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Supositórios

Supositórios são formas farmacêuticas sólidas destinadas à administração de fármacos por via retal,
vaginal ou uretral. Nessas cavidades corporais devem fundir, amolecer ou dissolver, e liberar o

fármaco veiculado. A definição de supositórios também depende do ponto de vista. Para o

paciente, o supositório é uma forma farmacêutica que pode ser usada em casa, fundir entre os

dedos, podendo ser encontrado na farmacinha caseira, entre cremes, comprimidos, cápsulas e
bandagens. Utilizado às vezes em crianças, é um modo de administrar medicamentos sem

muito trabalho.

Para o médico é um meio de tratar crianças e adultos no hospital, em casa, sem usar outros

métodos, como injeções, especialmente quando o paciente não pode tomar a medicação por via
oral. É também um método útil para evitar intolerância gástrica e, em alguns casos, uma forma

de administração efetiva porque sua ação é rápida. Para o farmacêutico, é uma forma

farmacêutica sólida, homogênea, que pode ser preparada extemporaneamente.


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Os supositórios têm sido usados a centenas de anos e são descritos nos trabalhos dos
egípcios, gregos e romanos. Os supositórios da Antiguidade eram formados por pedaços de

tecido, plantas, madeira ou outro material, embebidos na solução do "fármaco" e

administrados.
Supositórios retais são cilíndricos ou cônicos, afilados ou pontiagudos numa das

extremidades. Pesam aproximadamente 2 g, com 3-5 cm de comprimento. Supositórios infantis

pesam aproximadamente a metade do peso dos supositórios retais para adultos.

Supositórios vaginais (pessários) são encontrados em várias formas, como ovoide,


globular, pesando cerca de 3 a 5 g cada um. Preparados extemporaneamente, os supositórios

vaginais utilizam excipientes solúveis em água, como o Polietilenoglicol ou Gelatina glicerinada;

preferidos porque evitam vazamentos. Alguns supositórios vaginais são atualmente

comprimidos e chamados "inserts" (comprimidos vaginais).


Supositórios uretrais (velas) têm cerca de 5 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento

para mulheres e 125 mm de comprimento para homens. Pesam cerca de 2 g para mulheres e 4

g para homens.
Supositórios são indicados para administração de fármacos em bebês, crianças,

pacientes severamente debilitados, pacientes que não podem tomar medicação oral, e
pacientes nos quais a medicação parenteral é inadequada. Supositórios são usados para

administração de fármacos de ação local ou sistêmica. Ação local inclui o tratamento de

hemorroidas, infecções, coceira, sarna. A ação sistêmica é usada para vários fármacos como
antinauseosos, antiasmáticos, analgésicos e hormônios.

Excipientes ou Bases
Um excipiente ou base de supositórios deve ser estável, não irritante, química e

fisiologicamente inerte e compatível com uma variedade grande de fármacos. Também, deve

fundir ou dissolver nos fluidos retais, não complexar com o fármaco ou interferir na liberação
ou absorção dos mesmos e ser esteticamente aceitável. Outras características desejáveis

dependem dos fármacos adicionados.

Por exemplo, bases com ponto de fusão elevado podem ser selecionadas para

incorporação de fármacos que geralmente diminuem o ponto de fusão das bases (Cânfora,
Cloral Hidratado, Mentol, Fenol, Timol ou Óleos voláteis) ou quando os supositórios são

formulados para serem usados em regiões de clima tropical. Bases com baixo ponto de fusão 2
podem ser usadas quando adicionamos materiais que irão elevar o ponto de fusão ou,

adicionamos uma quantidade grande de sólidos.

Bases Lipossolúveis

Manteiga de Cacau é uma base oleosa que amolece a 30°C e funde a 34°C. É uma mistura de
triglicerídeos líquidos envolvidos em uma rede cristalina de triglicerídeos sólidos. O Ácido

Palmítico e Ácido Esteárico são constituintes da metade dos ácidos graxos saturados e o Ácido

Oleico é um dos ácidos graxos insaturados.

A Manteiga de cacau apresenta-se em quatro formas diferentes: "alfa", "beta", "beta'"


(beta linha), "gama", com pontos de fusão de 22°C, 34-35°C, 28°C e 18°C, respectivamente. A

forma "beta" é a mais estável e é a indicada para supositórios.

A Manteiga de cacau vai fundir como um óleo não viscoso, macio. Entretanto, ela

poderá escorrer do orifício corporal, pois é imiscível com os fluidos retais. Os polimorfos de
baixo ponto de fusão, eventualmente, irão se converter na forma mais estável, com o passar
do tempo. O Cloral hidratado diminuirá o ponto de fusão da Manteiga de cacau. Os

supositórios destacam-se melhor dos moldes, se estes forem previamente limpos e secos e, se
a Manteiga de cacau não sofrer superaquecimento. De outro modo, a retirada dos supositórios

dos moldes pode tornar-se um problema.

Bases de Óleos Vegetais Hidrogenados (Glicérides Semissintéticos)

Fattibase é uma base de supositórios que oferece as vantagens da Manteiga de cacau, sem os

problemas das formas metaestáveis. É composta por triglicerídeos derivados do óleo de coco,

juntamente com o Monoestearato de Glicerila auto-emulsionável e Estearato de Polioxila como


emulsificante e agentes suspensores. É estável, de baixa irritabilidade, não necessitando

condições especiais de estocagem.

