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Lista das plantas para reconhecimento e memorização dos nomes científicos:

Boldo, hortelã homem, macela, pitangueira, chambá, guaco, mastruz, milona, sena e espinho de
cigano

FORMAS DE PREPARAÇÃO E USO DAS PLANTAS MEDICINAIS

Pomada – A pomada pode ser preparada usando-se 70% de vaselina, 30% de lanolina. A
lanolina e a vaselina devem ser fundidas em fogo brando e quando a mistura estiver fria, tem-se a
pomada simples. É aconselhável deixá-la em repouso por um dia.
Para cada 100 g de pomada simples, colocam-se 05 ml de tintura ou alcoolatura e mexe-se
bem para a mistura ficar bem homogênea. Esta é a maneira de se preparar uma pomada segundo as
técnicas farmacêuticas. No meio popular, há diversas “receitas” de pomadas utilizando cera de
abelha, parafina, gordura vegetal etc.
Sabão Líquido – O sabão líquido é preparado colocando-se 200g de sabão de coco cortado
em pequenos pedaços em água suficiente para dissolvê-lo. Coloca-se em fogo brando, até a
dissolução do sabão e sua homogeneização. Após isto, deixa-se em repouso.
Da parte da planta a ser utilizada, normalmente, folhas, flores, frutos e galhos novos,
utilizam-se 200 gramas e água suficiente para se fazer a liquefação no liquidificador. Filtra-se e
adiciona-se ao sabão líquido, completando com água para 1 litro ou volume aproximado,
dependendo da consistência que se quer para o sabão. O uso é feito três ou quatro vezes ao dia,
durante o banho, deixando o corpo ensaboado por cerca de 20 minutos.
Outra variante do sabão líquido e aquela em que no sabão dissolvido se coloca a tintura e/ou
alcoolatura da(s) planta (as).
Sabonete – Na preparação do sabonete, usa-se base glicerinada e tintura ou alcoolatura da
planta. Para cada 100 gramas de base glicerinada, são necessários de 5 a 10 ml da tintura ou da
alcoolatura. Primeiro se coloca a base glicerina no fogo para fundir. Quando isto ocorrer, deixa-se
esfriar um pouco e adiciona-se a alcoolatura ou a tintura. Mexe-se bem a mistura e a coloca na
forma para esfriar, de onde é retirado o sabonete quanto este estiver bem sólido.
Pó - Para se preparar o pó, deve-se secar bem a parte da planta a ser usada e triturá-la ou
esmagá-la. Depois, o pó é peneirado e guardado em recipiente limpo e adequado.
Suco - O suco é preparado espremendo-se ou triturando-se as folhas da planta em um
liquidificador, com posterior filtração. O suco deve ser feito no momento em que vai ser usado.
Sumo – Para se obter o sumo, soca-se a planta em um pilão ou em um pano até sair o
máximo do sumo. Se a planta tiver pouca água pode-se acrescentar um pouco de água e deixar de
molho uma hora e depois espremer ou socar novamente. Por fim, filtra-se o líquido que sair.
Salada - Algumas plantas medicinais podem ser usadas sob a forma de saladas. Para fazê-
las, basta cortar as plantas em pequenos pedaços que devem ser consumidos imediatamente.
Emplasto - Para se fazer o emplasto, soca-se a planta fresca até se transformar em pasta que
é colocada diretamente na parte afetada, podendo-se cobri-la com um pano.
Cataplasma - Para se fazer a cataplasma procede-se da mesma maneira que se faz para se
preparar o emplasto, mas, à pasta, adiciona-se alguma massa, como farinha, para dar maior
consistência.
Linimento - Para se fazer o linimento, utiliza-se o sumo das folhas da planta, misturado com
um pouco de óleo. É utilizado para se fazer massagem na área afetada.
Compressa – Para se fazer a compressa, prepara-se o decocto ou o infuso da planta a 5% e
nele embebe-se um pano limpo que é aplicado na área doente.
Banho – Fazer o decocto ou infuso da planta a 5% e, depois de filtrado, colocá-lo na água
do banho. O banho deve ser tomado lentamente.
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Bochecho e gargarejo – Fazer o decocto ou o infuso da planta a 5%, filtrá-lo e após isto
fazer o bochecho e/ou o gargarejo.
Inalação - Para a inalação, utiliza-se o decocto ou o infuso a 5%, que deve ser colocado
ainda quente num copo. Com um papel, faz-se um funil que se adapta ao copo por onde é inspirado
o vapor que é produzido.
Estas são as formas de preparar e usar as preparações caseiras à base de plantas medicinais. Com
relação às preparações, segundo as normas farmacêuticas, além da tintura, alcoolatura, pomada e
xarope, aqui discutidos, existem muitas outras como elixir, extrato, creme, gel, cápsula etc.

PLANTAS COM ATIVIDADE NO APARELHO DIGESTÓRIO


Estudar nome, grupos e princípios ativos (quando ressaltados no texto ou em sala de aula) que
predominam, ações e indicações, parte usada, modo de preparo e uso.

ABACAXI
Nome científico: Ananas sativus
Família: Bromeleacea.
Nome popular: Abacaxi
Constituintes químicos: Sua enzima bromaleína é uma mistura das bromelinas A e B. Tem
atividade digestiva, comparável à ação da pepsina e da papaína favorecendo a degradação dos
peptídeos. Também atua como antiagregante plaquetário (inibe parcialmente a enzima tromboxano-
sintetase), fibrinolítico (ativa o plaminogênio tissular) e anti-inflamatório (inibe a formação de
bradicinina).
Tem vitamina A, B e C, fibras, compostos fenólicos etc.
Ações: Digestivo, carminativo, laxante, anti-inflamatório e anticoagulante, expectorante.
Indicação: Má digestão, constipação, gripe e tosses improdutivas.
Parte utilizada: Fruto.
Modo de usar: Ingerir a polpa do fruto junto às refeições. Com as cascas em maceração, pode-se
fazer o suco.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O fruto verde provoca efeitos purgantes, sensação de queimação e
ardência na boca.
Contraindicações: Pacientes em uso de anticoagulantes.

AROEIRA DO SERTÃO
Nome científico: Myracrodruom urundeuva Fr. All.
Família: Anacardeaceae
Nome popular: Aroeira do sertão
Constituintes químicos: A casca é rica em taninos e em outros compostos fenólicos mais simples.
Contém duas chalconas diméricas, chamadas urundeuvinas A e B, com forte ação anti-inflamatória.
O óleo essencial obtido das folhas tem mais de 16 constituintes, sendo os mais importantes o alfa
pineno, o gama terpineno e o betacariofileno. Têm ação anti-histamínica e antibradicinina.
Ações: Atividade antiúlcera, anti-inflamatória, cicatrizante, adstringente, antimicrobiana.
Indicações: Feridas de pele, acne inflamada, vulvo-vaginite, amigdalite, gastrite e úlcera gástrica.
Na medicina popular do Nordeste do Brasil, a casca do tronco desta árvore é um dos remédios mais
antigos, sendo utilizada para várias patologias.
Estudos realizados com o extrato hidroalcoólico, em ensaios pré-clínicos, evidenciaram efeito anti-
inflamatório, cicatrizante e antiúlcera. Uma avaliação clínica da planta para o tratamento de úlcera
foi realizada através da utilização do elixir da aroeira administrado diariamente, por via oral, pela
manhã e à noite, durante 30 dias a 12 indivíduos portadores de úlcera gástrica. Seis deles, ao final
do tratamento, apresentaram completa cicatrização do processo ulceroso.
Parte usada: Casca do caule, folhas
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Modo de usar: Decocto, infuso, tintura, sabonete.


Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em alta concentração, pode provocar irritação do aparelho
gastrintestinal. Também pode provocar alergia de pele e alergia respiratória.
Contraindicações: Pacientes sensíveis a esta planta.

BABOSA
Nome científico: Aloe vera L.
Família: Liliaceae.
Nomes populares: Babosa, erva babosa, caraguatá.
Constituintes químicos: Planta rica quinonas (antraquinonas - 15 a 30%), dentre elas a aloina
baboleína (20%). Este composto, sob a ação de bactérias saprófitas anaeróbicas intestinais, é
transformado em aloe-emodina-atrona que age na mucosa intestinal diminuindo a absorção de
eletrólitos e de água, aumentando o peristaltismo e a secreção mucosa. Daí, sua ação laxante e
purgante. Em pequenas doses, tem ação aperitiva, colagoga e estomacal. Age, também, cicatrizando
a úlcera gástrica.
Tem, ainda, resinas (16 a 30%) saponinas, mucilagem, lignina, mais de 20 minerais (cálcio,
magnésio, potássio, fósforo etc.), vitaminas (A, B1, B2, B6, B9, B12, colina etc.).
Ações: Anti-inflamatória, analgésica, hidratante, laxante, cicatrizante, repelente de insetos, anti-
hemorrágica, antimicrobiana.
Indicações: Inflamações, constipação, infecções de pele, pele ressecada, queimaduras, hemorroidas
inflamadas, psoríase etc.
Parte utilizada: Sumo mucilaginoso das folhas.
Modo de usar: Sumo, alcoolatura, supositórios e pomadas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Pode causar nefrite em crianças, quando em uso oral. Causa
retenção de líquidos e congestão dos órgãos abdominais.
Contraindicações: Gravidez, lactação, pacientes com problemas renais e doenças inflamatórias do
intestino.

BATATA DE PURGA
Nome científico: Operculina macrocarpa L. Farwe.
Família: Convolvulaceae.
Nome popular: Batata de purga, jalapa do Brasil, purga do sertão.
Constituintes químicos: Sua ação laxante se deve à presença de resina em alta concentração:
120 g para cada kilograma do tubérculo e também devido às quinonas. Os derivados fenólicos:
ácido ferúlico, ácido clorogênico, ácido cafeico e ácido protocatecúico são responsáveis pela
atividade antimicrobiana e anti-inflamatória.
Ações: Laxante, purgativa, antimicrobiana.
Indicações: Constipação intestinal. Também é utilizada para o tratamento de doenças infecciosas
da pele (impetigo e furúnculos) e reumatismo.
Parte utilizada: Tubérculo.
Modo de usar: Pó, tintura.
Efeitos adversos e/ou tóxicos:
Contraindicações: Inflamação dos intestinos, devido à sua ação irritativa na mucosa intestinal.

