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FISIOPATOLOGIA DA REPRODUÇÃO

SEXAGEM
A sexagem espermática técnica utilizada tanto em humanos quanto em animais,
consiste na identificação e separação dos espermatozoides X (fêmea) e Y (macho).
Em bovinos a sexagem espermática é de grande interesse comercial, onde a seleção
do sexo para raças de alta produção de leite visam o nascimento de fêmeas, e na
produção de carne buscam o nascimento de machos e a formação de matrizes para
reposição. A concentração espermática na dose comercial de sêmen sexado é de
2x106 espermatozóides. A centrifugação em gradiente de densidade e a citometria de
fluxo são duas técnicas descritas com base na separação pelo conteúdo de DNA dos
espermatozóides. A quantidade de DNA contida no cromossomo X em bovinos é 4%
maior do que no cromossomo Y. Embora pequena a diferença, é possível mensurar o
conteúdo de DNA dos espermatozóides. A fertilidade do sêmen sexado comparada ao
sêmen convencional é menor, onde a taxa de prenhez da dose do sêmen sexado gira
entorno de 56%. A possível causa da queda na fertilidade pode ser pela menor
concentração da dose ou pelo processo de citometria de fluxo. Para solucionar
problemas de fertilidade do sêmen sexado é necessário à busca de melhores
resultados relativos com a seleção espermática melhorando a qualidade e viabilidade
das células. Mesmo que o touro produza um ejaculado de boa qualidade, não
necessariamente, após a separação, o sêmen manterá essa qualidade. A coloração
do espermatozóide acaba afetando sua capacidade de fertilização. Os
espermatozóides sexados pelo citômetro sofrem capacitação prematura, afetando o
congelamento dos mesmos, porém, não prejudica a realização de FIV logo após a
separação, dispensando a capacitação espermática. O sêmen sexado é
criopreservado pela mesma metodologia de criopreservação do sêmen convencional e
possibilita sua comercialização, porém, a qualidade e viabilidade dos espermatozóides
são diminuídas após o processo. Após a descongelação, a proporção de
espermatozóides móveis, com membrana íntegra e vivos com acrossoma íntegro é
menor para o sêmen sexado quando comparado ao não sexado. O processo de
sexagem aumenta a sensibilidade dos espermatozóides a futuros danos, como a
congelação. A sexagem espermática possui muitas limitações. O processo de
separação dos espermatozóides por citometria de fluxo causa danos às células e
acaba diminuindo sua capacidade fecundante. Devido a esse fator e a baixa
concentração da dose, o sêmen sexado é indicado para inseminação artificial em
novilhas ou utilizado na produção in vitro de embriões, permitindo seu uso de forma
mais eficiente

COLETA E AVALIAÇÃO DE SÊMEN


Duas são as principais técnicas da coleta do sêmen: por meio de vagina artificial ou
por meio de eletroejaculador. A primeira é considerada a melhor técnica, pois simula a
cópula natural. Essa técnica baseia-se no uso de uma vagina artificial composta por
um tubo rígido com válvula, mucosa de borracha, cone flexível e tubo de colheita,
recoberto por capa térmica. Através da válvula do tubo, coloca-se a água a
temperatura de 39-45°C regulando-se a pressão.  A segunda está baseada no
estímulo artificial por meio da introdução do eletroejaculador no reto do animal
promovendo uma estimulação elétrica, esta estimulação irá induzir o animal a
ejacular.  Seja qual for o método de coleta, é extremamente importante que o prepúcio
seja higienizado com água e sabão neutro na parte externa com solução fisiológica na
parte interna, o que garantirá menor risco de infecção por patógenos ambientais.
Em centrais, após coletado, o sêmen é encaminhado para o laboratório, onde será
avaliado em 4 parâmetros:
1) Aspecto e volume: deve apresentar coloração uniforme e aparência
opaca/cremosa. Este é o melhor indicativo da alta concentração espermática. O
volume é utilizado para cálculo da dose espermática, estimando o número total de
células.
2) Motilidade e vigor: realizada em um microscópio óptico que avalia a viabilidade e a
qualidade espermática. Esta avaliação é subjetiva, ou seja, é uma avaliação pessoal e
pode variar conforme o avaliador. Como informação, tem-se que a mobilidade média
do ejaculado deve variar entre 70 e 90% e o vigor é estimado dentro dos valores de
pontuação de 0 a 5.
3) Concentração espermática: representa o número de espermatozoides por
unidade de volume ejaculado. Para essa contagem, utiliza-se uma câmara de
Neubauer. A concentração varia em função de fatores extrínsecos (método de coleta,
frequência de cópulas) e intrínsecos (idade, biometria testicular). A concentração
média de bovinos é de 800 a 2000 x 106 espermatozoides/ml.
4) Morfologia: este parâmetro avalia o percentual de células normais e patológicas.
Nesta avaliação, a morfologia espermática é classificada em defeitos maiores
(acrossoma, cabeça subdesenvolvida, estreita na base, isolada patológica, pequena
anormal, contorno anormal, cauda enrolada na cabeça, patologias da peça
intermediária, cauda fortemente dobrada ou enrolada) e defeitos menores (cabeça
delgada, cabeça gigante, curta, larga, pequena normal, cabeça isolada normal, cauda
dobrada ou enrolada), segundo a origem do defeito.
Nos últimos anos, toda essa avaliação do ejaculado vem sendo realizada de maneira
computacional com o uso de software e hardware específicos, onde todas as
avaliações são realizadas de maneira mais eficiente e rápida. Com isso, a
possibilidade de falhas de avaliação é minimizada, pois o efeito subjetivo da avaliação
perde sua importância.
Após ser coletado, avaliado e devidamente aprovado, o sêmen precisa ser conservado
de da maneira correta, garantindo sua viabilidade e suas características de motilidade
e morfologia por mais tempo. Para isso, usa-se a chamada criopreservação. Nesta
técnica, congelam-se os espermatozoides a 196ºC negativos em botijões com
nitrogênio líquido. Isto garantirá a preservação por tempo indeterminado. Essa foi a
grande evolução das técnicas de inseminação artificial, visto que a correta
preservação possibilitou o constante melhoramento genético de animais de produção,
por meio do uso de material genético de touros superiores e o controle de doenças.
Para o sucesso da criopreservação, devemos ter cuidados especiais com o botijão no
qual as paletas com o sêmen estarão alocadas. Neste sentido, o botijão deve ser
reabastecido periodicamente com nitrogênio líquido N² de acordo com a autonomia de
cada modelo. Além disso, o manuseio do N² deve ser realizado com bastante cuidado
pelo operador, já que tal produto pode ocasionar queimaduras graves.
No momento da inseminação, algumas precauções devem ser tomadas para que a
taxa de fertilidade seja satisfatória. É fundamental a escolha de um profissional
qualificado para a realização do procedimento. Esse profissional precisa receber
treinamento prévio, além de se atualizar periodicamente com cursos na área. Em
primeiro lugar, deve ser feito correto reconhecimento do cio da vaca, caso a opção
seja a IA. Posteriormente, o animal deve estar bem contido e os materiais para a
inseminação devem estar organizados em uma mesa para facilitar o manejo. Neste
momento, é importante que seja realizada a higienização da vaca e do ambiente no
qual será realizada a inseminação. Finalizada a inseminação, é imprescindível que
sejam anotados todos os dados do procedimento, como o número da vaca, do sêmen,
a data, nome do inseminador e demais informações pertinentes.

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