à glicose no fígado. Segundo REECE
et al. (2017), Cerca de 30% dos aminoácidos que deixam o músculo consiste em alanina, que
após algumas reações de transaminação é absorvida pelo fígado, onde será convertida em
glicose. A glicose produzida pelo catabolismo proteico é uma importante fonte de energia
para o sistema nervoso e para os eritrócitos durante os períodos de intervalo entre as
refeições.

4. NÍVEIS DE ENERGIA METABOLIZÁVEL E INCLUSÃO DE GORDURAS


EM DIETAS DE GALINHAS POEDEIRAS
Em situação de termoneutralidade, os animais regulam o consumo dos alimentos com
base nos níveis de energia da dieta, por isso, a mesma é utilizada como base para os outros
nutrientes nas formulações de rações para aves e suínos (FARIA et al., 2019). De acordo com
a teoria glicostática, a diminuição nos níveis de glicemia acarreta à ativação do centro da
fome, e o restabelecimento dos níveis de glicose circulante estimula o centro da saciedade por
ação hormonal e de glicorreceptores periféricos no fígado, como também glicorreceptores
centrais na área ventromedial do hipotálamo (MANCINI & HALPERN, 2002; SAKOMURA
et al., 2014a).
Segundo SAKOMURA et al. (2014b), uma das áreas que precisam ser explorada no
campo nutricional é o estudo sobre o crescimento e o metabolismo energético das aves,
envolvendo os fatores que os afetam, facilitando a manipulação das rações com o objetivo de
melhorar os indicadores produtivos e econômicos da produção, visto que a ração representa

12
cerca de 80% dos custos de produção, e a energia é o componente de maior oneração das
rações de aves.
Os lipídeos estão presentes em proporções entre 3 a 8% nas rações de aves e suínos.
Segundo SAKOMURA et al., (2014a), a inclusão de lipídeos nas rações, em substituição de
carboidratos e proteínas, diminui o incremento calórico da dieta, em virtude do triglicerídeo
ser uma molécula de digestão e absorção mais fácil do que carboidratos e proteínas. Em
situações de estresse por calor, a inclusão de óleos vegetais nas rações de aves reduz os
efeitos negativos da temperatura sobre o desempenho das aves (LEESON et al., 1996;
SAKOMURA et al., 2014a; FARIA et al., 2019).
A diminuição do calor metabólico provocado pela inclusão de gorduras dietéticas
(fontes de óleos) vem sendo fonte de estudo desde as décadas de 70 e 80, e tem demonstrado
aos nutricionistas um aumento no desempenho de frangos e corte, no que se refere a
eficiência de deposição de proteína e gordura na carcaça (OLSON et al., 1972; REECE &
MCNAUGHTON, 1982; OLIVEIRA NETO et al., 2000).
No entanto, são escassas as informações na literatura sobre a influência da adição de
lipídios sobre a produção e qualidade dos ovos de poedeiras sob estresse calórico
(SANTANA et al., 2018). Várias pesquisas em condição de termoneutralidade, relatam que o
aumento dos níveis de energia, pela adição de lipídios ou milho na dieta de poedeiras,
aumenta o peso da gema, não sendo encontrados efeitos de influência no desempenho
produtivo nem na qualidade do ovo (KESHAVARZ, 1995; KESHAVARZ & NAKAJIMA,
1995; HARMS et al., 2000, BOHNSACK et al., 2002; SOHAIL ET AL., 2003; OLIVEIRA
et al., 2010; MELLO, 2017).
Segundo SAKOMURA et al. (2014b), quando as aves iniciam a produção de ovos, a
partição da energia para o crescimento é próxima de zero, sendo destinada grande parte da
energia acima da mantença para a produção de ovos. Em estudos realizados pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP), o valor em energia encontrado para o ovo foi de
1,54 e 1,49 Kcal/Kg de ovo para matrizes pesadas e poedeiras, respectivamente (RABELLO,
2001; SAKOMURA et al., 2005). Nesses mesmos estudos foram encontrados valores de
eficiência de utilização de energia para produção de ovos de 64% para matrizes, e 62% para
aves de postura. Outros estudos encontraram uma variação entre 60 e 85% na eficiência de
uso da energia para a produção (LUITING, 1990; CHWALIBOG; BALDWING, 1995).
Essas diferenças podem estar relacionadas a fatores como tamanho do ovo, idade e genética
das aves.
Avaliando diferentes níveis energéticos (2.700, 2.800 e 2.900 kcal EM/kg) e proteicos
(15, 16 e 17% de PB) nas rações de poedeiras no estado do Amazonas, CARIOCA et al.
(2010) encontraram influência dos níveis nutricionais na conversão alimentar, peso da gema e
peso da casca. WU et al. (2005), estudando diferentes níveis de energia metabolizável (2.719,
2.798, 2.877 e 2.959 kcal de EM/kg) sobre a qualidade dos ovos de duas linhagens
comerciais de poedeiras (Bovans White e Dekalb White) relataram que o aumento da energia
dietética causou a redução do consumo de ração, aumentou o peso dos ovos e melhorou a
conversão alimentar.
As aves quando alimentadas com rações de alto valor energético tendem a aumentar
seu peso corporal, pois quando as necessidades de mantença são atingidas a energia
excedente é utilizada para o turnover proteico ou estocada nos adipócitos (gordura)
(SAKOMURA et al., 2014a; FARIA et al., 2019).
Peguri & Coon (1991), avaliando os efeitos do aumento dos níveis de energia da dieta
(2.645, 2.755, 2.865, e 2.976 kcal EM/kg) em diferentes temperaturas sobre os indicadores
zootécnicos de poedeiras Dekalb White, observaram que as aves consumindo a ração com
maior teor energético ganharam mais peso. Araújo & Peixoto (2005), avaliando diferentes

13
níveis energéticos (2.450 a 2.750 kcal de EM/kg) para poedeiras Hisex Brow em clima frio
encontram resultados diferentes ao afirmar que não houve diferenças entre os tratamentos.

