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Unidade II
5 O MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO
O conceito de dinamização aparece para tornar a ação terapêutica dessa droga mais dinâmica, com
características altamente diluídas e energizadas, sem apresentar átomos ou moléculas em sua estrutura,
mas com um potencial de ação muito mais eficaz do que no seu estado bruto.
Lembrete
Os insumos inertes são empregados para auxiliar a farmacotécnica homeopática sem, no entanto,
interferir na ação terapêutica da formulação, sendo utilizados no preparo das matrizes durante a
execução de diluições sucessivas ou triturações e também dos insumos usados na manipulação dos
medicamentos para dispensação. Têm também como função melhorar a estabilidade dos medicamentos,
além de transportar a informação do insumo ativo na forma farmacêutica desejada, facilitando a
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Unidade II
administração da droga. Além dessas funções, ainda podem ser utilizados para solubilizar os insumos
ativos adequadamente e para extrair os princípios ativos das drogas na preparação das TM.
Por isso, essas substâncias devem passar por um rígido controle de qualidade e apresentar a pureza
exigida pela legislação e de acordo com as farmacopeias. Segundo as Boas Práticas de Manipulação em
Farmácias (BPMF),
• de uso interno: água purificada; álcool etílico 96% e suas diluições; glicerina e suas diluições;
lactose e sacarose; glóbulos e microglóbulos inertes; comprimidos e tabletes inertes; insumos e
adjuvantes para formas farmacêuticas sólidas; bases e insumos para xaropes;
• de uso externo: insumos inertes para pós medicinais; apósitos medicinais (algodão e gaze
esterilizados); bases ou insumos para linimentos, pomadas, cremes, géis, géis‑creme, loções, óvulos
e supositórios, sabonetes, shampoos etc. (BRASIL, 2011).
Os cuidados com os insumos inertes dizem respeito à etapa de manipulação do fármaco homeopático
e também à sua própria obtenção, bem como seu transporte, armazenagem e manuseio, assegurando
sua qualidade e evitando que sofram alterações por fatores como umidade, temperatura e odores,
mantendo suas características como definidas pelas farmacopeias (BRASIL, 2011).
A água purificada utilizada em fórmulas homeopáticas deve ser obtida pelos processos de destilação,
deionização com filtração esterilizante, filtro Milli‑Q ou osmose reversa.
Segundo a Farmacopeia brasileira (ANVISA, 2010b), deve se apresentar límpida, incolor, inodora e
estar isenta de impurezas, como amônia, cálcio, metais pesados, sulfatos e cloretos. Deve ainda ser
acondicionada em recipientes bem fechados, em geral frascos de vidro ou PVC, sendo renovada todos os
dias devido à sua validade de 24 horas. Seu pH deve estar entre 5 e 7.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
A água purificada é usada nas diluições das diversas soluções hidroalcoólicas e em soluções
glicerinadas, nas doses únicas preparadas em água, nas diversas bases de uso externo etc., devendo
ser analisada diariamente pela farmácia quanto a seu pH, condutividade e aspectos organolépticos,
no mínimo. Segundo a RDC n. 67/2007, no mínimo mensalmente deverão também ser feitos testes
físico‑químicos e microbiológicos da água purificada – que poderão ser terceirizados –, com o objetivo
de monitorar o processo de obtenção de água. Nesta avaliação mensal devem ser realizadas, no mínimo,
as seguintes análises: pH, cor aparente, turbidez, cloro residual livre, sólidos totais dissolvidos, contagem
total de bactérias, coliformes totais, presença de E. coli. e coliformes termorresistentes.
O álcool utilizado em homeopatia é o álcool etílico bidestilado. Hahnemann utilizava álcool de uva;
hoje, temos o álcool de cana‑de‑açúcar e de cereais, sendo este isento de aldeídos.
Suas características físicas são: líquido límpido, inflamável e higroscópico, incolor, com odor
característico, sabor ardente e isento de impurezas, principalmente aldeídos e álcoois superiores.
É miscível com água e cloreto de metileno. Deve ser acondicionado em recipientes herméticos, como
bombonas de polietileno ou vidro.
O álcool é empregado na preparação das diversas diluições alcóolicas usadas na extração das TM e
nas dinamizações homeopáticas, além das dispensações dos medicamentos líquidos. Veja no quadro 3
as diversas aplicações das várias graduações alcóolicas.
Etanol Utilização
Etanol 5% (v/v) a 96% (v/v) Dispensação das preparações das formas farmacêuticas líquidas
Etanol 20% (v/v) Dissolução das triturações homeopáticas nas potências 3 CH e 6 DH
Alcoolatura mais comum na dispensação dos medicamentos homeopáticos
Etanol 30% (v/v) na forma de gotas
Etanol 77% (v/v) Dinamizações intermediárias e moldagem dos tabletes
Usado nas dinamizações que serão usadas para impregnação das formas
Etanol igual ou superior a 77% (v/v) farmacêuticas sólidas, tais como lactose, glóbulos, tabletes e comprimidos
Dinamizações intermediárias dos insumos ativos preparados na escala
Etanol 96% (v/v) cinquenta milesimal
Diferentes graduações etanólicas Preparação de TM e diluição das drogas solúveis
Para a preparação do etanol nas diversas graduações é facultado utilizar o critério volumétrico
v/v (volume do álcool por volume da água empregados) ou o critério ponderal p/p (peso do álcool por
peso da água empregados). Cabe ressaltar que o etanol 77% (v/v) corresponde ao etanol 70% (p/p).
Fontes et al. (2018) lembram que a correspondência entre v/v e p/p é demonstrada no Anexo C da FHB 3.
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Unidade II
Como parte do controle de qualidade é preciso determinar o grau alcoólico das soluções
hidroalcoólicas preparadas. Esta análise é realizada com o alcoômetro, sendo este um densímetro
desenvolvido para esse fim, determinando apenas a concentração em volume de álcool da solução. Sua
unidade de medida é o grau Gay‑Lussac (GL), que exprime a porcentagem do volume de álcool. Este é
graduado à temperatura de 20 °C, sendo, portanto, necessário trabalhar sempre nesta temperatura
ou corrigi‑la (BRASIL, 2011).
Ci . Vi = Cf . Vf
ou
Ci . Pi = Cf . Pf
Para prepararmos o álcool etílico no teor desejado, devemos seguir as seguintes instruções,
recomendadas pela FHB 3 (BRASIL, 2011, p. 47):
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Exemplo de aplicação
Para preparar 1.000 mL de etanol a 77% (v/v) a partir do etanol a 96% (v/v), pela fórmula
Ci . Vi = Cf . Vf, teremos:
O volume de água que deverá ser adicionado a este etanol é a diferença para o volume que
queremos obter:
Portanto, para preparar um litro de etanol 77% (v/v), deveremos juntar 802,08 mL de álcool 96% (v/v)
e 197,92 mL de água purificada.
A glicerina utilizada em homeopatia tem como aspecto físico ser um líquido xaroposo, transparente,
incolor ou de leve tom amarelado claro. Possui odor característico e sabor doce, seguido de sensação
de calor. Seu pH está entre 5,0 e 8,5. Sua densidade relativa deve estar entre 1,250 e 1,270 g/cm3
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Unidade II
(a 20 °C). É solúvel em água e em álcool, mas insolúvel em clorofórmio, éter, óleos fixos e voláteis.
Deve ser acondicionada, preferencialmente, em recipientes de vidro, pois é higroscópica.
Na farmacotécnica homeopática, usamos essa substância nas diluições das três primeiras
dinamizações na escala centesimal e nas seis primeiras dinamizações na escala decimal de TM
cujas matérias‑primas sejam órgãos e glândulas de animais superiores. Também a usamos em
alguns bioterápicos cujas matérias‑primas se solubilizem neste veículo; na dispensação das formas
líquidas de uso interno, quando solicitadas pelo prescritor para uso pediátrico ou veterinário; e em
preparados de uso externo.
