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Objetivo da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
QUESTION B AN KS
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ʪ Material Teórico
Ovário
Os ovários correspondem às gônadas femininas responsáveis pela produção dos hormônios
progesterona e estrógeno e do gameta feminino. Anatomicamente, o organismo feminino
possui dois ovários localizados na cavidade pélvica, um a cada lado do útero, conectados pelas
trompas uterinas. Epitélio simples cúbico intercalado reveste os ovários. Há presença de
epitélio pavimentoso em algumas áreas. Na região medular do ovário encontramos tecido
conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos e células intersticiais, já na região cortical, além dos
folículos ovarianos, encontramos o corpo-lúteo e as células intersticiais.
Tubas Uterinas
As tubas uterinas fazem a ligação do útero com os ovários e tem a função de capturar o
ovócito liberado pelo ovário e conduzi-lo na direção do útero.
Útero
O útero é responsável por abrigar o óvulo fecundado fornecendo nutrição e proteção para o
desenvolvimento do feto. Estruturalmente é constituído por três camadas: endométrio, que é a
camada mais interna e varia de tamanho de acordo com o estímulo hormonal ocasionado pelo
ciclo menstrual; miométrio, que possui uma parede mais espessa com bras musculares lisas
e bras colágenas; e a camada serosa denominada perimétrio. Na parte interna, o órgão é oco,
bromuscular, e suas dimensões variam de acordo com a idade, estimulação hormonal e o
número de gestações.
Colo Uterino
O colo uterino é delimitado por dois orifícios: o óstio interno, que ca em contato com o
istmo do útero; e o óstio externo, que se liga com o canal vaginal. Sua parede é constituída
pela endocérvice constituída por epitélio colunar simples mucossecretor, iniciando no orifício
do colo ideal, e a ectocérvice responsável pela produção de muco cervical, estendendo-se até o
fundo de saco vaginal (Figuras 2 e 3).
Alguns laboratórios ainda realizam a coleta tríplice, onde o material coletado do fundo de saco
posterior da vagina, da ectocérvice e da endocérvice é distribuído na mesma lâmina, porém o
Instituto Nacional do Câncer (Inca) recomenda apenas a colheita dupla (ectocérvice e
endocérvice), uma vez que o objetivo do exame é o rastreio das lesões pré-cancerosas do colo
com distribuição em locais diferentes da lâmina.
O processo de coleta inicia com a introdução do espéculo vaginal para visualização do colo e
não deve ser utilizado lubri cante, e deve ser retirado excesso de muco, secreção ou sangue
com auxílio de algodão. A coleta no canal endocervical com espátula de Ayre apoiada deve ser
realizada através de raspado na junção escamocolunar (JEC), com movimento de rotação de
360º (Figura 4).
A amostra do fundo de saco posterior da vagina também é obtida através de raspado com
escovinha que é inserida através do orifício cervical externo, sendo executada uma rotação
completa no canal que pode ser nalizada com um movimento de vai e vem, com cuidado para
não traumatizar a mucosa, evitando sangramento.
Importante!
O material deve ser colocado sobre a lâmina de forma delicada para
evitar o achatamento e distorção celular.
Figura 5 – Modelo Recomendado para Distribuição das
Amostras Citológicas na Lâmina de Vidro
Fonte: Adaptada de MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2012
Saiba Mais!
A demora na xação da amostra em etanol 95% ocasiona,
principalmente, a dessecação do esfregaço com alterações celulares
que deformam as células e di cultam a etapa posterior de análise do
material pelo citopatologista.
Coloração
O método de desenvolvido por Papanicolaou, com modi cações, é aplicado na coloração dos
esfregaços citopatológicos. Para tanto, utilizamos a hematoxilina para coloração do núcleo
celular e, como corante citoplasmático, Orange G6 e eosina (também pode ser usado verde-
brilhante e pardo de Bismarck).
Cada corante confere às formações celulares uma coloração distinta: a hematoxilina cora o
núcleo de azul; verde-brilhante cora o citoplasma das células escamosas parabasais e
intermediárias, células colunares e histiócitos de verde-azul; eosina dá uma coloração rosa
para o citoplasma das células super ciais, nucléolos, mucina endocervical e cílios; enquanto
que o Orange G6 confere coloração laranja-brilhante para hemácias e as células
queratinizadas.