5. NÍVEIS DE PROTEÍNA BRUTA E SUPLEMENTAÇÃO COM


AMINOÁCIDOS SINTÉTICOS PARA GALINHAS POEDEIRAS

As proteínas são formadas por 23 aminoácidos diferentes, combinados de diversas


formas e proporções, sendo 11 deles considerados essenciais (FARIA et al., 2019). Assim, a
ave precisa ingerir, digerir, absorver, transportar e metabolizar (anabolismo e catabolismo) os
aminoácidos presentes nos alimentos, para depois poder sintetizar as proteínas orgânicas
(SAKOMURA et al., 2014c). Sendo assim, tendo em vista as altas exigências nutricionais das
poedeiras modernas, entender a composição aminoacídica dos alimentos tem fundamental
importância para as formulações de rações.
Os animais possuem exigências nutricionais diferentes para cada aminoácido. Alguns
são sintetizados no seu organismo a partir de outros aminoácidos, e por isso são considerados
não essenciais. Dentro do grupo dos aminoácidos essenciais para aves (Metionina, Lisina,
Treonina, Triptofano, Leucina, Isoleucina, Valina, Histidina, Cistina, Arginina, Fenilalanina)
alguns têm maiores exigências do que outros, de acordo com o seu requerimento na utilização
em processos metabólicos (SAKOMURA et al., 2014c; FARIA et al., 2019). Ou seja,
aminoácidos com maior participação em processos metabólicos (síntese proteica, enzimas,
imunoglobulinas e etc.), possuem uma maior exigência nutricional.
Alguns aminoácidos são considerados limitantes, ou seja, estão presentes nos
alimentos em proporções menores do que a exigência nutricional dos animais. Com isso, para
que a exigência por esses aminoácidos seja atingida é preciso fornecê-los por meio de
aminoácidos sintéticos ou aumentando os teores proteicos da dieta, superestimando outros
aminoácidos não limitantes (FARIA et al. 2019). Devido ao alto incremento calórico
provocado pela digestão proteica, o excesso de proteína bruta (PB) na dieta resulta na
diminuição do consumo de ração e aumento no consumo de água, podendo causar problemas
ambientais e de manejo pelo excesso nitrogênio e água nas fezes (SAKOMURA et al.,
2014c).
Portanto, a ordem de limitância dos aminoácidos essenciais depende basicamente dos
ingredientes utilizados nas rações e das exigências nutricionais de cada fase da ave. Em geral,
na América Latina, onde as rações são formuladas a base de milho e soja, o primeiro
aminoácido limitante para poedeiras em fase produtiva é a metionina, seguido por lisina e
triptofano. Já nas fases de cria e recria o terceiro aminoácido limitante é a treonina, com
metionina e lisina como primeiro e segundo limitante, respectivamente (SAKOMURA et al.,
2014c; FARIA et al., 2019).
Cinco aminoácidos já são encontrados no mercado, podendo ser incorporados nas
formulações de rações para aves, sendo eles: DL-Metionina (98% e 99%), e suas fórmulas
análogas (MHA líquida e pó); L-Lisina-HCL, L-Treonina e L-Triptofano, L-Valina. A
utilização de aminoácidos sintéticos nas rações de poedeiras é bem aceita pela maioria dos
produtores, sendo utilizados principalmente os dois primeiros limitantes (DL-Metionina e L-
Lisina).

14
5.1.LISINA

Todos os aminoácidos essenciais são expressos em taxas ideais ou em percentagem de


lisina como aminoácido referência (SAKOMURA et al., 2014c). A lisina foi escolhida como
aminoácido referência por ter uma análise mais simples, ter maior quantidade de informação
na literatura sobre a sua digestibilidade em aves e por ser utilizada para o acréscimo de
proteína corporal (BAKER et al., 2002).
Para poedeiras nas fases de cria e recria, a lisina é muito importante para o ótimo
desenvolvimento das aves, pois auxilia de forma direta no seu desenvolvimento muscular
(SAKOMURA et al., 2014c). Para poedeiras em fases de produção os níveis de lisina
influenciam em uma maior viscosidade do albúmen (FARIA et al., 2019), no peso da gema
(PASTORE et al., 2015) e no peso da ave (PASTORE et al., 2018). LEITE et al. (2018)
avaliando diferentes níveis de lisina na alimentação de poedeiras não encontrou efeitos sobre
o desempenho, nem na qualidade dos ovos.
Reavaliando as exigências de lisina em poedeiras Hy-Line W36 com 24 semanas de
idade, PASTORE et al., (2018) sugeriram um consumo de 813 mg/ave/dia. FARIA et al.
(2003), avaliando a mesma linhagem de ave (44 semanas), determinaram as exigências para o
conteúdo do ovo em 633,1 mg/ave/dia (experimento 1) e 642,9 mg/ave/dia (experimento 2).
COSTA et al. (2012), em estudo com galinhas Leghorn White (21 a 72 semanas de idade),
em condições tropicais concluiu-se que as poedeiras necessitam de 0,70% de lisina, e rações
contendo 15% de PB e 2.600 Kcal de EM/Kg.