BOLDO
Nome científico: Peumus boldus Molina.
Família: Monimiaceae.
Nomes populares: Boldo do Chile, boldo verdadeiro.
Constituintes químicos: Os alcaloides, como boldina* (25 a 30% dos alcaloides), esparteína e
isocoridina, junto com seus flavonoides e o glicosídio boldoglucina, têm ação protetora sobre a
membrana dos hepatócitos, diminui o dano oxidativo mitocondrial e estimula a secreção da bílis. O
óleo essencial (até 2%) é rico em ascaridol (45%), cineol (30%), linalol, eugenol e p-cimeno.
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Têm ação antimicrobiana.


Ações: Digestiva, hepatoprotetora, colagoga, colerética, antimicrobiana.
Indicações: Dispepsias, discinesias biliares, afecções hepáticas, cálculos biliares e gases intestinais.
Parte utilizada: Folhas.
Modo de usar: Infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Altas doses do seu óleo essencial podem provocar irritação renal,
vômitos e diarreia. Pode provocar convulsões. Em grande quantidade, uso continuado e prolongado
pode provocar diminuição da audição.
Contraindicações: Crianças, lactantes e pacientes com obstrução das vias biliares. A esparteína
provoca contrações uterinas, daí sua contraindicação em grávidas.

CANELA
Nome Científico: Cinnamomum zeylanicum Blume.
Família: Lauraceae
Nome popular: Canela, canela verdadeira, canela do Ceilão, canela da Índia.
Constituintes químicos: Rica em óleo essencial (0.5 a 3.5 %). Neste, o principal componente e
o aldeíldo cinâmico (60 a 75%), eugenol (10%) e outros componentes minoritários como o pineno,
felandreno, linalol, metil-eugenol etc. Nas folhas, o principal componente é o eugenol (80%).
Contém cumarina, mucilagens, resinas, gomas, taninos condensados e açúcares. Seu óleo essencial
estimula a produção de enzima, principalmente a tripsina, daí suas propriedades eupépticas e
carminativas. Tem ação protetora da mucosa gástrica, em pequena quantidade e baixa concentração
de eugenol. Do contrário, provoca irritação gástrica. Ensaios pré-clínicos comprovaram atividade
miorelaxante e anti-inflamatória sobre músculo liso de traqueia e de íleo de cobaias.
Em baixa dose, estimula o Sistema Nervoso Central e em altas doses tem ação sedativa. Esta
atividade deve-se ao aldeído cinâmico.
Ações: Antimicrobiana, antiespasmódica, eupéptica (digestivo), anestésica local.
Indicação: Má digestão, cólicas intestinais.
Partes utilizadas: Casca (caule e ramos) e folhas.
Modo de usar: Infuso e decocto.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contraindicações: Não referidas na literatura consultada.

CAPIM SANTO
Nome científico: Cymbopogon citratus D.C. Staf.
Família: Graminae.
Nomes populares: Capim santo, capim limão, cidreira.
Constituintes químicos: Suas folhas são ricas em óleos essenciais que contém citral, mirceno,
cânfora, eugenol e alcaloides como, farnesol e geranial.
Ações: Antiespasmódica, antisséptica, carminativa, digestiva e sedativa.
Indicações: Cólica intestinal, gases intestinais, má digestão, processos infecciosos, ansiedade e
insônia.
Parte utilizada: Folhas.
Modo de usar: Infuso das folhas verdes ou secas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há efeitos adversos. Em altas doses,
provoca irritação de mucosas, aumento do peristaltismo intestinal, taquicardia e sudorese.
Contraindicações: Grávidas, lactantes e pacientes com úlcera gástrica ou duodenal.

CÁSCARA SAGRADA
Nome científico: Rhamnus purshiana D.C
Família: Rhamnaceae.
Nomes populares: Cáscara sagrada, casca sagrada, cáscara.
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Constituintes químicos: Rica em quinonas (antraquinôncos e antracênicos) (6 a 9%) que se


formam nas folhas e se armazenam nas cascas mais velhas. Os principais são os cascarosídeos
A, B, C, D e E. Destes, o A e o D são os mais potentes. Eles interferem com a permeabilidade da
mucosa, levando à passagem de líquidos e eletrólitos para a luz intestinal, acarretando o aumento do
peristaltismo. Possui de 10 a 30 % de aloínas A e B. Possui taninos, resinas, mucilagens etc.
Ações: Laxante, colagoga/colerética.
Indicações: Constipação intestinal, dispepsia motivada por insuficiente produção de bile.
Parte utilizada: cascas.
Modo de usar: Fazer o decocto das cascas e tomá-lo, após as refeições. No caso de produtos de
laboratórios, seguir a orientação da bula.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Quando o tratamento é prolongado e a dose elevada, podem ocorrer:
irritabilidade intestinal, constipação paradoxal, nefrites, destruição dos plexos nervosos intra-
colônicos e câncer intestinal.
Contraindicações: Grávidas, lactantes e pacientes com úlcera gástricas e doenças intestinais, como
colite ulcerativa, doença de Crohn e intestino irritável.

COENTRO
Nome científico: Coriandrum sativum L.
Família: Umbeliferae
Nomes populares: Coentro, cheiro verde.
Constituintes químicos: Compostos fenólicos, caratenóides, óleos essenciais.
Ações: Digestiva, carminativa, antioxidante.
Indicações: Dispepsia, flatulência.
Parte utilizada: Folhas, talos e sementes.
Modo de usar: Infuso, salada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não os há.
Contraindicações: Não referida na literatura.

Ficamos aqui 18/09 2m23

ERVA CIDREIRA
Nome científico: Lippia alba Mill
Família: Verbenaceae.
Nomes populares: Erva cidreira, carmelitana, falsa melissa, cidreira.
Constituintes químicos: Óleos essenciais (0,5 a 1,5%) contendo citral (atividade calmante e
espasmolítica), mirceno (atividade analgésica), linalol (atividade anticonvulsivante, juntamente
com o citral). Seus flavonoides também têm ação sedativa
Ações: Digestiva, carminativa, antiespasmótica, antimicrobiana, sedativa.
Indicações: Cólicas intestinais, má digestão, flatulência, infecção, ansiedade e insônia.
Parte utilizada: Folhas.
Modo de usar: Infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não os há.
Contraindicações: Gravidez e lactação.

ERVA DOCE
Nome científico: Pimpinella anisum L.
Família: Umbelífera ou Apiaceae.
Nomes populares: Erva doce, anis, pimpinela.
Constituintes químicos:
Óleo essencial (2 a 5%). Neste, anetol (75 a 90%), estragol (metil - chevicol), pineno, limoleno
etc. Flavonoides (quercitina e apigenina) e cumarinas. A ação farmacológica da erva-doce se deve
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principalmente ao anetol. Ele compete com a dopamina que é um inibidor da prolactina. Desta
forma, há aumento da produção de leite. Favorece a secreção salivar e a secreção gástrica.
Ações: Estomáquica, antiespasmódica, carminativa, sedativa e galactagoga.
Indicações: Cólicas intestinais, má digestão, flatulência, infecção, ansiedade e insônia.
Parte utilizada: Sementes maduras.
Modo de usar: Infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendas, não há efeitos adversos e/ou tóxicos.
Contraindicações: Grávidas não devem tomá-la em altas doses, pois pode provocar contrações
uterinas.

ESPINHEIRA SANTA
Nome científico: Maytenus ilicifolia.
Família: Celastraceae.
Nomes populares: Espinheira santa, erva santa, cancerosa, sombra de touro.
Constituintes químicos:
Alcaloides: maitansina, maitanprina, maitambutina.
Flavonoides: derivados da quercitina e campeferol.
Taninos* hidrolizáveis, ácido clorogênico, terpenos (maitenina, friedelina e friedelan-3-ol) etc.
Em estudos pré-clínicos com ratas com úlcera gástrica induzida por indometacina e estresse físico
mostrou atividade contra úlcera gástrica comparável a ranitidina e cimetidina. Regulariza o volume
e Ph do suco gástrico. O mecanismo de ação proposto é a inibição da bomba de próton, etapa final
comum das vias reguladoras da secreção gástrica.
Ações: Anti-inflamatória, digestiva, protetora da mucosa gástrica, cicatrizante e antimicrobiana.
Indicação: Gastrite, dispepsia e úlcera gástrica.
Parte utilizada: Folhas e ramos.
Modo de usar: Infuso, tintura, alcoolatura etc. No mercado, há diversas outras formas de
apresentação.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contraindicações: Grávidas e lactantes (há menção, não confirmada, de que diminui a produção de
leite).

GOIABEIRA
Nome científico: Psidium guajava L.
Família: Myrtaceae.
Nomes populares: Goiabeira, goiaba.
Constituintes químicos: Nas folhas, os principais constituintes químicos são: taninos (9 a
10%), como: penduculaginas e guacinas. Tem, ainda, flavonoides (quercetina, avicularina e
guajaverina) e óleos essenciais. Eficaz contra diversos micro-organismos devido aos taninos e aos
flavonoides acima citados. As cascas são ricas em taninos (12 a 30%).
A quercitina é a principal responsável pela atividade antidiarreica por diminuir a produção de
acetilcolina, que é um estimulante da contração dos músculos lisos intestinais e de outros músculos
lisos de contração involuntária. A quercitina está mais presente nas cascas e nas folhas.
Ações: Antimicrobiana, antidiarreica.
Indicação: Diarreia, processos infecciosos específicos.
Parte utilizada: Gomos foliares (olhos).
Modo de usar: Infuso dos gomos foliolares verdes ou das cascas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O cozimento das partes aéreas desta planta pode apresentar
concentrações elevadas de quercetina (44%). Quando a dosagem atinge 800mg/Kg, resulta ação
mutagênica.
Contraindicações: Grávidas e lactantes.
27/09 – as duas turmas de medicina,
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HORTELÃ HOMEM
Nome científico: Plectranthus barbatus Andr.
Família: Labiatae.
Nomes populares: Malva santa, sete dores, boldo nacional
Constituintes químicos: Tem óleo essencial rico em guaieno e fenchona, princípios amargos e
outros constituintes fixos de natureza terpênica, como a barbatusina. Estimula o esvaziamento
gástrico e normaliza a produção de HCL. Ação anti-ulcerogênica comprovada em ratos.
Ações: Digestiva, analgésica, aperiente
Indicações Úlcera gástrica, gastrite, dispepsia, dores de estômago, azia.
Parte utilizada: Folhas.
Modo de usar: Infuso, alcoolatura ou a folha in natura.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Na literatura consultada, não há citação destes efeitos.
Contraindicações: Na literatura consultada, não há citação de ccontraindicações.

