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Centro de Ensino Técnico em Saúde

Técnico em Farmácia

Professora: Biomed. Clarice Sales

Noções de farmacotécnica e Cosmetologia

RESUMO

EXCIPIENTES UTILIZADOS EM FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS

Os agentes de encapsulação são empregados na formulação de invólucros


finos para conter uma pequena especifica de pó, facilitando a sua
administração. Exemplos: gelatina. Já os agentes de polimento para
comprimidos são utilizados para conferir brilho ao revestimento dos
comprimidos. Exemplos: cera de carnaúba e cera branca.

Os agentes de revestimento para comprimidos são utilizados para revestir


comprimidos e protegê-los contra a decomposição pelo oxigênio atmosférico ou
pela umidade, para fornecer um perfil de liberação desejável. Mascaram sabor,
odor ou têm a finalidade estética. Podem ser açúcar, peculiares ou entéricos:

 Revestimento de açúcar: utilizam água como solvente e formam uma


espessa cobertura ao redor do comprimido, sofrem rompimento no
estômago. Exemplos: glicose líquida e sacarose.
 Revestimento em filme: formam uma película fina com rompimento no
estômago ou intestino. Exemplos: hidroxietilcelulose,
hidroxipropilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose, melticelulose e
etilcelulose.
 Revestimentos entéricos: passam intactos no estômago, ou seja, o
rompimento acontece no intestino. Exemplos: acetoftalato de celulose,
goma laca (35% em álcool, esmalte farmacêutico).
 Revestimentos solúveis em água: retardam a liberação do fármaco
no trato gastrointestinal. Exemplo: etilcelulose.

Por sua vez, os aglutinantes são substâncias utilizadas para promover a


adesão das partículas dos pós, formando granulados destinados à
compressão, mas também são utilizados na formação de grânulos para
cápsulas e sachês. Exemplo: ácido algínico, carboximetilcelulose sódica,
etilcelulose, gelatina, povidona e amido pré- gelatinizado.

Os antiaderentes para comprimidos são utilizados para evitar a aderência dos


componentes da formulação de comprimidos aos punções e às matrizes do
equipamento de compressão, durante a produção. Exemplos: ácido algínico,
alginato de sódio, glicolato de amido, amido e polacrilina de potássio.

Os deslizantes são empregados na formulação de comprimidos, cápsulas, pós


e granulados, para melhorar as propriedades de fluxo da mistura dos pós.
Exemplos: sílica coloidal, amido de milho e talco.

Os diluentes são materiais de enchimento inertes usados para produzir volume,


propriedades de fluxo, características de compressão desejáveis em cápsulas,
comprimidos, pós e granulados, além de absorver qualquer material liquefeito,
no caso de misturas eutéticas (em que a mistura de substâncias faz com que
haja a redução do ponto de fusão). Exemplos: fosfato de cálcio dibásico,
caulim, lactose, manitol e celulose microcristalina.

Os excipientes para a compressão direta para comprimidos são utilizados nas


formulações para proporcionar a compressão direta. Exemplos: esterarato de
cálcio, estearato de magnésio, óleo mineral, ácido esteárico e estearato de
zinco.

Os opacificantes são empregados para produzir revestimentos opacos em


cápsulas e comprimidos. Podem ser utilizados isoladamente ou com corantes.
Exemplo: dióxido de titânio. Por fim, os plastificantes são componentes de
soluções de revestimento utilizados para tornar o filme mais flexível,
melhorando o espalhamento do revestimento sobre comprimidos,
microcápsulas e grânulos. Exemplo: ftalato de dietila e glicerina.

EXCIPIENTES UTILIZADOS EM FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS

Os agentes de tonicidade são empregados para tornar a concentração


osmótica da formulação similar às características osmóticas dos fluidos
fisiológicos. Portanto, são utilizados em preparações oftálmicas, parenterais e
fluidos de irrigação. Exemplo: cloreto de sódio.

Os agentes suspensores são agentes indutores de viscosidade que reduzem a


velocidade de sedimentação das partículas em um veículo no qual elas não
são solúveis. São utilizados em suspensões para o uso oral e parenteral,
aumentam o tempo de contato nas preparações oftálmicas, espessam cremes
de uso tópico, dentre outras aplicações. Exemplos: ágar, bentonita, carbômero,
carboximetilcelulose, hidroxietilcelulose, hidropropilmetilcelulose, metilcelulose,
caulim, povidona e alginato de sódio.