5.1.4 Lactose
A lactose utilizada na homeopatia deve ser obtida do leite de vaca por processo de concentração do
soro, seguido da caseificação do leite a pressão reduzida, centrifugação e recristalização. Apresenta‑se
como pó cristalino, branco, inodoro, com leve sabor doce. Deve ser armazenada em recipientes
bem fechados.
5.1.5 Sacarose
A sacarose é o açúcar purificado obtido da cana‑de‑açúcar. Seu aspecto físico tem a forma de cristais
ou massas cristalinas, incolores ou brancas, ou de pó cristalino branco, com sabor doce característico.
Deve ser acondicionada em recipientes bem fechados.
Os glóbulos inertes são pequenas esferas homogêneas e regulares, brancas, praticamente inodoras
e de sabor doce, constituídas de sacarose ou de mistura de sacarose e lactose. São obtidos por
drageamentos múltiplos e apresentam‑se em diversos pesos, classificados por numerações: 30 mg
(n. 3), 50 mg (n. 5) e 70 mg (n. 7). Geralmente, a farmácia trabalha apenas com uma numeração.
Devem ser armazenados em recipientes hermeticamente fechados.
São utilizados na impregnação das dinamizações intermediárias líquidas para a obtenção da forma
farmacêutica conhecida como “glóbulos”.
Além dos aspectos já mencionados, o mais importante é o teste da porosidade. Em cada lote deve
ser aplicada uma solução colorida, geralmente azul de metileno preparado numa diluição em álcool no
mínimo a 77% (v/v), para verificar sua porosidade.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Saiba mais
Os comprimidos inertes são impregnados com dinamizações intermediárias líquidas para a obtenção
da forma farmacêutica sólida conhecida como “comprimidos”.
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Unidade II
Os tabletes inertes são pequenos discos obtidos por moldagem da lactose em tableteiro. São formas
farmacêuticas sólidas de lactose, homogêneas e regulares de sabor adocicado, com peso entre
75 mg e 150 mg.
Saiba mais
Segundo a FHB 3 (BRASIL, 2011, p. 35), para a manipulação e estocagem dos medicamentos
homeopáticos, sejam os dinamizados ou as TM, são utilizados frascos de vidro âmbar, classe
hidrolítica I, II, III e NP (quadro 4).
Para a dispensação de medicamentos, além dos vidros citados, podemos ainda utilizar para as
formas sólidas frascos plásticos de cor branca leitosa de polietileno de alta densidade, polipropileno e
policarbonato. Os pós são dispensados em papel impermeável, tipo “pérola branca” ou papel manteiga,
além de sachês.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Os acessórios utilizados são tampas, batoques e gotejadores, que devem ser de polietileno ou
polipropileno. As cânulas devem ser de vidro e os bulbos de látex, silicone atóxico ou polietileno, sendo
vedado o uso de bulbos de borracha que soltem resíduos no medicamento.
Todos os vidros, sejam novos ou usados, devem ser lavados com água corrente abundante e
enxaguados com água purificada para retirar as impurezas da água corrente. Deve‑se deixar escorrer o
excesso de água e então esterilizá‑los em autoclave a 120 °C e 1 atm. por 30 minutos, ou em estufa de
secagem a 180 °C por 30 minutos ou 140 °C por uma hora. A temperatura elevada serve para esterilizar
a vidraria e também para inativar as energias das dinamizações.
Observação
Vidros usados nas tinturas deverão ser lavados com uma escovinha
para remover resíduos impregnados. Além disso, devem ser reutilizados para
acondicionar somente outras tinturas (ABFH, 2019).
Frascos plásticos e acessórios virgens devem ser lavados com água corrente abundante e enxaguados
com água purificada e em seguida deixados imersos em álcool 77% (v/v) por duas horas, com exceção
dos bulbos, que devem ser apenas enxaguados em etanol a 77% (v/v) após a lavagem e o enxague com
água corrente e purificada.
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Unidade II
O medicamento será identificado pelo nome homeopático, seus sinônimos ou abreviatura, seguido
do grau de potência em algarismo arábico, sigla da escala de dinamização e do método empregado.
Escala de dinamização
(Centesimal)
Figura 19
Quanto à escala de dinamização, a FHB 3 esclarece que se trata da proporção de insumo ativo e
insumo inerte empregada na preparação das diferentes dinamizações. São usadas as seguintes escalas:
• escala centesimal (C), preparada na proporção de 1/100 – 1 parte do insumo ativo em 99 partes
de insumo inerte, perfazendo um total de 100 partes;
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
• escala decimal (D) preparada na proporção de 1/10 – 1 parte do insumo ativo em 9 partes de
insumo inerte, perfazendo um total de 10 partes;
A nomenclatura científica adota o latim de modo a ser padronizada mundialmente. Segundo Fontes
et al. (2018), as regras, explicadas no quadro 5, ajudam os clínicos a prescrever corretamente e os
farmacêuticos a identificar na receita o medicamento a ser aviado.
5.3.3 Sinonímias
O emprego de sinônimos deve restringir‑se aos constantes nas obras científicas consagradas em
farmácia e medicina. Por exemplo: Chamomilla = Matricaria, Lycopodium = Muscus clavatum, Pes ursinus.
Aqueles que não constam em tais obras científicas são considerados medicamentos secretos. O uso
de código, sigla, número e nome arbitrário é proibido tanto pela legislação farmacêutica em geral como
a referente à homeopatia.
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Unidade II
Exemplo de aplicação
Uma família, composta por pai, mãe e filho, procura o médico homeopata. O pai apresenta angústia,
ansiedade e agitação, com medo da morte. Como sintoma físico, sofre febre violenta, com dores fortes
e nevralgias palpitantes. O médico prescreve Aconitum napellus 200 CH. A mãe sente irritabilidade
extrema, agravação de sintomas pelo calor do sol e banho frio. Tosse que se agrava entrando em ambiente
quente. Apresenta desordens do estômago, excesso de gases; além de diarreia alternando com prisão de
ventre, e o cheiro de comida provoca náuseas. O médico prescreve Antimonium crudum 30 CH. O filho
apresenta gripe intensa com acúmulo de mucosidade no peito, de expectoração difícil e insuficiente,
devido à gripe que desencadeou pneumonia. Tem desejo de comidas ácidas. Para evitar confusão,
o médico prescreve Tartarus emeticos 6 CH, que é sinonímia do Antimonium tartaricum, para não
confundir a mãe na hora de administrar os medicamentos.
Em outro caso, você e sua irmã procuram um médico homeopata. Você, por ter uma digestão difícil,
com dispepsia ácida e muito flatulenta, com congestão hepática, cardialgia, acidez e azia. Sua irmã
apresenta uma cefaleia quando come depois da hora, além de uma bronquite crônica, com expectoração
purulenta. Após as anamneses, e apesar de serem casos completamente diferentes, o médico precisa
prescrever Lycopodium clavatum, que é um medicamento policresto, ou seja, que tem diversas ações.
Para não criar desconforto ou desconfiança, prescreve Lycopodium clavatum 30 CH para você e, para
sua irmã, Pes ursinus 30 CH, que é sinônimo do Lycopodium clav.
Em ambos os casos, o farmacêutico, ao dispensar as receitas, não deve fazer comentários sobre o
uso dos sinônimos, e os rótulos devem estar de acordo com as prescrições, para não criar desconfianças
quanto à conduta médica.
Saiba mais
5.3.4 Abreviaturas
O nome do medicamento homeopático pode ser abreviado desde que não dê margens a confusão.
Exemplos: Arnica montana ou Arn. mont., Lycopodium clavatum ou Lyc. Existem, portanto, abreviaturas
que não devem ser utilizadas, como Kalium chlor., que pode se referir tanto a Kalium chloricum quanto
a Kalium chloratum. Caso tal abreviatura conste na prescrição, será necessário consultar o prescritor.