JURUBEBA
Nome científico: Solanum paniculatum L.
Nome Popular: Jurubeba
Família: Solanaceae
Constituintes químicos: Possui alcaloides (solanina, solanidina, solanosodina) nas raízes, nas
cascas e nas folhas. Saponinas (jurubina, paniculogenina), principalmente nas raízes. Solanidina e
solanosodina demonstraram atividade hepatoprotetora em animais de laboratório. Tem comprovada
ação antiúlcera em estudos pré-clinicos, por diminuir a secreção gástrica.
Ações: Hepatoprotetora, protetora da mucosa gástrica, colerética, colagoga.
Indicações: Úlcera gástrica, doenças hepáticas e das vias biliares, dispepsias.
Partes usadas: Raízes, casca do caule, folhas e frutos.
Modo de usar: Tintura, alcoolatura, suco, decocto e infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O uso interno dos frutos verdes, ou altas doses de preparações desta
planta, devido à presença de solanina, pode provocar náuseas, vômitos, diarreia, dores de estômago
e de cabeça. Evitar o uso prolongado.
Contraindicações: Grávidas, devido ao efeito tônico sobre o útero.
04/10 4m23

MACELA
Nome científico: Egletes viscosa Cass.
Nomes populares: Marcela ou macela-da-terra
Família: Compositaes.
Constituintes químicos: Princípios ativos: ácido centipédico e ternatina (ação antiespasmódica) e
acetato de trans-pinocarveila.
Ações: Digestiva, antiespasmódica, antidiarreica.
Indicações Cólicas intestinais, diarreia, dispepsia, azia.
Parte utilizada: Flores.
Modo de usar: Infuso de 1 a 3 % de flores secas. Tomar três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Na literatura consultada, não há referência.
Contraindicações: Na literatura consultada, não há referência.

MAMOEIRO
Nome científico: Carica papaya L.
Família: Caricaceae.
Nome popular: Mamoeiro
Constituintes químicos: Papaína, conhecida como pepsina vegetal, fermento proteolítico,
responsável pela ação digestiva, pode "digerir" as proteínas até 35 vezes o seu próprio peso. Esta
substância amacia a carne.
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A quimopapaina e papaiaproteinase têm a mesma função. O alcaloide carpaina tem ação inibitória
sobre diversos micro-organismos e sobre a ameba. As resinas e as fibras são responsáveis pela
ação laxante.
De há muito tempo, este fruto é usado no tratamento de pessoas com dificuldade na digestão de
proteínas. Também é adicionada a cremes contra picadas e coceiras. A fruta madura pode ser
comida crua, mas a verde precisa ser cozida.
Ações: Digestiva, laxante, anti-inflamatória e vermífuga
Indicações: Constipação intestinal, parasitose intestinal, dispepsia.
Parte utilizada: Fruto, leite do fruto verde e sementes.
Modo de usar: Como laxante e digestivo, deve-se ingerir a polpa do fruto maduro, junto com as
refeições. Para parasitose intestinal, usar o leite (seiva) do fruto verde e as sementes.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: o uso de grande quantidade de folhas pode trazer problemas
cardíacos devido à presença da carpaina. O consumo excessivo do fruto deixa as mãos amareladas.
As sementes são abortivas e o látex das folhas e do fruto verde produz irritação de peles e mucosas.
Em pessoas sensíveis, a papaína produz reações respiratórias alérgicas.
Contraindicações: Nas doses recomendas não há contraindicações, principalmente o uso do fruto.

PITANGUEIRA
Nome científico: Eugenia uniflora
Nome Popular: Pitanga.
Família: Mirtaceae.
Constituintes químicos: As folhas contêm óleos essenciais, como o eugenol e o cineol e ácidos
fenólicos. Tem, também, flavonoides (quercitina e a quercitrina) e taninos.
Estudos pré-clíncos demonstraram ação antimicrobiana, principalmente para gram(+), antioxidante,
diurética e anti-hipertensiva. Contudo, seu uso mais importante é no tratamento da disenteria. Ela
aumenta a absorção de água e diminui os movimentos peristálticos. O eugenol do óleo essencial tem
propriedades carminativa, eupéptica e antisséptica.
Ações: Antiespasmódica, analgésica, hipotensora
Indicações Disenteria, hipertensão arterial.
Parte utilizada: Folhas
Modo de usar: Infuso das folhas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não se conhecem efeitos adversos do uso da Pitanga
Contraindicações: Não se aconselha o uso durante a gravidez e a amamentação.

SAIÃO
Nome científico: Kalanchoe brasiliensis Camp.
Família: Crassulaceae.
Nomes populares: Coirama, coirama-brava, coirama branca.
Constituintes químicos: Briofilina; ácido caféico, ferúlico e cinâmico; esteóides e flavonoides
(quercitina e campeferol). Tem alto teor de mucilagens.
Estudos laboratoriais confirmaram a ação anti-inflamatória, analgésica e bactericida.
Ações: anti-inflamatória, protetora das mucosas, antimicrobiana, imunomoduladora.
Indicações: Gastrite, úlcera, inflamação, gripe, bronquite.
Parte utilizada: Folhas
Modo de usar: Sumo da folha fresca, infuso, alcoolatura e suco.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contraindicações: Não referidos na literatura consultada.

SENA
Nome científico: Senna alexandrina.
Família: Leguminosae-Caesalpinoideae.
Nomes populares: Sena ou sene.
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Constituintes químicos: Planta rica em quinonas (antraquinonas), como glicosídeos de diatrona,


senosídeos A e B, que entram na composição de vários medicamentos laxantes, e aloe-emodina.
Possui flavonoides, mucilagens e resinas.
Ações: Laxante e antimicrobiana.
Indicações: Constipação intestinal.
Partes utilizadas: Folhas (folíolos) e frutos (vagens).
Modo de usar: Infuso. Ao usar medicamentos de laboratórios, seguir a orientação da bula.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Quando o tratamento é prolongado e a dose elevada, podem ocorrer:
irritabilidade intestinal, constipação paradoxal, nefrites, destruição dos plexos nervosos intra-
colônicos e câncer intestinal.
Contraindicações: Grávidas, lactantes e pacientes com úlcera gástricas e doenças intestinais, como
colite ulcerativa e doença de Crohon.

TAMARINDO
Nome científico: Tamarindus indica L.
Família: Leguminosae
Nome popular: Tamarindo
Constituintes químicos: A polpa do fruto maduro contém ácidos orgânicos (13-15%), como os
ácidos tartárico* (8-18%), acético*, málico* e cítrico*. As folhas e as raízes têm alta
concentração de flavonoides e as sementes têm óleos essenciais, sendo os principais os ácidos
linoleico (55%) e oléico (15%). A polpa tem muito açúcar e pectina.
Estudos pré-clínicos evidenciaram atividade laxante, bem como atividade antimicrobiana para
diversos germes, como a Eschericha coli. Daí porque esta planta é largamente usada para o
tratamento da infecção urinária.
Ações: Laxante, diurética e antimicrobiana.
Indicações: Constipação intestinal
Partes utilizadas: Polpa do fruto, folhas.
Modo de usar: Da polpa, faz-se o suco. Das folhas, o infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não referência na literatura consultada.
Contraindicações: Nas doses recomendadas, não referência na literatura consultada.

A FITOTERAPIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, estabeleceu-se a universalização


do atendimento e a sua integralidade. Como consequência, passou-se a valorizar as múltiplas
formas de tratamento. Dentro deste novo enfoque, a Fitoterapia ganhou muitos adeptos entre os
profissionais de saúde, os gestores e os usuários do SUS e entre professores e pesquisadores das
universidades.
Atualmente, a atenção básica no SUS é feita principalmente através das equipes da
Estratégia Saúde da Família (ESF) que atendem nas Unidades de Saúde da Família (USF). Estas
unidades estão situadas nas próprias comunidades. As situações de adoecimento atendidas pelas
equipes da ESF, na sua maioria, podem ser tratadas com a Fitoterapia. Disto resulta a importância
de que a Fitoterapia seja incrementada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 1988, portanto antes da criação do SUS, a Resolução Nº. 08/1988 da Comissão
Interinstitucional de Planejamento e Coordenação (CIPLAN) disciplinou a implantação da
Fitoterapia nos serviços de saúde. Contudo, a mera existência da lei não foi capaz de levar este
objetivo a termo. Mas, apesar das dificuldades, a Fitoterapia e outras práticas integrativas
complementares cresceram bastante.
10

Como reflexo deste crescimento, em 03 de maio de 2006, o Ministério da Saúde, através da


Portaria 971, criou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
para o Sistema Único de Saúde. Inicialmente, foram incluídos nesta política a Fitoterapia, a
Homeopatia, a Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura, o Termalismo/Crenoterapia e a Medicina
Antroposófica.

A criação desta política foi muito importante já que ela estabelece diretrizes e medidas para
a implantação e o desenvolvimento das práticas que ela contempla. Na área da Fitoterapia as
diretrizes são:
1- Elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional de
Fitoterápicos; Importância grau 2
Direciona a prescrição, o ensino e a pesquisa para as plantas e para os fitoterápicos
constantes nessas listas
2- Provimento do acesso às plantas medicinais e aos fitoterápicos aos usuários do SUS;
Importância grau 3
Não basta haver a prescrição. É necessário que haja acesso às plantas e aos fitoterápicos.
Acesso às plantas: incentivar o cultivo domiciliar e a implantação de farmácias vivas I, nas
USF. Fitoterápicos manipulados: implementar as farmácias vivas II. Fitoterápicos industrializados:
Compra mediante licitação.
3- Formação e educação permanente dos profissionais de saúde em plantas medicinais e
Fitoterápicos; Importância grau 3
Essa diretriz é importante porque, atualmente, é pequeno o número de profissionais de saúde
com conhecimento sobre fitoterapia, devido ao pouco ensino da fitoterapia nas universidades. Como
fazer: cursos informativos e de especialização, presenciais ou virtuais. Incrementar o ensino da
fitoterapia nas universidades.
4- Acompanhamento e avaliação da inserção e implementação das plantas medicinais e
Fitoterapia no SUS; Importância grau 2
Toda política precisa de um processo de acompanhamento e avaliação para detecção de
erros e proposição de melhorias na política.
5-Fortalecimento e ampliação da participação popular e do controle social; Importância
grau 1
A fitoterapia atrai a população para os serviços de saúde pela sua grande inserção no meio
popular.
6- Estabelecimento de política de financiamento para o desenvolvimento de ações voltadas à
implantação das plantas medicinais e da Fitoterapia no SUS; Importância grau 3
É importante que a política tenha financiamento especifico para ajudar os municípios na sua
implementação.
7- Incentivo à pesquisa e desenvolvimento de plantas medicinais e de fitoterápicos,
priorizando a biodiversidade do país; Importância grau 2
As plantas medicinais não são objeto de muito interesse para a pesquisa das grandes
indústrias farmacêuticas, por não poderem ser patenteadas. Então, essa pesquisa tem que ser feita
custeada com recursos públicos
8- Promoção do uso racional de plantas medicinais e dos fitoterápicos no SUS; Importância
grau 3
O uso da fitoterapia pelo conhecimento popular incorre em muitos erros que precisam ser
sanados submetendo esse uso aos critérios estabelecidos pelo conhecimento cientifico.
9- Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos pelo sistema Nacional de
Vigilância Sanitária; Importância grau 2
Há um largo uso de preparações caseiras e manipuladas sem obedecer os requisitos do
conhecimento científico. Portanto, esse monitoramento coíbe esse uso.