Os emulsificantes são usados para promover a dispersão de partículas finas


divididas de líquidos em veículos nos quais são imiscíveis. O produto final pode
ser uma emulsão líquida e semissólida. Exemplos: álcool cetílico,
monoesterearato de glicerila e mono-oleato de sorbitano.

Os solventes são utilizados para dissolver em outra substância na preparação


de uma solução. Podem ser aquosos ou não (por exemplo, oleganinosos). A
cossolvência, tal como misturas de água e álcool (hidroalcóolico) e água e
glicerina, podem ser empregadas quando necessária. Solventes estéreis são
usados em determinadas preparações (por exemplo, injetáveis). Exemplos:
álcool, óleo de milho, óleo de algodão, glicerina, álcool isopropílico, óleo
mineral, ácido oleico, água purificada e água estéril para injeção.

Os veículos são carregados usados na formulação de várias preparações


líquidas para a administração oral e parenteral. Geralmente, os líquidos orais
são aquosos (por exemplo, xaropes) ou hidroalcóolicos (por exemplo, os
elixires). As soluções para uso intravenoso (IV) são aquosas, enquanto aquelas
para a aplicação intramuscular (IM) podem ser aquosos ou oleaginosas.
Exemplos: solução bacteriostática de cloreto de sódio para a injeção, xarope de
ácacia, xarope aromático, elixir aromático, óleo de milho, óleo mineral, óleo de
amendoim e óleo de gergelim.

EXCIPIENTES UTILIZADOS EM FORMAS FARMACÊUTICAS


SEMISSÓLIDAS

As bases para as pomadas são veículos semissólidos para pomadas.


Exemplos: lanolina, vaselina, pomada branca, pomada amarela, pomada
hidrofílica. Já os doadores de consistência são empregados para aumentar a
consistência ou a dureza de preparações farmacêuticas, tornando as
preparações mais resistentes ao fluxo; além disso, espessam cremes de uso
tópico, aumentam o tempo de contato nas preparações oftálmicas, dentre
outras propriedades. Exemplos: álcool cetílico, parafina, álcool estearílico, cera
branca, cera amarela, cera de carboximetilcelulose sódica, metilcelulose,
povidona e alginato de sódio.

Os emulsificantes são usados para promover e manter a dispersão de


partículas finas e divididas de líquidos em um veículo no qual são imiscíveis. O
produto final pode ser uma emulsão semissólida ou líquida. Exemplos: álcool
cetílico, monoestearato de glicerila e mono-oleato de sorbitano. Já os
umectantes são utilizados para evitar o ressecamento das preparações,
particularmente, das pomadas e dos cremes. Exemplos: glicerina,
propilenoglicol e sorbitol.
EXCIPIENTES UTILIZADOS EM OUTRAS FORMAS FARMACÊUTICAS

As bases para supositórios são veículos para supositórios. Exemplos: manteiga


de cacau e polietilenoglicóis. Os propelentes são responsáveis pela pressão
dentro do recipiente de aerossóis e por expelir o produto quando a válvula é
aberta. Exemplos: dióxido de carbono, diclorodifluorometano,
diclorotetraflurometano e tricloromomofluorometano.

SELEÇÃO DE EXCIPIENTES DE ACORDO COM A FORMA FARMACÊUTICA


A SER MANIPULADA

Os excipientes têm características especificas e, por isso, apresentam funções


diferentes dentro de uma formulação. Sendo assim, cada forma farmacêutica
exige excipientes específicos, que vão determinar as características do
medicamento. Há casos em que o mesmo excipiente tem diferentes funções e,
portanto, pode ser utilizado em diferentes formas farmacêuticas, assim como
casos em que ele tem funções diferentes na mesma formulação. Vejamos
alguns desses casos.

A glicerina pode ter funções de emoliente, plastificante, solvente e edulcorante.