Outra abreviatura muito utilizada é a substituição a cada três zeros (000) pelo algarismo romano M.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Exemplo de aplicação
Fontes et al. (2018) relacionam ainda alguns símbolos e abreviaturas empregados nas prescrições,
nos rótulos dos medicamentos e nas farmacopeias homeopáticas, relacionados no quadro 6.
Termos Abreviaturas
Cem sucussões ↓↑↑
Comprimidos comp.
Diluição dil.
Dinamização din.
Dose única du ou d.u.
Escala centesimal CH ou C (método hahnemanniano)
Escala cinquenta milesimal LM (método hahnemanniano)
Escala decimal DH ou X (método hahnemanniano)
Glóbulos Glob.
Líquido liq.
Método de fluxo contínuo FC
Método korsakoviano K
Microglóbulos mcglob. ou µglóbs.
Partes iguais ãã
Quantidade suficiente qs
Quantidade suficiente para qsp
Resíduo seco da TM r.s.
Resíduo sólido do vegetal fresco r.sol.
Solução sol.
Tablete tab.
Tintura‑mãe TM, oӨ
Título alcoólico da TM tit. alc.
Trituração trit.
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Unidade II
5.3.5 Rotulagem
• nome do estabelecimento, seu número no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), endereço
e telefone;
Além dessas exigências, segundo a FHB 3, o rótulo deve conter, de acordo com o caso, os seguintes
dados:
Tintura‑mãe
– Parte usada.
– Grau alcoólico.
– Volume.
Outras matrizes
– Quantidade.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
– Nome homeopático.
– Forma farmacêutica.
– Quantidade.
– Data de manipulação.
– Prazo de validade.
– Posologia.
– Nome do paciente.
– Nome do prescritor.
A FHB 3 define:
• fármaco é a substância “com finalidade terapêutica [ou preventiva] que, em contato ou introduzida
em um sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções” (BRASIL, 2011, p. 18);
• formas farmacêuticas derivadas “são preparações oriundas do insumo ativo obtidas por diluições
em insumo inerte adequado seguidas de sucussões e/ou triturações sucessivas, conforme a
farmacotécnica homeopática” (BRASIL, 2011, p. 18).
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Unidade II
O reino vegetal é o que contribui com maior número de drogas para a obtenção de medicamentos
homeopáticos.
Para usar esta matéria‑prima na confecção dos medicamentos, geralmente laboratórios industriais
são os responsáveis por elaborar as TM que darão origem às preparações dinamizadas. Para isso, devem
fazer uma individualização do vegetal, tanto microscópica como macroscópica, para garantir sua
perfeita identificação. É necessário que o laboratório conheça a parte da planta a ser usada de acordo
com a literatura sobre o estudo patogenético, assim como a época do ano para colheita, o estado da
planta (seca ou fresca) e as condições atmosféricas na coleta. Essas informações são encontradas nas
farmacopeias, em algumas matérias médicas, no dicionário de substâncias homeopáticas e na FHB.
Podem ser usados vegetais na forma inteira ou em partes, ou produtos de extração ou transformação.
Exemplos:
• em partes: bulbo (Allium cepa, Colchicum), raiz (Ipecacuanha, Paeonia officinalis), semente (Nux
vomica), flor (Calendula officinalis), fruto (Agnus castus), esporo (Lycopodium clavatum), casca do
caule (China officinallis);
O reino animal oferece menor quantidade de matérias‑primas para a preparação dos medicamentos
homeopáticos, mas o responsável pelo preparo inicial de suas TM também é a indústria homeopática.
Da mesma maneira que os vegetais, as drogas de origem animal devem ser obtidas de exemplares
identificados zoologicamente, e a parte utilizada também deverá ser conhecida de acordo com as
literaturas especializadas.
Os animais podem ser utilizados inteiros ou em partes, vivos ou recentemente sacrificados, dessecados
ou não. São ainda usados órgãos e secreções fisiológicas ou patológicas. O animal deve ser jovem, mas
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
completamente desenvolvido, e o local de coleta deve ser respeitado de acordo com a literatura, pois seu
habitat natural favorece a manutenção das condições do estudo patogenético. Exemplos:
• animais inteiros vivos: Apis mellifica (abelha europeia), Formica rufa (formiga ruiva), Tarantula
hispanica (aranha da Espanha);
• partes: Thyroidinum (glândula tireoide), Carbo animalis (couro de boi carbonizado), Spongia tosta
(esponja tostada), Corallium rubrum (coral);
• produtos extrativos ou de transformação: Lac caninum (leite de cadela), Lachesis muta (veneno da
cobra surucucu), Calcarea carbonica (parte interna da concha da ostra), Crotalus horridus (veneno
da cascavel norte‑americana), Sepia succus (secreção da bolsa tintória da sépia);
Além dos minerais obtidos em seu estado natural, há os produtos extraídos, purificados e produzidos
pelos laboratórios químico‑farmacêuticos, bem como os preparados obtidos segundo fórmulas originais
de Hahnemann. Também é necessário identificar sua química e impurezas. Exemplos:
Além disso, não basta que as substâncias originais e as preparações básicas sejam diluídas e
potencializadas pelos métodos de dinamização. Elas precisam ter sido previamente testadas no homem
sadio e utilizadas em conformidade com a Lei dos Semelhantes.
O método de maceração consiste em deixar a droga vegetal ou animal em contato com o veículo
extrator por algum tempo através da agitação diária para facilitar a difusão do líquido pelas partículas.
Já no método de percolação o líquido é deslocado de cima para baixo até que todos os fármacos
solúveis, devido ao peso, sejam esgotados.
Designada pelos símbolos TM ou θ, é a preparação básica que dá origem, junto a inúmeras drogas, a
todas as potências medicamentosas.
• vegetal fresco ou dessecado, podendo empregar o vegetal inteiro, parte dele ou secreção;
• animal vivo, recém‑sacrificado ou dessecado, podendo empregar o animal inteiro, parte dele
ou secreção.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Hahnemann (1996, § 267) idealizou o método da expressão para preparo das TM de vegetais frescos,
no qual esmagava o vegetal fresco até formar uma pasta, que transferia para um tecido e prensava para
obter um suco, o qual misturava com álcool, filtrando esta mistura depois de alguns dias.
Com vegetal seco, o método utilizado pode ser percolação ou maceração, e o líquido extrator deve ser
pesquisado nas monografias específicas das drogas. Caso não tenha referência, o teor alcoólico no início da
extração deverá ser de 60% (v/v), sendo a relação resíduo sólido‑volume final da TM 1:10 (p/v) (10%).
No caso do vegetal fresco, o método utilizado deve ser a maceração, sendo que para uniformizar
sua preparação é necessário determinar o resíduo sólido (r.sol.) do vegetal fresco. Esse procedimento
é necessário para verificar o quanto de parte seca tem a planta, uma vez que a quantidade de TM a
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Unidade II
ser obtida deverá corresponder a 10 vezes o percentual do r.sol. encontrado. Com esse valor pode‑se
calcular o volume total da TM a ser obtido, assim como o volume e o teor de etanol a ser adicionado.
Segundo a FHB 3, para calcular o r.sol. devemos pesar uma amostra do vegetal fresco, fracioná‑la
em pequenos fragmentos e colocá‑la em estufa a temperatura entre 100 °C e 105 °C até peso constante –
exceto quando houver outra especificação na monografia, como no caso de plantas que contêm resinas,
materiais voláteis e óleos essenciais, para os quais a temperatura da estufa não deve ultrapassar 50 °C.
Depois, calcular a porcentagem do r.sol. na amostra e calcular o peso total do r.sol. contido no
vegetal fresco. Para calcular o volume final de TM a ser obtido, multiplicar o valor do r.sol. contido no vegetal
fresco por 10. O volume do líquido extrator a ser adicionado será equivalente ao volume final de TM a
ser obtido subtraído do volume de água contido no vegetal fresco.