Finalizado processo de coloração do esfregaço, utilizamos xilol para clareamento a m de
promover a transparência celular. Para nalização da coloração, é aplicada uma resina
sintética, dissolvida em xilol, para xação entre lâmina e lamínula. O protocolo de coloração
de Papanicolaou modi cado completo pode ser acompanhado a seguir:
11 Eosina: 2’’;
14 Xilol: 15-30’.
Importante!
A coloração deve ser observada ao microscópio para veri cação das
correções necessárias do tempo em que o esfregaço deve permanecer
em cada corante. As substituições dos corantes também devem ser
realizadas periodicamente.
Para leitura ao microscópio utilizamos a objetiva de 4x para veri car a qualidade da coloração
e quantidade e distribuição celular, seguida pela utilização da objetiva de 10x, realizando-se a
leitura sistemática de todos os campos microscópicos. A objetiva de 40x é usada quando é
necessário um maior detalhamento das estruturas celulares. Na triagem realizada pelo técnico,
as células anormais são identi cadas e marcadas a caneta para auxiliar a avaliação do
citopatopatologista.
Laudos Diagnósticos
Os esfregaços considerados anormais devem ser revisados pelo médico citopatologista, e 10%
a 20% dos esfregaços considerados normais pelo técnico devem ser revisados pelo médico
citopatologista.
Importante!
A efetividade desse sistema aleatório de seleção para revisão dos
esfregaços negativos é ainda muito discutida. Alguns autores
recomendam que todas as lâminas, positivas e negativas, devem ser
revisadas pelo médico citopatologista.
Descrição microscópica;
Conclusão diagnóstica;
Sistema Bethesda
O Sistema Bethesda é a nomenclatura mais recente utilizada para classi cação citológica dos
esfregaços cervicais. Sua aplicação teve início em 2001. Inicialmente, os pro ssionais da área
tiveram resistência na sua aplicação, uma vez que novo sistema chegava para substituir
classi cações usadas durante décadas. O maior entrave, segundo eles, estava na inclusão da
categoria displasia moderada ou NIC 2 entre as lesões intraepiteliais de alto grau, situação que
gerou inúmeras discussões.
Normalmente, as alterações celulares causadas pelo HPV eram consideradas como verdadeiros
precursores do câncer de colo uterino e divididas em quatro categorias (displasia leve,
moderada, severa e CIS) ou em três (NIC 1, NIC 2 e NIC 3), conforme as diferentes
classi cações. Com o Sistema Bethesda passou-se a entender que as lesões de baixo grau
estavam associadas a infecções pelo HPV e que o manejo clínico deveria ser relacionado às
lesões de alto grau.
Presença de Euplasia
É a célula sem a presença de alterações, em seu estado considerado normal. Estruturalmente,
observamos cromatina nuclear com grânulos arredondados e, namente, dispersos; nucléolo
presente quando há síntese proteica em atividade; membrana cromatínica moderadamente
espessada e uniforme; citoplasma é abundante e distribuído de forma uniforme em torno do
núcleo, sendo o grau de baso lia citoplasmática relacionado à quantidade de ácido
ribonucleico (RNA) e proteínas.
Presença de Retroplasia
Ocorre quando há redução na atividade celular. A cromatina nuclear é redonda e os limites não
são bem de nidos; o núcleo encontra-se retraído e escuro, denominada de picnose nuclear,
seguido de edema nuclear com condensação e fragmentação em massas redondas que se
espalham pelo citoplasma. No citoplasma observamos desnaturação das proteínas e outros
constituintes com consequente modi cação das características citoplasmáticas. Os lipídeos se
acumulam tornando o citoplasma granular, turvo e vacuolizado. Pode ocorrer aumento de
tamanho celular devido ao acúmulo de água intracelular, uma vez que há de ciência nos
mecanismos de transporte através da membrana citoplasmática, podendo ocorrer
rompimento da membrana.