Sendo assim, como emoliente, pode ser utilizada em semissólidos. Na função
de plastificantes, pode ser utilizada em sólidos – mais especificamente, no
revestimento de comprimidos. Como solvente e edulcorante, pode ser utilizada
em preparações líquidas.

O docusato de sódio pode ser um agente aglutinante em comprimidos e


cápsulas, mas também tem a função de surfactante aniônico, podendo ser
utilizados em cremes. Já a etilcelulose tem a função aglutinante em
comprimidos e cápsulas, além de atuar como doadora de consistência quando
utilizada em semissólidos.

A gelatina é um agente de revestimento, quando utilizada no revestimento de


comprimidos. Também tem as funções de agente gelificante (aplicada em géis)
e agente de consistência e de mucoadesão em semissólidos. Por sua vez, o
amido tem suas funções aglutinante, diluente e desintegrante em formas
farmacêuticas sólidas, enquanto o talco é lubrificante e diluente, no caso de
formas farmacêuticas sólidas, e agente anticaking para suspensões.

Veja a relação mais especifica de excipientes e formas farmacêuticas.


Cápsulas

Os agentes de encapsulação são invólucros nos quais serão armazenados os


pós que contém o fármaco e os demais excipientes. Esses excipientes são:

 Deslizantes: para melhorar as propriedades de fluxo do pó durante a


manipulação do produto.
 Lubrificantes: para evitar a aderência do pó nos aparatos utilizados na
manipulação do produto.
 Tensoativos: são utilizados na formulação como agentes molhantes, no
caso de a formulação apresentar componentes com propriedades
impermeáveis e insolúveis. Os tensoativos têm função de umedecer a
substância nos líquidos do trato gastrointestinal.
 Desintegrantes: para promover a desintegração em partículas menores
depois da administração, para que o fármaco fique disponível mais
facilmente.
 Aglutinantes: para promover a adesão das partículas da formulação,
possibilitando a preparação de granulados, além da manutenção da
integridade do comprimido acabado.
 Diluentes: têm o objetivo de separar fisicamente os insumos que reagem
entre si, assim como absorver qualquer material liquefeito, no caso de
misturas eutéticas (em que a mistura de substâncias faz com que haja a
redução do ponto de fusão), além de terem o intuito de dar volume a
formulação.

Comprimidos

No caso dos comprimidos, assim como nas cápsulas, podem ser necessários
deslizantes, lubrificantes, tensoativos e diluentes. Outros excipientes são
também necessários, como:

 Desintegrantes: para promover a desintegração em partículas menores


depois da administração, para que o fármaco fique disponível mais
facilmente.
 Aglutinantes: para promover a adesão das partículas da formulação,
possibilitando a preparação de granulados, além da manutenção da
integridade do comprimido acabado.
 Antiaderente: juntamente com os lubrificantes e os deslizantes, são
utilizados para evitar a aderência dos pós dos comprimidos nos
equipamentos de compressão (compressora), além de produzir
comprimidos com mais brilho.
 Excipientes para a compressão direta: são utilizados na produção de
comprimidos por compressão direta (sem a necessidade de granulação
do pó).
 Corantes: são utilizados para dar cor aos comprimidos, normalmente
para diferenciar doses de um mesmo fármaco.
 Flavorizantes: são utilizados para conferir sabor e odor agradável aos
comprimidos, se necessário.

Se os comprimidos precisarem ser revestidos, há revestimento de açúcar,


entéricos e peculiares. Nos revestimentos, também poderão ser utilizados:

 Plastificantes: tornam os filmes do revestimento mais flexíveis,


melhorando o espalhamento sobre os comprimidos.
 Agentes de polímero de comprimidos: para conferir brilho ao
revestimento dos comprimidos.
 Opacificantes: para tornar os revestimentos dos comprimidos opacos ao
adicionar o corante.

Pastilhas

As pastilhas, além de possuírem a base de açúcar, contém um aglutinante para


promover a adesão das partículas.

Soluções

Podem conter:

 Solventes: para substâncias presentes na formulação.