5.2.METIONINA

A metionina destaca-se por participar da síntese proteica, atuar na produção de


imunoglobulinas, ser precursora da cisteína, carnitina, taurina, fosfatidilcolina e outros
fosfolipídios, além de ser doadora de radicais metil (WARNICK; ANDERSON, 1968;
FARIA et al., 2019). Segundo FARIA et al. (2019), cerca de 30% de toda metionina ingerida
pela ave é deslocada para atuar como doadora de radicais metil, e os 70% restantes é utilizada
como aminoácido estruturante, formador de proteínas de alto valor biológico. Ainda segundo
FARIA et al. (2019), a metionina é o aminoácido com maior potencial de redução dos níveis
protéicos das rações de poedeiras, a sua falta pode acarretar em aumento de mais de 20% dos
níveis proteicos, sem que isso garanta os mesmos resultados produtivos.
As Tabelas Brasileiras de Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2017), indicam que as
exigências de metionina digestível, para poedeiras leves sob temperatura média de 26º C (21º
- 31º C), é de 0,487%, 0,476% e 0,462%, para aves com peso corporal médio de 1,350, 1,400
e 1,450 Kg; produzindo ovos com massa de 59, 57, e 54 g/dia, respectivamente. Para a
linhagem Dekalb White, recomenda-se 0,370% de metionina digestível para aves no primeiro
ciclo de produção (PLANALTO, 2005). Para Lohmann LSL-Lite, recomenda-se 0,420% de
metionina no primeiro ciclo de postura (LOHMANN TIERZUCHT, [s.d.]).
A utilização de metionina sintética nas rações de poedeiras tem grande impacto
positivo sobre o peso dos ovos (OLIVEIRA FILHO, 2019), assim como na sua
produção (FERNANDES et al., 2018), e na sua massa (SOUSA, 2015). O excesso de
metionina pode acarretar na produção de ovos muito grandes pelas aves, podendo causar
prolapso. Altos níveis de metionina podem causar toxicidade nas aves (NELSON & COX,
2006).

15
BAIÃO et al., (1999), avaliando os efeitos dos níveis de inclusão de metionina (0,320,
0,340 e 0,360%) na ração sobre o desempenho de poedeiras comerciais, não encontrou
efeitos significativos sobre a conversão alimentar. Resultado diferente do encontrado por
SOUSA (2015) e PINHEIRO et al., (2020), que também avaliaram diferentes níveis de
metionina na dieta; (0,300, 0,336, 0,420, 0,480 e 0,540%) e (0.603%; 0.670%; e 0.737%),
respectivamente.

5.3.TREONINA

A treonina é um aminoácido essencial para o desenvolvimento das poedeiras


modernas, é encontrado em altas concentrações no coração, nos músculos, esqueleto e
sistema nervoso central (SAKOMURA et al., 2014c). Exigido para a manutenção do turnover
proteico (SÁ et al., 2007), produção de anticorpos (LELIS, 2010), por estar envolvidos na
formação do colágeno e elastina (FARIA et al, 2019), como também em funções fisiológicas,
como a digestão e a imunidade (BISINOTO et al., 2007).
As mucinas (glicoproteínas) representam o principal componente do muco do
intestino, responsável por proteger a mucosa intestinal de possíveis agentes patogênicos
(SAKOMURA et al., 2014c; FARIA et al., 2019). De acordo com BERNAL (2004), essas
glicoproteínas são ricas em treonina, contendo cerca de 16,3% deste aminoácido em sua
composição, cerca de sete vezes mais que a lisina (2,3%). Deste modo, estima-se que mais da
metade da treonina consumida seja utilizada no intestino, primariamente para a síntese da
mucina (SAKOMURA et al., 2014c).
No intestino, as imunoglobulinas representam uma barreira importante para o sistema
imune, servindo como uma segunda barreira para microrganismos patogênicos que consigam
ultrapassar a barreira de muco intestinal. Quando comparado com outros aminoácidos, essas
células de defesa possuem grandes quantidades de treonina em sua composição, sendo em
média 10,2% de treonina para 6,2% de lisina (BERNAL, 2004), o que explica a maior
exigência para as fases de cria e recria (período de desenvolvimento do sistema imune).
A treonina tem grande importância para o desenvolvimento das poedeiras, por atuar
na diminuição do desequilíbrio entre os aminoácidos, pois a deficiência de treonina nas dietas
de poedeiras pode acarretar na diminuição da eficiência de utilização de outros aminoácidos
essenciais, como metionina + cistina e lisina (ATENCIO et al., 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendendo a importância da energia e proteína sobre o desempenho e qualidade dos


ovos, bem como sua essencialidade para diversas funções metabólicas das aves, se faz
necessário entender o limiar entre potencialização produtiva e econômica, buscando tornar
nossos sistemas produtivos mais eficientes no uso dos recursos de produção.