Presença de Proplasia
É observado quando a célula ou tecido apresenta aumento da atividade biológica para o
processo de divisão celular. O núcleo apresenta hipercromasia e a cromatina está mais escura
com intensa atividade celular; a membrana nuclear tem espessura uniforme e pode ser
ondulada, observando-se a presença de nucléolo redondo.
Saiba Mais!
Os hormônios secretados pelos ovários desempenham papel
importante no padrão celular apresentado pelas pacientes. Pacientes
jovens em idade reprodutiva apresentam predomínio de células
escamosas maduras; já pacientes no período pós-menopausa a
morfologia evidente é a presença de células escamosas parabasais.
Histologia e Citologia da Mucosa Vaginal e Ectocérvice
Epitélio escamoso estrati cado não queratinizado compõe as células de revestimento da
vagina e o colo do útero, na ectocérvice. No período reprodutivo, o epitélio apresenta três
camadas celulares distintas (Figura 6):
Células super ciais: durante a ovulação há predomínio desse tipo celular nos
esfregaços cervicovaginais. Células apresentam tamanho que varia de 40 a 60
micrômetros e são poligonais. O citoplasma apresenta a nidade pelo corante
ácido eosina e aparece corado de rosa. O núcleo é picnótico devido à atividade
estrogênica. A cromatina aparece de forma condensada.
Figura 6 – Epitélio Escamoso Estrati cado da Ectocervice.
Fonte: Adaptada de MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2012
Metaplasia Escamosa
A região da junção escamocolunar (JEC) é uma área importante para avaliação do celular,
referindo-se ao ponto de ligação entre o epitélio glandular endocervical e o epitélio escamoso
da ectocérvice.
Em períodos especí cos, como na puberdade e na primeira gravidez, onde há alterações
hormonais especí cas, observamos aumento do volume do colo e ectopia do epitélio
endocervical. Em contato com ambiente vaginal, o epitélio ca exposto ao pH ácido da vagina
e, como forma de adaptação ao novo meio, ocorre o processo de metaplasia escamosa, onde o
epitélio colunar endocervical transforma-se em epitélio escamoso estrati cado não
queratinizado.
As células metaplásicas, conforme evidências cientí cas, são mais suscetíveis a formação de
lesões pré-cancerosas e carcinoma de colo uterino devido à ação do papiloma vírus humano
(HPV).
Características Citológicas
As amostras para avaliação do epitélio hormonal devem ser coletadas na porção proximal das
paredes laterais da vagina, que é a área mais sensível aos efeitos hormonais. Porém, a
citologia hormonal é um método em desuso, especialmente devido à vulnerabilidade dos
índices em relação a fatores externos e também à in amação.
Importante!
Recomenda-se a aplicação de estrógeno para promover o aumento da
celularidade no local e realização de um novo esfregaço com um
número maior de células.
Células Escamosas Atípicas
No Sistema Bethesda foi introduzida a nomenclatura Atipia de Células Escamosas (ASC), em
substituição à Atipia de Células Escamosas de Signi cado Indeterminado (ASCUS). Os critérios
para a categoria ASC foram re nados e, atualmente, referem-se às alterações citológicas
sugestivas de lesão intraepitelial escamosa, que são quantitativamente ou qualitativamente
insu cientes para o seu diagnóstico de nitivo. Foi eliminado da versão atual do Sistema
Bethesda a quali cação favorecendo reativa ou sem outra especi cação. Atualmente, ASC é
subdividido em dois grupos:
Importante!
As alterações celulares presentes em ASC-US podem ser semelhantes
às alterações reativas ou degenerativas, à de ciência de ácido
fólico/vitamina B12 e até a lesão intraepitelial escamosa de baixo grau
(NIC1/displasia leve).
Na metaplasia papilar imatura atípica há proliferação de células escamosas imaturas com atipia
citológica e está associada a infecção pelo HPV de baixo risco. Já na metaplasia imatura atípica
há proliferação escamosa da zona de transformação e glândulas endocervicais associada a
esfregaços citológicos e exame colposcópico anormais, normalmente está associada a
infecção por HPV de baixo grau.
