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NOÇÕES DE FARMACOLOGIA

Técnico em Enfermagem

Escola Técnica Educativa


Prof. Esp. Tiago Castelo Branco
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1 INTRODUÇÃO

A farmacologia é definida como a ciência que estuda a natureza e propriedade dos


fármacos e principalmente a ação dos medicamentos. Farmacoterapia é o uso do medicamento
na prevenção, tratamento, diagnóstico e no controle dos sinais e sintomas das doenças.
Ação do medicamento: É a ação química que pode ser profilática, curativa, paliativa
e diagnóstica.
Droga: Qualquer agente químico que afeta as funções fisiológicas de modo específico.
Medicamento: Droga que é usada para prevenção, diagnóstico e tratamento de
doenças.
Princípio Ativo: É o componente de uma mistura (forma farmacêutica), é o
responsável pelo efeito farmacológico.
Profilática: O medicamento tem ação preventiva contra as doenças.
Exemplo: As vacinas podem atuar na prevenção de doenças.
Curativa: O medicamento tem ação curativa, pode curar a patologia.

Exemplo: Os antibióticos têm ação terapêutica curando a doença.


Paliativo: O medicamento tem capacidade de diminuir os sinais e sintomas da doença,
mas não promove a cura.
Exemplo: Os anti-hipertensivos diminuem a Pressão Arterial, mas não a cura; os
antitérmicos e analgésicos diminuem febre e dor, porém não curam a patologia causadora dos
sinais e sintomas.
Diagnóstica: O medicamento auxilia no diagnóstico, elucidando exames
radiográficos.
Exemplo: Os contrastes são medicamentos que, associados aos exames radiográficos,
auxiliam em diagnósticos de patologias.

2 FORMAS DE APRESENTAÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Cápsula: é constituído de invólucro de gelatina com medicamento internamente de


dorna sólida, semissólida ou líquida, sendo usada para facilitar a deglutição e a liberação do
medicamento na cavidade gástrica.
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Comprimido: é o pó comprimido com um formato próprio, sendo redondo ou ovalado,


pode trazer uma marca, como sulcos que facilitam sua divisão em partes.
Drágea: o comprimido é revestido por uma solução de queratina composta por açúcar
e corante, proporcionando melhora na sua liberação entérica, sendo usado para facilitar a
deglutição e evitar sabor e odor característicos do medicamento.
Elixir: é uma solução que, além do soluto, contém 20% de açúcar e 20% de álcool.
Emulsão: é composta por dois tipos de líquidos imiscíveis, sendo caracterizados pelo
óleo e a água.
Gel: é a forma semissólida, colóide, que proporciona pouca penetração na pele.
Loção: são líquidos ou semilíquidos que podem ter princípios ativos ou não,
geralmente são usadas para uso externo.
Creme: tem uma forma semissólida, possui consistência macia e mais aquosa, com boa
penetração na pele.
Pomada: possui forma semissólida de consistência macia e oleosa, proporcionando
pouca penetração na pele.
Pó: apresenta-se de forma a ser diluído em líquido e dosado em colher ou em
envelopes em quantidades exatas.
Suspensão: é uma mistura não homogênea de uma determinada substância sólida e um
líquido, em que a parte sólida fica suspensa no líquido.
Xarope: é uma solução que contém um soluto e um solvente e 2/3 de açúcar.

3 FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA

Do ponto de vista operacional, esses termos podem ser definidos:


FARMACOCINÉTICA: é o caminho que o medicamento faz no organismo.
FARMACODINÂMICA: é como a droga age no organismo.
Farmacocinética: É o caminho que o medicamento faz no organismo. Não
se trata do estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas que o
medicamento sofre desde a administração até a excreção, que são: absorção,
distribuição, bio-transformação e excreção. Note também que uma vez que o
medicamento entra no organismo, essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo
essa divisão apenas de caráter didático.
As fases da farmacocinética são:
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Absorção farmacológica: A absorção, é a primeira etapa que começa com a