Tem composição uniforme, sabor agradável e faixa de fusão controlada; possui


excelentes características para destacar-se dos moldes e não requer lubrificação prévia. É um

produto sólido, com ponto de fusão entre 35-37°C, densidade 0,890 a 37°C, coloração branca

opaca e livre de materiais suspensos (estranhos).

Wecobee são bases derivadas do óleo de coco com a incorporação de Monoestearato


de Glicerila e Monoestearato de Propilenoglicol como emulsificantes. Essas bases exibem as
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características ótimas da Manteiga de cacau e poucos inconvenientes. São estáveis e facilmente

destacáveis dos moldes.

Witepsol são bases que apresentam 12 classificações, coloração quase branca e são
inodoras. O Witepsol H15 tem faixa de fusão e características de liberação dos moldes similares

à Manteiga de cacau. Solidificam rapidamente nos moldes, sendo desnecessário a lubrificação,

pois os supositórios contraem-se muito bem. As bases Witepsol com alto ponto de fusão
podem ser misturadas às bases de baixo ponto de fusão para obtenção de uma faixa de fusão
mais larga, isto é, 34-44°C. Como contêm emulsificantes, absorvem quantidades limitadas de

água.

Bases Hidrossolúveis

O uso de bases hidrossolúveis pode causar alguma irritação, pois como elas absorvem água e

se dissolvem, podem produzir desidratação da mucosa retal. São muito utilizadas, liberando o
fármaco por dissolução e mistura com os fluidos aquosos do corpo.
Polietilenoglicol (PEG): as bases PEG para supositórios são as mais populares nessa

classe. Têm a vantagem de que a proporção entre os PEG de baixo peso molecular e os de alto

peso molecular pode ser alterada para obtenção de uma base com um ponto de fusão
específico ou, uma base que irá superar as características adversas de um excesso de pó ou

líquido que possam ser incorporados ao supositório.

São incompatíveis com sais de Prata, Ácido Tânico, Aminopirina, Quinina, Ictiamol,

Aspirina, Benzocaína, Iodoclorooxiquinona e Sulfonamidas. Barbital sódico, Ácido Salicílico e


Cânfora irão cristalizar por fora dos supositórios. Altas concentrações de Ácido Salicílico

amaciam os PEG e a Aspirina complexa-se com eles.

Podem ser irritantes para alguns pacientes. Os supositórios não devem ser
armazenados ou dispensados em embalagens de Poliestireno, pois os PEG reagem com o
Poliestireno. Todos os supositórios de PEG devem ser dispensados em embalagens de vidro

ou papelão.

Polibase é uma base semissintética, um sólido branco, constituído de uma mistura


homogênea de Polietilenoglicol e Polisorbato 80. É uma base miscível com água, estável à
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temperatura ambiente e densidade 1,1777 a 25°C; peso molecular ao redor de 3440, e não

requer lubrificação prévia dos moldes.

Gelatina Glicerinada é uma base composta por 70% de glicerina, 20% de gelatina e 10%
de água. Necessitam ser embaladas em recipientes bem fechados, pois são higroscópicas. Não

são recomendadas para supositórios retais, pois podem provocar efeito osmótico e reflexo

para evacuação. Atualmente, as bases de glicerina são compostas de 91% de Glicerina, 9% de

Estearato de sódio e 5% de Água purificada. Podem ser usadas na preparação de supositórios


vaginais.

Métodos de Preparação/Técnicas

Os supositórios podem ser preparados por moldagem manual, fusão e compressão.

Preparações extemporâneas geralmente envolvem moldagem manual e fusão, e mesmo a

compressão poderá ser usada. Pós a serem incorporados nos supositórios devem estar na

forma impalpável, ou seja, pós finíssimos.


A moldagem manual requer habilidade considerável, mas deve-se evitar o

aquecimento, utilizando-se a Manteiga de cacau, facilmente manipulada, moldada à


temperatura ambiente. A técnica envolve o corte da Manteiga de cacau (pedaços pequenos),

adição dos elementos ativos, misturando-se tudo com auxílio de gral e pistilo ou pedra-

mármore e espátula, amassando-se a mistura até solidificar outra vez, colocando em moldes
próprios, acertando o comprimento, arredondando as pontas, embalando e rotulando.

Durante o trabalho manual, usar luvas plásticas com Amido de milho ou Talco para diminuir

a "pegajosidade" da Manteiga de cacau.

A compressão a frio é adequada para bases que podem formar supositórios sob
pressão. É indicada para fármacos sensíveis ao calor (aquecimento). Exemplos: uma mistura de

6% de Hexanotriol-1,2,6 com Polietilenoglicol 1450 e 12% de polímero do Óxido de polietileno

4000.
A fusão envolve o aquecimento moderado da base, seguido da adição dos fármacos
e qualquer outro excipiente, com agitação. A mistura fundida é vertida para os moldes e os

supositórios resfriados. Os supositórios são, então, aparados, embalados e rotulados. Os

moldes para supositórios uretrais podem ser modelados a partir de canudinhos, tubos de
vidro, seringas plásticas descartáveis ou moldes disponíveis no comércio.
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Calibração dos Moldes por Fusão ou Compressão a Frio

1. Preparar os moldes e certificar que estejam limpos e secos;


2. Fundir a base escolhida para o supositório, em quantidade suficiente para

preencher 6 a 12 cavidades nos moldes;

3. Encher os moldes, resfriar e nivelar;


4. Destacar os supositórios formados e pesar individualmente;
5. Dividir o peso total pelo número de supositórios brancos preparados, para obter o

peso médio de cada supositório para essa base escolhida;

