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BACHARELADO EM FARMÁCIA

DISCIPLINA DE FARMACOTÉCNICA I

XAROPE

Anna Carolina Balbi Paes


Luíza Vitória de Freitas Loureiro

Rio de Janeiro
Março, 2024
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Sumário

Introdução…………………………………………………………………………………...2
Componentes e suas funções…………………………………………………………….3
Manipulação do xarope …………………………………………………………….....…..5
Referências……………………………………..…………………………………………..7
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INTRODUÇÃO
De acordo com a Farmacopeia Brasileira, xarope é a forma farmacêutica aquosa
caracterizada pela alta viscosidade, que apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose
ou outros açúcares na sua composição. Embora possam ser usados para a preparação de
outras formulações, como mistura e elixires, também podem ser administrados como
produto final (Aulton, 2005).
Os xaropes medicinais são preparados combinando-se cada um dos seus
componentes como sacarose, água purificada, flavorizantes, corantes, com o fármaco e
outras matérias primas indicadas. Naturalmente, os xaropes medicinais são empregados
terapeuticamente pelo valor da substância ativa nele presente (Ansel, Popovich, Allen,
2000). Os xaropes que contêm agentes flavorizantes, mas não possuem substâncias
medicinais, são chamados de xaropes não medicamentosos ou veículos flavorizados. A
viscosidade característica que a sacarose e seus substitutos conferem ao xarope é
essencial. Essa qualidade, com o sabor doce e a presença de flavorizantes, resulta em um
tipo de preparação farmacêutica que mascara o sabor de muitos fármacos. Quando o
xarope é engolido, somente uma fração do fármaco dissolvido entra em contato com as
papilas gustativas; o restante é carreado ao longo da garganta pelo xarope viscoso. Esse
tipo de disfarce físico do sabor do fármaco não é possível com o uso de uma solução
aquosa que apresenta baixa viscosidade.
A maioria dos xaropes tem como componentes além da água purificada e o fármaco,
açúcar, flavorizantes, conservantes antimicrobianos, espessantes, agentes solubilizantes,
estabilizantes, entre outros (Ansel, Popovich, Allen, 2000). Os excipientes que podem ser
empregados são a base de sorbitol, mucilagens, gomas e glicerinas.
O Esalerg pode ter como forma de apresentação: comprimidos (sólidos), gotas e
xarope (ambos líquidos). A forma de apresentação sólida, pode ter sua necessidade de
ingestão dificultada, por conta do sabor (em alguns casos amargo) e ser necessário a
ingestão de líquidos junto ao medicamento, da dificuldade das pessoas em engolir esse
comprimido, seja se a pessoa estiver com a garganta inflamada ou por ser criança ou idoso,
também não é recomendado para pessoas que tenham que fazer ajustes de dose, o que vai
diminuir a adesão do paciente ao tratamento, além dos pontos citados a forma sólida tem
um efeito mais devagar quando comparado ao líquido, já que ele necessariamente vai ter
que passar pela etapa farmacêutica. Enquanto o fármaco líquidos, vão passar pela etapa
farmacêutica, logo vão possuir um efeito mais rápido, ambos não vão precisar da ajuda de
ingestão de líquido junto ao medicamento, os usuários podem fazer ajustes de dose e vão
ser de fácil ingestão para a maioria dos usuários, o medicamento em gotas apresenta uma
menor viscosidade, e nem sempre vão ser edulcorados, o que pode dificultar a adesão ao
tratamento, todavia o xarope vai ser necessariamente viscoso, edulcorado (sabor
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adocicado), o que ajuda na palatabilidade, e sua texturização possibilita um contato