16
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19
Capítulo II

20
ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE AJUSTES DOS NÍVEIS
NUTRICIONAIS PARA POEDEIRAS EM INÍCIO DE PRODUÇÃO

Resumo

As exigências nutricionais das poedeiras são influenciadas por uma série de fatores
endógenos e exógenos que causam impactos diretos em sua produtividade. O desvio da
utilização de nutrientes para a formação de enzimas, proteínas, células de defesa e outras
estruturas requeridas para enfrentar os diversos estímulos ambientais e fisiológicos acarretam
na diminuição do uso desses mesmos nutrientes para a formação dos ovos. Entender esses
estímulos, bem como seus efeitos fisiológicos, são essenciais para a maximização produtiva
nos plantéis comerciais de aves de postura. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a
viabilidade econômica de duas rações (2.840 Kcal/EM e 17,5% de PB e 2.870 Kcal/EM e
18,2% de PB) de poedeiras em início de produção, o seu desempenho de produtivo e
qualidade dos ovos. O experimento foi realizado no Setor de Pesquisa e Experimentação
Animal da Mantiqueira Brasil, unidade de Primavera do Leste – MT. Foram utilizadas 260
poedeiras Lohmann Lite com 16 semanas de idade. As avaliações de desempenho foram
divididas em duas partes, de 16 a 20 semanas (fase pré-pico) e de 21 a 29 semanas (fase de
pico). Não houve efeitos significativos dos níveis de proteína e energia (P>0,05), sobre
nenhuma das características de desempenho avaliadas. Na avaliação de qualidade dos ovos
apenas a espessura de casca mostrou influência significativa (P>0,05). A avaliação
econômica mostrou melhores resultados para a ração com os menores teores nutricionais,
sendo assim, recomenda-se o uso de 2.840 Kcal/EM e 17,5% de PB nas rações de poedeiras
em início de produção.

Palavras chave: qualidade de ovos, eficiência econômica, pico.

21
Abstract

The nutritional requirements of laying hens are influenced by a series of endogenous


and exogenous factors that cause direct impacts on their productivity. The deviation of the
use of nutrients for the formation of enzymes, proteins, defense cells and other structures
required to face the different environmental and physiological stimuli leads to a decrease in
the use of these same nutrients for the formation of eggs. Understanding these stimuli, as well
as their physiological effects, are essential for maximizing productivity in commercial laying
hen flocks. The objective of this work was to evaluate the economic viability of two diets
(2,840 Kcal/ME and 17.5% CP and 2,870 Kcal/EM and 18.2% CP) for laying hens at the
beginning of production, their productive performance and egg quality. The experiment was
carried out in the Animal Research and Experimentation Sector of Mantiqueira Brasil, unit in
Primavera do Leste – MT. 260 Lohmann Lite laying hens with 16 weeks of age were used.
Performance evaluations were divided into two parts, from 16 to 20 weeks (pre-peak phase)
and from 21 to 29 weeks (peak phase). There were no significant effects of protein and
energy levels (P>0.05) on any of the evaluated performance traits. The egg quality evaluation
showed no interactions between the nutritional levels of the experimental diets and the
evaluated parameters. Only the skin thickness showed a significant influence (P>0.05). The
economic evaluation showed better results for the one with lower nutritional contents.

Keywords: Egg quality, economic efficiency, Peak.

22
1. INTRODUÇÃO

Com o passar do tempo as poedeiras foram selecionadas geneticamente para


possuírem melhores desempenhos zootécnicos, que influenciaram no seu consumo alimentar,
no ganho de peso, crescimento e produtividade (FARIA et al., 2019). Essas modificações
tornaram os animais mais exigentes nutricionalmente, requerendo uma maior atenção dos
nutricionistas para atingir os indicadores propostos pelas linhagens (SAKOMURA et al.
2014).
Cerca de 70% dos custos de produção são provenientes dos custos com a alimentação
das aves, sendo que as fontes proteicas e energéticas das rações têm sido os componentes de
maior participação no custo das mesmas. Nos últimos anos os custos de matérias primas,
como milho e soja, tiveram um aumento muito considerável, tornando a atividade muito mais
onerosa, aumentando os riscos das empresas avícolas (ABPA, 2023). Encontrar o limiar entre
maximização produtiva e custos baixos tem sido o desafio dos nutricionistas nos últimos
anos.
Em estudos realizados com galinhas de postura têm-se observado ultimamente uma
relativa preocupação com o nível nutricional da proteína e energia da dieta, que inicialmente
é justificado pelo alto custo desses componentes, como também pela sua participação em
várias funções metabólicas fundamentais no organismo da ave, bem como pela necessidade
de reduzir a poluição ambiental (BARROS et al., 2006). Vale ressaltar que o nitrogênio é um
dos elementos mais poluentes da agropecuária, podendo ser minimizados com a redução da
proteína das dietas e suplementação com aminoácidos sintéticos.
As exigências nutricionais das poedeiras são influenciadas por uma série de fatores
endógenos e exógenos que causam impactos diretos em sua produtividade (SAKOMURA,
2014). O desvio da utilização de nutrientes para a formação de enzimas, proteínas, células de
defesa e outras estruturas requeridas para enfrentar os diversos estímulos ambientais e
fisiológicos acarretam na diminuição do uso desses mesmos nutrientes para a formação dos
ovos (FARIA et al., 2019). Entender esses estímulos, bem como seus efeitos fisiológicos, são
essenciais para a maximização produtiva nos plantéis comerciais de aves de postura.
O metabolismo energético caracteriza-se como o processo geral pelo qual as células
vivas adquirem e usam energia para a sua manutenção, crescimento e reprodução. A
produção de energia é regulada por processos exergônicos e endergônicos não isolados. Os
processos exergônicos podem ser caracterizados por um conjunto de reações denominadas
catabolismo, podendo ser devido como a quebra de macromoléculas em compostos menores.
Já os processos endergônicos, também conhecidos como anabolismo, podem ser definidos
como a formação de moléculas complexas (enzimas, imunoglobulinas e etc.) a partir de
moléculas mais simples, como aminoácidos, minerais e etc. (COZZOLINO et al., 2013).
Os aminoácidos possuem grande importância para os animais, por serem formadores de
proteínas complexas como músculos, enzimas e células de defesa. Podendo também serem
utilizados como moléculas energéticas pelos processos de transaminação e deaminação, onde
há a retirada do grupamento amina em forma de amônia, posteriormente convertida em ácido
úrico (SAKOMURA et al., 2014).