6. Usar esse peso como valor calibrado para o molde específico usado para essa base
escolhida.

Cinco Passos Diferentes na Preparação dos Supositórios

1. Preparação dos moldes


2. Preparação da base

3. Preparação do fármaco
4. Mistura e moldagem

5. Resfriamento e acabamento

1. Preparação dos Moldes

Os moldes devem ser limpos e secos logo no início da operação. As bases de

supositórios não necessitarão de lubrificantes, se preparadas e aquecidas adequadamente, e

se o molde estiver limpo e seco. Entretanto, se é absolutamente necessário usar um


lubrificante, os moldes devem ser lubrificados adequadamente. Se uma base solúvel em água

é usada, Óleo Mineral leve é um bom lubrificante. Se uma base oleossolúvel é usada, Glicerina

ou Propilenoglicol são bons lubrificantes.


É crítico usar somente lubrificante em quantidade suficiente para formar uma camada
muito fina nas paredes dos moldes. Excesso de lubrificante formará uma camada na ponta dos

moldes, resultando em supositórios deformados. Lubrificante inadequado resulta em

supositórios difíceis de remover. O lubrificante deve ser aplicado em "spray" ou usando-se um


tecido onde o lubrificante foi adicionado e então, esfrega-se nos moldes. Alguns farmacêuticos
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relatam satisfação no uso do "spray" vegetal comercial para lubrificação dos moldes. O molde

deve estar na temperatura ambiente para o processo de moldagem.

2. Preparação da Base

A preparação será determinada pelo tipo de base escolhida. Manteiga de cacau deve ser

amassada para moldagem manual e pode ser também amolecida por fusão em banho de água.

Se a fusão é usada, observar para a temperatura não exceder 34-35oC, para prevenir a formação
de polimorfos instáveis da Manteiga de cacau, o que resultaria no aparecimento da forma "alfa",
com diminuição do ponto de fusão do supositório, podendo fundir à temperatura ambiente e

vazar dos moldes.

A Manteiga de cacau deve ser fundida até formar um fluido com aspecto cremoso
(fusão em creme). Não deve ser superaquecida até liquefação total (líquido amarelo claro).

Bases de Polietilenoglicol podem ser fundidas utilizando-se banho de água ou aquecimento

direto a uma temperatura de 60oC. São estáveis ao calor, mas não devem ser aquecidas em
excesso. O aquecimento deve ser gentil, apenas alguns graus acima de seu ponto de fusão.
3. Preparação do Fármaco

O fármaco deve ser reduzido a pequenas partículas, uniformes, para assegurar a sua

distribuição através da base e minimizar seu depósito na fusão. A melhor fonte de fármacos
para manipulação extemporânea de supositórios é o pó puro do fármaco. Se o pó não está

disponível, formas farmacêuticas comerciais como injetáveis, comprimidos, cápsulas etc.,

podem ser usadas.

Se essas formas são usadas, a presença de excipientes deve ser considerada, pois
poderiam influenciar as propriedades físico-químicas e a estabilidade do produto final, pois

raramente é possível extrair o fármaco da forma farmacêutica. Em muitos casos, dependendo

do excipiente e da solubilidade do fármaco, é possível simplesmente misturar a forma


farmacêutica com um solvente (álcool 95%), filtrar, coletar o filtrado, secar e usar o pó obtido.
Em geral, uma quantidade máxima de excipiente a ser incorporada é cerca de 30% do

peso do supositório branco. Por exemplo, para um molde de 2 mL, o excipiente máximo seria

aproximadamente 600 mg. Líquidos podem ocupar muito volume e os veículos podem não ser
compatíveis com as bases selecionadas.
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Comprimidos e cápsulas podem conter pós em excesso, resultando em supositórios

muito frágeis e quebradiços. Se uma grande quantidade de líquido será incorporada a uma

base oleosa, é necessário preparar uma emulsão A/O. Isso pode ser feito com a incorporação
de 2% de colesterol em uma solução aquosa a 15% em Manteiga de cacau, ou utilizando as

bases oleosas vegetais como Fattibase, Witepsol etc. Para as bases PEG, uma porcentagem

maior de PEG de alto peso molecular poderá ser usada para receber o líquido.

4. Mistura e Moldagem
O fármaco pode ser misturado com a base ou então, é molhado por ela, antes da

incorporação. A mistura pode ser feita com a utilização de um misturador elétrico, com um

tempo de agitação suficiente para obter a distribuição uniforme do fármaco, mas não tão
longo que resulte na deterioração do fármaco ou da base. Quando a fusão estiver pronta,

verter para os moldes, já preparados, lubrificados e à temperatura ambiente; as aberturas

estarão voltadas para cima. Não utilizar moldes frios ou congelados, pois fraturas ou fissuras
podem aparecer nos supositórios.
Iniciar a moldagem por uma das extremidades do molde, cada cavidade deve ser

preenchida lentamente, com cuidado para não incorporar bolhas de ar na massa. Um pequeno
excesso de massa deve permanecer no topo do molde e a próxima cavidade é preenchida, etc.

Uma vez iniciada a moldagem, não interromper o processo até que todos os moldes estejam

preenchidos. Esse procedimento irá impedir a formação de camadas nos supositórios.