Por sua vez, o insumo inerte utilizado como veículo extrator no preparo de TM é uma mistura
hidroalcoólica cujo teor vai depender do r.sol. (quadro 7), salvo indicação especial na monografia do
vegetal (BRASIL, 2011).
Exemplo de aplicação
Um laboratório adquire 1.000 g de um vegetal fresco. O primeiro passo é verificar se esta matéria‑prima
está limpa e pegar uma amostra, que será rasurada em pequenos fragmentos para colocar na estufa a
100 °C até eliminar toda a água e atingir peso constante. Esse peso corresponde ao r.sol. do vegetal. A
seguir, deve ser calculada a porcentagem do r.sol. na amostra.
Vamos pensar então na preparação de uma TM com 1.000 g do vegetal e 20% de r.sol. Devemos
seguir os seguintes passos:
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
VTM = 10 . r.sol.
Portanto, para preparar uma TM a partir de 1.000 g de um vegetal cujo r.sol. corresponda a 20% do
seu peso, deve‑se adicionar, às 1.000 g do vegetal fresco, 1.080 mL de etanol absoluto e 120 mL de água,
deixando em maceração por 15 a 20 dias com agitação diária.
Segundo a FHB 3, a maceração consiste em deixar tanto o vegetal dessecado quanto o fresco,
devidamente dividido, por pelo menos 15 dias em contato com o volume total do líquido extrator
apropriado, em frasco protegido da luz e calor, agitando o recipiente diariamente. A seguir, deve‑se
filtrar e guardar o filtrado. Depois, prensar o resíduo, filtrando o líquido junto com o líquido filtrado
anteriormente. Deixar em repouso por 48 horas e filtrar adequadamente.
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Unidade II
Líquido extrator: etanol (65% a 70% (v/v)), mistura de etanol, água e glicerina
(1:1:1), mistura de água e glicerina (1:1), mistura de etanol e glicerina (1:1)
ou outro qualquer especificado na respectiva monografia.
Processo: maceração.
O prazo de validade depende da estocagem e natureza da TM. Deverá ser determinado pelo fabricante,
segundo a legislação em vigor.
interno ou externo, deverá manter o controle de qualidade para garantir suas condições – caso haja
alterações, a TM deverá ser descartada.
• Sucussão: agitação responsável pela liberação da energia medicamentosa, utilizada para formas
farmacêuticas solúveis e líquidas, feita em um frasco de vidro sobre um anteparo elástico.
• Trituração: usada para drogas insolúveis e na preparação da LM, envolve mistura em gral
de porcelana, seguida de raspagem com espátula de porcelana. Este processo garante a
homogeneidade da droga com o insumo inerte e a liberação da energia medicamentosa, além de
conseguir solubilizar a substância insolúvel.
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Unidade II
• Processo mecânico: utiliza o aparelho chamado “dinamizador”, que realiza 100 sucussões,
simulando o movimento do braço humano. O aparelho possui um braço móvel em cuja extremidade
existe uma garra capaz de manter firmemente fixados frascos cheios de líquidos (figura 22).
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Tem como característica a utilização de frascos múltiplos, sendo um método de precisão técnica.
Devem ser realizadas 100 sucussões, cujo processo poderá ser manual ou mecânico.
Para dinamizar as drogas solúveis, utilizam‑se, como ponto de partida: a TM, droga solúvel em
insumo inerte com solubilidade igual ou superior a 10% (DH) ou a 1% (CH) e dinamizações anteriores;
e o insumo inerte, sendo água purificada ou etanol em diferentes graduações. Nas três primeiras
dinamizações para a escala centesimal e nas seis primeiras para a escala decimal será empregado etanol
com mesmo título etanólico da TM ou, no caso de mineral solúvel, água purificada ou solução alcoólica
que o solubilize.
Para estocar e preparar as demais formas derivadas, utilizar etanol a 77% (v/v) ou superior.
A diluição poderá ser feita nas escalas centesimal (1/100), decimal (1/10) e cinquenta
milesimal (1/50.000).
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Unidade II
28 CH 99 partes de 29 CH 99 partes de 30 CH
álcool 70% álcool 70%
Exemplo de aplicação
Arnica
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Transformando em volume:
Exemplo de aplicação
Acidum aceticum
Transformando em volume:
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Unidade II
Exemplo de aplicação
Dulcamara
Transformando em volume:
Deve‑se atentar para o uso da lactose nas três primeiras triturações para a escala centesimal
e nas seis primeiras para a escala decimal, salvo se especificado de outra forma na respectiva
monografia. A partir da 4 CH ou 7 DH, utilizar como insumo inerte etanol em diferentes graduações.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
9) Colocar 2º terça
parte da lactose
3) Colocar 1 parte
do insumo ativo
11) Colocar 3º terça
parte da lactose
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Unidade II
Para preparar o segundo triturado usa‑se 1 parte do primeiro triturado e 9 partes de lactose para a
produção de 2 DH ou 99 partes de lactose para 2 CH, e repete‑se o mesmo procedimento realizado para
obtenção do primeiro triturado. O segundo triturado deve também ser acondicionado em frasco bem
fechado e protegido da luz solar e identificado com o nome da substância e 2 CH ou 2 DH, conforme
a escala utilizada no preparo. O mesmo procedimento deve ser aplicado sucessivamente até a sexta
trituração na escala decimal (DH), ou seja, 6 DH, e até a terceira trituração na escala centesimal, 3 CH.
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FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Exemplo de aplicação
Calcarea carbonica
Ponto de partida: Calcium carbonicum (cálcio de ostra – Calcarea ostrearum), também chamado
de Calcium => dinamizar até 5 CH
Transformando:
Na escala decimal, devemos triturar 1 g do p.ativo + 9 g lactose até chegar à potência 6 DH.
Depois, solubilizar em álcool 20% e sucussionar 100 vezes para obter a 7 DH, usando álcool 70%
como veículo inerte para as próximas dinamizações.
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Unidade II
Volume líquido para O líquido a ser dinamizado deverá ocupar 1/2 a 2/3 da capacidade do frasco
sucussões utilizado na preparação
Escala Centesimal (1/100) ou decimal (1/10)
Número de sucussões 100
Subst. solúveis: diluição e sucussão
Processo Subst. insolúveis: diluição e trituração
Manual ou mecânico
É empregado para produzir altíssimas potências de forma mais rápida, pois a diluição e a agitação
ocorrem simultaneamente. A FHB incluiu o método FC entre as regras de preparação do medicamento
homeopático, limitando suas potências a 100 mil FC.
Esse método utiliza frasco único e a sucussão é realizada através de 100 rotações executadas
por uma hélice emborcada na câmara de dinamização. O ponto de partida é a 30 CH em etanol a
77% (v/v), o insumo inerte utilizado é a água purificada, e o processo é mecânico, com diluição e
turbilhonamento contínuos.
O aparelho de fluxo contínuo (figura 25) é composto basicamente pelas seguintes partes:
• sistema de alimentação, composto por um funil de separação, servindo de reservatório do insumo inerte;
• torneira, que permite escoar a água do reservatório do insumo inerte para a câmara de dinamização;
• tubo de vidro para manter a pressão da água estável durante o processo, garantindo um fluxo
contínuo e constante;
• válvula para o controle do fluxo de água do reservatório do insumo inerte para a câmara de
dinamização;
92
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
2 Tampa
1 Funil
14 Suporte do funil
Haste 3
4 Torneira do funil
10 Pinça da hélice
9 Motor
5 Tubo
11 Hélice
6 Torneira do controle
7 Giglê
8 Base
12
Câmara de
13 Redoma
dinamização
Saiba mais
93
Unidade II
94
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Ponto de partida (CH) Potência final (FC) Tempo de preparo Volume (mL)
30 200 4 min 40 s 336
30 1M 26 min 53 s 1.935
30 10 M 4 h 36 min 47 s 19.928
30 100 M 46 h 36 min 47 s 199.856
Segundo a FHB 3, para preparar o medicamento homeopático pelo método korsakoviano, deve‑se:
95
Unidade II
São a proporção entre insumo ativo e insumo inerte seguida da energização através das
sucussões ou triturações. De acordo com a FHB 3, não é permitida a conversão aritmética entre
diferentes escalas.