prolongado do medicamento ao trato respiratório superior, por isso o xarope é mais
vantajoso de uso.
O xarope de desloratadina é um anti-histamínico indicado para o alívio dos sintomas
da rinite alérgica. Seu mecanismo de ação impede que a histamina (substância causadora
da alergia) consiga agir (impede sua liberação, bloqueia sua ação no local da alergia e evita
a inflamação decorrente da resposta alérgica) e assim combate os sintomas da rinite
alérgica intermitente e persistente, da urticária e de outras alergias.
Os xaropes apresentam várias vantagens na farmacologia:
⎼ A forma líquida dos xaropes facilita a administração, especialmente em
pacientes que têm dificuldade em engolir comprimidos ou cápsulas;
⎼ Os xaropes permitem a personalização da dose de acordo com as
necessidades individuais do paciente. Isso é especialmente útil em pediatria,
onde as doses podem variar de acordo com a idade e peso da criança;
⎼ A adição de sabores e adoçantes aos xaropes melhora a palatabilidade,
tornando-os mais agradáveis ao paladar. Isso é particularmente importante ao
administrar medicamentos a crianças, que podem resistir a sabores
desagradáveis.
⎼ É apropriado para fármacos hidrossolúveis.
⎼ Sua texturização prolonga o contato do medicamento ao trato respiratório
superior

Apesar de suas vantagens, os xaropes também apresentam algumas desvantagens:


⎼ Os xaropes açucarados podem não ser adequados para pacientes com
diabetes ou dietas restritas em açúcar. Nesses casos, é necessário utilizar
xaropes sem açúcar ou considerar outras formas farmacêuticas.
⎼ Alguns medicamentos podem ter sua estabilidade comprometida em soluções
líquidas, o que limita a disponibilidade de xaropes para certos princípios
ativos.
⎼ Os xaropes devem ser armazenados corretamente, em temperatura ambiente
e protegidos da luz, umidade e contaminação. Caso contrário, sua eficácia
pode ser comprometida.
⎼ O processo de produção do medicamento é complicado.

COMPONENTES E SUAS FUNÇÕES


Os excipientes do Esalerg são:
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Ácido Cítrico: Ácido orgânico fraco muito utilizado no tampão com o citrato, sendo assim, um
bom anti hidrolítico, por isso vai ser um ótimo corretor de pH. Usado como: flavorizante (traz
características olfativas e gustativas a formulação), conservante, antioxidante e quelante
(ambos vão sequestrar íons e impedir a não oxidação dos metais presentes).

Benzoato de Sódio: Utilizado como conservante eficaz contra bactérias, fungos e leveduras.
Sua adição pode prolongar a vida útil do medicamento, prevenindo o crescimento
microbiano. Também pode ser utilizado para melhorar o sabor de formulações líquidas,
mascarando sabores desagradáveis de alguns princípios ativos.

Citrato de Sódio Di-hidratado: É o sal sódico do ácido cítrico, usado como regulador de
acidez ao formar sistemas tamponados, impedindo quadros de hidrólises, logo também vai
agir como anti hidrolítico.

Edetato Dissódico Di-hidratado: Embora não seja seu principal papel, ele pode ter efeitos
conservantes em certas formulações, principalmente por sua capacidade de inativar íons
metálicos que podem promover o crescimento microbiano. Também pode ajudar a melhorar
a solubilidade de certos princípios ativos, facilitando sua formulação e administração,
possui papel como quelante ( não deixa os metais oxidarem).

Glicerol: Na indústria farmacêutica é usado como edulcorante, devido ao seu sabor


adocicado. Ainda, confere viscosidade a solução quando usado em concentrações
elevadas.

Propilenoglicol: Essa substância é um poliol, está relacionada com a viabilização de um


aspecto mais viscoso ao medicamento (muito pouco), atua como conservante, promovendo
uma ação antisséptica ao inibir a fermentação e o emboloramento. Por fim, o mesmo atua
nessa formulação como um co-solvente, auxiliando na solubilidade do fármaco.

Sucralose: É frequentemente utilizado para adoçar formulações farmacêuticas,


especialmente aquelas destinadas a pacientes que precisam de medicamentos líquidos ou
com sabor agradável, logo possui papel edulcorante.

Aroma de Tutti-Frutti: Utilizado para dar característica olfativa e gustativa à formulação,


trazendo melhor aceitabilidade do produto, tornando o medicamento mais palatável.
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Água Purificada: É utilizada no campo laboratorial como veículo, capaz de dispersar e/ou
solubilizar os componentes, sendo o nosso veículo principal.

