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ISSN 1516-3326
Slio Paulo. volume 4. fascículo I. p. 33 - 39. 200/.
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Assisted reproductive techniques in Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia - UNESP
Departamento de Reprodução
Animal e Radiologia Veterinária,
small animaIs Distrito de Rubião Júnior, sln·
CEP 18.618-000 - Botucatu - SP.
End. Eletrôn.: rarv@fmvz.unesp.br
MariaDeni<;eI.opes-rnMV.,sIl-0°2519
Professora Assistente Doutora da Disciplina de Fisiopatologia da Reprodução - FMVZ - UNESP/ Botucatu.
RESUMO
• o objetivo desta discussão é discorrer sobre algumas técnicas reprodutivas utilizadas nos animais
domésticos e o impacto desta tecnologia sobre a reprodução dos cães e gatos.
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LOPES; M. D. Técnicas de reprodução assistida em pequenos animais / Assisted reproduclive techniques in small animals./ Rev. educo contin. CRMV-SP / Continuous
EducallOn Journal CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo I, p. 33 - 39, 2000.
diciais sobre as células normais, reduzindo a fertilidade dos de gestação; mas em razão da dificuldade dos tes-
(YAMADA el aI., 1992; CENTOLA el ai., 1998). tes "in vivo", avaliações "in vitro" são normalmente uti-
Os métodos de seleção espermática para progra- lizadas para comprovar a capacidade fertilizante do sê-
mas de reprodução assistida são direcionados para sepa- men congelado; testes de motilidade, vigor, morfologia
rar os espermatozóides do líquido seminal e de outros espermática, sondas fluorescentes para avaliação da
componentes celulares do sêmen e para concentrar uma integridade das membranas espermáticas, teste de pe-
população de células espernláticas com melhor padrão netração de espermatozóides em oócitos de espécies
de motilidade (CENTOLA el aI., 1998). homólogas têm sido realizado nos cães, como forma de
A seleção espermática pode ser realizada pelas avaliar a capacidade funcional do sêmen congelado
seguintes metodologias: (HAY, 1997).
O tempo de LA. nos cães é crítico, particularmen-
• Centrifugações seguidas;
te quando se utiliza o sêmen congelado, que apresenta
• Coluna de "sephadex";
uma longevidade diminuída.
• "Swim-up";
Outro problema relacionado à congelação de sê-
• "Swim-down";
men nos cães é a porcentagem do glicerol utilizado nos
• Gradientes contínuos e descontínuos.
diluentes; uma concentração ótima de glicerol represen-
Certos métodos, particularmente as lavagens e ta um compromisso entre os efeitos tóxicos e protetores,
ai.
centrifugações, podem resultar direta ou indiretamente e o uso de agentes crioprotetores são indispensáveis para
em alterações irreversíveis para a célula espermática, prevenir injúrias durante a congelação. O estresse osmó-
diminuindo sua habilidade fertilizante (YAMADA el aI., tico causado pela adição do glicerol pode resultar em
1992; CENTOLA el ai., 1998). terações nas células espermáticas não identificáveis por
A separação espermática com o uso de gradientes procedimentos laboratoriais comumente empregados;
de densidade tem sido padrão para a utilização nas técni- edema e ruptura de estruturas altamente específicas con-
cas de reprodução assistida. Amostras de sêmen fresco tidas na cabeça do espermatozóide podem estar associa-
são centrifugadas com polivinil-pirrolidona com sílica co- dos com a reorganização de moléculas essenciais à inte-
loidal (Percoll), com gradientes variados de 40/90%, com ração espermatozóideloócito (FAYRER-HOSKEN, 1997;
alta taxa de recuperação espermática. O método ideal HAY, 1997; FARSTAD, 2000).
de seleção espermática é aquele que permite a separa-
ção de um alto número de espennatozóides competentes l.c Análise computadorizada do sêmen (CASA)
e funcionais capazes de fertilizar os ovócitos (YAMA-
DA el ai., 1992). A avaliação de sêmen padronizada e objetiva tem
sido a meta da análise convencional dos espermatozói-
l.b Congelação de sêmen des. A análise computadorizada de sêmen digitaliza a
célula espermática e utiliza um grande número de ima-
As técnicas de congelação de sêmen utilizadas gens para caracterizar a qualidade do movimento da cé-
hoje nos cães são provenientes de estudos realizados lula espermática (Figura I) (FAYRER-HOSKEN, 1997).
na espécie bovina. A viabilidade do sêmen canino pós- Enquanto a análise computadorizada do sêmefJ..
descongelação é muito baixa, quando comparada com poderia ser a solução, o custo dessa avaliação é muit_
outras espécies, e esse é, sem dúvida, um dos princi- alto, limitando essa prática.
pais motivos da dificuldade de difusão dessa tecnolo-
gia. l.d Citometria de fluxo
Outro entrave importante na inseminação artifi-
cial com sêmen congelado nos cães, é o local de depo- O uso da citometria de fluxo, para avaliar a viabili-
sição do sêmen no trato genital das fêmeas; em virtude dade espermática e as condições do acrossomo de es-
da baixa viabilidade pós-descongelação, o sêmen deve- permatozóide de cães, pode facilitar o desenvolvimento
ria ser depositado numa região próxima ao local de fer- de novos protocolos de criopreservação, permitindo uma
tilização - região istmo-ampolar - uma prática difícil comparação segura entre diferentes métodos de conge-
devida às dificuldades de transposição da cérvix nas lação (FARSTAD, 2000).
cadelas. A citometria de fluxo fornece uma avaliação mais
A melhor forma de se avaliar a técnica de conge- efetiva da células espermáticas do que as análises con-
lação de sêmen é, sem dúvida nenhuma, pelos resulta- vencionais.