Ações do Ministério da Saúde visando à implementação da Fitoterapia no SUS


11

1 - No sentido de operacionalizar esta política, a Secretaria de Atenção à Saúde do


Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº. 853, em 17/11/2007 que faz a inclusão das práticas
contidas na Portaria 971 na tabela de serviços/classificações do Sistema Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (SCNES), com o código 068. Esta portaria estabelece os profissionais
que pode exercer no SUS as práticas que fazem parte da PNPIC.
Resumo:
2 - Além disto, foi criada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos,
através do Decreto da Presidência, Nº. 5813, de 22 de junho de 2006. Esta política tem objetivos e
diretrizes claros relacionados aos temas e detalha as atribuições dos diversos ministérios e outros
órgão públicos para que ela seja realmente implantada no Sistema único de Saúde.
3 - Para operacionalizar esta política foi criado, através da Portaria Interministerial 2 960, de
09 de dezembro de 2008, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos que traz o
detalhamento das atribuições dos diversos ministérios e órgãos governamentais envolvidos com a
questão.
4 - Em fevereiro de 2009, foi publicada a Relação Nacional de Plantas Medicinais de
Interesse do SUS (RENISUS).
A RENISUS é uma etapa para a criação da RENAPLAN e da RENAFITO. Além disto, ela
incentiva e orienta a prescrição de plantas medicinais e de fitoterápicos no SUS, os estudos e as
pesquisas sobre estas plantas, o seu ensino nas universidades e a disseminação de seu cultivo.
5- Em 2011, foi publicada a 1ª edição do Formulário de Fitoterápicos, como parte integrante
da Farmacopeia Brasileira. Nele, há 45 monografias de drogas vegetais para infuso e decocto, 17
para tintura, uma para xarope, cinco para géis, cinco para pomadas, uma para sabonete, duas para
creme, quatro para bases farmacêuticas e uma de solução conservante.
No ano de 2021 foi publicada a 2ª edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia
Brasileira, contém 85 monografias, que contemplam 85 espécies, com um total de 236 formulações
e revoga as publicações anteriores (1ª edição do Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia
Brasileira e seu Primeiro Suplemento).
A publicação do formulário de fitoterápicos 1) possibilita a disseminação do uso da
fitoterapia nos serviços de saúde, mesmo por prescritores que não têm muito conhecimento a
respeito das propriedades terapêuticas das plantas medicinais, e 2) orienta o ensino, a 3)
pesquisa sobre plantas medicinais.
6- Em 2013 foi publicada a resolução - RDC nº 18, de 3 de abril de 2013, da Anvisa que
regulamenta a implementação das farmácias vivas, tipo I e tipo II. (Obs. Saber a diferença entre
elas).
7- Em 2016, foi publicado o Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira que contém
monografias de 28 plantas. Em cada monografia, são apresentadas informações importantes sobre a
planta como indicações terapêuticas, constituintes químicos presentes na planta, vias de
administração e posologia de uso, efeitos adversos, interações medicamentosas e estudos científicos
que comprovam a eficácia e a segurança do uso da planta. O memento é um importante instrumento
para a expansão da prescrição da fitoterapia nos serviços de saúde.
8- Anualmente, o Ministério da Saúde lança edital para financiar projetos na área das
práticas integrativas, principalmente projetos na área da Fitoterapia
Em função da perspectiva de incremento da Fitoterapia no SUS, as universidades brasileiras
estão diante do desafio de introduzir ou incrementar o seu ensino nos cursos de graduação, a
extensão e a pesquisa com plantas medicinais.
A consolidação da Fitoterapia no SUS justifica-se por diversas razões, como: 1) possibilita
aos profissionais de saúde outra forma de tratamento; 2) os custos financeiros são menores; 3)
menor potencial de provocar efeitos adversos; 4) facilidade de acesso (financeiro, temporal e
espacial); 5) inserção cultural da Fitoterapia nos usos e costumes da população; 6) garante ao
usuário o seu direito de escolha do tratamento preferido; 7) facilita a participação popular no SUS,
8) resgata o conhecimento popular; 9) constitui uma fonte de emprego e renda.(plantadores,
manipuladores do fitoterápicos manipulados)
12

No entanto, muitas dificuldades precisam ser superadas, como: o desconhecimento e/ou o


descrédito de alguns profissionais de saúde e gestores; a deficiência do ensino da Fitoterapia
na graduação e na especialização, o número insuficiente de profissionais com conhecimento
em Fitoterapia; a necessidade de investimento inicial como a criação de laboratórios para
produzir o medicamento fitoterápico; o desconhecimento da população sobre a Fitoterapia ou
o seu conhecimento deturpado etc.
Questão: correlacionar as diretrizes com as dificuldades. Que diretriz diminui que
dificuldade? Uma diretriz pode minorar mais de uma dificuldade.

MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS DA
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO BÁSICA

O Sistema Único de Saúde passou a financiar fitoterápicos na rede pública de saúde a partir
de 2007. Inicialmente, apenas duas plantas (Guaco e Espinheira Santa) constavam da lista
Atualmente, são 12 (PORTARIA Nº 533, DE 28 DE MARÇO DE 2012, do MS).
Os fitoterápicos destas plantas são registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Portanto, têm eficácia e segurança comprovadas. Esses fitoterápicos, assim com os
medicamentos tradicionais, passam por controle de qualidade e as empresas seguem as mesmas
regras de boas práticas de fabricação e controle utilizadas para a produção do medicamento
sintétitico.
No momento, diversos estados, entre eles a Paraíba, já têm pactuação para a compra destes
medicamentos.
A lista das plantas é a seguinte: (Precisa saber apenas o nome populares das
plantas da lista)
Nome Forma
Nome científico Indicação de uso
Popular farmacêutica
Cápsula
Comprimido
Espinheira Maytenus Dispepsias, coadjuvante no tratamento de
Emulsão
Santa ilicifolia gastrite e úlcera duodenal
Solução
Tintura
Cápsula
Mikania Solução oral
Guaco Expectorante, broncodilatador
glomerata Tintura
Xarope
Cápsula
Comprimido
Colagogos e coleréticos em dispepsias
Alcachofra Cynara scolymus Drágea
associadas a disfunções hepatobiliares.
Solução oral
Tintura
Aroeira do Schinus Gel Produtos ginecológicos anti-infecciosos tópicos
Brejo terebenthifolius Óvulo simples
Cápsula
Cáscara
Rhamnus Constipação ocasional
sagrada Tintura
purshiana
Garra do Harpagophy Cápsula Anti-inflamatório (oral) em dores lombares,
diabo tumbens Comprimido osteoartrite
13

Isoflavona da Comprimido
Glycine max
soja Cápsula Climatério (Coadjuvante no alívio dos sintomas)
Cápsula Anti-inflamatório (oral e tópico) nos casos de
Uncaria
Unha de gato artritereumatóide, osteoartrite e como
tomentosa Comprimido
imunoestimulante
Hortelã Cápsula
Tratamento da síndrome do cólon irritável.
Pimenta Mentha piperita
Apresenta ação antiflatulenta e antiespasmódica
Tratamento tópico de queimaduras de 1º e 2º
Creme
graus e como coadjuvante nos casos de Psoríase
Babosa Aloe vera
vulgaris.

Comprimido
Tratamento de dor lombar baixa aguda. Apresen
Salgueiro Salix Alba
ta ação anti-inflamatória
*Laxante, hipolipemiante, hipotensor, inibidor
Cápsulas,
Transagem Plantago ovata da fome (Sensação de saciedade devido sua
comprimidos
riqueza em fibras).

Relação Nacional de plantas de Interesse do SUS (RENISUS)


O Ministério da Saúde divulgou, em fevereiro de 2009, a Relação Nacional de Plantas
Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus). Nesta lista, constam as plantas medicinais que
apresentam potencial para gerar produtos de interesse ao SUS. Dentre algumas espécies, constam a
Cynara scolymus (alcachofra), Schinus terebenthifolius (aroeira da praia) e a Uncaria tomentosa
(unha-de-gato), usadas pela sabedoria popular e confirmadas cientificamente, para distúrbios de
digestão, inflamação vaginal e dores articulares, respectivamente.
Para selecionar as plantas medicinais de interesse ao SUS, estiveram reunidos, no Ministério
da Saúde, em outubro de 2008, pesquisadores oriundos de universidades e da Farmacopeia
Brasileira, representantes de serviços públicos, técnicos da Anvisa e do próprio DAF. O trabalho
partiu de uma lista preliminar de 237 espécies vegetais, elaborada em 2005 em parceria com outros
ministérios e com a colaboração de consultores e pesquisadores. A lista preliminar considerava as
espécies vegetais já utilizadas nos serviços de saúde estaduais e municipais, o conhecimento
tradicional e popular, os estudos químicos e farmacológicos disponíveis, os estudos da CEME e a
Lista de plantas do Projeto “Plantas do Futuro” (Ministério do Meio Ambiente/Ibama).
Com o objetivo de facilitar os trabalhos de seleção, as 237 espécies constantes da lista
preliminar foram separadas por indicações, de acordo com as categorias do Código Internacional de
Doenças (CID-10). Foram selecionadas 100 espécies vegetais com indicações para uso na atenção
básica e com informações relacionadas a: parte usada, forma de uso, indicações terapêuticas, via de
administração, RE89/04, Estado (UF) que referencia uso, origem da espécie vegetal, toxicologia
pré-clínica, toxicologia clínica, farmacologia pré-clínica, farmacologia clínica, Farmacopeia
Brasileira, monografia WHO, Pesquisa CEME, normas de cultivo e manejo, uso tradicional.
Além da priorização de espécies para algumas doenças, os presentes na reunião também
indicaram outras plantas medicinais. Após a reunião, as espécies priorizadas foram analisadas com
o intuito de obter uma relação contendo uma ou duas espécies por indicação terapêutica e que
atendesse a todas as regiões/biomas.
A finalidade da relação é orientar estudos e pesquisas que possam subsidiar a
elaboração da lista de plantas medicinais e de fitoterápicos a serem disponibilizados para uso
da população, com segurança e eficácia para o tratamento de determinada doença.
14

