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Homeopatia
Objetivo da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
1 /3
ʪ Material Teórico
Introdução
Já sabemos como as tinturas-mães são obtidas e que os medicamentos homeopáticos são
preparados a partir de drogas de origem vegetal, animal e mineral. Uma tintura-mãe é o que se
chama de forma farmacêutica básica (FFB), pois constituiu o ponto de partida para a
manipulação das formas farmacêuticas derivadas (FFD), que podem ser obtidas a partir de
diluições sucessivas, de sucussões e/ou triturações, de soluções estoque (matriz) ou à
dispensação, sempre seguindo a potência, independentemente da escala (FONTES, 2018).
Em Síntese
Escalas
Relação entre Insumos Ativos e Insumos Inertes:
Decimal (1/10 = uma parte de insumo ativo em nove partes de insumo inerte);
Hahnemanniano;
Korsakoviano;
Fluxo contínuo.
Métodos
Preparações Método Hahnemanniano:
Diluição
Em um frasco âmbar, adicionar o insumo inerte (álcool 30% v/v), deixando pelo
menos 1/3 do frasco livre;
Colocar uma parte da lactose no gral de porcelana e triturar para tampar os poros do
gral;
Adicionar o insumo ativo sobre a lactose, homogeneizar com uma espátula de inox
ou porcelana e triturar vigorosamente por seis minutos;
Raspar com espátula de porcelana ou inox o triturado grudado na parede do gral por
quatro minutos;
Repetir mais dois ciclos de triturar por seis minutos e raspar por quatro minutos;
Repetir mais dois ciclos de triturar por seis minutos e raspar por quatro minutos;
Após esse ciclo de 1 hora, obtém-se o primeiro triturado, que pode ser armazenado
protegido da luz e em recipiente bem fechado. Identificar como 1CH trit ou 1DH trit;
Para se obter o segundo triturado, repetir o processo, obtém-se o 2CH trit e 2DH
trit;
Para solubilizar o triturado feito na escala decimal, dissolver uma parte do insumo
ativo (6DH) em dez partes de água purificada com temperatura de 40 °C a 45 °C.
Homogeneizar até esfriar. Dinamizar cem vezes. A solução obtida corresponde ao
7DH.
Figura 1
Todo embasamento das técnicas de manipulação dos medicamentos homeopáticos está
baseado na 3ª edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira e no Manual de Normas Técnicas
Para Farmácia Homeopática da ABFH (FONTES, 2018).
Técnica:
Essa preparação ocorre em álcool etílico a 30% (v/v), com a potência anterior a ser dispensada,
transferir para o frasco a ser dispensado, sucussionar e rotular de acordo as normas já vistas
anteriormente.
Exercício
Prescrição em gotas:
Para Maria Laura foi prescrito 20 ml do medicamento homeopático
Ignatia amara 30CH.
Posologia: Pingar 5 gotas sublingual quatro vezes ao dia durante trinta
dias.
C O NT I NU E
Expectativa de Resposta
Pipetar 0,20 ml da ignatia 29CH (Matriz álcool 70%) e transferir para o frasco,
lembrando que este deverá ficar com 1/3 da capacidade livre para a sucussão de cem
vezes;
Quando a medicação for prescrita nas potências 3CH ou 6DH, devem ser dispensadas no mesmo
teor hidroalcoólico das matrizes. Nesses casos, no rótulo deve constar a orientação “diluir em
água na hora do uso”.
Saiba Mais
Para crianças, alguns prescritores utilizam os medicamentos
homeopáticos em solução hidroalcoólica 5% v/v, com validade de 3
meses.
Pipetar 0,10 ml da Allium cepa 5CH e transferir para o frasco com etanol 30% (v/v)
q.s.p. 10 ml em frasco com capacidade de 20 ml, sucussionar cem vezes e reservar;
Pipetar 0,10 ml da Bryonia 5CH e transferir para o frasco com etanol 30% (v/v) q.s.p.
10 ml em frasco com capacidade de 20 ml, sucussionar cem vezes e reservar;
Tabela 1
Juntar 0,30 ml de Allium cepa 6CH com 1,50 ml de Bryonia 6CH e completar com álcool etílico
30% (v/v) q.s.p. 30 ml.
O veículo é solução hidroalcoólica 30 % (v/v), a qual será diluída em água para ser dispensada
(FONTES, 2018).