escolha da via de administração até o momento que a droga entra na corrente
sanguínea. Vias de administração como intra-venosa e intra-arterial não passam por
essa etapa, entram direto na circulação sanguínea. Existem fatores que interferem
nessa etapa, dentre estes temos: o pH do meio, forma farmacêutica e patologias
(úlceras por exemplo), dose da droga a ser administrada, concentração da droga na
circulação sistêmica, concentração da droga no local de ação, distribuição da droga.
Temos ainda um fator a ser relevado que é a característica química da droga pois
esta interfere no processo de absorção.
Efeito de primeira passagem: É a metabolização do medicamento pelo fígado
e pela microbiota intestinal, antes que o fármaco chegue à circulação sistêmica. As
vias de administração que estão sujeitas a esse efeito são: via oral e via retal (em
proporções bem reduzidas).
Distribuição farmacológica: Nesta etapa a droga é distribuída no organismo
através da circulação. O processamento da droga no organismo passa em
primeiramente nos órgãos de maior vascularização (como SNC, pulmão, coração) e
depois sofre redistribuição aos tecidos de menos irrigação (tecido adiposo por
exemplo). É nessa etapa em que a droga chega ao ponto onde vai atuar. Nessa fase
poderá ocorrer: baixa concentração de proteínas plasmáticas como desnutrição,
hepatite e cirrose, que destroem hepatócitos, que são células produtoras de
proteínas plasmáticas, reduzindo assim o nível destas no sangue.
Excreção: Pela excreção, os compostos são removidos do organismo para o
meio externo. Fármacos hidrossolúveis, são filtrados nos glomérulos ou secretados
nos túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em
atravessar membranas. Excretam-se, portanto, na forma ativa do fármaco. Os sítios
de excreção denominam-se emunctórios e, além do rim, incluem: pulmões, fezes,
secreção biliar, suor, lágrimas, saliva e leite materno.
Farmacodinâmica: É o estudo dos mecanismos relacionados às drogas, que
produzem alterações bioquímicas ou fisiológicas no organismo. A interação, a nível
celular, entre um medicamento e certos componentes celulares – proteínas, enzimas
ou receptores-alvo, representa a ação do fármaco. A resposta decorrente dessa
ação é o efeito do medicamento.
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4 SOLUÇÕES PARENTERAIS DE GRANDE VOLUME

Glicose em Solução Isotônica de Cloreto de Sódio (Glico-


fisiológico).Indicações: desidratações, especialmente quando há perda de energia.
Apresentação: frasco de 250, 500 e 1000 ml.
Composição: glicose 5g, cloreto de sódio 0,9 g, água para injeção 100ml.

Cloreto de Potássio a 10%


Indicações: hipocalemia ou alcalose hipoclorídrica, acompanhada de hipocalemia.
Apresentação: ampola 10 ml. Composição: 10 ml.

Solução de Glicose a 5%
Indicação: suprimento de calorias, toxicose, hipoglicemia, choque, diarreia infantil.
Apresentação: frasco 250, 500 e 1000 ml. Composição: glicose 5g, água para
injeção 100ml.

Solução de Glicose a 10%


Indicação: suprimento de calorias, toxicose, hipoglicemia, choque, diarreia infantil.
Apresentação: frasco 250, 500 e 1000 ml. Composição: glicose 10g, água para
injeção 100ml.

Solução de Glicose 25%


Indicação: perdas hídricas, pós-operatório, vômitos, queimaduras, edemas,
intoxicações. Apresentação: ampola 10 e 20 ml. Composição: glicose 25g, água
para injeção 100ml.

Solução de Glicose a 50%


Indicação: perdas hídricas, pós-operatório, vômitos, queimaduras, edemas,
intoxicações. Apresentação: ampola 10 e 20 ml. Composição: glicose 50g, água
para injeção 100 ml.

Solução de Cloreto de Sódio 0,9%


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Indicações: acidose metabólica, hiperidratação, anemia, veículo para medicamentos.


Apresentação: frasco 250, 500 e 1000 ml. Composição: cloreto de sódio 0,9g, água
para injeção 1000 ml.

Solução de Ringer Simples


Indicação: desidratação, vômitos, equilíbrio eletrolítico, cetose, toxicose.
Apresentação: frasco 250 e 500 ml. Composição: cloreto de sódio 0,860g, cloreto de
potássio 0,03g, cloreto de cálcio 0,033g, água para injeção 100ml.