Como já abordado ao longo deste livro‑texto, são usadas as escalas centesimal, decimal e
cinquenta milesimal.
Lembrete
Como as dinamizações nas escalas decimal e centesimal já foram anteriormente relatadas, falta
descrever a escala cinquenta milesimal (LM), que aparece pela primeira vez no parágrafo 270 da sexta
edição do Organon de Hahnemann (1996). É empregada na preparação de formas farmacêuticas derivadas.
96
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Hahnemann sempre buscava medicamentos que tivessem uma ação suave, profunda e duradoura.
Desta forma, ele aumentou o grau de diluição, pois conseguia através da impressão energética de
uma droga mais diluída uma ação que atingia todas as partes do organismo, sem agravar os sintomas.
No início do desenvolvimento desta técnica houve algumas dificuldades, como sua compreensão e a
padronização dos microglóbulos.
As diluições são feitas na proporção de 1:50.000, segundo método próprio, descrito na FHB 3:
Volume. Para a fase líquida, o líquido a ser dinamizado deverá ocupar entre
1/2 e 2/3 da capacidade do frasco utilizado na preparação.
Processo. Para a fase sólida, trituração; para a fase líquida, diluição e sucussão,
manual ou mecânica.
Técnica
97
Unidade II
Veja a seguir a esquematização das etapas utilizadas nessa escala, conforme a FHB 3.
98
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
63 mg 3 CH + 500 gotas (400 gotas água purificada + 100 gotas álcool 96%) =>
solução (sol.) A
4ª etapa: preparação da 2 LM
5ª etapa: preparação da 3 LM
Forma farmacêutica pode ser definida como o estado final de apresentação dos princípios
ativos farmacêuticos após manufatura e/ou manipulação, com ou sem adição de excipientes. Na
farmacotécnica homeopática existem formas farmacêuticas de uso interno líquidas e sólidas
(quadro 11).
99
Unidade II
As descrições realizadas neste tópico estão fundamentadas nas orientações da FHB 3 e na quinta
edição do Manual de normas técnicas (ABFH, 2019), que são mais recentes. Ao longo do tempo, os
processos foram sofrendo alterações, e as pesquisas realizadas pela comunidade foram formalizadas
nestas literaturas. As orientações que surgiram na quinta edição do Manual de normas técnicas
(ABFH, 2019) normatizaram algumas prescrições magistrais na tentativa de criar referências para
padronização.
A partir dessas orientações, cada farmácia de manipulação desenvolve seus padrões quanto ao
conteúdo dos preparados, tamanho de comprimidos, glóbulos e tabletes, veículos inertes utilizados
e inclusive a validade de suas preparações.
Observação
A dose única líquida é elaborada para ser tomada de uma só vez, e utiliza matrizes preparadas
nos métodos hahnemanniano e de fluxo contínuo. Seu ponto de partida é a matriz dinamizada
na potência desejada em etanol 77% (v/v), devendo diluir o ponto de partida no insumo inerte na
proporção desejada. O insumo inerte recomendado é água purificada ou etanol até 5% (v/v) – para
que a dose tenha uma validade maior, algumas farmácias utilizam etanol até 30% (v/v).
100
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Utiliza‑se o volume de acordo com o prescrito, sendo utilizadas duas gotas do insumo ativo para
cada mL de insumo inerte, até o máximo de 10 mL. Para os casos não especificados, as farmácias
adotaram um padrão de quatro gotas do medicamento na dinamização desejada a cada 2 mL de
insumo inerte. Deve‑se rotular de acordo com as normas técnicas legais.
Exemplo de aplicação
Técnica de preparo:
1) Preparar o Lycopodium na escala e no método determinado, ou seja, caso não tenha no estoque
a matriz 30 CH, pegamos a potência mais próxima e a dinamizamos até chegar à 30ª. Para ficar no
estoque, esta dinamização deverá ser preparada em etanol 77% (v/v).
2) Geralmente, a farmácia dispensa esta dose em frasco de vidro âmbar com batoque e tampa.
O volume do frasco deve ter no máximo 10 mL.
3) Como na prescrição temos apenas a informação de dose líquida, sem mencionar o veículo inerte
ou o volume, a farmácia adota o padrão de dispensar 2 mL de dose, portanto utilizando quatro gotas da
matriz na potência prescrita no veículo inerte padrão.
O prescritor pode solicitar outros veículos inertes e outros volumes, bastando adequar às
informações solicitadas.
O cliente deverá ser orientado a tomar todo o medicamento, de uma só vez, em jejum ou ao se
deitar, conforme indicado na prescrição.
Além da dose anteriormente apresentada, temos também os medicamentos em gotas. Esta forma
farmacêutica é normalmente dispensada em etanol a 30% (v/v), obtida pelos métodos hahnemanniano,
korsakoviano e de fluxo contínuo, conforme volume prescrito ou de acordo com a quantidade
padronizada pela farmácia.
A FHB 3 define que essa preparação tem como insumo inerte preparados hidroalcoólicos a 30% (v/v),
e contém medicamento dinamizado a ser administrado sob a forma de gotas.
101
Unidade II
Observação
Na preparação em gotas podem ser utilizados um ou vários princípios ativos. Veja a seguir exemplos
de prescrição e preparo da apresentação em gotas nas escalas C, D e LM.
Exemplo de aplicação
Técnica de preparo:
1) Buscar no estoque de matrizes a potência mais próxima da prescrição. No caso, o ideal é pegar
a 199 CH para dinamizar a 200 CH em etanol 30% (v/v). Caso não tenha esta dinamização, precisará
dinamizar em etanol 77% (v/v) até a 199 CH e daí preparar a 200 CH.
2) Como o volume a dispensar será de 20 mL, deve pegar um frasco de vidro âmbar de 30 mL para
preparar esta dispensação (volume de 1/2 a 2/3 volume do frasco).
0,2 mL Arsenicum alb. 199 CH + 19,8 mL etanol 30% (v/v) ↓↑ Arsenicum alb. 200 CH
3) Transferir este volume dinamizado para o frasco de 20 mL com conta‑gotas ou batoque gotejador.
Observação
102
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Exemplo de aplicação
Arnica mont. 12 DH – 20 mL
Como neste medicamento a escala é decimal, fazer a correspondência para o insumo ativo e
insumo inerte:
No caso, quando temos uma prescrição em dinamizações baixas, principalmente na escala decimal,
é necessário preparar o medicamento a 100%.
Exemplo de aplicação
Neste caso, não podemos esquecer de usar o insumo inerte de acordo com o teor alcoólico da
TM. Valeriana TM é seu ponto de partida, e seu teor alcoólico é 70%. Portanto, para prepararmos este
medicamento, o insumo inerte também deverá ser o etanol 77% (v/v).
Este preparado deverá conter no rótulo a informação para diluir as gotas em água para ingestão.
Outro exemplo de manipulações com um princípio ativo líquido é para a escala de dinamização
cinquenta milesimal.
Exemplo de aplicação
Sulphur 8 LM líquido
1 microglóbulo Sulphur 8 LM + 1 gota água + 20 mL etanol 30% (v/v) – dispensar em frasco de vidro
âmbar de 30 mL
1) Dissolver um microglóbulo do Sulphur 8 LM com uma gota de água purificada. Caso não tenha
a dinamização prescrita, deverá executar a dinamização até a potência receitada, conforme descrito
no item 6.3.