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LOPES, M. D. Técnicas de reprodução assistida em pequenos animais / Assisled reproduclive lecll1liques ill small animais. / Rev. educo contin. CRM-V·SP / Continuous
Edueation Journa) CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fasdeulo I, p. 33 - 39, 2001.
1.e Sexagem
espermática
A separação es-
permática por meio de
citometria de fluxo para
a pré-seleção de sexo,
baseado no conteúdo di-
ferenciaI de DNA dos
cromossomos X e Y, foi
primeiramente desenvol-
vida para aplicação nos
animais. Atualmente,
essa técnica é mais uti-
lizada na reprodução
humana, na prevenção
de desordens recessi-
vas ligadas ao cromos-
soma X carreado pela
mãe. Especificamente,
• uma gama de cromos-
somas, ligados à célula
espermática, poderia
produzir fêmeas sem Figura 1. Aparelho utilizado na análise computadorizada do sêmen (CASA), no Laboratório de Reprodução
Animal da FMVZ - UNESP - Botucatu.
expressar essa condição
genética (FAYRER-HOSKEN, 1997). 2.0ócitos
1.f Interação espermatozóide / oócito 2.1. Recuperação de oócitos
A célula espermática requer proteínas recep- O ovócito canino é Liberado no estado dictiado, ou
toras intactas para contactar e penetrar os oócitos. seja, a vesícula germinativa permanece intacta e o pri-
Métodos de penetração "in vitro" têm sido desenvol- meiro corpúsculo polar ainda não foi liberado.
vidos para avaliar cada uma dessas fases: ligação com Essa estratégia reprodutiva é rara e também acon-
a zona pelúcida, reação do acrossoma e ligação à mem- tece nos coiotes e nas raposas; em virtude dessa particu-
brana plasmática do oócito. A fertilização "in vitro" laridade fisiológica, as melhores condições para a matu-
utilizando oócitos homólogos permite as mesmas aná- ração "in vitro" de oócitos de cães podem diferir de ou-
alises com informações adicionais sobre a ligação da tros modelos experimentais que liberam oócitos durante
~élula espermática com a membrana plasmática do o processo de ovulação, no estágio de metáfase II da la
oócito e penetração do oócito (FAYRER-HOSKEN, divisão da meiose (FAYRER-HOSKEN, 1997; FARS-
1997; ROTA et ai., 1999; FARSTAD, 2000). TAD,2000).
Testes de penetração "in vitro", utilizando oó- Procedimentos de laparoscopia têm permitido a
citos de hamster "zona free" , avaliam a capacidade obtenção de oócitos para fertilização "in vitro", Essa téc-
dos espermatozóides de sofrer a reação do acrosso- nica, para ter sucesso, requer insuflação abdominal que,
mo. Embora este teste não avalie a habilidade de as por sua vez, requer anestesia, o que torna o processo
células espermáticas ligarem-se e penetrarem a zona mais complexo e caro (FAYRER-HOSKEN, 1997).
pelúcida, ele avalia a capacidade das células esper- A recuperação de oócito guiado por ultra-som é
máticas de penetrarem o oócito, além de oferecer a um método efetivo para coleta de oócitos de vários está-
vantagem de avaliar a capacidade funcional de mais gios de desenvolvimento. Essa técnica é menos invasiva
células, pois vários espermatozóides podem penetrar e, com uma "probe" de alta resolução, pode ser mais
um único oócito (GOODROWE et aI., 1991; HAY, segura que a própria laparoscopia. Essa técnica tem sido
1997). adaptada das técnicas de biopsias e tem se tornado parte
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Education Journal CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo 1, p. 33 - 39, 2001.
3.3. Transferências de
gametas intrafalopianos (GIFT)
A GIFT é um procedimento semelhante Figura 4. Representação esquemática da injeção espermática intra-citoplasmática
• ,. _ (ICSI). Uma célula espermática é aspirada para o interior de uma pipeta de injeção e
a FIV, no qual os OOCltOS sao recuperados por essa pipeta inserida no interior do oócito (Catt, 1996).
meio de laparoscopia, ou ultra-som; são matu-
• rados "in vitro" e tanto os oócitos como os espermatozói-
des previamente selecionados são inseminados no interi- Soluções de problemas
or das tubas uterinas para a ocorrência da fertilização "in
vivo" (FAYRER-HOSKEN et aI., 1992; FAYRER- Na reprodução de pequenos animais, a utilização
HOSKEN, 1997). das técnicas de reprodução assistida tem sido limitada,
Essa técnica permite a fertilização e o desenvolvi- mas essa realidade está-se modificando principalmente
mento embrionário "in vivo". em razão do valor dos animais e à disponibilidade dessa
tecnologia. Outro fator importante e que limita o acesso
3.4. Transferência de embriões das principais técnicas de reprodução assistida nos cães
4. Técnicas suplementares
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LOPES, M. D. Técnicas de reprodução assistida em pequenos animais I Assisled reproductive techniques in small animaIs. I Rev. educo contin. CRMV-SP I Continuous
Educalio" Journal CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo I, p. 33 - 39, 2000.
SUMMARY
The objective of this discussion is to bring information about some of the assisted reproductive tech-
niques used in domestic animaIs, and the impact of this technology on reproduction of dogs and cats.
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LOPES. M. D. Técnicas de reprodução assistida em pequenos animais IAssisred reproducrive techniques in smal/ animais. I Rev. educo contin. CRMV~SP I Continuous
Education Joumal CRMV-SP, São Paulo, volume 4, fascículo I, p. 33 - 39, 2001.
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