Solução de Ringer com Lactato de Sódio


Indicação: correção de eletrólitos, queimaduras, desidratação, nefrites,
vômitos, pós--operatório, cetose, toxicose. Apresentação: frasco 250, 500 e 1000
ml.
Composição: cloreto de sódio 0,6g, cloreto de potássio 0,03g, cloreto de cálcio
0,02g, lactato de sódio 0,3g, água para injeção 100ml.

Solução de Manitol
Indicação: edema cerebral, insuficiência renal, ascite, neurocirurgia. Apresentação:
frasco de 250 ml. Composição: manitol 20 g, água para injeção 100ml.

Solução de Bicarbonato de Sódio 8,4%


Indicação: acidose metabólica, insuficiência renal aguda, choque, intoxicação por
barbitúricos, inseticidas. Apresentação: ampola de 20 ml. Composição: bicarbonato
de sódio 8,4g, água para injeção 100ml.

Solução de Cloreto de Sódio 20%


Indicação: hiponatremia, hipercloremia. Apresentação: ampola 20 ml. Composição:
cloreto de sódio 20g, água para injeção 100ml.

5 PRESCRIÇÃO MÉDICA

A prescrição de medicamentos é uma ordem escrita dada por profissional


capacitado, e deve conter:
✔ Data; nome; Hospital; UBS ou centro médico;
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✔ Nome do medicamento;
✔ Dose do medicamento;
✔ Horário e/ou intervalo das doses;
✔ Via de administração do medicamento;
✔ Assinatura e carimbo contendo o seu registro no conselho do médico;
odontólogo, ou de outro profissional qualificado;
✔ O nome do medicamento deve estar com letra legível;

5.1 TIPOS DE PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

✔ Prescrição Padrão: Contém o quanto de medicamento o paciente deve


receber e por quanto tempo, permanece em efeito por tempo indefinido ou por
período especificado.
✔ Prescrição Única: Deve conter a prescrição de um medicamento que o
paciente deve usar apenas uma vez.
✔ Prescrição Imediata: Deve conter a prescrição de um medicamento o qual o
paciente deve receber imediatamente, em geral usada em problema urgente.
✔ Prescrição Permanente: Contém a PM de forma permanente, essas
prescrições são elaboradas e executadas por equipes de uma determinada
instituição de saúde, sendo nos dias atuais bem difundidas como protocolos.
✔ Prescrição Verbal e Telefônica: Não é o tipo de prescrição médica ideal,
deve ser evitada, pois este tipo traz riscos iminentes de erros, pode ocorrer em
situações de urgência e deve ser transcrita pelo médico o quanto antes.

5.2 SIGLAS COMUNS MAIS UTILIZADAS NAS PRESCRIÇÕES

ACM...................................................................................a critério médico


AP/AMP .......................................................................................... ampola
Cáp. ...................... .........................................................................cápsula
Ca ..................................................................................................... cálcio
Col. ...................... ............................................................................ colírio
CP/comp. ....................... ......................................................... comprimido
COM.................................. .............................conforme prescrição médica
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CR .................................................................................................... creme
DG ................................................................................................. drágeas
ENV ............................................................................................. envelope
EV ........................................................................................... endovenoso
FL ................................................................................................ flaconete
FR .................................................................................................... frasco
g ....................................................................................................... grama
Gt/gts ................................................................................................. gotas
h ........................................................................................................ horas
IM ......................................................................................... intramuscular
IV ............................................................................................. intravenoso
KCI ............................................................................... cloreto de potássio
kg ............................................................................................. quilograma
L ........................................................................................................... litro
mcg ......................................................................................... micrograma
mEq ....................................................................................miliequivalente
mg............................................................................................... miligrama
Mg............................................................................................... magnésio
min. .................................................................................................minuto
mL................................................................................................... mililitro
NaCI .................................................................................. cloreto de sódio
NPT ...................................................................... nutrição parenteral total
PM ................................................................................................. pomada
Seg. .............................................................................................. segundo
S/N ....................................................................................... se necessário
SC ........................................................................................... subcutâneo
SF ................................................................................. solução fisiológica
SG ................................................................................. solução glicosada
SGF ............................................................................. soro glicofisiológico
SL .............................................................................................. sublingual
SNE .............................................................................. sonda nasoenteral
SNG ............................................................................ sonda nasogástrica
Sol. ................................................................................................ solução
SP/Sup. .................................................................................... supositório
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SS/Susp. ................................................................................... suspensão