103
Unidade II
3) O volume da preparação deverá ocupar no mínimo 1/2 e no máximo 2/3 da capacidade do frasco
de dispensação.
Veja um exemplo de prescrição e preparo da apresentação em gotas com mais de um princípio ativo:
Exemplo de aplicação
Arnica montana 6 CH
Ruta graveolens 6 CH
Está sendo solicitado que sejam preparados 10 mL de cada componente – pois “ãã” significa que
estão em quantidades iguais – e juntá‑los num frasco de 30 mL, conforme descrito a seguir:
3) Empregar 100 sucussões neste frasco. Repetir este mesmo processo com as outras matrizes.
Algumas farmácias preferem juntar quantidades iguais destas matrizes e impregnar a 1% no etanol
30% (v/v), em vez de dispensar o medicamento a 100% conforme descrito.
Deve‑se observar sempre nestes compostos as escalas de dinamização de cada componente para
poder dinamizar respeitando as quantidades exigidas.
Nas apresentações líquidas temos ainda os medicamentos conhecidos como poções do tipo
dose única ou em doses repetidas. Veja a seguir um exemplo de prescrição e preparo de uma poção
em dose única:
104
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Exemplo de aplicação
Técnica de preparo:
1) Pegar a matriz Pulsatilla nig. 30 CH em etanol 77% (v/v) no estoque ou dinamizar até chegar
nesta potência.
2) Transferir 20 gotas da 30 CH para um frasco de vidro âmbar de 30 mL e acrescentar 30 mL de
água purificada.
3) Homogeneizar e rotular de acordo com as normas técnicas legais.
O número de gotas da matriz é determinado pelo algarismo romano, e o volume do insumo inerte
– no caso, água purificada – é indicado pelo algarismo arábico. Portanto, deve‑se adicionar:
No rótulo deve‑se identificar o nome do preparado como “Pulsatilla nig. 30 CH – XX/30”. O cliente
deverá ser orientado a tomar todo o conteúdo de uma única vez, e a validade deste produto é de um a
dois dias devido ao uso da água purificada.
Exemplo de aplicação
Neste preparado devem ser adicionadas 20 gotas da Nux vomica 30 CH em 30 mL do insumo inerte,
que, neste caso, é indicado pelo prescritor como sendo etanol 30% (v/v). Nesse preparado se define
a quantidade de matriz a ser adicionada no insumo inerte, mas será administrado em doses repetidas.
Veja a seguir um exemplo de prescrição e preparo de uma poção em dose repetida. Este tipo de
prescrição indica a quantidade de gotas do princípio ativo, a quantidade de gotas do etanol 96% (v/v)
e o volume de água purificada.
105
Unidade II
Exemplo de aplicação
Técnica de preparo:
1) Pegar no estoque a matriz do Phosphorus 200 FC em etanol 77% (v/v) e transferir 10 gotas para
um frasco de vidro âmbar.
O número de gotas da matriz é determinado pelo primeiro algarismo romano; o segundo algarismo
romano representa a quantidade de gotas do álcool 96% (v/v); e o volume do insumo inerte – no caso,
água purificada – é indicado pelo algarismo arábico. Portanto, deve‑se adicionar:
A solução hidroalcoólica deste produto, por conta da adição das gotas do etanol 96% (v/v), melhora
um pouco a validade do medicamento.
Algumas prescrições deverão seguir as orientações sugeridas na receita. Portanto, sempre que em
dúvida, deve‑se entrar em contato com o prescritor ou buscar referências na FHB 3 ou no Manual de
normas técnicas (ABFH, 2019).
A última edição do Manual de normas técnicas traz algumas modificações na dispensação dos
medicamentos para atender àquilo que os prescritores têm solicitado. Surgem conceitos como “escala
SD” (super diluição) e LM dispensado na forma de glóbulos, e são descritas particularidades para que o
mercado farmacêutico crie uma padronização sem descaracterizar todo o processo (ABFH, 2019).
Como regra geral, não é permitida a conversão entre métodos ou escalas, mas, quando houver
dificuldades de obter alguma matriz, o farmacêutico sempre deverá entrar em contato com o prescritor
para solicitar permissão para mudar o receituário.
Como exemplo podemos considerar uma receita que prescreva “Argentum nitricum 1.000 CH – dose
única”. Pode ocorrer de a farmácia não ter essa matriz disponível na potência 1.000 CH. Como existem
106
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
laboratórios industriais homeopáticos que fornecem matrizes para as farmácias de manipulação, você
pode adquirir esta matriz e atender o receituário. Contudo, caso o laboratório também não tenha esta
dinamização disponível, poderá levar alguns dias para sua preparação chegar a esta potência. Outra
possibilidade nesse momento é entrar em contato com o prescritor para solicitar a substituição desta
potência 1.000 CH por 1.000 FC. Esse contato é imprescindível. Algumas vezes o prescritor autoriza essa
mudança; em outras, ele deseja realmente que se mantenha.
Na manipulação homeopática, temos também as preparações sólidas, que, assim como as líquidas,
podem conter um ou mais insumos ativos. Podem ser dispensadas em glóbulos, comprimidos, tabletes e
pós, em dose única ou doses múltiplas.
Os glóbulos são preparações farmacêuticas sólidas, esféricas, porosas que apresentam diversos
pesos, obtidas industrialmente por drageamento. É a forma farmacêutica mais dispensada nas farmácias
homeopáticas, devendo ser dissolvida na boca. A farmácia de manipulação adquire os glóbulos inertes
para serem impregnados com a matriz desejada.
O preparo do medicamento homeopático sob a forma de glóbulos ocorre por meio de tríplice
impregnação. Primeiramente, deve‑se preparar o insumo ativo líquido na dinamização desejada, em solução
hidroalcoólica com graduação igual ou superior a 77% (v/v). Na tríplice impregnação, o insumo ativo a
ser impregnado deve ser dividido em três partes iguais; os glóbulos são então impregnados com uma
parte do insumo ativo líquido na proporção de no mínimo 5% (v/p). Em seguida, deve‑se homogeneizar
com agitação e secar. Após a primeira impregnação, homogeneização e secagem, realiza‑se a segunda
impregnação, realizando o mesmo processo anterior; a última impregnação é também realizada conforme
as anteriores.
Segundo o Manual de normas técnicas (ABFH, 2019), a proporção entre insumo ativo e insumo
inerte deverá estar na faixa de 2% (v/p) a 5% (v/p). A quantidade de insumo ativo será definida de
acordo com a capacidade de absorção dos glóbulos e determinada pelo controle de qualidade. Sugere‑se
determinar a quantidade de insumo ativo a ser utilizada na impregnação dos glóbulos sempre que
ocorrer nova aquisição.
Muitas vezes, a prescrição não determina a quantidade a ser manipulada, mas as farmácias
geralmente trabalham com padrões já definidos, podendo verificar com o cliente o tempo de
administração do medicamento.
Exemplo de aplicação
Chamomilla 6 CH – 1 frasco
No caso, para preparar este medicamento, devemos separar o princípio ativo – a matriz Chamomilla
6 CH, a própria dinamização que está sendo pedida na receita – para impregnar os glóbulos inertes.
107
Unidade II
Se não a tivermos no estoque, deveremos dinamizar até chegar nesta potência. O volume ou peso
necessário do princípio ativo dependerá do método padronizado na farmácia.
Pelo Manual, pode‑se impregnar de 2% (v/p) a 5% (v/p); pela FHB 3, pode‑se impregnar com no
mínimo 5% (v/p) do princípio ativo (tabela 2). Vamos preparar um frasco com 20 g. Portanto, deve‑se
pesar 20 g de glóbulos inertes.