Uma seringa de 10 mL ou outra de tamanho adequado, cheia de massa fundida, poderá

ser usada para preencher os moldes, com o cuidado para não deixar a mistura esfriar

rapidamente. O molde deve permanecer à temperatura ambiente para que a mistura não

solidifique prematuramente quando vertida nos lados da cavidade do molde. Solidificação


prematura poderia significar moldes mal preenchidos e supositórios deformados. Na utilização

de moldes descartáveis, misturas de PEG devem ser moldadas a uma temperatura mínima, pois

alguns moldes podem ser destruídos acima de 70°C. Se a temperatura estiver ao redor de 60°C,
isso não ocorrerá. Outras bases devem permanecer próximas as respectivas temperaturas de
fusão.

5. Resfriamento e Acabamento
Os moldes devem permanecer de 15 a 30 minutos à temperatura ambiente, seguido
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de refrigeração por 30 minutos, se necessário. O excesso de material será removido da parte

superior do molde. Isso pode ser facilmente realizado com ajuda de uma espátula de aço inox,

passada em água aquecida e raspando-se a superfície. Esse procedimento também é útil para
conferir um aspecto agradável (melhorado) à superfície do supositório.

Os supositórios devem ser removidos cuidadosamente dos moldes, embalados e

rotulados. Se o molde está frio, os supositórios estarão contraídos, sendo facilmente removidos

do molde. Os supositórios podem ser embalados individualmente em papel laminado. O


envoltório não é necessário, mas confere um aspecto elegante ao produto.

Embalagem

Os supositórios podem ser dispensados em embalagens individuais ou no próprio molde

descartável no qual foram preparados. Se não forem embalados adequadamente, podem

quebrar, deformar, sujar, manchar ou lascar. Papéis laminados para supositórios estão

disponíveis em várias cores para farmácias de manipulação. Os supositórios embalados são


acondicionados em frascos de boca larga, em envelopes ou caixas com divisões, para serem
dispensados ao paciente. Os supositórios dispensados nos moldes descartáveis podem ser

acondicionados em sacos plásticos, rotulados e dispensados.

Estocagem/Rotulagem

Os supositórios devem ser protegidos do calor e armazenados em refrigerador. Não

devem ser congelados. Os supositórios com base glicerinada ou de Polietilenoglicol devem ser

protegidos da umidade, pois tendem a ser higroscópicos. Uma excelente dica é adicionar à
etiqueta, se o supositório é embalado: "retirar o envoltório, umedecer e inserir..." ou "retirar o

envoltório e inserir...".

A administração de medicamentos pela via retal oferece uma oportunidade para o


farmacêutico praticar a atenção farmacêutica para pessoas que, às vezes, têm aversão a essa

forma farmacêutica. A prática inclui a educação dos pacientes quanto à guarda correta do

medicamento, manuseio, preparação e aplicação dos supositórios.

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Equipamento e Materiais

Moldes para supositórios, descartáveis ou reusáveis;


Banho-maria; Aquecedor elétrico; Termômetro;
Béquer; Luvas resistentes ao calor;
Agitador magnético;
Agitador mecânico;
Espátulas;
Papel laminado colorido.

Algumas Considerações na Preparação dos Supositórios

1. Calibrar o molde do supositório a ser usado antes de calcular a quantidade para o


lote total
2. Calcular a quantidade com 10% de excesso dos materiais para garantir a perda
durante a preparação e moldagem
3. Os moldes devem estar limpos e secos antes do uso
4. Determinar se é necessário ou não o uso de lubrificante; isso geralmente é ditado
pelas características da base
5. Supositórios ou moldes de supositórios não devem ser colocados em refrigerador
ou congelador antes da moldagem
6. Preencher a cavidade dos moldes com um pequeno excesso para permitir a
contração no resfriamento. Quando usar moldes descartáveis, é necessário
determinar a quantidade a ser preenchida a partir do branco. Alguns moldes são
comercializados com linhas para enchimento reprodutível.
7. Uma vez iniciada a moldagem, não pare!
8. Os moldes devem permanecer à temperatura ambiente durante o processo de
moldagem (enchimento).

Considerações Físico-Químicas

Os supositórios, nos dias de hoje, têm seu uso intensificado no arsenal farmacêutico. Por

exemplo: são utilizados extemporaneamente na dispensação de fármacos como

Metoclopramida, Haloperidol, Dexametasona, Difenildramina e Benzotropina; administrados


profilaticamente no controle de náuseas e vômitos; Salbutamol, nos tratamentos prolongados

e profiláticos da asma, e Morfina, nos supositórios de liberação prolongada para dor crônica.

Em geral, na formulação de supositórios, o farmacêutico deve considerar as seguintes 10


questões:
1. O efeito desejado é resultado de uso sistêmico ou local?

2. A via de administração é retal, vaginal ou uretral?

3. O medicamento desejado é de liberação rápida, lenta ou prolongada?

Fármacos para efeito local podem ser usados no tratamento de hemorroidas, anestésicos

locais, antissépticos, antibióticos e antifúngicos. Fármacos para efeito sistêmico incluem os

analgésicos, antiasmáticos, antinauseosos e outros. Fármacos que não são liberados do


medicamento dentro de seis horas, podem não ser completamente utilizados e serão expelidos

pelo paciente.

A seleção de uma base de supositório é dependente de um certo número de variáveis

físico-químicas, incluindo as características de solubilidade do fármaco. Para obtenção de


máxima liberação do fármaco de uma base, pode-se empregar o princípio das características

opostas. Por exemplo, fármacos solúveis em água podem ser veiculados em bases solúveis em

óleo; fármacos solúveis em óleo podem ser veiculados em bases hidrossolúveis.


Bases óleossolúveis, como a Manteiga de cacau, fundem rapidamente no reto,

liberando o fármaco, enquanto que bases de PEG demoram a dissolver nos fluidos da mucosa.