Exercício
Prescrição de Dose Única (DU)
Foi prescrito Mercurius solubilis 30CH, dose única. Tomar 10 ml pela
manhã em jejum.
C O NT I NU E
Expectativa de Resposta
O farmacêutico deverá:
Homogeneizar;
Dispensar.
Água purificada 30 ml
Preparar a arnica 30CH em etanol 30%. Desta solução, transferir 20 gotas (XX – número romano
indica a quantidade de gotas do medicamento a ser diluído), para um frasco de 30 ml e
acrescentar 30 ml de água purificada.
Tabela 3
Água purificada 20 ml
Ou
Preparar a Arnica 30CH em etanol 30%, transferir 10 gotas para um frasco de 20 ml, acrescentar
5 gotas de etanol 96% e 20 ml de água purificada.
Tabela 4
5% 100 ml
X = 1,0 ml Cell 7
Pipetar 1 ml (5%) de Arnica montana 30CH, transferir para um frasco e adicionar a q.s.p. 20 ml de
etanol 30%. Rotular.
Figura 2
Impregnação
A impregnação na homeopatia consiste em preparar uma medicação na forma farmacêutica
líquida e impregnar (absorver/penetrar) estes insumos ativos líquidos em insumos inertes
sólidos (comprimidos, glóbulos, tabletes ou pós) de forma homogênea. Nesse processo deve-se
usar 10% de impregnação de insumo ativo.
Homogeneizar e secar;
Rotular.
Secar os comprimidos sobre papel de filtro numa temperatura não superior a 50 °C.
Por Impregnação:
Rotular.
Exercício
Preparar Nux vomica 6CH – 15 g de glóbulos.
Posologia: chupar 3 glóbulos 4 vezes ao dia.
C O NT I NU E
Expectativa de Resposta
Homogeneizar;
Embalar e rotular.
Preparar o insumo ativo por trituração com lactose na potência desejada. Essa
dinamização será igual ou inferior a 3CH ou 6DH, pois se trata de forma
farmacêutica derivada obtida a partir de insumo ativo insolúvel;
Embalar e rotular.
Formas Farmacêuticas Sólidas – Tabletes
Os tabletes homeopáticos são formas farmacêuticas sólidas, com peso entre 75 mg e 150 mg,
obtidos pela moldagem da lactose impregnada com o insumo ativo em tableteiro e sem a adição
de adjuvantes.
Homogeneizar e secar;
Transferir os tabletes para um frasco de boca larga, colocar algodão por cima para
evitar o choque entre eles e rotular.
Quando o insumo ativo for sólido (trituração), os tabletes serão preparados apenas por
moldagem.
Transferir os tabletes para um frasco de boca larga, colocar algodão por cima para
evitar o choque entre eles e rotular.
Transferir os tabletes para um frasco de boca larga, colocar algodão por cima para
evitar o choque entre eles e rotular (ANVISA, 2011).
Técnica:
A dose única sólida será impregnada com duas gotas de insumo ativo.
Exemplos:
Tabela 5
Impregnar cinco glóbulos com duas gotas da mistura preparada e deixar secar.
Bioterápicos
De acordo com a 10ª edição da Farmacopeia Francesa, bioterápicos são produtos quimicamente
não definidos (secreções; excreções patológicas ou não; tecidos; órgãos; alérgenos e certos
produtos de origem microbiana) que servem de matéria-prima para as preparações
homeopáticas.
Glossário
Nosódio: medicamento preparado a partir de material patológico
animal ou vegetal (órgãos doentes e secreções patológicas).
Isoterápicos
Os isoterápicos são produtos cujo insumo ativo está relacionado com a patologia do Paciente.
Podem ser de origem endógena (sangue; urina; cálculos) ou exógena (alérgenos; alimentos;
toxinas).
Classificados como:
Coleta:
Toda amostra de origem biológica deve ser tratada como se fosse patogênica;
O material utilizado na coleta deve ser descartável, sendo necessário aplicar o que
preconiza o PGRSS – Programa de Gerenciamento de Resíduo de Serviços de Saúde
para o seu descarte.