Não precisa estudar esse tópico em vermelho


As espécies vegetais constantes da Renisus são as seguintes:

01.Achillea millefolium; 02. Allium sativum; 03. Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis); 04.
Alpinia spp* (A. zerumbet ou A. speciosa); 05. Anacardium occidentale; 06. Ananas comosus
07. Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea *; 08. Arrabidaea chica; 09. Artemisia absinthium
10. Baccharis trimera; 11. Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou B. variegata); 12. Bidens
pilosa; 13. Calendula officinalis; 14. Carapa guianensis; 15. Casearia sylvestris; 16. Chamomilla
recutita = Matricaria chamomilla = Matricaria recutita; 17. Chenopodium ambrosioides
18. Copaifera spp*; 19. Cordia spp* (C. curassavica ou C. verbenacea)*; 20. Costus spp* (C.
scaber ou C. spicatus); 21. Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri); 22. Curcuma longa
23. Cynara scolymus; 24. Dalbergia subcymosa; 25. Eleutherine plicata; 26. Equisetum arvense
27. Erythrina mulungu; 28. Eucalyptus globulus; 29. Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana*
30. Foeniculum vulgare; 31. Glycine max; 32. Harpagophytum procumbens; 33. Jatropha
gossypiifolia; 34. Justicia pectoralis; 35. Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum*
36. Lamium álbum; 37. Lippia sidoides; 38. Malva sylvestris; 39. Maytenus spp* (M.
aquifolium ou M. ilicifolia); 40. Mentha pulegium; 41. Mentha spp* (M. crispa, M. piperita ou
M. villosa); 42. Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata); 43. Momordica charantia
44. Morus sp*; 45. Ocimum gratissimum; 46. Orbignya speciosa; 47. Passiflora spp* (P. alata,
P. edulis ou P. incarnata); 48. Persea spp* (P. gratissima ou P. americana); 49. Petroselinum
sativum; 50. Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P. tenellus e P. urinaria); 51. Plantago major
52. Plectranthus barbatus = Coleus barbatus; 53. Polygonum spp* (P. acre ou P.
hydropiperoides); 54. Portulaca pilosa; 55. Psidium guajava; 56. Punica granatum; 57. Rhamnus
purshiana; 58. Ruta graveolens; 59. Salix alba; 60. Schinus terebinthifolius 61. Solanum
paniculatum; 62. Solidago microglossa; 63. Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron
barbatimão; 64. Syzygium spp* (S. jambolanum ou S. cumini); 65. Tabebuia avellanedeae; 66.
Tagetes minuta; 67. Trifolium pratense; 68. Uncaria tomentosa; 69. Vernonia condensata; 70.
Vernonia spp* (V. ruficoma ou V. polyanthes); 71. Zingiber officinale.

PLANTAS COM ATIVIDADE NO APARELHO RESPIRATÓRIO


Estudar nome, grupos e princípios ativos (quando ressaltados no texto ou em sala de aula) que
predominam, ações e indicações, parte usada e modo de preparar e usar.

As plantas medicinais que atuam sobre o aparelho respiratório podem fazê-lo combatendo os micro-
organismos que provocam infecção, diminuindo ou aumentando a secreção, relaxando a
musculatura brônquica, facilitando a expectoração, fluidificando as secreções, inibindo a tosse e
diminuindo a inflamação.
Diversas doenças deste aparelho podem ser tratadas com plantas, muitas com mais de uma
atividade, como é o caso do eucalipto, que combate a infecção, fluidifica a secreção e diminui a
inflamação.

ALHO
Nome científico: Allium sativum L
Família: Liliaceae
Nomes populares: Alho-bravo, alho comum, alho manso.
Constituintes químicos: Constituintes químicos: ácido salicílico, citral, ajoeno, alicina e aliina.
Estudos pré-clínicos mostraram a ação preventiva do alho na gripe, tão efetiva quanto a vacinação.
O mesmo foi observado em ensaios clínicos. O uso prévio de cápsula de alho diminuiu
significativamente os sintomas da gripe.
15

Ações: Antiviral, antibacteriana, antimicótico, hipotensor, hipolipemiante, anticoagulante,


vermífuga.
Indicações: Gripes, resfriados, bronquite, hipertensão arterial, hiperlipidemias etc.
Parte usada: Bulbo
Modo de usar: Adultos - Tomar 30 gotas da tintura de alho diluída em meio copo de água, 3 vezes
ao dia ou um pequeno dente de alho, duas ou três vezes ao dia. O uso da droga deve ser restrito a
preparações obtidas recentemente, sem aquecimento e conservadas de preferência em pH ácido.
Preferível ingerir o alho in natura.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A alicina é razoavelmente tóxica e irritante gástrica, responsável
pelo cheiro característico do alho. Em altas doses causa efeitos tóxicos no fígado e inibe o
crescimento dos ratos albinos. Estes efeitos são evitados pelo uso de vitamina C. Em doses
elevadas, pode causar dor de cabeça, de estômago, dos rins e até tonturas.
Contraindicações: Além das pessoas com hipersensibilidade ao alho, ele é está contraindicado para
pessoas com problemas estomacais, como úlcera e gastrite. Inconveniente para recém-nascidos e
mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.

CHAMBA
Nome científico: Justicia pectoralis.
Família: Acanthaceae
Nomes populares: Chambá, chachambá, trevo cumaru e anador.
Constituintes químicos: Esta planta possui flavonoides (swertisina e outros), cumarinas,
deidrocumarina, beta sistosterol e umbeliferona.
A umbeliferona e a swertisina têm ação espasmolítica, relaxante sobre a musculatura brônquica.
Ações: Expectorante, bronco-dilatadora, anti-inflamatória, antitérmica, analgésica, anticoagulante.
Indicações: Gripe, bronquite, febre e infecção do aparelho respiratório.
Partes usadas: Folhas ou parte aérea.
Modo de usar: Uma xícara do infuso a 5%, três vezes ao dia, ou uma colher de sopa do xarope, três
vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contraindicações: Não referidas na literatura consultada.

CUMARU
Nome científico: Amburana cearensis (Allemão) A C.Sm.
Sinonímia científica: Torresea cearensis Allemão.
Família: Fabaceae
Nomes populares: Umburana, imburana de cheiro, cumaru do Ceará, cumbarú das caatingas e
amburana.
Constituintes químicos: Nas cascas: cumarina e o flavonoide isocampeferídio. Nas sementes: óleo
fixo, cumarina, hidroxicumarina e uma proteína capaz de inativar a tripsina e o fator de coagulação
XII. Tanto o extrato hidroalcoólico a 20% como a cumarina, obtidos da casca dessa planta,
mostraram ação broncodilatadora em testes com músculo traqueal de cobaia.
Em estudos realizados com traqueia isolada de cobaia, foi observado um efeito relaxante direto do
extrato etanólico bruto maior do que aquele obtido pela cumarina. O mesmo resultado foi
encontrado quando à preparação utilizada foi a de útero de rata. Testes laboratoriais com a cumarina
e uma fração flavonóide (isocampferídeo) comprovaram ação anti-inflamatória. Derivados da
cumarina são usados como anticoagulantes orais, como preventivo de acidente vascular.
Ações: Expectorante, bronco-dilatadora, anti-inflamatória, antimicrobiana, anticoagulante.
Indicações: Gripe, bronquite, infecção do aparelho respiratório.
Parte usada: Casca do caule
Modo de usar: Pode ser usado na forma de tintura (30 gotas, dissolvidas em água, 3 vezes ao dia)
ou xarope ( uma colher das de sopa, 3 vezes ao dia)
16

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Muitas leguminosas apresentam derivados da cumarina que são
tóxicos. Quando usados em grandes doses, paralisam o coração e deprimem o centro respiratório.
Quando as cascas do cumaru estão mofadas, o fungo pode transformar a cumarina em dicumarol,
que é muito tóxico.
Contraindicações: Devido à presença do dicumarol, que impede a coagulação, deve-se evitar o uso
em pessoas com antecedentes hemorrágicos e o uso concomitante com outros medicamentos.
Melhor não ser administrado em pessoas com problemas cardíacos.

ESPINHO DE CIGANO
Nome científico: Acanthospermum hispidum DC.
Família: Compositae.
Nomes populares: Espinho de cigano, carrapicho de cigano, cabeça de boi.
Constituintes químicos: Diterpeno glicosídio, acanthospermol, hexacosanol, bertulina.
Ação broncodilatadora comprovada cientificamente em ensaios pré-clínicos. Extrato bruto
hidroalcoólico produziu efeito inibitório sobre contrações induzidas por histamina em íleo isolado
de cobaia, e por ocitocina e bradicinina, em útero isolado de rata.
Ações: Possui ação broncodilatadora, hipotensora e antifúngica.
Indicações: Gripe, bronquite, asma brônquica.
Parte usada: Raiz.
Modo de usar: Decocto das raízes, uma xícara de chá, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os brotos e sementes mostraram efeitos tóxicos como diarreia,
dificuldade respiratória, queda de cabelo, hemorragia, fraqueza dos membros e icterícia.
Contraindicações: Evitar o uso em cardíacos, pois foi constatado aumento da atividade cardíaca
em animais de laboratório.