SY ..................................................................................................... spray
TB ....................................................................................................... tubo
UI .......................................................................... unidades internacionais
VD ...................................................................................................... vidro
VO .................................................................................................. via oral
VR .................................................................................................. via retal
XP ................................................................................................... xarope

6 NOÇÕES DE ENFERMAGEM NA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

6.1 CUIDADOS NA LEITURA DA PRESCRIÇÃO

Obter a PM, realizar sua leitura e compreendê-la, caso haja dúvida,


esclarecê-la antes de iniciar o preparo da PM;
 Lavar as mãos e preparar o material, conforme via de administração:
bandeja, copo se VO, seringa e agulha do tamanho indicado para via injetável,
algodão, álcool à 70%;
 Realizar etiqueta de identificação do medicamento, contendo: nome do
cliente, quarto e leito do cliente, nome do medicamento, quantidade do
medicamento, via do medicamento e hora do medicamento;
 Ao ler a PM, 1º certo é identificar o medicamento, separe-o, lendo o rótulo
três vezes: ao retirar do armário, ao prepará-lo, ao desprezar a embalagem ou ao
guardá-lo novamente;
 No preparo de medicamento, evite distrações e/ou conversas paralelas e
certifique-se do 2º certo: a validade do medicamento;
 Não toque no medicamento com as mãos, quando em comprimido,
mantenha-o em blíster, ou coloque em copos, se líquido, coloque-o em copo,
evitando que se molhe o rótulo do frasco, se injetável, utilize técnica asséptica
durante sua aspiração;
 Após prepará-lo com técnica, siga com a bandeja até o quarto para
administração, certificando-se de todos os certos. Inicie a administração, chamando
o cliente pelo nome e conferindo o cliente: 3º certo, confirme a PM conferindo o
medicamento: 4º certo, a dose: 5º certo, a via: 6º certo e a hora: 7º certo;
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 É imprescindível conhecer a técnica adequada de cada via.  Em todo


preparo de medicamentos, siga atentamente os 7 certos no preparo e administração
dos medicamentos, são eles: 1º prescrição certa; 2º validade do medicamento certo;
3º cliente certo; 4º medicação certa; 5º dose certa; 6º via de administração certa; 7º
hora certa.

6.2 CUIDADOS GERAIS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Todo medicamento deve ser prescrito pelo médico a cada 24 horas;


 A prescrição deve ser prescrita e assinada somente em caso de
emergência pode a enfermagem atender a prescrição verbal, que deverá ser
transcrita pelo médico logo que possível;
 Todo medicamento administrado deve ser anotado no prontuário do
paciente, bem como observações sobre intolerância a droga, intoxicação
medicamentosa resultados obtidos;
 Só checar a medicação após sua administração;
 Verificar se o medicamento esta disponível na unidade, caso contrario,
solicita-lo;
 Fazer circulo em volta do horário no qual a medicação não foi administrada,
ou colocar F(de falta);
 Evitar conversas que impeçam a concentração e induzam a erros durante
o preparo da medicação;
 Ter sempre a frente, enquanto prepara o medicamento, o cartão de
medicação ou prescrição médica contendo o nome do paciente, leito, nome do
medicamento, dose prescrita, via de administração, data de prescrição e horário de
administração;
 Lavar as mãos;
 Ler o rotulo do medicamento, observar seu prazo de validade, cor, aspecto;
Nunca administrar sem rótulo;
 Nunca administrar medicamento preparado por outra pessoa;
 Nunca administrar medicamento caso haja dúvidas, solicitar
esclarecimento ao enfermeiro;
 Orientar o cliente sobre o procedimento;
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Identificar o cliente antes de administrar o medicamento, solicitar que diga o