Cálculo renal,
Coletor universal ou
dental, salivar, –
frasco esterilizado
vesical e biliar
Conforme
Tubo de cultura,
Cultura microbiana procedimento
placa de Petri
laboratorial
Coletor universal,
Escarro –
frasco estéril
Coletor universal,
Fezes Solução glicerinada
frasco estéril
Fragmentos de
Coletor universal Solução glicerinada
órgãos ou tecidos
Raspado de pele ou
Placa de Petri –
unhas
Frasco sem
anticoagulante com
quantidade mínima Água purificada,
Sangue venoso total
de água purificada etanol a 77% v/v
capaz de provocar
hemólise
Água purificada,
Soro sanguíneo Frasco estéril
etanol a 77% v/v
Técnicas de Preparo
Todos os procedimentos de preparação dos bioterápicos poderão seguir os métodos
Hahnemanniano, Korsakoviano ou de Fluxo Contínuo, assim como as escalas centesimal,
decimal ou cinquenta milesimal. De acordo com o material coletado, pode-se ainda utilizar os
seguintes insumos inertes: lactose, soluções fisiológicas, solução glicerinada, soluções
hidroalcoólicas, água purificada etc.
Tabela 7
Material Veículo:
1. Triturar até 3CH ou
insolúvel: Lactose, água, 6DH em lactose;
Cálculos,
escamas, etanol a 96 % e 2. Diluir essas potências
de acordo com a
fragmentos de 77 % (v/v).
técnica de
órgãos e tecidos, solubilização dos
pelos, pós e triturados e
sucussionar para obter
unhas.
a 4CH ou 7DH;
3. Dinamizar as
potências
intermediárias em
etanol a 77 % (v/v);
4. O teor alcoólico da
última potência vai
depender da forma
farmacêutica a ser
dispensada.
1. Dinamizar com
glicerina diluída até
3CH ou 6DH;
Cultura Veículo:
2. Dinamizar as
Microbiana: Placa Glicerina potências
microbiana ou diluída (1:1) e intermediárias em
etanol a 77 % (v/v);
suspensão de etanol a 77 %
cepas bacterianas. (v/v). 3. O teor alcoólico da
última potência vai
depender da forma
farmacêutica a ser
dispensada.
Os bioterápicos de estoque devem ser armazenados da mesma forma que as demais matrizes,
com os heteroisoterápicos podendo ser usados por vários pacientes. Os autoisoterápicos
somente poderão ser estocados em etanol a 77% (v/v) ou superior e dispensados a partir da
12CH ou da 24DH (FONTES, 2018).
Essas formas farmacêuticas estão reunidas em três grandes grupos: formas líquidas, sólidas e
semissólidas (plásticas).
Figura 3
Na Prática:
Tabela 8
Arnica 1CH 10 ml
Soluções Nasais:
Destinam-se à aplicação na mucosa nasal sob as formas líquidas ou semissólidas.
Preparações nasais: água purificada, solução de cloreto de sódio 0,9% (p/v), soluções
hidroglicerinadas e bases para preparações semissólidas.
Insumos ativos devem ser incorporados nas soluções nasais na proporção de 1% a 5% (v/v) ou
(p/v).
Na Prática:
Tabela 9
Carboximetilcelulose 0,066 g
Soluções Oftálmicas
Indicadas para aplicação em mucosa ocular, abrangendo soluções, pomadas e dispositivos
intraoculares.
Principal veículo é a solução fisiológica (cloreto de sódio 0,9%), água purificada. A solução deve
ser isotônica, estéril e com o pH compatível. Indicada microfiltração para a esterilização.
Insumos ativos devem ser incorporados nas soluções oftálmicas na proporção de 0,5 % a 1 %
(p/v) ou (v/v).
Na Prática:
Tabela 10
NaCl 0,064 g
Posologia: Pingar 2 gotas em cada olho duas vezes por dia (FONTES,
p. 245, 2018).
Soluções Otologicas:
Preparações otológicas são aplicadas na cavidade auricular e apresentam-se nas formas líquidas
ou semissólidas, mas principalmente na forma líquida. Os principais veículos são água
purificada, soluções hidroalcoólicas, hidroglicerinadas, óleos, cloreto de sódio 0,9% (p/v) e
bases para preparações semissólidas. Não é necessário ajustar isotonicidade ou proceder
esterilização para preparações otológicas, apenas ajustar o pH (5,5 a 6,0).
Os insumos ativos são incorporados na proporção de 10% (v/v) ou (p/v).