EUCALIPTO
Nome científico: Eucaliptus globulus Labil.
Família: Myrtaceae.
Nomes populares: Eucalipto, árvore da febre, mogno branco.
Constituintes químicos: O Eucaliptol, por via oral ou por inalação, tem atividade expectorante,
fluidificante e antisséptica da secreção bronquial. O mentol produz uma sensação refrescante na
mucosa nasal. Os óleos essenciais, independentemente de sua via de administração, são eliminados
majoritariamente pela via respiratória, daí sua ação nas patologias respiratórias.
Estudo clínico demonstrou que o eucalipto aumenta o movimento ciliar em paciente com bronquite
crônica obstrutiva. Mas o uso continuado pode gerar um efeito imobilizador. Tem ação febrífuga.
Ações: Bronco-dilatadora, febrífuga, expectorante, antimicrobiana
Indicações: Usado no tratamento das sinusites, das bronquites e demais infecções do aparelho
respiratório.
Parte usada: Folhas
Modo de usar: Infuso das folhas a 2,5%. Tomar uma xícara, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Doses altas podem provocar: náuseas, vômitos, epigastralgias,
gastrenterites, sufocação, hematúria, neurotoxicidade (convulsões, perda da consciência, delírio e
miose).
Contraindicações: Não usar em epilépticos, grávidas e em crianças menores de 3 anos .

GUACO
Nome científico: Mikania Glomerata,
Família: Compositae
Nomes populares: Guaco, guaco cheiroso, erva de cobra, coração de Jesus.
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Constituintes químicos: Rico em cumarina e seus derivados. Outros constituintes químicos são:
óleos essenciais (beta-cariofileno, germacreno, biciclogermacreno) taninos, flavonoides e
saponinas. A cumarina relaxa a musculatura lisa da árvore respiratória de onde provem sua ação
espasmolítica e bronco-dilatadora. Estudos pré-clínicos in vitro, com traqueia isolada de cobaia,
contraída por histamina, mostraram efeito relaxante. O mesmo efeito foi obtido com músculo
humano, pré-contraído com K+.
Ações: Expectorante, bronco-dilatadora, anti-inflamatória, antitérmica, analgésica, anticoagulante.
Indicações: Gripe, bronquite, febre e infecção do aparelho respiratório. Dores e inflamações das
articulações.
Parte usada: Folhas.
Modo de usar: Para as afecções respiratórias, usa-se o xarope. No tratamento das dores nevrálgicas
e reumáticas pode-se fazer a fricção com as folhas, fazer compressa ou usar a pomada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses indicadas, não os provoca. Em altas doses, acarreta
taquicardia, vômitos e diarreia.
Contraindicações: Grávidas e crianças.

HORTELÃ DA FOLHA GRANDE


Nome científico: Plectrantus amboinicus Lour.
Família: Lamiaceae
Nomes populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, hortelã da Bahia, malva do
reino, malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Constituintes químicos: Óleos essenciais (timol e carvacrol), flavonoides e mucilagens, os quais
são responsáveis por suas atividades antisséptica, bronco-dilatadora, mucolítica e anti-inflamatória.
Devido a isso, ocorre uma melhora nas patologias do trato respiratório. O carvacrol tem uma
reconhecida ação germicida, antisséptica, bronco-dilatadora, mucolítica e antifúngica.
Ações: Antimicrobiana, anti-inflamatória, expectorante.
Indicações: Amigdalite, gripe, resfriado, expectoração improdutiva.
Parte usada: Folhas
Modo de usar: Tomar uma xícara do infuso, três vezes ao dia ou uma colher de sopa, do xarope, 3
vezes ao dia . Para as patologias bucais como infecção e inflamação, deve-se fazer o bochecho e o
gargarejo do infuso, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes efeitos na
literatura consultada.
Contraindicações: Não há referência na literatura consultada.

IPÊ ROXO
Nome científico: Tabebuia avellanedae Lor.
Família: Bignoniaceae.
Nomes populares: Ipê roxo, ipê, pau d’arco, ipê preto, piúva e lapacho.
Constituintes químicos: Seus principais constituintes químicos são as naftoquinonas, dentre as
quais se destacam o lapachol, a alfa e a beta lapachona. Outros constituintes químicos: B-lapachona,
carobina, carobinase e taninos. Tem, ainda, taninos, óleos essenciais, antaquinonas, saponinas,
flavonoides, substânicas amargas etc. As naftoquinonas, como o lapachol, têm acentuada atividade
inibidora sobre diversos micro-organismos que provocam infecções respiratórias. Seu mecanismo
de ação se dá através da intoxicação mitocondrial dos micro-organismos. Em estudo clínico com
pacientes na faixa etária de 21 a 45 anos, portadores de sinusites nas fases aguda e crônica, que já
tinham feito uso de drogas antibacterianas, antiflogísticas e descongestionantes por via oral e em
alguns casos, corticoides diretamente nos seios foi feita a administração do lapachol através das
narinas, na dosagem de 3 gotas em cada narina, 3 vezes ao dia durante o período de 10 a 15 dias. Os
pacientes apresentaram respostas clínicas satisfatórias com erradicação das sinusites em 92% dos
casos.
Ações: Antimicrobiana, anti-inflamatória, cicatrizante, anticancerígena.
18

Indicações: Sinusite, amigdalite e inflamação, infecção e feridas na pele.


Partes usadas: Casca do caule e cerne
Modo de usar: Tomar 30 gotas de tintura, 3 vezes ao dia, diluídas em água. Para uso local
(gargarejo e bochechos), usar o decocto. No tratamento da sinusite, também pode se fazer a
inalação, isoladamente ou em conjunto com outras plantas, como o eucalipto.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O contato da substância pulverizada com a pele pode provocar
dermatose alérgica. Testes com ratos mostraram toxidade tanto para o Lapachol, como para a B-
Lapachona, inclusive com ação abortiva e efeito teratogênico. Em doses elevadas pode causar
problemas gastrintestinais, anemia e aumento do tempo de coagulação.
Contraindicações: Gestantes e em casos de hipersensibilidade.

LIMOEIRO
Nome científico: Citrus limon
Família: Rutáceas
Nome popular: Limão (em função das variedades, tem diferentes nomes populares)
Composição química: Vitamina C, Cálcio, Magnésio, Potássio, ácido ascórbico, ácido cítrico,
geraniol.
Ações: Antimicrobiana, digestiva, fortalece os tecidos e os vasos sanguíneos. Ajuda na absorção de
ferro. Diminui a acidez gástrica. O limão estimula a produção de carbonatos e bicarbonatos
orgânicos no organismo, promovendo a neutralização da acidez.
Indicações: Gripes, resfriados, dispepsia.
Parte usada: Fruto.
Modo de usar: Usa-se o sumo do fruto e o suco.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O uso externo em pessoas que se expõem ao sol pode provocar
manchas na pele.
Contraindicações: Não há referência na literatura consultada.

MASTRUZ
Nome científico: Chenopodium ambrosioides L.
Família: Chenopodiaceae
Nomes populares: Mastruz, mastruço, erva de Santa Maria, menstruz.
Constituintes químicos: Na sua composição química tem óleo essencial rico em ascaridol,
saponinas, flavonoides etc.
Ações: Expectorante e fluidificante, nas afecções pulmonares. Vermífuga (helmintos), emenagoga,
abortiva e antimicrobiana. Ajuda na consolidação das fraturas ósseas.
Indicações: Gripes, principalmente naquelas com secreções espessas. Helmintíases, fraturas ósseas.
Partes usadas: Folhas e sementes.
Modo de usar: Infusão a 2%. Tomar uma xícara do infuso, 3 vezes ao dia.
Suco das folhas verdes: 2g em 1 xícara de leite adoçado.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo do mastruz é muito tóxico para o fígado e para os rins, pela
presença do ascaridol. O tratamento com o mastruz não deve ser prolongado devido à sua toxidade.
Contraindicações: Crianças, pessoas idosas, debilitadas, grávidas, pacientes com distúrbios
auditivos e diabéticos.

MILONA
Nome Científico: Cissampelos sypodialis.
Família: Menispermácea.
Nomes populares: Milona, orelha de onça.
Constituintes químicos: Planta rica em alcaloides como a warifteína, a milonina e a laurifolina,
sendo a primeira a mais encontrada.
19

Ensaios farmacológicos em ratos mostraram efeitos relaxantes sobre o músculo liso traqueal, com
inibição do tônus espontâneo e das contrações induzidas por mediadores da asma. Comprovou-se
igual ação no trato gastrintestinal (íleo), sistema reprodutor (útero) e vascular (aorta).
Tem ação bronco-dilatadora e inibe a degranulação de neutrófilos de células humanas induzidas
pelo peptídio formil-metionina-prolina-leucina. Tal mecanismo de ação envolve o aumento dos
níveis intracelulares de monofosfato cíclico de adenosina, resultando na inibição de enzimas
nucleotídeo fosfo-diesterases.
Ações: Broncodilatadora, expectorante, fluidificante.
Indicações: Gripe e asma.
Partes usadas: Folhas e raizes.
Modo de usar: Uma xícara do infuso das folhas ou do decocto das raízes, três vezes ao dia. Trinta
gotas da tintura, três vezes ao dia, ou uma colher de xarope, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes efeitos na
literatura consultada.
Contraindicações: Não há referência na literatura consultada.

PLANTAS TÓXICAS
O que está em vermelho não precisa estudar
São todos os vegetais que, em contato com o organismo do homem ou de animais,
ocasionam danos que se refletem na saúde e na vitalidade desses seres. Todo vegetal é
potencialmente tóxico.
O princípio tóxico consiste em uma substância ou um conjunto delas, quimicamente bem
definido, de mesma ou diferente natureza, capaz de causar intoxicação, quando em contato com o
organismo.
Fatores que determinam ou influenciam a toxidade das plantas
a) relacionados com a planta:
1- Condições ambientais: condições climáticas (temperatura, grau de umidade, duração do dia), de
solo (constituição do solo, PH, excesso ou falta de nutrientes) e trato culturais: os períodos de seca
prolongada favorecem o acúmulo de substâncias tóxicas, devido à diminuição do metabolismo.
2- Parte da planta: em algumas plantas, há maior concentração do princípio tóxico em uma ou
mais partes da planta. Ex.: Ricinus communis (Mamona) - sementes.
3- Variedade da planta: dentro de uma mesma espécie podem existir variações quanto à
concentração de princípios tóxicos, contidos numa planta.
4- Solubilidade do princípio ativo: a intoxicação pode ser precipitada pela ingestão de água. Ex.:
Policourea marcgravii (erva de rato) - ácido monofluoracético.
b) relacionados com a pessoa:
1- Idade: as crianças e os idosos são mais susceptíveis à intoxicação.
2- Dose: quanto maior a dose maior a probabilidade das ocorrências de intoxicações.
3- Condições de saúde: organismos debilitados são mais susceptíveis a intoxicações.
4- Via de administração: muitas plantas de uso externo são tóxicas quando administradas por via
oral. Ex.: Confrei (Synphytum officinale L.).
5- Condições fisiológicas especiais: Hipersensibilidade do usuário, gestação etc. Muitas plantas
tidas como medicinais são abortivas ou podem causar mal ao feto. Ex.: Confrei (Synphytum
officinale L.), Mussambê (Cleome heptaphilla),
6- Tempo de uso: quanto maior o tempo de uso, mas propenso está o usuário a ter problemas
tóxicos.