Desloratadina: É o nosso princípio ativo. Como dito anteriormente, é um anti-histamínico


indicado para o alívio dos sintomas da rinite alérgica. Seu mecanismo de ação impede que a
histamina (substância causadora da alergia) consiga agir (impede sua liberação, bloqueia
sua ação no local da alergia e evita a inflamação decorrente da resposta alérgica) e assim
combate os sintomas da rinite alérgica intermitente e persistente, da urticária e de outras
alergias.

MANIPULAÇÃO DO XAROPE
O xarope Esalerg 0,5 mg/ml, possui uma embalagem contendo um frasco plástico de
60 ml. Cada ml do xarope Esalerg contém:

Desloratadina…………………………………………………………………………..0,5 mg
Veículo..............................................q.s.p…………………………………………1 ml

Veículos: Ácido Cítrico, Benzoato de Sódio, Citrato de Sódio Di-hidratado, Edetato Dissódico
Di-hidratado, Glicerol, Propilenoglicol, Sucralose, Aroma de Tutti-Frutti e Água Purificada.

EQUIPAMENTOS
→ Barquinhas de papel;
→ Barquinha de plástico:
→ proveta de 100ml:
→ Béquer de 100ml;
→ Bastão de Vidro;
→ Placa de aquecimento;
→ Balança analítica;
→ Gral de porcelana e pistilo;
→ Frasco de vidro âmbar de 60 ml.

OBS¹: As substâncias que são pós (ácido cítrico, benzoato de sódio, citrato de sódio di-
hidratado, desloratadina, sucralose e edetato dissódico di-hidratado) vão ser pesadas em
barquinhas de papel. As substâncias líquidas (glicerol e propilenoglicol) vão ser pesadas em
barquinhas de plástico.
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PROPOSTA DE FORMULAÇÃO

1. Separar as vidrarias e equipamentos necessários para a realização da prática.


2. Realizar a limpeza das mãos e a assepsia da bancada e dos equipamentos que vão
ser utilizados com álcool 70%.
3. Calcular todos os componentes da formulação.
4. Aferir o béquer em 60 ml.
5. Pesar a desloratadina no béquer.
6. Adicionar 30 ml de água no béquer e levar para aquecimento na placa.
7. Aquecimento de forma agitada e branda para não gelificar no fundo do béquer em
até no máximo 60°C.
8. Pesar ácido cítrico e citrato de sódio, e verter no gral para homogeneizar, para
formar uma solução tampão (não permitindo altas mudanças de pH do sistema).
9. Adicionar a solução ao sistema (este que já foi aquecido e resfriado), onde vamos
jogar um pouquinho de água para fluidificar essa solução e verter para o béquer,
limpando o gral 3 vezes com água purificada, e solubilizar.
10. Pesar o benzoato de sódio, glicerol, propilenoglicol, sucralose e edetato dissódico di-
hidratado separadamente em suas respectivas barquinhas e verter no becker.
11. Adicionar 3 gotas de aroma de tutti-frutti e completar o q.s.p. com água purificada e
homogeneizar todo o sistema.
12. Verter a solução diretamente ao frasco, sem a necessidade de filtrar antes (visto que
as partículas podem não passar no filtro e vai perder a viscosidade).
13. Rotular o frasco, informando o nome, data de fabricação, validade e avisando que é
necessário agitar antes de usar.
14. Realizar a limpeza de todos os materiais utilizados e deixar secando.
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REFERÊNCIAS

ALDERBORN, G. Comprimidos e compressão. In: AULTON, M. E. Delineamento de formas


farmacêuticas. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. cap.27, p.403-443.

ANSEL, H. C.; POPOVICH, N. G., ALLEN JR. L. V. Farmacotécnica: formas farmacêuticas e


sistemas de liberação de fármacos. 6.ed. São Paulo: Premier, 2000. 568 p.

FARMACOPEIA BRASILEIRA Agência Nacional de Vigilância Sanitária -Anvisa 6a EDIÇÃO


K. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira/insumos-
farmaceuticos-e-especialidades-ate-2a-errata-p-pdf-com-capa.pdf>.

SHESKEY, P. J. et al. Handbook of pharmaceutical excipients. London:


Apha/Pharmaceutical Press, 2017.

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