Entretanto, na utilização de PEG de alto peso molecular, o tempo de dissolução é aumentado.


Umedecer com água aquecida imediatamente antes da inserção, facilita não somente a

inserção, como também a dissolução.

Conhecer a velocidade de liberação do fármaco é muito importante na seleção de uma

base de supositórios. Outros fatores como a presença de água, instabilidade, viscosidade,


densidade, contração do volume, higroscopicidade, problemas especiais, incompatibilidades,

velocidade de liberação do fármaco, farmacocinética e bioequivalência devem ser estudados.

Presença de Água: a presença de água ou a utilização de água para facilitar a


incorporação do fármaco, geralmente deve ser evitada na preparação dos supositórios. A água
poderá acelerar a oxidação de óleos, aumentar a velocidade de dissolução de muitos fármacos,

facilitar reações entre o fármaco e outros componentes do supositório, promover o crescimento

bacteriano, fúngico e, requer a adição de agentes bacteriostáticos. Entretanto, se a água


evaporar, as substâncias dissolvidas poderão cristalizar.
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Capacidade Higroscópica: supositórios contendo Glicerina e Polietilenoglicol são

higroscópicos. A velocidade de absorção de umidade é dependente do comprimento da cadeia

da molécula, como também da temperatura e umidade do ambiente. PEG com peso molecular
acima de 4000 tem menor tendência a ser higroscópicos, ao contrário dos PEG de menor peso

molecular.

Viscosidade: considerações sobre a viscosidade são importantes na preparação dos

supositórios e na liberação do fármaco. Se a viscosidade da base é baixa, pode ser necessário


adicionar um agente suspensor como sílica gel, para manter o fármaco disperso
uniformemente até solidificação. Durante a preparação do supositório, a fusão deve efetuada

em temperatura mais baixa possível, para manter a viscosidade alta e com agitação constante.

Se a viscosidade da base, após administração e quando no corpo, é muito alta, a


velocidade de liberação do fármaco pode ser diminuída, devido à redução na difusão do

fármaco pela base para alcançar a membrana mucosa para absorção. O que pode ser utilizado

para aumentar a viscosidade seria o aumento do comprimento da cadeia de ácidos graxos dos
compostos da base. Monoglicérides tipo C16, C18 e Diglicérides, podem ser adicionados à base.
A adição de 2% de Monoestearato de alumínio também aumenta a viscosidade de uma base
oleosa; Ácido Esteárico, Álcool Cetílico, Estearílico e Mirístico também podem ser usados na

concentração de 5%.

Fragilidade: supositórios frágeis, quebradiços são de difícil manuseio, embalagem e


uso. Supositórios de Manteiga de cacau geralmente não são quebradiços, a menos que exista

uma alta porcentagem de sólidos presentes. Quando a porcentagem de materiais não

excipientes excede 3%, pode resultar em fragilidade. Bases oleosas sintéticas com alta

concentração de estearato ou aquelas altamente hidrogenadas são normalmente quebradiças.


Fraturas em supositórios de Manteiga de cacau ou oleosos são resultado de choque

térmico no resfriamento, que poderá ser prevenido pela certeza que a temperatura do molde

está o mais próximo possível da temperatura da base fundida. Evitar colocar os supositórios
em freezer, devido ao choque térmico. E, a adição de pequenas quantidades (< 2%) de Tween
80, Tween 85, monoglicerides graxos, Óleo de mamona, Glicerina ou Propilenoglicol, tornarão

as bases mais flexíveis e menos frágeis, quebradiças.

Densidade: a densidade de materiais incorporados é importante na determinação do


peso dos supositórios individuais. A densidade de pós insolúveis é importante porque, se a
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densidade é muito alta, haverá a tendência de depósito dos materiais suspensos e estratificação,

resultando em aparência desagradável e porções do supositório mais quebradiças que o resto.

Contração de Volume: bases, excipientes e fármacos, geralmente irão ocupar menos


espaço em temperaturas baixas que em temperaturas altas. Quando a massa fundida, quente, é

colocada em um molde, normalmente apresenta a tendência a diminuir o tamanho (contração)

durante o resfriamento. Disso resulta a fácil liberação do supositório do molde, mas também a

formação de buracos (furos) no fundo ou na parte superior da massa dentro do molde. A presença
dos buracos é indesejável e pode ser corrigida, efetuando-se a fusão em temperatura próxima ao
seu ponto de congelamento, imediatamente antes de verter nos moldes. É importante colocar um

pequeno excesso de massa após encher a cavidade, para compensar a contração durante o

resfriamento. Após solidificação, eliminar o excesso raspando a superfície do molde com auxílio de
uma espátula.

Problemas Especiais: extratos vegetais podem ser umedecidos por levigação, com uma

pequena quantidade de base antes da incorporação. Isso tornará mais fácil distribuir o fármaco
pela base.
Materiais Cristalinos, Duros: podem ser incorporados após pulverização até um

estado muito fino ou após dissolução em uma pequena quantidade de solvente e


incorporando à base. Se o material é solúvel em água, um solvente aquoso e uma base de PEG

seriam apropriados. Ou, se o material é lipossolúvel e um solvente oleoso deve ser usado, graxa

de lã poderia ser usada para preparar a solução a ser incorporada à base de supositórios.
Ingredientes Líquidos: quando misturados com um pó inerte como o amido, ficam

menos fluidos, facilmente manuseados e melhor incorporados ao excipiente.