seu nome completo e certificando-se da exatidão do mesmo, pelo cartão de
medicamento ou prontuário;
 Observar a pontualidade da administração;
 Nunca tocar a mão em comprimidos, cápsulas, etc.;
 Ter sempre o cuidado de limpar com uma gaze à boca do vidro de
medicamentos, antes de guarda-los;
 Certificar-se sobre as ordens de controle hídrico, dietas, jejuns suspenções
de medicamentos antes de prepara-los;
 Fazer rodizio nos locais de aplicação de medicação parenteral;
 Checar no prontuário;
 Organizar o material após utilizado, desprezando o contaminado;
 Os 6 certos da administração segura de medicamentos: 1º prescrição certa;
2º validade do medicamento certo; 3º cliente certo; 4º medicação certa; 5º dose
certa; 6º via de administração certa; 7º hora certa. Dos pontos de vista legal, ético e
prático, a administração de medicamentos é muito mais que um simples serviço de
entrega e ato, trata-se de conhecimento, habilidade e técnica. Para administrar a
medicação com eficácia, necessita-se conhecer: a terminologia dos medicamentos;
as vias de administração dos medicamentos e os efeitos que os medicamentos
produzem depois que penetram no organismo.

7 CÁLCULO DE MEDICAMENTOS

7.1 FORMAS DE MEDIDA

1 colher de sopa= 15ml


1 colher de sobremesa = 10ml
1 colher de chá= 5ml
1 colher de café= 2,5 ou 3ml
1 ml tem 20 gotas
1 ml tem 60 microgotas
1 gota tem 3 microgotas
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7.2 DILUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

PM: 120mg de aminofilina


Disponível: ampola de 10ml com 240 mg

PM: decadron 8mg


Disponível: ampola de 2,5ml (4mg/ml)

PM: aminofilina 3mg IV


Disponível: Ampola de 10ml com 240mg

PM: 20 UI de insulina NPH em serinda de 3 ou 5ml

7.3 CÁLCULO DE GOTEJAMENTO

PM: SG 5% 500ml em 8h

PM: SF 0,9% 500ml em 2h30min

8 ANTIBIÓTICOS

Constituem um grupo de medicamentos com ação bactericida/fungicida, causando a


destruição das bactérias/fungos, pois desencadeiam alterações incompatíveis com sua
sobrevida e ação bacteriostática/fungistática, promovendo a inibição do crescimento e
reprodução bacteriana/fúngica, sem necessariamente provocar sua morte imediata.
O efeito pode ser reversível se o uso da droga for suspenso. A produção dos
antibióticos pode ocorrer de forma natural, ou seja, originária de microrganismos como
fungos do gênero Penicillium e Cephalosporium e de bactérias do gênero Bacillus e
Streptomyces; de forma semi-sintética, obtida a partir de modificações dos antibióticos
naturais por intermédio de processos químicos; e sintética, através de processos químicos. Um
dos grandes desafios da medicina moderna é o controle das infecções provocadas por
bactérias multirresistentes, capazes de sobreviver à ação dos antibióticos mais potentes
atualmente existentes.
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Produtos antes eficazes acabam não tendo efeito sobre elas, pois através de mudanças
em sua constituição desenvolveram um processo de resistência aos mesmos. Dessa forma,
dizemos que uma bactéria é resistente a determinado antibiótico quando tem a capacidade de
crescer in vitro, em presença da mesma concentração que o antibiótico alcança na corrente
sanguínea. Ressaltamos a importância da enfermagem na minimização do problema,
cumprindo com rigor as normas para o preparo e administração de antibióticos.
Durante o preparo destes medicamentos na forma injetável, deve-se ter o cuidado de
não dispersar aerossóis no meio ambiente ao desconectar a agulha do frasco-ampola e ao
retirar o ar da seringa. Outro aspecto relevante é propiciar a manutenção relativamente estável
dos níveis de medicamentos na corrente sanguínea, administrando-os no horário estabelecido.
Todos os antibióticos apresentam grande potencial de produzir efeitos colaterais -
efeitos secundários e indesejáveis da utilização dos antibióticos, resultantes de ações tóxicas
ou irritantes inerentes à droga, ou de intolerância do paciente. Os antibióticos podem
desencadear manifestações alérgicas por reações de hipersensibilidade, com efeitos benignos,
como urticária, ou graves, como choque anafilático.
Podem também desencadear efeitos colaterais de natureza irritativa, derivados da
natureza cáustica do produto, atingindo basicamente os locais de contato com o medicamento.
Na mucosa gastrintestinal provocam dor, sensação de queimação, náuseas, vômitos e diarreia.
Essas manifestações clínicas são aliviadas quando o medicamento é administrado com
alimentos ou leite. Exemplo: Ampicilina.
Nos músculos, a aplicação de antibióticos (por via intramuscular) provoca reações que
variam desde dor e enduração local até formação de necrose e abscesso. Exemplo:
Benzetacil®. Na administração endovenosa as reações mais freqüentes são dor e flebite
ocasionadas pelo contato do medicamento com o endotélio vascular - medicamentos como a
anfotericina B, penicilina G cristalina e vancomicina exigem diluição em grande quantidade
de solução e aplicação intermitente, gota a gota.
Os antibióticos são indicados para agir sobre a célula bacteriana, porém, quando
introduzidos no organismo, podem interferir também nas próprias células, causando graus
variáveis de lesão tecidual em diversos órgãos, produzindo efeitos colaterais de natureza
tóxica tais como:
– Cefaleia, convulsões, alucinações, delírios, agitação, depressão, confusão mental -
provenientes da ação no sistema nervoso central;
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– zumbidos, tonturas, vertigem, alterações do equilíbrio e perda de audição, muitas