23
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade econômica de duas
rações (2.840 Kcal/EM e 17,5% de PB e 2.870 Kcal/EM e 18,2% de PB) de poedeiras em
início de produção, o seu desempenho de produtivo e qualidade dos ovos.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Setor de Pesquisa e Experimentação Animal da


Mantiqueira Brasil, unidade de Primavera do Leste - MT, tendo sua latitude a 15°33'45“S e
longitude 54°17'41” O. Foram utilizadas 260 poedeiras Lohmann Lite com 16 semanas de
idade, e peso inicial de 1,042 ± 0,065 kg. As aves foram selecionadas por peso e por score de
maturidade sexual (3-4). O experimento teve uma duração de 84 dias, divididos em duas
fases de experimento. As aves foram alojadas em gaiolas experimentais medindo 76 x 63 cm,
equipadas com comedouros do tipo calha e bebedouros do tipo niple. O programa de luz
adotado foi de 14:30h de luz contínua, iniciando às 3:00h e finalizando às 17:30h.
Os tratamentos foram distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com
dois tratamentos (Trat. A – 2.840 Kcal/EM e 17,5% de PB; Trat. B – 2.870 Kcal/EM e 18,2%
de PB), com 10 repetições de 13 aves cada. As rações experimentais utilizadas estão
apresentadas na Tabela 1, sendo todas formuladas no programa de formulação de custo
mínimo - OPTMIX. As rações utilizadas foram formuladas visando atender as exigências
nutricionais das aves, conforme o manual da linhagem e ajustadas de acordo com as
condições ambientais da granja. As poedeiras receberam alimentação individual três vezes ao
dia, pela manhã, tarde e ao final da tarde. Ração e água ad libitum foram fornecidas durante
todo o período experimental. Para melhor analisar os resultados, as avaliações de
desempenho foram divididas em duas partes, de 16 a 20 semanas (fase pré-pico) e de 21 a 29
semanas (fase de pico).
Os ovos foram coletados duas vezes ao dia (final da manhã e final da tarde), sendo
que uma vez por semana os mesmos eram pesados em balança de precisão de 1 g. Para
mensurar o consumo de ração, como também a conversão alimentar por massa de ovos e por
caixa de ovos, semanalmente foi pesado às sobras. O consumo médio das poedeiras foi obtido
por cálculo, sendo o produto da divisão do consumo pela quantidade de aves na gaiola. Ao
final de cada período experimental, uma amostra representativa de três ovos por parcela foi
coletada, separada e utilizada para determinar os pesos e altura de albúmen, gema, como
também o diâmetro de gema. O peso da casca foi obtido pela secagem natural das mesmas
por 5 dias em temperatura ambiente. Também foram avaliados índice de gema, unidade
Haugh.
Para as análises, todos os ovos foram pesados em balança de precisão de 1 g. Em
seguida, todos foram submetidos ao teste de gravidade específica. A gravidade específica foi
determinada pelo método de flutuação salina, adaptado da metodologia descrita por Hamilton
(1982). Foram feitas imersões dos ovos em diferentes soluções salinas com os devidos ajustes
para um volume de 25 litros de água com densidades que variavam de 1,060 a 1,100. Os ovos
foram colocados nos baldes com as soluções, da menor para a maior densidade e foram
retirados ao flutuar, sendo anotados os valores respectivos das densidades correspondentes às
soluções dos recipientes.
Após as análises de gravidade específica, os ovos foram submetidos ao teste de
resistência de casca com ajuda do equipamento analisador para ovos - FEST - Boring
Technology GmbH. Em seguida foram quebrados em uma bancada de vidro esterilizada e
submetidos aos testes de altura de albúmen e gema, como também diâmetro da gema, com a
ajuda de um paquímetro digital com precisão de 0,1 mm. A separação manual da gema,
albúmen e casca dos ovos, estes foram pesados e os dados utilizados para o cálculo das

24
variáveis de qualidade. A porcentagem de cada um dos componentes do ovo foi obtida
dividindo-se o peso do componente pelo peso do ovo, em seguida multiplicando o resultado
por 100. A espessura da casca foi medida com o auxílio de um especímetro micrômetro
digital com precisão de 0,01 mm em três pontos dos distintos dos ovos, incluído linha
mediana e extremidades dos ovos.