Na Prática:
Tabela 10
Cyrtopodium 1CH – 1,0 ml
Apósitos Medicinais
Tratam-se de substratos adequados (algodão ou gaze esterilizados) impregnados com solução
medicamentosa na potência desejada e usados externamente. Os apósitos medicinais podem ser
preparados com um ou mais insumos ativos. Quando utilizar a tintura mãe para o preparo dos
apósitos, diluir em 20 partes de água purificada.
O insumo ativo e o insumo inerte estéril devem ser impregnados por imersão em quantidade
suficiente para total embebição. O produto final deve ser seco em estufa com temperatura
inferior a 50 °C até peso constante (BRASIL,2019).
Pós-Medicinais – Talco
Pós-medicinais, também conhecidos como talcos medicinais são preparados pela incorporação
de insumo ativo na potência desejada, ao insumo inerte, adequadamente pulverizado. Podem ser
preparados com um ou mais insumos ativos. Os insumos inertes usados são: amidos,
carbonatos, estearatos, óxidos e silicatos.
O insumo ativo é incorporado na proporção de 10% (v/p) para o insumo inerte; deve-se
homogeneizar e secar a temperatura inferior 50 °C.
Ao final da preparação, padronizar os pós com malhas entre 40 e 100. Assim o talco terá fluidez,
aderência, frescor, suavidade ao toque e ausência de penetração cutânea.
Na Prática:
4 Homogeneizar;
6 Acondicionar e rotular.
4 Homogeneizar;
5 Acondicionar e rotular.
Supositório e Óvulos
Supositórios apresentam formato cônico ou oval, podendo conter um ou mais princípios ativos
e são utilizados para administração retal.
Óvulos, também conhecidos como supositórios vaginais, apresentam forma ovoide e destinam-
se à aplicação vaginal, podem ser de gelatina glicerinada, manteiga de cacau e poliol.
Os supositórios e óvulos são manipulados de acordo com os seguintes procedimentos quando
preparados com insumo ativo líquido: o insumo ativo é incorporado na proporção de no mínimo
5% (v/p) ao insumo inerte e moldado adequadamente.
Quando os supositórios e óvulos forem compostos por insumos ativos sólidos, estes devem ser
manipulados de acordo com os seguintes procedimentos: o peso médio dos supositórios é de
2,5 g para adultos, 1,5 g para crianças e 1,0 g para lactentes. São preparações de consistência
sólida, que podem conter um ou mais ativos, e são destinados à ação local ou sistêmica.
Saiba Mais
Medicamentos sólidos e insolúveis devem ser preparados por
trituração, enquanto os líquidos devem ser feitos por dinamização;
sempre seguindo a potência e escala prescritas.
Na Prática:
Tabela 11
Ratanhia 3DH 10 ml
Tabela 12
Hydrastis 1CH 10 ml
Lactose 1,0 g
Na Prática:
Quantidade Quantidade a
Componente Função original ser
(fórmula) preparada
Quantidade Quantidade a
Componente Função original ser
(fórmula) preparada
Fase Oleosa
Base
Lanette N 15% 4,50 g
autoemulsionante
Triglicérides ac.
Emoliente 2% 0,60 g
cáprico/caprilíco
Fase Aquosa
Sol. Conservante
Conservante 3,3% 0,99 g
1
24,00 g – 7,0
g
Água destilada Veículo q.s.p. 80 g
componentes
3 g P. A = 14 g
Quantidade Quantidade a
Componente Função original ser
(fórmula) preparada
Arnica 1DH
TM de Arnica
montana 1 ml de
TM de Arnica Princípio Ativo 10% 3g
montana + 9 ml
de álcool 50 % +
(100 sucussões)
Técnica:
4 Após ambas as fases atingirem a temperatura de 70-75 °C, verter a fase aquosa
sobre a fase oleosa, agitando constantemente no mesmo sentido (horário) para que
não ocorra a inversão de cargas, até atingir a temperatura de 40 °C;
ʪ Material Complementar
Leitura
ACESSE
ACESSE
Bioterápicos ou Nosódios – Pesquisa e Prática
ACESSE
ACESSE
3/3
ʪ Referências
SÃO PAULO. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Departamento de Apoio
Técnico e Educação Permanente. Comissão Assessora de Homeopatia. Homeopatia. 3. ed. São
Paulo: Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, 2019. Disponível em:
<http://www.crfsp.org.br/images/cartilhas/homeopatia.pdf>. Acesso em: 28/09/2021.