vezes irreversível - no sistema nervoso periférico, alguns grupos de antibióticos atingem o
nervo auditivo, interferindo em sua função, caso dos aminoglicosídeos;
– Comprometimento da função renal provocada por antibióticos nefrotóxicos, como os
aminoglicosídeos e anfotericina B;
– Astenia, anorexia, náuseas, vômitos, hipertermia, artralgias, acolia, colúria e icterícia
- causadas por alterações da função do fígado, que podem ser transitórias, desaparecendo com
a supressão do medicamento;
– anemia hemolítica, leucopenia, entre outras - os antibióticos podem afetar o sistema
hematopoiético, alterando a composição sangüínea;

8.1 PENICILINAS

Termo genérico que abrange grande grupo de fármacos. A penicilina é uma droga
bactericida, de baixa toxidade. Por ser capaz de desencadear reações de sensibilização, o
profissional deve estar atento a esse tipo de manifestação.
– Penicilina G cristalina - possui ação rápida, devendo-se repetir a dose a cada 4 horas.
Em adultos, a administração deve ser feita por infusão venosa, por aproximadamente 30
minutos, em 50 a 100ml de solução;
– Penicilina G procaína e penicilina G benzatina - verificam-se ações mais
prolongadas nos casos de utilização dos medicamentos Wycillin® (penicilina G procaína) e
Benzetacil® (penicilina G benzatina). Devem ser aplicadas exclusivamente por via
intramuscular profunda, com cautela, para evitar administração acidental intravenosa, intra-
arterial ou junto a grandes nervos. Lesões permanentes podem resultar de aplicações nas
proximidades ou no nervo;
– Outras penicilinas: oxacilina (Oxacilina®, Staficilin N®), ampicilina (Ampicilina®,
Ampicil®, Amplofen®, Binotal®), amoxicilina (Amoxil®, Clavulin®, Larocin®,
Novocilin®), carbenicilina (Carbenicilina®) - podem provocar reações alérgicas e, na
administração oral, irritação gástrica.

8.2 CEFALOSPORINAS

As cefalosporinas constituem um dos grupos de antibióticos mais prescritos no nosso


meio e têm a vantagem de ser agentes bactericidas e gerar poucos efeitos colaterais. De
maneira geral, são drogas bem toleradas pelo organismo mas devem ser usadas com cautela
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em pacientes penicilino-alérgicos e/ou com história de doença gastrintestinal. As principais


cefalosporinas são: cefalexina (Keflex® Cefaporex®), cefalotina (Keflin®), cefadroxil
(Cefamox®), cefoxitina (Mefoxin®), cefuroxina (Zinacef®), ceftriaxona (Rocefin®),
ceftazidima (Kefadim®, Fortaz®), cefoperazona sódica (Cefobid®).