Pós em Excesso: podem ser incorporados à base de modos diferentes, dependendo

da base escolhida. Para bases oleosas, algumas gotas de óleo mineral leve podem ser usadas.
Para incorporar pós em excesso em bases aquosas, a proporção entre os ingredientes de alto

e baixo ponto de fusão deve ser variada. Por exemplo, a adição de pós em excesso tornará os

supositórios endurecidos, então uma alta porcentagem de PEG de baixo peso molecular,
ajudará a preparar um supositório com a densidade apropriada.
Incompatibilidades: vários compostos são incompatíveis com bases de PEG. Exemplo:

Benzocaína, Sulfonamidas, Ictiamol, Aspirina, sais de Prata e Ácido tânico. Outros compostos

têm a tendência a cristalizar: Barbital Sódico, Ácido Salicílico e Cânfora.


Grau de Liberação do Fármaco: o tempo de liquefação do supositório de Manteiga
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de cacau ou de óleo vegetal hidrogenado é de aproximadamente 3-7 minutos; para um

supositório de Gelatina Glicerinada, é de cerca de 30-40 minutos e para um supositório de

Propilenoglicol, 30-50 minutos. A liberação do fármaco e início de sua ação depende da: 1)
liquefação da base do supositório, 2) Dissolução do fármaco, 3) Difusão do fármaco através da

mucosa. A tabela abaixo nos mostra um sumário da afinidade da liberação do fármaco, entre

o fármaco e a base do supositório.

Fármaco Liberação lenta, fraca tendência à


Base Oleosa
lipossolúvel liberação

Fármaco
Base Oleosa Liberação rápida
hidrossolúvel

Base Miscível Fármaco


Liberação moderada
com Água lipossolúvel

Base Miscível Fármaco Liberação rápida (difusão) todos


com água hidrossolúvel solúveis em água
A liberação de um fármaco lipossolúvel de uma base oleosa depende da difusão do óleo para

a interface óleo/água, enquanto que, a liberação de um fármaco hidrossolúvel (suspenso) irá

depender do mecanismo de transporte (sedimentação) na interface óleo/água. É certo que a


liberação de um fármaco hidrossolúvel de uma base oleosa é dependente do grau de

dissolução do fármaco em água.

Farmacocinética: outros fatores que afetam a absorção são a fisiologia anorretal ou

vaginal, veículo do supositório, pH do local de absorção, pKa do fármaco, grau de ionização e


solubilidade lipídica. Supositórios têm vantagens sobre medicamentos administrados

oralmente. A administração retal reduz o metabolismo de 1ª passagem.

Estabilidade: supositórios preparados sem a presença de água são razoavelmente mais


estáveis. A descrição da farmacopeia americana sobre a estabilidade dos supositórios inclui
observações para maciez excessiva e evidência de manchas oleosas no material de embalagem.

Pode ser necessário examinar individualmente os supositórios embalados, removendo

qualquer envoltório usado na embalagem. A variação de peso nos supositórios preparados é


de 5%. De acordo com a farmacopeia, a maciez excessiva é a maior indicação de instabilidade
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nos supositórios. Alguns supositórios poderão secar, endurecer ou enrugar. A recomendação

geral é a conservação em refrigerador, na ausência de outra.

A instabilidade da Manteiga de cacau pode se manifestar pela formação de polimorfos


que podem ser líquidos à temperatura ambiente. Isso pode ser evitado por substituição da

Manteiga de cacau por uma base vegetal hidrogenada. Se necessário, materiais oleosos de

alto ponto de fusão como a cera branca ou parafina, podem ser adicionados às bases oleosas

de baixo ponto de fusão ou Manteiga de cacau, para aumentar o ponto de fusão. Entretanto,
cuidados devem ser observados na preparação de supositórios que irão fundir quando
administrados. O ponto de fusão pode ser checado facilmente, colocando-se uma amostra do

supositório em um béquer com água aquecida a 37°C. Se ele não fundir, a formulação não

deverá ser usada na terapia do doente.


Se a água é incorporada em uma base oleosa utilizando-se um agente emulsificante

(tensoativo não iônico), o produto poderá rançar e não será tão estável quanto o mesmo

fármaco adicionado a um supositório de PEG contendo água.


Se a estabilidade do produto é desconhecida, um prazo de validade arbitrário de 30
dias poderá ser adotado, com a recomendação de manter os supositórios extemporâneos sob

refrigeração, para otimizar a estabilidade do fármaco e da base.


Embalagem: supositórios devem ser embalados individualmente ou permanecer nos

moldes descartáveis onde foram preparados. Se não forem embalados adequadamente,

tornam-se deformados, quebrados, manchados ou lascados. Folhas de papel para embalar


supositórios estão disponíveis em várias cores. Supositórios embalados são colocados em

frascos de boca larga ou caixas especiais para serem dispensados ao paciente. Supositórios

dispensados em moldes descartáveis devem ser colocados em sacos plásticos, rotulados e

dispensados.

Armazenamento e Rotulagem

Supositórios devem ser protegidos do calor e estocados em refrigerador. Não devem ser
congelados. Supositórios de Glicerina e Polietilenoglicol devem ser protegidos da umidade

pois tendem a ser higroscópicos. Uma boa ideia, se os supositórios estão embalados, é a

inscrição no rótulo: "Desembalar, umedecer e inserir..." ou "Desembalar e inserir..."

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Cálculos

Se a quantidade de fármaco é menor que 100 mg, então o volume ocupado pelo pó é

insignificante e não precisa ser considerado. Isso é baseado no peso de um supositório de 2 g.