Tabela 1. Rações Experimentais

Ingredientes Dietas
ingredients diet

Custos/Kg Trat. A Trat. B


Milho 1,18 65,81 63,03
Farelo de soja 2,44 20,67 22,02
Calcário 0,243 8,56 8,40
Farinha de carne 1,90 3,69 4,20
Óleo vegetal 8,26 - 1,00
Sal 3,30 0,21 0,20
Metionina líquida (88%) 18,89 0,21 0,29
Lisina Líquida (64%) 10,24 0,16 0,18
Treonina 5,95 0,05 0,05
Sulfato de sódio 2,44 0,25 0,25
Adsorvente 5,22 0,10 0,10
Premix² 10,36 0,20 0,20
Blend enzimático³ 39,35 0,05 0,05
Colina liquida 50% 18,42 0,04 0,04

Sub-Total 100,00 100,00


Custo/kg (R$) R$ 1,50 R$ 1,60
Valores calculados
Energia Metabolizável
2.840 2.870
(kcal/kg)
Proteína Bruta (%) 17,50 18,20
Extrato Etéreo (%) 3,00 3,97
Cálcio (%) 3,90 3,90
P disponível (%) 0,40 0,45
Metionina (%) 0,45 0,50
Metionina + Cistina (%) 0,68 0,76
Triptofano (%) 0,17 0,18
Lisina (%) 0,85 0,90
Treonina (%) 0,61 0,63
Sódio (%) 0,20 0,20
Relação MC/Lis 0,80 0,84
Relação Trip/Lis 0,20 0,20
Relação Treo/Lis 0,72 0,70
Fonte: Adaptada de Mantiqueira Brasil (2023).

25
¹Premix - Colina (min): 67,2g/kg, Vitamina A (min): 4.050.000UI/kg; Vitamina D3 (min): 1.500.000UI/kg,
Vitamina E (min): 3.500UI/kg, Vitamina k3 (min): 1.000mg/kg, Vitamina B1 (min) 500mg/kg, Vitamina B2
(min): 1.750mg/kg, Vitamina B6 (min): 500mg/kg, Vitamina B12 (min): 5.000mcg/kg, Niacina (min): 10,5g/kg,
Pantotenato de Cálcio (min): 3.300mg/kg, Ácido Fólico (min): 200mg/kg, Biotina (min): 7,7mg/kg, Ferro (min):
25g/kg, Cobre (min): 5.000mg/kg, Manganês (min) 50g/kg, Zinco (min): 40g/kg, Iodo (min): 600mg/kg, Selênio
(min): 140mg/kg e Bacitracina de Zinco 14g/kg; ²Blend enzimático – Carboidrases, proteases e fitase.

Para a análise econômica foram avaliados os seguintes parâmetros: os custos com a


dieta, a receita bruta e a margem bruta. O custo com ingredientes foi calculado multiplicando-
se a quantidade usada de cada um, conforme composição da dieta, pelo seu preço. A receita
bruta foi obtida conforme SILVA (2008), multiplicando-se a quantidade de ovos das
repetições de cada tratamento (produção) pelo preço do conforme a cotação Cepea/Esalq do
dia 25 de nov. de 2022. Utilizaram-se os procedimentos adotados por SILVA (2008) para o
cálculo da margem bruta (MB), segundo os quais esta é obtida pela divisão do lucro bruto
pelo custo variável.
Excetuando os parâmetros econômicos, todos os dados obtidos foram submetidos à
análise de variância pelo Programa Estatístico SISVAR as médias comparadas pelo teste de
TUKEY com 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância revelaram que não houve efeito significativo dos níveis de
aminoácidos e energia (P>0,05), sobre nenhuma das características de desempenho avaliadas
nos dois períodos de experimentais pré-pico e pico, menos de 20 semanas e mais que 20
semanas, respectivamente (Tabelas 2).
A produção de ovos pelas poedeiras que consumiram ração contendo 2.870 Kcal/EM
e 18,2% de PB foi similar às das poedeiras que consumiram ração contendo 2.840 Kcal/EM e
17,5% de PB em todos os períodos estudados, concordando com CARIOCA et al. (2010)
quando utilizou diferentes tipos de energia e proteína bruta nas dietas de poedeiras, e
diferente dos resultados encontrados por PINHEIRO et al. (2020), que identificou melhores
resultados com 0.603% de M+C digestível associado ao nível de 2900 kcal/kg de EM
e, 0.670% associado ao nível de 3045 kcal/kg de EM.
Apesar de não ser observado diferenças estatísticas na produção, no gráfico (Gráfico
1) é possível identificar que o tratamento A iniciou a sua produção muito melhor do que o
tratamento B, estando com produções melhores praticamente em todas as semanas avaliadas
no período. Porém, esses resultados são diferentes dos encontrados no período de pico
(Gráfico 2), onde é possível identificar que o tratamento B possui os melhores resultados.
As aves entraram no período experimental com o peso abaixo do esperado. Os
resultados acima citados podem ser explicados pelo fato das aves do TRATAMENTO A
terem tido um gasto metabólico maior do que as aves do TRATAMENTO B, requerendo um
maior aporte de nutrientes para desempenhar todas as suas funções metabólicas. Esse desvio
no uso dos nutrientes para a atividade produtiva pode ter ocasionado em um menor
desenvolvimento morfofisiológico (reservas de energia e sistema imune), com isso, a aves do
TRATAMENTO A podem ter sofrido mais com algum desafio, como altas temperaturas, na
fase de pico.