 Veículos: são os carregadores utilizados na formulação para facilitar a
administrar do produto.
 Conservantes: para evitar a proliferação de micro-organismos na
formulação.
 Acidificantes: para conferir meio ácido para a estabilização do produto,
se necessário.
 Alcalinizantes: para conferir meio básico para a estabilização do produto,
se necessário.
 Agentes tamponadores: para evitar a mudança de pH do meio, no caso
da adição de um acidificante ou alcalinizante.
 Antioxidantes: para evitar a reação de oxidação da preparação.
 Quelantes: também chamados de agentes sequestrantes, são utilizados
para complexar com metais pesados.

Caso a solução seja destinada à administração oral, pode conter:

 Edulcorantes: para conferir sabor a preparação.


 Flavorizantes: são utilizados para conferir sabor e odor agradável à
preparação.
 Corantes: para conferir cor à preparação farmacêutica, se necessário.

Suspensões
Podem conter os seguintes excipientes:

 Veículos: são os carregadores utilizados na formulação para facilitar a


administrar do produto.
 Umectantes: também chamados de agentes molhantes, têm o intuito de
envolver as partículas no solvente.
 Corantes: para dar à preparação.
 Flavorizantes: conferir sabor e odor agradável à preparação.
 Conservantes: proteger a suspensão da contaminação microbiana.
 Indutores de viscosidade: para aumentar a viscosidade da suspensão,
se necessário.
 Edulcorantes: para conferir sabor doce às suspensões.

Emulsões

São necessários os seguintes excipientes:

 Veículos: são os carregadores utilizados na formulação para facilitar a


administrar do produto.
 Emulsificantes: promover a mistura relativamente estável e homogênea
de dois líquidos imiscíveis.
 Conservantes: proteger a suspensão da contaminação microbiana.

No caso de emulsões orais, podem ser utilizados:

 Corantes: para conferir cor à preparação farmacêutica, se necessário.


 Flavorizantes: conferir sabor e odor agradável à preparação.
 Edulcorantes: para conferir sabor doce à emulsão.

Pomadas

Podem apresentar:

 Conservantes: proteger a suspensão da contaminação microbiana.


 Umectantes: para evitar o ressecamento da preparação farmacêutica.

Cremes

Os cremes são emulsões liquidas ou semissólidas. Portanto, possuem os


mesmos excipientes descritos para as emulsões, além de um umectante para
evitar o ressecamento da preparação farmacêutica.

Loções

As loções são constituídas por pó fino insolúvel no meio disperso, mantido em


suspensão utilizando-se um agente suspensor. Podem, ainda, ser preparadas
como uma emulsão, quando há substâncias líquidas imiscíveis no veículo,
sendo necessário utilizar um emulsificante. Os demais excipientes seguem as
respectivas formas farmacêuticas.

Géis

Sua formulação poderá apresentar:

 Conservantes: proteger a suspensão da contaminação microbiana.


 Acidificantes: para conferir caráter ácido ao gel, se necessário.
 Alcalinizantes: para conferir caráter básico ao gel, se necessário.

Supositórios

Os supositórios possuem bases especificas, caracterizadas como:

Bases lipofílicas ou oleaginosas: normalmente contém manteiga de cacau,


podendo contém ácidos graxos hidrogenados de óleos vegetais ou glicerina.
Podem ser necessários adicionar um agente solidificante, já que a manteiga de
cacau tem um ponto de fusão baixo.

Bases solúveis e miscíveis em água: são bases contendo gelatina glicerinada e


polietilenoglicóis.

Bases diversas: misturam materiais oleaginosos e outros solúveis ou miscíveis


em água. Ou seja, são emulsões água em óleo ou substâncias que se
dispersam nos fluidos biológicos. As bases contendo emulsão precisam ter um
agente emulsificante.

Aerossóis

Os aerossóis são constituídos de líquidos ou sólidos pressurizados em um


recipiente. Esse produto será aspergido, pois há a presença de um propelente,
que tem a função de gerar pressão dentro do recipiente e, assim, expelir o
produto quando a válvula for aberta. Os demais excipientes são os mesmos
descritos para líquidos e sólidos. No caso de ser uma espuma, pode ser
necessário utilizar tensoativo e emulsificante para facilitar a mistura do
propelente na emulsão.

Referência:

ALLEN JR. L. V., POPOVICH; ANSEL ,HC. Formas farmacêuticas e sistemas


de liberação de fármacos. 9 ed, Porto Alegre: Artmed,2013.

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