8.3 AMINOGLICOSÍDEOS

A grande maioria das drogas que compõem este grupo é bactericida. Os


aminoglicosídeos são fármacos que apresentam índice terapêutico e tóxico muito estreito,
com alto grau de ototoxidade (irreversível) e nefrotoxidade e pouca absorção por via oral. Os
principais aminoglicosídeos são: sulfato de gentamicina (Garamicina®), sulfato de amicacina
(Novamin®, Briclin®), estreptomicina (Climacilin®, Sulfato de Estreptomicina®) e outros
aminoglicosídeos (Neomicina, Kanamicina, Kantrex®, Netromicina, Tobramicina).

8.4 CLORANFENICOL

São drogas bacteriostáticas, contra-indicadas para portadores de depressão medular ou


insuficiência hepática e recém-nascidos. Podem ser utilizadas por via tópica, oral e parenteral.
Sua formulação apresenta-se sob a forma de pomadas, colírios, cápsulas, drágeas e frascos em
pó. Comercialmente conhecidas como Quemicetina®, Sintomicetina®.

8.5 TETRACICLINAS

Possuem ação bacteriostática. Seu uso em mulheres grávidas, em processo de lactação


e em crianças menores de 8 anos é contra-indicado porque provoca descoloração dentária
permanente (cor cinza-marrom, cinza-castanho) e depressão do crescimento ósseo. Não
devem ser administradas com antiácidos que contenham alumínio, cálcio ou magnésio, nem
associadas a medicamentos que possuam ferro na fórmula, porque interferem na sua absorção.
A administração concomitante com leite e derivados provoca sua inativação pelo cálcio. As
principais tetraciclinas são: tetraciclina (Tetrex®); oxitetraciclina (Terramicina®); doxiciclina
(Vibramicina®).

8.6 METRONIDAZOL

ericida específico para os germes anaeróbios, comercializado sob os nomes Flagyl® e


Metronix®. Sua administração deve ser realizada por infusão venosa, numa velocidade de
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5ml/minuto, por 30 minutos. Durante sua administração não se devem infundir outras
soluções concomitantemente e, para evitar tromboflebite, o acesso venoso deve ser seguro.
Podem ocorrer sinais gastrintestinais como anorexia, náuseas, gosto metálico na boca, dor
epigástrica, vômitos e diarréia. As bebidas alcoólicas não devem ser consumidas durante o
tratamento, devido à possibilidade de surgirem cólicas abdominais, náuseas, vômitos, cefaléia
e rubor facial.

8.7 SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIMA

São bacteriostáticos, usualmente administrados por via oral e comercializados sob o


nome Bactrim®. A solução para infusão deve ser utilizada nas primeiras 6 horas após
preparação, e administrada em 30 a 60 minutos. Se durante a administração surgir turvação ou
cristalização, a infusão deve ser interrompida. A infusão venosa de Bactrim® exige diluição
conforme orientação do fabricante – não devendo em hipótese alguma ser injetada
diretamente na veia em sua forma pura – e requer acesso venoso exclusivo.

8.8 ANTIBIÓTICOS FUNGICIDAS

Anfotericina B (Fungizon®) - só deve ser infundida em solução glicosada a 5%, pois a


adição de eletrólitos causa precipitação. Devido à sua ação tóxica, há necessidade de
monitorar a freqüência cardíaca. Sua aplicação rápida pode causar parada cardiorrespiratória.
Deve-se observar o aparecimento de sinais de alterações urinárias, devido à nefrotoxidade.
Geralmente, os pacientes submetidos a tratamento com esse medicamento precisam
ser hospitalizados. A piridoxina é indicada para minimizar ou evitar os sintomas de neurite
periférica. Manifestações como febre, calafrios, náuseas, vômitos, cefaléia e hipotensão são
freqüentes durante a infusão na primeira semana, diminuindo posteriormente. A droga
provoca hipopotassemia e é altamente irritativa para o endotélio. A flebite pode ser
minimizada pela administração cuidadosa e lenta. A anfotericina B deve ser mantida sob
refrigeração e protegida contra exposição à luz;
– Nistatina (Micostatin®) - indicado para tratamento de candidíase;
– Fluconazol (Zoltec®) - utilizado para prevenção e tratamento de infecções fúngicas
em pacientes imunodeprimidos.
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9 ANALGÉSICOS, ANTITÉRMICOS E ANTIINFLAMATÓRIOS