Para o prescritor, não importa o tamanho do glóbulo nem a quantidade de princípio ativo a ser
adicionada, pois nestas três preparações tem‑se Chamomilla 6 CH e 20 g de glóbulos. Diferentemente
da alopatia, na qual a dose é ponderal e depende da quantidade, aqui temos apenas uma matriz que
passa para o veículo inerte, seja líquido ou glóbulo, transferindo a informação energética do princípio
ativo para o insumo inerte.
Portanto, para preparar este medicamento segundo a FHB 3, adicionando 5% (v/p), deve‑se:
3) homogeneizar e secar;
Tabela 2
Exemplo de aplicação
Arnica montana 6 CH
Rhus toxicodendron 6 CH ãã 20 g
Ruta graveolens 6 CH
108
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
1) retirar 1,0 mL da mistura em partes iguais das matrizes Arnica montana 6 CH, Rhus tox. 6 CH e
Ruta grav. 6 CH;
3) homogeneizar e secar;
Os comprimidos são formas farmacêuticas obtidas por compressão e apresentam peso entre
100 mg e 300 mg. Já os tabletes têm peso compreendido entre 75 mg e 150 mg, sendo preparados por
moldagem em tableteiro. Tanto os comprimidos como os tabletes são preparados com lactose e, assim
como os glóbulos, existem empresas que fabricam esses excipientes inertes, servindo como veículo
para a impregnação de insumos ativos líquidos, sendo este o método mais utilizado nas farmácias
de manipulação. Para o preparo dessas formas farmacêuticas, deve‑se separar o insumo ativo líquido
(matriz) na potência desejada, em etanol 77% (v/v) ou superior, e impregnar os comprimidos e tabletes
inertes com a proporção de 10% (v/p).
Na indústria, essas formas sólidas podem ser preparadas por impregnação, mas o mais comum
é a mistura do insumo ativo ao inerte preparando por compressão na máquina de comprimido ou
moldagem no tableteiro, e mantendo a proporção de 10% (v/p) ou (p/p) do ativo (BRASIL, 2011).
Na técnica por compressão ou moldagem, segundo a FHB 3, podemos incorporar o insumo ativo na
forma líquida, como descrito a seguir:
109
Unidade II
Outra técnica permitida é a incorporação do ativo em pó, como no caso das triturações dos insumos
ativos insolúveis, com posterior compressão para os comprimidos ou moldagem para os tabletes. Para
os comprimidos, a FHB 3 determina que devemos:
110
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
– Proceder a moldagem.
[…]
Podemos ainda usar insumos ativos líquidos e sólidos, adaptando as técnicas de compressão ou
moldagem descritas anteriormente.
Como já comentando, o mais prático para a farmácia é impregnar tanto os tabletes quanto os
comprimidos inertes com os insumos ativos líquidos dinamizados em etanol a 77% (v/v), seguindo a
preparação conforme prescrito em receituário.
Veja a seguir como se impregna comprimidos ou tabletes com insumo ativo líquido:
Exemplo de aplicação
Técnica de preparo:
1) Separar a matriz do Ferrum phosphoricum 6 CH em etanol igual ou superior a 77% (v/v). Caso não
a tenha no estoque, deverá prepará‑la pelo método hahnemanniano.
5) Rotular.
111
Unidade II
Exemplo de aplicação
Técnica de preparo:
1) Separar as matrizes dos componentes nas potências prescritas, em etanol igual ou superior a 77%
(v/v). Caso não as tenha no estoque, deverá prepará‑las pelo método hahnemanniano, respeitando as
escalas de dinamização.
2) Em um frasco de vidro, misturar quantidades iguais dos insumos ativos – no caso, pode‑se pegar
1 mL de cada componente.
6) Rotular.
Os pós, por sua vez, são uma forma farmacêutica sólida de dispensação de peso unitário de
300 mg a 500 mg de lactose impregnada com duas gotas de insumo ativo na dinamização desejada
(BRASIL, 2011).
Não são muito comuns nos receituários brasileiros, mas quando prescritos são mais frequentes
em dose única ou em doses múltiplas embaladas individualmente. No caso de um frasco com 20 g
de pó, seu preparo segue o mesmo esquema descrito na preparação da mistura da lactose com o
ativo para tabletes e comprimidos, só não realizando a etapa de compressão ou moldagem.
Já a dose única sólida é uma forma farmacêutica definida como a quantidade limitada de
medicamento sólido a ser ingerida uma só vez. A FHB 3 informa que para seu preparo deve‑se impregnar
com duas gotas de insumo ativo o veículo a ser dispensado. Sua dispensação pode ser realizada através de:
• comprimidos: um comprimido;
112
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
• tablete: um tablete.
Nada impede o prescritor de prescrever dose única com quantidade maior, desde que a farmácia
adeque a impregnação realizada.
Saiba mais
Isto abre uma porta para a existência de medicamentos oficinais, de forma a ampliar a sua
utilização sem a necessidade de uma prescrição, visto que o produto traz sua indicação terapêutica.
Historicamente, houve mudanças quanto a essas preparações, muito bem definidas nas três
edições das farmacopeias homeopáticas brasileiras e no Manual de normas técnicas da ABFH,
variando geralmente quanto ao insumo ativo utilizado. Na primeira edição da FHB (BRASIL, 1977),
para preparações de uso externo eram utilizados extratos glicólicos, tinturas, TM, soluções‑mãe e
triturações. Já na FHB 2 (BRASIL, 1997) era utilizada a incorporação das dinamizações 1 CH ou 3 DH
113
Unidade II
nas bases galênicas, enquanto a FHB 3 (BRASIL, 2011) recomenda a utilização do insumo ativo na
potência desejada. O Manual de normas técnicas para farmácia homeopática (ABFH, 2019) sugere a
utilização tanto do dinamizado quanto da TM.
Nas receitas que chegam às farmácias, muitas vezes o prescritor pede, por exemplo, uma pomada
de calêndula sem mencionar o insumo ativo desejado, para que a farmácia prepare de acordo com
as técnicas segundo a arte farmacêutica.
As apresentações de uso externo se dividem em líquidas, sólidas e semissólidas, sendo que existem
as diversas bases tradicionais da farmacotécnica magistral, às quais incorporamos o insumo ativo de
acordo com as prescrições, como também fórmulas oficinais.
Na FHB 3 estas formas de uso externo são os linimentos, as preparações nasais, oftálmicas
e otológicas, apósitos medicinais, pós medicinais, supositórios e óvulos, cremes, géis, géis‑cremes e
pomadas. Fontes et al. (2018) observam que no Manual de normas técnicas (ABFH, 2019) temos ainda
TM de uso externo, pseudo‑hidrolatos, gliceróleos, xampus e sabonetes.
Observação
Saiba mais
Linimentos são formas farmacêuticas que apresentam em sua composição insumos ativos
dissolvidos em óleos, podendo ser incorporadas em soluções alcoólicas ou emulsões, destinadas a
aplicações com fricções na pele.
114
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Lembrete
Insumos ativos muito importantes para preparações nasais são Euphorbium officinalis, Luffa
operculata, Própolis, Calendula officinalis etc.
Preparações oftálmicas, por sua vez, são medicamentos de uso externo, líquidos ou semissólidos,
destinados à aplicação na mucosa ocular. Os insumo inertes utilizados são solução de cloreto de sódio
0,9% (p/v), água purificada, derivados de celulose e bases para preparações semissólidas.
Na indústria homeopática temos dois colírios muito usados: de Euphrasia officinalis para processos
irritativos e de Cineraria maritima para auxiliar em processos de catarata.
Técnica de preparo:
Técnica de preparo:
Os apósitos medicinais são substratos adequados umedecidos com insumos ativos na potência
desejada, sendo então considerados formas farmacêuticas sólidas de uso externo. Os substratos
utilizados podem ser algodão esterilizado ou gaze esterilizada. Não é uma forma farmacêutica utilizada
na prática da manipulação.