Distúrbios agudos produzidos pelas plantas tóxicas:


20

1- Distúrbios digestivos: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia. Os principais


responsáveis por estes sintomas são:
a) Proteínas tóxicas: Ricina da mamona (Ricinus comunis L).
b) Solaninas: presentes no gênero Solanum (Arrebento–cavalo, Jurubeba, Erva-moura etc.)
c) Saponinas: Sapindus saponaria L. (Sabonete).
d) Resinas: mistura de álcoois, ácidos e fenóis têm efeito irritante sobre o trato gastrintestinal. Ex:
D. racemosa Grisele (Imbira) provoca distúrbios diarréicos graves.

2 – Distúrbios cutâneomucosos:
Traumas mecânicos: Ex. Stipa sp – frutos espiculados perfuram a pele.
Irritação química primária: seiva leitosa do Avelós, da Coroa de Cristo etc.
Sensibilização alérgica: Ipê roxo, aroeira do sertão.
Fotossensibilização: Plantas ricas em furocumarinas: Arruda e Hipérico.
Distúrbios nas mucosas, como erosões, úlceras hemorrágicas, edema. Ex: Dieffenbachia picta
Schott (comigo-ninguém-pode).
3 – Alergias Respiratórias:
Rinite alérgica, asma alérgica. Ex: Ricinus comunis (Mamona).
4- Alucinações: Jurema preta, angico, saia branca, coca etc.

Tipos de intoxicação
1- Intoxicação Aguda: quase sempre por ingestão acidental da planta inteira ou de partes. Sua
incidência é preponderante no grupo pediátrico.
2- Intoxicação Crônica: (três tipos)
a) Ingestão continuada: A ingestão continuada de certas espécies vegetais provoca distúrbios
clínicos, muitas vezes complexos e graves. Ex: Cirrose hepática provocada pelo hábito de ingerir
Crotalária e distúrbios hepáticos e circulatórios pelo costume de ingerir alimentos preparados com
farinha de trigo contaminada com sementes de Senécio, observados em algumas populações
orientais.
b) Exposição Crônica (continuada): Evidenciada particularmente por manifestações cutâneas em
virtude do contato sistemático com vegetais, verificado com maior frequência em atividades
industriais ou agrícolas.
c) Utilização continuada de certas espécies vegetais, sob a forma de pós para inalação, fumos ou
infusões, visando a experimentar efeitos alucinógenos e entorpecentes.

Regras básicas de prevenção no contato com plantas.


- Conhecer as plantas perigosas da região, da casa e do quintal. Conhecê-las pelo aspecto e pelo
nome.
- Não comer plantas selvagens, inclusive cogumelos, a não ser que sejam bem identificadas.
- Conservar plantas, sementes, frutos e bulbos longe do alcance de crianças pequenas.
- Ensinar as crianças, o mais cedo possível, a não pôr na boca plantas ou suas partes, alertando-as
sobre os perigos em potencial das plantas tóxicas.
- Não permitir às crianças o hábito de chupar ou mascar sementes ou qualquer outra parte da planta.
- Identificar as plantas antes de comer seus frutos.
- Não confiar em animais ou pássaros para saber se uma planta é tóxica.
- Lembrar que nem sempre o aquecimento ou cozimento destrói a substância tóxica.
- Armazenar bulbos e sementes seguramente e longe do alcance das crianças.
- Não fazer nem tomar remédios caseiros com planta, sem orientação do profissional de saúde.
- Lembrar que não existem testes ou regras práticas seguras para distinguir plantas comestíveis das
venenosas.
- Evitar fumaça de plantas que estão sendo queimadas a não ser quando sejam bem identificadas.

Princípios gerais de tratamento das intoxicações agudas por plantas


21

O tratamento de qualquer intoxicação aguda, incluindo as por plantas, deve seguir as 4 etapas
básicas: Diminuição da exposição do organismo ao tóxico, aumento da eliminação do tóxico já
absorvido, administração de antídotos e antagonistas e tratamento geral e sintomático.

Assim, pode-se afirmar que uma planta pode ser ora medicinal ora tóxica, dependendo de
fatores relacionados com o indivíduo e com a planta.

PRESCRIÇÃO, RECOMENDAÇÃO E ORIENTAÇÃO DO USO DE PLANTAS


MEDICINAIS E DE FITOTERÁPICOS.

A Fitoterapia é o tratamento em que se usam plantas medicinais e fitoterápicos. As plantas


medicinais podem ser usadas in natura (plantas verdes) ou processadas (droga vegetal). O
fitoterápico pode ser manipulado ou industrializado e o seu uso pressupõe a prescrição por um
profissional de saúde.
Legalmente, com base em resoluções dos respectivos conselhos profissionais e dentro de sua
área de atuação, podem prescrever fitoterápicos: dentistas, enfermeiros, farmacêuticos,
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, nutricionistas e médicos veterinários. No entanto,
alguns medicamentos fitoterápicos (Ex.: Centelha Asiática (Centella asiatica) Ginkgo (Ginkgo
biloba), Hipérico (Hypericum perforatum) Kawa-Kawa (Piper methysticum), Valeriana (Valeriana
officinalis) etc. só podem ser prescritos por médicos. Apesar disto, muitos medicamentos
fitoterápicos podem ser comprados sem prescrição.
A planta verde ou processada não é considerada medicamento. Portanto, não precisa de
prescrição de um profissional de saúde. A prescrição envolve um aspecto legal (autorização do
conselho profissional) e um aspecto técnico-científico (conhecimento suficiente da doença e dos
sintomas e da planta medicinal para embasar a prescrição). Por isso, os conselhos que autorizam a
seus profissionais a prescrição de fitoterápicos exigem uma capacitação específica para isso.
A recomendação é a indicação do uso de plantas medicinais, de drogas vegetais e de
derivados de drogas vegetais por profissionais de saúde ou de outras áreas, raizeiros, benzedeiros,
agentes de saúde, populares. É um ato informal, geralmente feito oralmente, que pressupõe que
quem o faz tem o conhecimento suficiente das indicações terapêuticas da planta, do seu correto uso
e da doença ou do sintoma para a qual é recomendada. Normalmente, a recomendação é feita para
doenças de curta duração, de menor gravidade, para pessoas que não têm contraindicação para este
uso e com plantas que não têm efeitos adversos.
A prescrição e a recomendação devem ser acompanhadas das orientações necessárias para o
uso. Também se pode fazer a orientação para o uso que as pessoas já fazem das plantas medicinais e
dos fitoterápicos (Ex.: orientação sobre o preparo de remédios caseiros, sobre a posologia e a
duração do tratamento, sobre os cuidados em relação ao uso de mais de uma planta ou de uma
planta e medicamentos sintéticos etc.).
A prescrição e a recomendação devem ser feitas, prioritariamente, com base na comprovação
científica da eficácia e da segurança da planta ou do fitoterápico. Isto é feito baseado em testes pré-
clínicos (que são feitos para a observação da toxicidade aguda, subaguda e crônica; comprovação da
ação farmacológica e avaliação da teratogenicidade) e em testes clínicos, quando se observa, no
homem, a ação benéfica e a ausência de toxidade.
Na prática, grande parte das plantas não tem esta comprovação de forma plena,
correlacionando os dados pré-clínicos e dados clínicos. Diversos fatores, como a diversidade das
plantas medicinais, a falta de recursos financeiros nas regiões onde elas são usadas e o desinteresse
da indústria farmacêutica, explicam este fato.
Na ausência da comprovação científica, podemos usar o conhecimento popular. No entanto,
este conhecimento deve preencher os requisitos que a ANVISA exige para o registro de produto
tradicional fitoterápico com base na tradicionalidade de uso.
22

É importante que a prescrição e a recomendação sejam feitas de forma escrita e que


contenham todas as informações necessárias para que o usuário não esqueça ou confunda algum
aspecto importante.
Uma informação importante diz respeito à possibilidade/necessidade de se usar mais de uma
planta medicinal em uma prescrição ou em uma recomendação. Isto deve seguir a mesma lógica da
prescrição de medicamentos alopáticos (sintéticos). Pode, sim, se prescrever mais de uma planta, se
necessário. No entanto, é preciso ter em mente a possibilidade das interações benéficas ou maléficas
no uso de mais de uma planta.
É recomendável que ao se prescrever mais de uma planta, elas tenham composição química
diferente. Por exemplo, hortelã do folha grossa (óleos essenciais e mucilagem) junto com guaco ou
chambá, (plantas ricas em cumarinas) no tratamento de gripes.

Comentário adicional.
Prescrição: formal, sempre escrita, feita por profissionais graduados e nos casos
estabelecidos pelos respectivos conselhos federais, para qualquer doença que o profissional entenda
ser passível de cura pela fitoterapia.
Precisa de que quem a faz tenha conhecimento técnico-cientifico ou informal/popular sobre
a doença/sintomas e sobre a planta/fitoterápico prescritos. Deve ser acompanhada de orientações
sobre o uso.
Recomendação: informal, preferentemente escrita, mas pode ser oral, feita por profissionais
graduados e nos casos estabelecidos pelos respectivos conselhos federais ou por pessoas não
graduadas (alunos de cursos da área da saúde, agentes comunitários de saúde e pessoas comuns),
para doença/sintoma de menor gravidade e menor duração.
Precisa de que quem a faz tenha conhecimento técnico-cientifico ou informal/popular sobre
a doença/sintomas e sobre a planta/fitoterápico prescritos. Deve ser acompanhada de orientações
sobre o uso.

Informações importantes que a prescrição e a recomendação devem contemplar

1. Nomenclatura científica: deverá constar o gênero, a espécie e a família que pertence a


planta. Ex. Lippia alba N.E. Brown. Família: Verbanaceae
2. Nome popular: deverá ser escrito ao lado do nome científico, de forma clara, o nome
popular da planta prescrita, na região. Ex: Lippia alba N.E. Brown (Erva cidreira)
3. Parte utilizada: A ação terapêutica (ou tóxica) da planta depende da parte utilizada.
4. Modo de preparação: Se a prescrição for de planta verde ou droga vegetal deverá ser
feita uma descrição detalhada quando a preparação for feita em casa.
5. Modo de usar: explicitar a via de uso, a posologia e a duração do tratamento.
Devem-se observar situações especiais, descrevendo-as com clareza. Nos casos de uso
externo,
5.1 - Uso interno: para chás, sucos, sumos, xaropes, tinturas, alcoolaturas.
5.2- Uso externo: para as compressas, cataplasma, emplastros, unguentos, pomadas. Deixar
explícito em que parte do corpo deverá ser aplicada a preparação ou o medicamento fitoterápico.

