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Espessantes

Por Ricardo Pedro


Os espessantes possuem a capacidade de aumentar a viscosidade das formas cosméticas, impactando em
sua estabilidade, sensorial, aparência e funcionalidade. Já discutimos em artigo anterior a característica de
espessamento como uma importante propriedade dos tensoativos.
Grande parte dos espessantes possuem, além do espessamento, características desejáveis de modificar a
reologia do meio em que se encontram (a Reologia e os modificadores reológicos serão tema de artigo
futuro).
Os espessantes são classificados, grosseiramente, em dois grandes grupos - os orgânicos e os inorgânicos.
Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em duas classes: (1) os espessantes de fase oleosa, que
são insolúveis em água e solúveis em óleos, sendo chamados, por isso, de agentes de consistência. São
empregados em cremes, loções e condicionadores. Exemplos são os álcoois graxos, ésteres graxos,
triglicerídeos, ceras naturais e sintéticas; (2) os espessantes de fase aquosa, que são normalmente
insolúveis na fase oleosa. Exemplos são os espessantes poliméricos naturais e sintéticos, hidratos de
carbono e os éteres poliglicólicos de ácidos graxos. Os espessantes inorgânicos são geralmente os
eletrólitos, tais como cloreto de sódio, citrato de sódio, fosfato de sódio ou amônio e os aluminosilicatos e
são destinados ao espessamento da fase aquosa do cosmético.

Espessantes orgânicos para fase oleosa

Álcoois graxos
Os álcoois graxos mais utilizados como espessantes em cremes e loções para a pele e condicionadores de
cabelo são álcoois cetílico, cetoestearílico, estearílico e berrênico que são muito tolerantes em ampla faixa
de pH e já foram discutidos anteriormente como emolientes.
Os álcoois graxos com cadeia carbônica C16-22 são os espessantes graxos mais efetivos que existem para
uso cosmético como espessantes e estabilizantes. Os mais utilizados são:
Álcool
Cetílico

Cadeia carbônica

95% de C16

Cetoestearílico

30% de C16 e 70% de C18

Cetoestearílico

50% de C16 e 50% de C18

Estearílico

95% de C18

Berrênico

70-80% de C22
A parte de suas excelentes propriedades espessantes e estabilizantes, quando utilizados como único agente
co-emulsionante ou agente de consistência, apresentam algumas desvantagens:
a viscosidade aumenta excessivamente com o envelhecimento da emulsão;
emulsões são mais transparentes;
usados em altas concentrações apresentam aspecto ceroso e falta de brilho;
podem causar irritações a pessoas muito sensíveis.

Ésteres de álcoois graxos, de glicóis, polióis e de poliglicóis


Depois dos álcoois graxos são os compostos com maior capacidade de espessamento e estabilização da
emulsão, pois guardam uma afinidade de comportamento com o álcool graxo utilizado na sua síntese. Na
realidade o que determina o poder espessante deste tipo de éster é muito mais o álcool graxo que o ácido
graxo. Os principais ésteres são:
miristato de miristila; palmitato de cetoestearila; estearato de cetoestearila; palmitato de cetila e
estearato de cetila.
Estes ésteres sintéticos substituíram o antigo espermacete de baleia, largamente utilizado em emulsões
cosméticas há algumas décadas com a finalidade de proporcionar corpo e opacidade à emulsão. O produto
que mais se aproxima das características do espermacete natural é o palmitato de cetila.
Ésteres geralmente conferem mais opacidade para a emulsão que os álcoois graxos. No entanto, não
toleram pH muito baixo (abaixo de 4), pois hidrolisam. O ácido graxo mais utilizado é o esteárico por seu
maior poder espessante. O tipo do glicol utilizado e o teor de mono e diéster também influenciam o
comportamento espessante. Os principais são:
monoestearato de glicerila; monoestearato de etilenoglicol; diestearato de etilenoglicol; monoestearato
de dietilenoglicol; monoestearato de propilenoglicol; monoestearato de sorbitan; sesquiestearato de
metilglicose; monoestearato de sacarose e diestearato de sacarose.

Dos ésteres obtidos da reação de ácidos graxos com glicóis, o mono e o diestearato de etilenoglicol ou de
dietilenoglicol são responsáveis por maior opacidade nas emulsões de cremes e loções e por brilho pérola
em xampus.
Os óleos, gorduras e ceras naturais, modificadas ou não, são triglicérides, ou seja, ésteres graxos de glicerol.
São utilizados os compostos que apresentam, naturalmente ou por modificação por hidrogenação
catalítica, ponto de fusão de pelo menos 20°C acima da temperatura média ambiente.
óleo de soja hidrogenado; óleo de rícino hidrogenado; frações de triglicerídeos originais; manteigas
naturais (manteiga de cacau, murumuru, tucumã) e ceras animais e vegetais (abelha, candelita e carnaúba).
Para serem emulsionados, estes agentes de consistência necessitam de emulsionantes com altos valores de
HLB (assunto das Emulsões em artigo futuro), normalmente, entre 16 e 20.
Os triglicerídeos que podem auxiliar no espessamento são em sua maioria óleos vegetais insaturados,
devendo ser utilizado antioxidante para impedir o escurecimento da emulsão.

Espessantes orgânicos solúveis em água


Ésteres de polióis e de poliglicóis
Quando os poliglicóis usados na síntese do éster são de elevado peso molecular, o composto resultante
passa a possuir elevada solubilidade em água, atuando como um espessante da fase aquosa, como é o caso
do diestearato de PEG 6000, que se mostra como um efetivo agente espessante de produtos que
contenham misturas de detergentes aniônicos (principalmente alquilétersulfatos) e anfóteros, inclusive
com sulfossuccinatos. Sua baixa irritabili

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