26
Tabela 2. Valores médios de produção de ovos (Prod. %) Consumo de ração, Peso do
ovo, Conversão alimentar por Kg de ovos (CA por KG), Conversão alimentar por
caixas de ovos (CA CX de ovos) e Viabilidade
Prod. Cons. de Peso ovo CA por CA Cx. Viabilidade
Variáveis (%)
% ração (g) (g) kg de ovos
Pré-pico (16 a 20 semanas)
Tratamento A 8,6% 73,86 45,53 10,48 171,68 99,2%
Tratamento B 9,8% 75,17 44,65 10,24 164,21 100%
CV (%) 16,29 3,58 10,85 21,04 18,42 1,73
Pico (21 a 30 semanas)
Tratamento A 92,5% 106,38 54,24 2,12 41,43 96,9%
Tratamento B 91,5% 105,11 54,24 2,12 41,42 99,2%
CV (%) 2,95 2,82 1,61 4,09 4,18 4,31
Fonte: O autor (2023).

Apesar de não serem observadas diferenças estatísticas na produção, no gráfico


(Gráfico 1) é possível identificar que o tratamento A iniciou a sua produção muito melhor do
que o tratamento B, estando com produções melhores praticamente em todas as semanas
avaliadas no período. Porém, esses resultados são diferentes dos encontrados no período de
pico (Gráfico 2), onde é possível identificar que o tratamento B possui os melhores
resultados.
As aves entraram no período experimental com o peso abaixo do esperado. Os
resultados acima citados podem ser explicados pelo fato das aves do TRATAMENTO A
terem tido um gasto metabólico maior do que as aves do TRATAMENTO B, requerendo um
maior aporte de nutrientes para desempenhar todas as suas funções metabólicas. Esse desvio
no uso dos nutrientes para a atividade produtiva pode ter ocasionado em um menor
desenvolvimento morfofisiológico (reservas de energia e sistema imune), com isso, a aves do
TRATAMENTO A podem ter sofrido mais com algum desafio, como altas temperaturas, na
fase de pico.
O consumo de ração não foi influenciado pelos níveis nutricionais das dietas
experimentais. Resultados que corroboram com os encontrados por CARIOCA et al. (2010),
mas que destoam dos encontrados por RIBEIRO et al. (2013) e Pinheiro et al. (2020). A
conversão alimentar também não foi influenciada pelos tratamentos, resultados semelhantes
aos encontrados por CARIOCA et al. (2010), e diferente dos encontrados por Pinheiro et al.
(2020), que encontrou melhores resultados com 2900 kcal/kg de EM. Também não foi
encontrado diferenças na conversão alimentar por Kg de ovos e por caixa de ovos.

27
Gráfico 1. Produção - Período Pré-pico

Produção - Período Pré-pico


50,00%
45,00%
40,00%
35,00%
Produção (%)

30,00%
25,00%
Trat. B
20,00%
Trat. A
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
16 17 18 19 20

Fonte: O autor (2023).

Gráfico 2. Produção - Período Pico

Produção - Período Pico


103,00%
98,00%
93,00%
Produção (%)

88,00%
Trat. B
83,00%
Trat. A
78,00%
73,00%
68,00%
21 22 23 24 25 26 27 28 29

Fonte: O autor (2023).

O peso das aves também não foi influenciado pelos tratamentos (Tabela 3), resultados
semelhantes aos encontrados por RIBEIRO et al. (2013) e diferente dos encontrados por
PINHEIRO et al. (2020), que encontrou melhores resultados conforme iam aumentando os

28
níveis de energia das dietas. Não houve diferenças estatísticas sobre a viabilidade, resultados
que corroboram com os encontrados por RIBEIRO et al. (2013).

Tabela 3. Valores médios das pesagens das aves nos três períodos experimentais
Período 1 Período 2 Período 3
Tratamento 1 1099,50 1375,30 1524,50
Tratamento 2 1068,80 1390,80 1515,70
CV (%) 2,48 2,43 1,74
Fonte: O autor (2023).