Outras considerações

Deverão ser considerados, ainda, os seguintes aspectos:


1.- Efeitos adversos
No meio popular acredita-se que, como a planta é natural, se bem não fizer mal não fará.
Isto não é verdadeiro. Sabe-se que muitas plantas possuem substâncias de grande toxicidade para o
homem e que podem causar a morte, como a estricnina, encontrada na planta Strychnos nux vomica.
23

Os conhecimentos populares, transmitidos oralmente, necessitam ter comprovação científica


que valide a eficácia das plantas e sua segurança. A junção destes dois tipos de conhecimentos
promove o progresso no campo da Fitoterapia.

2.- Interações
As interações das plantas medicinais ou dos fitoterápicos entre si e com medicamentos
sintéticos poderão resultar em somação, potencialização ou inibição de uma determinada ação.
Ex.: plantas ricas em cânfora atuam como antídotos para a ação do medicamento homeopático, -
aspirina tomada com chá de sabugueiro leva a uma potencialização da ação antitérmica, podendo
provocar hipotermia grave, sobretudo em crianças abaixo de 1 ano de idade. Plantas ricas em
cumarina podem potencializar a atividade antiagregante plaquetária de alguns medicamentos
alopáticos.

3.- Contraindicações:
3.1. Crianças com até 1 ano de idade: Só plantas e fitoterápicos reconhecidamente sem efeitos
adversos devem ser usados em crianças com esta idade. Exceções a esta regra só com cuidadosa avaliação
médica.
3.2 - Idosos: excluir plantas de ação reconhecidamente hepatotóxicas, nefrotóxicas e
hemorrágicas.
3.3 - Gestantes: Este grupo deve ser objeto de cuidados especiais. Os taninos são abortivos,
e a maioria das plantas os contém. As plantas com intenso sabor amargo, como as que contêm
quinonas, são abortivas, em sua maioria. Algumas plantas provocam má formação do feto, como a
jurema preta.
3.4 - Outros grupos a considerar: Nutrizes, diabéticos, portadores de insuficiência renal ou
cardíaca.

REGISTRO DE FITOTERÁPICOS

A Fitoterapia é o tratamento feito com plantas medicinais (in natura ou processada),


medicamentos manipulados, medicamentos fitoterápicos (MF) e produtos tradicionais
fitoterápicos (PTF), sendo que os dois últimos são feitos mediante processo industrial.

Com a planta in natura ou processada (droga vegetal), a população faz preparações caseiras,
tais como: chás, lambedores, xaropes, pomada, sabonetes etc.
O medicamento manipulado pode ser feito em farmácias de manipulação ou em “oficinas de
manipulação” (Farmácias vivas, tipo II) dos serviços públicos do SUS.
Os medicamentos fitoterápicos para serem comercializados, necessitam ter registro na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e para que isto ocorra é necessária a
comprovação de que eles são eficazes e seguros.
Os produtos tradicionais fitoterápicos para serem comercializados precisam ser registrados
ou notificados.
A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 26, de 13 de maio de 2014, da Anvisa,
normatiza todos os aspectos do registro e da notificação destes medicamentos e produtos.
O registro de Medicamentos Fitoterápicos pode ser simplificado ou normal (não
simplificado).
O registro simplificado pode ser pedido quando o medicamento fitoterápico for feito com as
plantas que estão relacionadas na Instrução Normativa 02 de 13 de maio de 2014, da Anvisa ou
quando elas estiverem presentes nas monografias de fitoterápicos de uso bem estabelecido da
Comunidade Europeia (Community herbal monographs with well-established use), elaboradas pelo
24

Comitê de Produtos Medicinais Fitoterápicos (Committe on Herbal Medicinal Products - HMPC) da


European Medicines Agency (EMA).
Na IN 02/2014, há uma relação de 27 espécies vegetais das quais se podem requerer
registros de fitoterápico, de forma simplificada. Isto ocorre porque estas espécies, segundo a
ANVISA, têm suficiente comprovação da sua eficácia, segurança e efetividade no tratamento das
doenças e sintomas constantes nas suas indicações. No entanto, o registro simplificado pode ser
solicitado exclusivamente se forem mantidos os parâmetros contidos na instrução, quais sejam:
parte da planta, forma de uso, quantidade de marcador, indicações, via de administração, dose diária
e restrições de uso.
As plantas, cujos medicamentos fitoterápicos têm registro simplificado, listadas na I.N.
02/2014, são as seguintes: Castanha da Índia, Alho, Uva-ursi, Centela-asiática, Cimicífuga,
Alcachofra, Equinácea, Ginkgo biloba, Soja, Alcaçuz, Hipérico, Hortelã-pimenta; Ginseng,
Guaraná, Erva-doce, Kava-kava, Plantago, Polígala, Cáscara Sagrada, Salgueiro branco,
Sene, Saw palmetto, Tanaceto, Mirtilo, Valeriana, Gengibre.

A título de exemplo, destacamos a planta Soja


Nomenclatura botânica Glycine max (L.) Merr.
Nome popular Soja
Parte usada Sementes
Padronização/Marcador Isoflavonas

Derivado de droga vegetal Extratos


Indicações/Ações terapêuticas Coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério
Dose Diária 50 a 120 mg de isoflavonas
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica

Medicamentos fitoterápicos destas plantas a serem produzidos sem atender às especificações


contidas na IN 02/2014, e de qualquer outra planta, terão que ter registro não simplificado, de
acordo com a RDC 26/2014, da ANVISA. Várias exigências são requeridas, dentre elas a
comprovação da eficácia e da segurança do medicamento fitoterápico. A comprovação destes dois
requisitos pode ser feita mediante ensaios não clínicos e clínicos.
Os produtos tradicionais fitoterápicos (PTF) podem ter registro simplificado ou registrado
normal.
Para o registro normal é preciso comprovar uso tradicional eficaz, seguro e efetivo através
de um dossiê contendo informações técnico-científicas da literatura que será encaminhado à Anvisa,
que o analisará com base nos seguintes critérios:
1 – Uso eficaz e seguro por um período mínimo de 30 anos;
2 - o produto seja concebido para ser utilizado sem a vigilância de um médico para fins de
diagnóstico, de prescrição ou de monitorização;
3- alegação que não se refira a parâmetros clínicos e ações amplas;
Atenção: Os itens 2 e 3 podem ser resumidos em: o produto (PTF) deve ser feito com plantas
que não tenham efeitos adversos consideráveis e deve ser prescrito para doenças de menor
gravidade e menor duração.
4- alegação que não envolva via de administração injetável e oftálmica;
5 - coerência das informações de uso propostas com as relatadas nas documentações técnico-
científicas;
6- ausência de insumo farmacêutico ativo vegetal (IFAV= princípio ativo) de risco tóxico
conhecido ou grupos ou substâncias químicas tóxicas em concentração superior aos limites
comprovadamente seguros;
25

Para ter o registro simplificado, o PTF precisa ser feito com plantas que estão relacionadas
na Instrução Normativa 02 de 13 de maio de 2014, da Anvisa ou quando elas estiverem presentes
nas monografias de fitoterápicos de uso bem estabelecido da Comunidade Europeia (Community
herbal monographs with well-established use) elaboradas pelo Comitê de Produtos Medicinais
Fitoterápicos (Committe on Herbal Medicinal Products - HMPC) da European Medicines Agency
(EMA).
A relação das plantas (16) das quais se pode fazer registro simplificado de PTF (IN 02/2014)
é a seguinte: Arnica, Calêndula, Eucalipto, Alcaçuz, Hamamélis, Garra do diabo, Camomila,
Espinheira Santa, Melissa, Guaco, Maracujá, Boldo do Chile, Sabugueiro, Cardo Mariano,
Confrei, Unha de Gato.

Das plantas que estão listadas no Formulário Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira segunda
edição, pode-se fazer PTFs de acordo com as fórmulas lá presentes. Nesse caso, não precisa
pedir registro à Anvisa e sim notificá-las da produção.

Importante:
Saber como se faz a comprovação da eficácia e da segurança no registro normal do medicamento
fitoterápico e do produto tradicional fitoterápico (PTF).

A relação de plantas que compõem a lista de Medicamentos Fitoterápicos e a relação de plantas que
compõem a lista de plantas de Produtos Tradicionais Fitoterápicos são atualizadas periodicamente.
A atual é de 2014. A anterior era de 2010.

Comentário adicional
Os fitoterápicos MF e PTF para serem comercializados precisam ser registrados na Anvisa. Como
dito acima, há dois tipos de registros. O normal e o simplificado. Há várias exigências para isso. No
entanto, a mais importante é a comprovação de eficácia e segurança do fitoterápico (MF ou PTF)
Se a planta da qual se quer fazer o MF ou o PTF estiver na respectiva lista da Anvisa ou da
Comunidade Europeia, a empresa fabricante não precisa comprovar isso, pois ao ser colocada na
lista eficácia e segurança estão garantidas. É o registro simplificado. Importante ressaltar que o
registro simplificado é dado desde que a empresa siga os parâmetros estabelecidos para o PTF,
conforme modelo.
Se a planta não está nessas duas listas e a empresa quiser fazer um MF dela tem que fazer estudos
pré-clínicos e clínicos para comprovar eficácia e segurança. É o registro normal
Se a planta não está nessas duas listas e a empresa quiser fazer um PTF dela, com registro normal,
tem que fazer um dossiê com todas as informações técnico-científicas sobre ela (estudos científicos,
teses, dissertações, trabalhos publicados em revistas e congressos, TCCs, levantamentos etno-
farmacológicos). Esse dossiê será analisado pela Anvisa com base nos critérios acima enumerados.
Se houver consistência, a Anvisa libera o registro normal do PTF.
Importante ressaltar que PTF e MF são os fitoterápicos industrializados. Além deles há os
fitoterápicos manipulados, que não precisam de registro. Sabem o porquê? Descubram!
Além do uso dos fitoterápicos industrializados e manipulados, a fitoterapia abarca o uso de
preparações caseiras, tipo: chás, lambedores, pomadas e sabonetes artesanais etc.

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