Esses apósitos também são preparados utilizando a TM dissolvida em 20 partes de água purificada
(FONTES et al., 2018).
Por sua vez, os pós medicinais, também chamados de “talcos medicinais”, são preparações de uso
externo, sólidas, resultantes da incorporação de insumo ativo na potência desejada ao insumo inerte
adequadamente pulverizado. Como insumo inerte podemos utilizar amidos, carbonatos, estearatos,
óxidos, silicatos e outros.
Talco de Calendula, por exemplo, pode ser muito útil em processos de assaduras, para alívio em
processos alérgicos ou mesmo com pústulas, como é o caso da catapora. Ajuda na cicatrização e
minimiza coceira e irritação.
Nesta forma farmacêutica podemos utilizar insumos ativos líquidos e/ou sólidos. A FHB 3 indica a
técnica para preparação com insumo ativo líquido:
E com insumos ativos líquidos e sólidos a FHB 3 determina, resumidamente, que deverão ser
preparados adequada e separadamente nas potências desejadas. Líquidos e sólidos devem também
ser misturados em partes iguais e homogeneizados separadamente. Adicionar os insumos ativos na
proporção de 10% (p/p) ao insumo inerte e homogeneizar.
117
Unidade II
Quanto aos supositórios retais, trata‑se de formas farmacêuticas de uso externo, sólidas, obtidas
por moldagem, com formato adequado para administração retal. Utilizam como insumos inertes
manteiga de cacau, polióis e outras bases para supositórios. Seus insumos ativos são Hamamelis,
Paeonia, Polygonum, Aesculus. Podem ser preparados com apenas um ou até os quatro ativos.
Supositórios vaginais ou óvulos são preparações farmacêuticas com formato adequado para
administração vaginal. Seus insumos inertes são gelatina glicerinada, manteiga de cacau, polióis
e outras bases para supositórios. Para os óvulos existem os insumos ativos de Calendula, Própolis e
Thuya occidentalis.
Nas preparações de uso externo semissólidas, diversos insumos ativos podem ser incorporados nos
vários insumos inertes. Há fórmulas oficinais marcantes, e os prescritores têm um grande leque de
preparações para poder prescrever.
Finalmente, cremes são preparações emulsionadas constituídas por uma fase aquosa, uma oleosa
e um agente emulsivo. Usam como insumos inertes bases emulsionáveis ou autoemulsionáveis.
Géis são dispersões coloidais predominantemente hidrofílicas constituídas por uma fase sólida e
uma líquida, de aspecto homogêneo. Seus insumos inertes são alginatos, derivados de celulose,
polímeros carboxivinílicos e outras bases para géis. Géis‑cremes, por sua vez, são preparações
de aspecto homogêneo que apresentam características comuns a géis e cremes. Utilizam como
insumos inertes bases emulsionáveis ou autoemulsionáveis, alginatos, derivados de celulose,
polímeros carboxivinílicos e outras bases. E pomadas são preparações monofásicas de caráter
oleoso ou não. Seus insumos inertes são substâncias graxas, alginatos, derivados de celulose,
polímeros carboxivinílicos e outras bases.
Existem ainda outras formas farmacêuticas de uso externo, pois as prescrições médicas são
variadas. Portanto, de acordo com a definição de farmácia de manipulação, além das preparações
magistrais existem ainda outros tipos de preparados, como TM, gliceróleos, xampus, sabonetes etc.
(FONTES et al., 2018), além das formulações oficinais (quadro 12).
118
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Forma
Insumo ativo Concentração Indicação Posologia
farmacêutica
119
Unidade II
Forma
Insumo ativo Concentração Indicação Posologia
farmacêutica
Auxilia no tratamento das afecções
Em creme e gel, ginecológicas
incorporá‑lo ao insumo
Hydrastis Creme, gel e Manifestações clínicas: secreção Aplicação
inerte na proporção de 10%
canadensis TM óvulo vaginal amarelada, viscosa e espessa vaginal à noite
(v/p) ou (v/v). Nos óvulos, na
proporção de 5% (v/p) que acompanha
prurido vulvar
120
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
Resumo
Um olhar mais detalhista deverá ser dado à água purificada, pois é uma
matéria‑prima obtida no próprio estabelecimento e utilizada em todos os
processos envolvidos na manipulação, desde a dinamização até a lavagem
e esterilização das embalagens e vidrarias do laboratório.
Este conteúdo poderá ser utilizado tanto pelos alunos quanto pelos
futuros profissionais que poderão ingressar na indústria ou manipulação
homeopática, pois traz orientações quanto às preparações básicas e
dinamizadas, além do preparo dos medicamentos para dispensação, tanto
de uso interno quanto externo, nas diversas formas farmacêuticas. São ainda
apontados alguns insumos ativos utilizados em formas farmacêuticas de uso
externo, conforme indicado no Formulário homeopático (ANVISA, 2019b).
121
Unidade II
Exercícios
I – Devem ser realizadas quatro diluições seriadas a partir da tintura‑mãe, de modo que a concentração
final de cada tubo seja 100 vezes menor do que a concentração do tubo anterior.
II – A concentração da solução final, 4 CH, será 104 vezes menor do que a concentração da tintura‑mãe.
III – A água purificada sempre deve ser usada no processo de dinamização, pois se trata do único
líquido completamente inerte.
A) I.
B) I e II.
C) II.
D) II e III.
E) III.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: para preparar o medicamento Arnica montana 4 CH, devemos proceder conforme
descrito a seguir.
122
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: conforme visto anteriormente, o medicamento Arnica montana 4 CH será 108 vezes
mais diluído do que a tintura‑mãe, ou seja, teremos uma parte de tintura‑mãe para 100.000.000 partes
de volume total.
Justificativa: os veículos inertes líquidos utilizados nas dinamizações são a água purificada e o
etanol, em diferentes concentrações.
Questão 2. Leia o texto a seguir, retirado do site do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo
(CRF‑SP), de 2018:
[…]
Cabe […] ressaltar que anunciar produtos sem comprovação científica de suas propriedades
terapêuticas, conforme a Lei n. 8.078/1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
providências, é considerado como publicidade enganosa ou abusiva, prática proibida pela referida
norma. É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira
ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. É abusiva a publicidade que se aproveite da deficiência
de julgamento, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou
perigosa à sua saúde ou segurança.
vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir‑lhe seus produtos ou serviços.
O CRF‑SP orienta os farmacêuticos que não utilizem o termo ‘vacina homeopática’, uma vez que esta
nomenclatura não é prevista formalmente em legislação ou Farmacopeia Homeopática.
Recomendamos que toda publicidade sobre isoterápicos da vacina da febre amarela apresente
também a informação de que o produto não substitui a vacina convencional”.
II – Os isoterápicos, citados no texto, são bioterápicos cujo insumo ativo pode ser de origem
endógena ou de origem exógena, como, por exemplo, alérgenos, alimentos, cosméticos, medicamentos
e toxinas.
III – A vacina homeopática contra a febre amarela só é indicada se ela for produzida a partir de
bioterápico de reserva, como o próprio vírus da febre amarela, na diluição mínima de 12 CH.
A) I.
B) I e II.
C) II.
D) II e III.
E) III.
124
FARMÁCIA HOMEOPÁTICA
I – Afirmativa incorreta.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: de acordo com a RDC n. 67/2007, que dispõe sobre as boas práticas de manipulação de
preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias, temos as definições a seguir.
[…]
Isoterápico: bioterápico cujo insumo ativo pode ser de origem endógena ou exógena (alérgenos,
alimentos, cosméticos, medicamentos, toxinas e outros)”.
Justificativa: de acordo com o texto, as ditas vacinas homeopáticas não devem ser usadas na
substituição das vacinas convencionais em nenhuma situação, independentemente do insumo ativo a
partir do qual elas foram produzidas.
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