Há mais de 150 tipos de HPV, embora somente cerca de 30 tipos sejam relacionados com o
aumento do risco para câncer cervical. Comumente, o HPV é classi cado nos tipos de baixo e
de alto risco, de acordo com a sua menor ou maior associação com o câncer de colo. Os
primeiros compreendem especialmente o HPV 6 e 11, e os de alto risco são representados
mais frequentemente pelos tipos 16, 18, 31 e 45, que contribuem para mais de 80% dos
cânceres cervicais. Durante o contato sexual e através de microerosões da mucosa, o vírus
penetra na zona de transformação do colo, infectando inicialmente as células basais. As lesões
iniciais aparecem sob a forma de condiloma acuminado (verrugas) visíveis
macroscopicamente, geralmente observadas na vulva e no períneo.
O conceito de conceito de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) foi introduzido por Richart, em
1967, dividindo as neoplasias em três graus: NIC 1, NIC 2 e NIC 3, que correspondem,
respectivamente, à displasia leve, displasia moderada e displasia acentuada/carcinoma in situ.
Em 1988, foi introduzido o Sistema Bethesda de terminologia e classi cação diagnóstica para
amostras citológicas cervicovaginais. Esse sistema contou com duas atualizações posteriores:
em 1991 e 2001. No Sistema Bethesda, as lesões pré-cancerosas do colo uterino são
classi cadas como lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (compreendendo as
alterações citopáticas pelo HPV e a displasia leve / NIC 1) e lesões intraepiteliais escamosas de
alto grau (correspondendo à displasia moderada/ NIC 2 e carcinoma in situ/NIC 3).
Para o diagnóstico citológico das lesões pré-cancerosas consideramos a avaliação das células
que são removidas das camadas mais super ciais do epitélio. É interessante observar que
quando essas células ascendem à superfície permanecem com as atipias nucleares, porém
exibem certo grau de maturação, com maior quantidade de citoplasma. São encontradas
células com distintos graus de maturação, com citoplasma abundante nas lesões de baixo grau
e citoplasma escasso, e imaturo nas lesões de alto grau. Quanto maior a relação
núcleo/citoplasma, mais avançada é a displasia. A maioria das lesões de baixo grau é
transitória e regride espontaneamente, enquanto que as lesões de alto grau são mais
persistentes e tendem a progredir para o câncer.
Nas lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (alterações citopáticas pelo HPV, displasia
leve/NIC 1) as células apresentam citoplasma abundante, bem de nido, isoladas ou dispostas
em pequenos agrupamentos monoestrati cados, os núcleos com mais de três vezes o
tamanho do núcleo de células intermediárias normais e com relação núcleo/citoplasma
conservada ou levemente alterada. Há presença de hipercromasia e leve irregularidade da
borda nuclear, com cromatina namente granular, com multinucleação. O nucléolo não está
presente e coilocitose é frequente.
Ainda encontramos lesões intraepiteliais escamosas de alto grau com características suspeitas
de invasão (lesão intraepitelial escamosa de alto grau não excluindo microinvasão) que são
difíceis de graduar e até mesmo de diferenciar do carcinoma escamoso invasor. As células
anormais apresentam citoplasma abundante e podem exibir alteração discreta da relação
nucleocitoplasma. O sinal indicador da gravidade da lesão é dado pelo pleomor smo das
células queratinizadas (caudadas, fusiformes, em “raquete”) e pela marcada variação do
tamanho e da forma nuclear.
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Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do
Colo do Útero
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ʪ Referências
ARAÚJO, S. R. Atlas de Citologia Cérvico-vaginal. Passo a Passo. 3. ed. Paraná: APP, 2012.
GAMBONI, M.; MIZIARA, E. F. Manual de citopatologia diagnóstica. São Paulo: Ed. Manole,
2013.
PITTOLI, J. E. et al. Revisão de esfregaços cervicais negativos em pacientes com lesões intra-
epiteliais de alto grau. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v.
39, n. 3, p. 219-221, 2003.
ROBBINS, S.; COTRAN, R. Patologia: Bases Patológicas das doenças. 8. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.
SALOMON, E.; NAYAR, R. Sistema Bethesda para citopatologia cérvico-vaginal. 2. ed. Rio de
Janeiro: Editora Revinter, 2005.