Obviamente, se um molde de supositório com menos de 2 g de peso é usado, o volume do pó

precisa ser considerado. O fator de deslocamento de várias bases e fármacos precisa ser

conhecido para determinar o peso adequado dos componentes a serem usados.

O fator de deslocamento relativo à Manteiga de cacau deve ser determinado. Se o fator


de deslocamento não é conhecido, é simplesmente calculado como a proporção entre o peso
do branco da base e Manteiga de cacau.

Determinação do Fator de Deslocamento:

100 (E - G)
f 1
(G) (X)

onde: E = peso da base de supositório pura


G = peso do supositório com X% de fármaco
A Manteiga de cacau tem um valor arbitrário igual a 1, como base padrão. A equação do fator

de deslocamento pode ser usada para calcular o fator de deslocamento e para calcular o peso

de supositórios preparados como o exemplo abaixo:


Preparar supositório contendo 100 mg de Fenobarbital (f = 0,81) usando Manteiga de

cacau como base. O peso de um supositório Manteiga de cacau puro é 2,0 g. Os 100 mg de

Fenobarbital estão contidos em aproximadamente 2,0 g de supositório; será então cerca de

5% de Fenobarbital. Qual será o peso total de cada supositório?

100(2  G)
0,81  1 G = 2,019 g
(G)(5)

Determinação do Fator de Deslocamento

1. Determine o peso médio do branco, A, por moldagem, usando a base escolhida;

2. Pese a quantidade de base necessária para 10 supositórios;


3. Pese 1,0 g de fármaco. O peso do fármaco por supositório, B, é igual a 1,0 g/10
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supositórios = 0,1 g/sup.

4. Fundir a base e incorporar o fármaco. Misturar, verter para os moldes, resfriar, acertar

o excesso e remover dos moldes.


5. Pese 10 supositórios e determine o peso médio, C.

6. Determine o fator de deslocamento com a seguinte fórmula:

B
f
ACB
onde: A= peso médio do branco

B = peso do fármaco por supositório


C = peso médio do supositório + fármaco

7. Pegue o peso do fármaco necessário para cada supositório e divida pelo fator de

deslocamento do fármaco para encontrar o valor de deslocamento da base de


supositório

8. Subtraia essa quantidade do peso do supositório branco

9. Multiplique pelo número de supositórios necessários para obter a quantidade de base


necessária para a prescrição
10. Multiplique o peso do fármaco por supositório pelo número de supositórios

necessários para obter a quantidade de fármaco necessária para a prescrição.

Exemplo: Preparar 12 supositórios de 300 mg de Acetaminofen cada, usando Manteiga


de cacau, onde o peso médio do branco da Manteiga de cacau é 2 g e o peso médio do

supositório + fármaco é 1,8 g.

0,3
FD   0,6
2  1,8  0,3

7. (0,3 g)/0,6 + 0,5 (fator de deslocamento da base)

8. 2,0 g - 0,5 g = 1,5 g


9. 12 x 1,5 g = 18 g (Manteiga de cacau necessária)
10. 12 x 0,3 g = 3,6 g (Acetaminofen)

Determinação do Volume Ocupado

1. Determine o peso médio por moldagem (branco) usando a base escolhida;


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2. Pese a quantidade de base necessária para 10 supositórios;

3. Dividir a densidade do fármaco pela densidade da base para obter uma proporção;
4. Dividir o peso total do fármaco necessária para o número total de supositórios pela

proporção (item 3);


5. Subtraia a quantidade obtida no item 4, do peso total da prescrição (número de

supositórios multiplicado pelo peso do branco) para obter o peso de base necessária;
6. Multiplique o peso do fármaco por supositório pelo número de supositórios a ser

preparados para obter a quantidade de fármaco necessária.

Exemplo: Preparar 10 supositórios contendo cada um 200 mg de um fármaco com

densidade 3,0. A base de supositórios tem uma densidade de 0,9 e um branco


preparado pesa 2,0 g. Utilizando o método da determinação do volume ocupado, como

você prepararia os supositórios necessários?

1. O peso médio por molde é de 2,0 g.


2. A quantidade necessária para 10 supositórios seria 2 g x 10 sup. = 20 g.

3. A proporção da densidade é 3,0/0,9 = 3,3

4. A quantidade de base de supositório deslocada pelo fármaco é 2,0 g/3,3 = 0,6 g


5. O peso de base de supositório necessária é 2,0 g - 0,6 g = 19,4 g.

6. A quantidade de fármaco necessária é 0,2 x 10 = 2,0 g.

7. O peso necessário de base é 19,4 g e do fármaco é 2,0 g.

Supositórios, Óvulos e Velas

Ação Local

Ação Sistêmica
Fatores que influenciam a absorção de fármacos dos supositórios

- Fatores fisiológicos

- Fatores físico-químicos do fármaco e da base dos supositórios


- Lipossolubilidade e hidrossolubilidade

- Tamanho da partícula

- Natureza da base

Classificação das bases para supositórios, óvulos e velas


Preparação de supositórios, óvulos e velas.
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Supositórios

Utilizados para proporcionar ação local e ação sistêmica de fármacos. A via de


administração retal é útil nos casos em que o paciente não consegue ou não quer ingerir

fármacos por via oral. Estão disponíveis no comércio tanto para uso adulto quanto pediátrico.