A avaliação de qualidade dos ovos mostrou não haver interações entre os níveis
nutricionais das dietas experimentais e os parâmetros avaliados. Apenas a espessura de casca
mostrou influência significativa (P>0,05) (Tabela 4).
Na literatura há várias citações sobre a influência dos níveis de energia e aminoácidos
sulfurados, em especial a metionina, sobre o peso dos ovos (SAKOMURA et al., 2014;
FARIA et al., 2019), porém os níveis de energia e aminoácidos dos tratamentos utilizados
neste trabalho não influenciaram o peso dos ovos, resultado semelhante ao encontrado por
GROBAS et al. (1999), ARAÚJO & PEIXOTO (2005), CARIOCA et al. (2010), RIBEIRO
et al. (2013) e PINHEIRO et al. (2020).
Segundo a NRC (1994), o tamanho do ovo está relacionado com peso vivo da ave.
Neste experimento, as aves iniciaram com o peso abaixo do recomendado pelo manual da
linhagem, o que pode ter ocasionado o desvio do uso dos constituintes da dieta para formação
do sistema músculo-esquelético (músculos, ossos e reservas de gorduras).
Os parâmetros percentagem da gema, percentagem da casca, percentagem do albúmen
e a Unidade de Haught não foram influenciados pelos tratamentos. Esses resultados estão de
acordo aos encontrados por JAIMES (2015) que também não observou diferenças
significativas na percentagem da gema, Unidade Haught e percentagem de casca, CARIOCA
et al. (2010) que não observou efeitos sobre a percentagem de gema. Não foi observado efeito
significativo (p>0,05) no peso do albúmen, discordando de XAVIER & PEIXOTO (1997),
quando utilizaram 17,5% de PB e 2900 kcal EM/kg e encontraram efeito significativo.
A gravidade específica dos ovos não apresentou variação significativa, apresentando
valores muito próximos entre os tratamentos. Resultados semelhantes aos encontrados por
SILVA et al. (2007) e FARIA (1996), mas discordando dos resultados encontrados por
UDDIN et al. (1991), ao observarem que a elevação simultânea da EM e PB causou aumento
da gravidade especifica. A resistência da casca também não apresentou variações
consideráveis. A espessura da casca foi o único parâmetro que apresentou variação estatística,
apresentando melhores resultados para o TRATAMENTO B (2.870 Kcal/EM e 18,2% de
PB).

29
Tabela 4. Valores médios de peso dos ovos (PO), percentagem de gema (%G), percentagem
do albúmem (%AL), percentagem da casca (%CA), Cor (COR), unidade Hought (UH), peso
específico (PE), resistência da casca (RE) e espessura da casca (EC)
Variáveis PO %G % AL %CA COR UH PE RE EC
Tratamento A 55,98 24,28 65,74 10,12 5,36 100,79 1.093 42,21 39,96b
Tratamento B 55,92 24,12 64,98 9,98 5,63 101,41 1.092 42,96 41,60a
CV (%) 4,41 6,75 5,08 5,26 7,52 6,27 0,45 8,94 4,10
Fonte: O autor (2023).

A avaliação econômica mostrou melhores resultados para o TRATAMENTO A,


tendo em vista o custo das rações e as receitas geradas pela produção de ovos. Os resultados
referentes à viabilidade do uso das rações estão dispostos na tabela 5.
O tratamento com 2.840 Kcal/EM e 17,5% de PB (Trat. A) apresentou os menores
custos (R$ 1,50) devido à redução dos níveis nutricionais da dieta. Quanto à produção de
caixas de ovos totais, o TRATAMENTO B apresentou os melhores resultados (22,44 caixas),
devido a um melhor desempenho na fase pré-pico. Esses dados reforçam, em valores
numéricos, que o TRATAMENTO B obteve um melhor desempenho produtivo no período
pré-pico, quando se comparado ao TRATAMENTO A.

Tabela 5. Viabilidade econômica do uso das rações


Discriminação Trat. A Trat. B
Custo Variável R$ 1.798,88 R$ 1.913,41
Caixas de ovos produzidas 22,09 22,44
Custos Totais R$ 1.798,88 R$ 1.913,41
Receita Bruta R$ 3.257,20 R$ 3.307,98
Lucro Bruto R$ 1.458,32 R$ 1.394,57
Margem Bruta 81,07% 72,88%
Fonte: O autor (2023)

Devido a maior produção de ovos, a receita bruta também foi maior no


TRATAMENTO A (R$ 3.307,98). Provavelmente, tais resultados ocorreram pelo melhor
aporte nutricional na fase de pré-postura, promovendo maior produção de ovos pelas aves.
Comparando-se os dois tratamentos, temos que houve um aumento de 1,56% nas receitas
geradas pela maior produção de ovos.
No que se refere aos custos de produção, o TRATAMENTO A apresentou melhores
resultados (R$ 1.788,88), devido ao menor custo da ração. Custos 6,37% inferiores aos custos
do TRATAMENTO B.
Avaliando os indicadores econômicos, temos que o TRATAMENTO A apresentou os
melhores resultados de receita bruta e margem bruta.
A otimização biológica nem sempre está associada à otimização econômica. Os
resultados encontrados mostram que o limiar entre maior produtividade e maiores receitas às
vezes não andam juntos. A produção de ovos causada pelo maior aporte nutricional da dieta
não foi suficiente para causar maiores lucros, devido ao aumento dos custos de produção.

30
4. CONCLUSÕES

Conclui-se, portanto, que o tratamento com níveis de 2.840 Kcal/EM e 17,5% de PB


apresentou os melhores resultados econômicos, sendo o mais indicado para aves em início de
produção.

REFERÊNCIAS

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Desempenho e a Qualidade da Casca dos Ovos de Poedeiras Comerciais. Jaboticabal, 1996, 153 p.
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nas Condições de Temperatura e Umidade Relativa no Inverno do Extremo Sul do Brasil. Rev. Bras.
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