Uma das características do ser humano é sua capacidade de manter a temperatura


corporal constante, por ação dos centros termorreguladores do hipotálamo. Na ocorrência de
hipertermia, certas drogas são capazes de agir sobre o hipotálamo, abaixando a temperatura
febril. Em geral, as doses terapêuticas dessas drogas são incapazes de alterar a temperatura
corporal normal.
Os medicamentos analgésicos/antipiréticos, além de abaixarem a temperatura febril,
possuem atividade analgésica e muitos deles atuam como excelentes antiinflamatórios.
Opióides - também conhecidos como hipnoanalgésicos ou narcóticos, pela capacidade
de proporcionarem sonolência e analgesia. Derivados do ópio ou análogos, são indicados nas
dores moderadas e intensas, especialmente nos casos de câncer. O ópio possui cerca de 25
alcalóides farmacologicamente ativos, cujos efeitos devem-se principalmente à morfina. Os
principais medicamentos opióides são: morfina (Dimorf®); meperidina (Demerol®,
Dolosal®, Dolantina®); fentanil (Fentanil®); fentanil associado (Inoval®); codeína +
paracetamol (Tylex®);
– Derivados do ácido salicílico - eficientes para diminuir a temperatura febril e aliviar
dor de baixa a moderada intensidade. São indicados no tratamento da artrite reumatóide e
febre reumática. Além de possuírem efeito irritante sobre a mucosa gástrica, podem provocar
aumento do tempo de coagulação. Exemplo: ácido acetilsalicílico (AAS®, Aspirina®,
Endosprin®);
– Derivados do para-aminofenol – seu principal representante é o paracetamol.
Possuem ação antipirética e analgésica e pouco efeito antiinflamatório. Os efeitos colaterais
são pouco significativos quando usados em doses terapêuticas, porém podem ocorrer reações
cutâneas alérgicas. Exemplo: paracetamol (Tylenol®, Parador®);
– Derivados da pirazolona - o que apresenta ação predominantemente analgésica e
antipirética é a dipirona, cujo uso intravenoso pode provocar hipotensão arterial. Exemplo:
dipirona (Novalgina®);
– Derivados dos ácidos arilalcanóicos - caracterizam-se por sua ação analgésica,
antipirética e antiinflamatória e baixa incidência de efeitos colaterais. Exemplo: diclofenaco
(Voltaren®, Biofenac®, Cataflan®).
Os profissionais de enfermagem devem estar atentos aos cuidados que devem ser
prestados ao paciente que faz uso de analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios.
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Medicamentos como ácido acetilsalicílico, por exemplo, devem ser administrados por via
oral, com leite, para minimizar a irritação gástrica.
Com relação ao grupo dos opióides, a enfermagem deve estar atenta para os seguintes
sinais e sintomas: analgesia; sonolência; obnubilação; náuseas e vômitos; alterações de humor
(variando de torpor a intensa euforia); sinais de depressão respiratória; miose, que pode
indicar toxicidade do medicamento; hipotensão ortostática, pois a morfina e análogos causam
vasodilatação periférica; manifestações crônicas: dependência física e psicológica;
desenvolvimento de tolerância: os usuários de opióides toleram grandes doses, bem maiores
do que a habitualmente utilizada. Os opióides podem causar toxicidade de forma aguda ou
crônica:
– na forma aguda, pupila puntiforme, depressão respiratória e coma, secura da boca,
analgesia, hipotensão arterial, cianose, hipotonia muscular, respiração de Cheyne-Stokes;
– Na forma crônica, dependência física e psicológica. A falta da droga provoca
síndrome de abstinência caracterizada por nervosismo, ansiedade, sonolência, sudorese, pele
arrepiada, contrações musculares, dores acentuadas nas costas e pernas, vômitos, diarréia,
aumento de pressão arterial, aumento de temperatura, sofrimento psicológico. Ressalte-se que
um avançado grau de dependência faz com que o indivíduo procure compulsivamente a
droga, utilizando qualquer meio para obtê-la.

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