A diferença está na forma e conteúdo do fármaco. O paciente deve ser informado sobre o uso
correto dos supositórios e como a maioria dos supositórios é embalada em papel laminado ou
plástico, deve ser orientado para remover completamente o envoltório antes da aplicação.

Óvulos
São empregados para combater infecções que ocorrem no sistema genito-urinário

feminino, para restaurar a mucosa vaginal e para contracepção. O farmacêutico deve orientar

a paciente que usar um produto na forma óvulo. Orientá-la para, primeiramente, ler as

instruções e não interromper a terapia quando os sintomas diminuírem.


Outras Formas Farmacêuticas (Via Retal, Vaginal ou Uretral)

Comprimidos e Cápsulas
Mais usados do que os óvulos. São mais fáceis de fabricar, mais estáveis e fazem menos sujeira

no manuseio e utilização. Têm forma ovoide, e são acompanhados de um aplicador de plástico,

um dispositivo que facilita sua colocação na vagina. Podem conter anti-infecciosos e

hormônios. Devem se desintegrar dentro da vagina, liberando o fármaco.


Alguns comprimidos vaginais são cápsulas de gelatina contendo fármacos. As cápsulas

também podem ser usadas por via retal, especialmente em pediatria, para crianças com

dificuldades em deglutição. As cápsulas deverão ser ligeiramente umedecidas com água para
facilitar a inserção no reto.

- Comprimidos vaginais bioadesivos: novo tipo de sistema de liberação controlada de

fármacos com efeitos tópicos e sistêmicos. Os comprimidos aderidos à vagina hidratam-se,

tornam-se gelatinosos em ambiente aquoso, produzindo uma barreira que pode reduzir a
velocidade de liberação do fármaco. Os excipientes utilizados são os polímeros de Ácido
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poliacrílico, a Hidroxipropilmetilcelulose e a Carboximetilcelulose.

Pomadas, Cremes e Espumas Aerolizadas


Os cremes e pomadas vaginais contém antinfecciosos, estrogênios e agentes contraceptivos.

As espumas e cremes contraceptivos contém agentes espermicidas como o Nonoxinol-9 e o

Octoxinol. As espumas são emulsões de óleo em água, parecendo cremes finos. São miscíveis
em água e não gordurosas. Contêm estrogênios e agentes contraceptivos.

Géis e Geleias

É um tipo de gel formado pela adição de um espessante como a Goma Adraganta ou


Carboximetilcelulose a uma solução aquosa de fármaco. O produto final é límpido e de

consistência semissólida e uniforme. Os fármacos utilizados: contraceptivos, anti-infecicosos,

antifúngicos, anestésicos e lubrificantes não-medicamentosos, usados pelo médico para exames

retal, uretral ou vaginal.


Esponja Contraceptiva

O produto consiste de uma esponja elástica, hidrófila, de espuma de poliuretano, impregnada

com nonoxinol-9, um agente espermicida. A contracepção ocorre devido à ação do agente


espermicida, da absorção do esperma pela esponja e do bloqueio físico do colo do útero pela

esponja. Tem formato arredondado, ligeiramente côncavo, para ajustar-se à parte superior da

vagina.

O espermicida é ativado quando a esponja é umedecida com água antes da inserção.


Proporciona proteção contraceptiva por um período de 24 horas. Deve permanecer no lugar

pelo menos 6 horas após a relação sexual. Uma alça de borracha presa no interior da esponja

facilita sua remoção.

Sistema de Liberação Intrauterina de Progesterona

Pós
São usados para preparar soluções para duchas vaginais, ou seja, limpar a vagina por irrigação.
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Podem ser embalados individualmente (contém a quantidade ideal de pó para preparar um

volume especificado de solução para a ducha) ou a granel (medidos com colher das de chá ou

de sopa para a preparação da solução desejada). É adicionado a um volume correto de água


morna, com agitação até completa dissolução. Fármacos encontrados:

Ácido Bórico ou borato de sódio

Adstringentes: Alúmem de amônio, Sulfato de zinco

Antimicrobianos: Sulfato de oxiquinolina, Povidona-Iodo


Cloreto de benzetônio
Detergentes: Lauril sulfato de sódio

Oxidantes: perborato de potássio

Sais: Citrato de sódio, Cloreto de sódio


Aromáticos: Mentol, Timol, Eucaliptol, Salicilato de metila, Fenol

São utilizados por seus efeitos higiênicos. Alguns anti-infecciosos são usados contra infecções

por monília e tricomonas.


Soluções

- Duchas Vaginais: soluções preparadas a partir de pós, de soluções ou líquidos

concentrados, diluídos conforme indicação.


- Enemas de Retenção: soluções administradas por via retal para efeito local (Hidrocortisona)

ou para absorção sistêmica (Aminofilina)

- Enemas de Evacuação: enemas retais utilizados para limpar os intestinos. Apresentam-se

em frascos plásticos flexíveis e descartáveis, que comprimidos libertam a quantidade certa


de solução para enema. Composição: Fosfato de sódio e Bifosfato de sódio, Glicerina,

Docusato de potássio e Óleo mineral leve. A ponta da aplicação do produto deve ser

introduzida delicadamente no reto, não sendo necessário utilizar todo o conteúdo do


recipiente plástico descartável. Informar ao paciente que o produto começa a fazer efeito
em 5 a 10 minutos.

Suspensões
Sulfato de Bário para suspensão: via oral ou retal para visualização do trato gastrointestinal.
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Suspensão de Mesalamina (ácido 5-aminosalicílico) (Rowasa) para tratamento da doença de

Crohn, colite ulcerativa distal, proctite.

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