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Cápsulas – Tecnologia Farmacêutica 2018.

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São preparações onde se tem material medicamentoso que se coloca dentro de um invólucro.
A cápsula basicamente é o nome que se dá ao invólucro desses materiais farmacêuticos.
Esses invólucros geralmente são feitos de gelatina, podendo não ser exclusivamente de
gelatina e também podem não conter gelatina. Possuem forma esférica, oval ou cilíndrica, podendo
ter cor ou não. Uma característica desses invólucros é que podem receber medicamentos sólidos e
líquidos, e também semissólidos (pastosos). Na maioria das vezes, sólido.
Por que usamos cápsula? Porque ela vai ser o invólucro e limita a qtd de material que tá dentro
daquela cápsula e vai trazer vantagem sobre algumas ff que não se tem essa limitação de dosagem.
Por exemplo, se eu quiser medir um pó toda vez, não vou ter precisão de dosagem, terei perda de
material muito grande. O invólucro mantem a quantidade de pó fixa e outra vantagem é que são de
fácil de deglutição porque escorregam quando se coloca na boca. Em alguns casos, as cápsulas podem
alterar a liberação do fármaco se eu tiver algum material de revestimento na própria cápsula ou uma
cápsula resistente à ação do suco gástrico, controlando a liberação.
Muitas vezes a cápsula é deglutida inteira. Em algumas situações você pode abrir a cápsula e
diluir o que está interno na água ou inalar.
As cápsulas podem ser duras ou moles (essas geralmente para substâncias líquidas). Podem
ter formatos especiais, podem ter um “biquinho” que auxilia no rompimento da cápsula (uso tópico),
cápsula oval ou oblonga.
Como falado anteriormente, a maioria das cápsulas será de gelatina. As cápsulas comuns:
gelatina. Mas podem ser feitas de PVA (álcool polivinílico), hidroxipropilmetilcelulose (HMPC) ou
hidroxipropriletilcelulose. Essas 3 cápsulas estão entrando no mercado de forma mais intensa,
principalmente na manipulação, porque muita gente tem a opção de vida vegana ou até mesmo por
alergias. Em cápsulas industriais, o Orlando ainda não viu esses materiais. Não faz diferença na hora
de manipular ou fazer.
Cápsulas duras: formato cilíndrico, arredondado nos extremos, com duas partes: o corpo e a
tampa. No slide, o corpo é a parte azul e a tampa é a parte vermelha. O corpo é onde coloca o material
a ser encapsulado. A tampa vem em cima e lacra. As cápsulas são designadas por números: triplo 0,
00, 0, 1,2,3,4,5 e cada numeração tem um volume diferente, e este volume não é o volume da cápsula,
mas do corpo. (Tem uma tabela no slide com os respectivos volumes – não vai cobrar na prova, nem
os cálculos) Tendo a densidade compactada do ativo, basta calcular a qtde de diluente a ser
adicionada. Na indústria o processo é automatizado.
A primeira característica é o invólucro. Pode ser feito de gelatina NF (National Formulary)
que é obtida pela hidrólise do colágeno (não existe gelatina vegetal), adiciona-se água, açúcar, agente
opacificante (dióxido de titânio – deixa a cápsula branca e protege o material de dentro da cápsula do
contato com a luz) e corante para cápsulas coloridas. Vitamina C encapsulada, por exemplo, é
protegida contra oxidação. Já o Paracetamol é protegido da ação da luz.
A gelatina se solubiliza a 37ºC - é uma proteína que a altas temperaturas se liquefaz, isto é,
amolece e solubiliza. Então a liberação do material de dentro da cápsula se dá primeiro pelo
amolecimento da gelatina e sua dissolução. Além disso, a gelatina entra em contato com o suco
gástrico, que contém as proteases que degradam a gelatina, acelerando a liberação. Portanto, as
cápsulas de gelatina são formas de liberação rápida: dissolvem rápido e são digeridas rapidamente
também.
As cápsulas de HPMC são menos resistentes do que as de gelatina, então requerem cuidado,
pois a própria umidade e temperatura das mãos podem amolece-las. Então é necessário fazer teste de
desintegração para ver como a cápsula se comporta.
É possível usar uma fita selante entre a tampa e o corpo, artifício mais usado para indicar
violação na cápsula.
Produção da própria cápsula: uma cápsula feita de gelatina, o que muda entre cápsula dura
e mole é o tipo de gelatina que se utiliza. Quando se extrai o colágeno (proteína de alto peso
molecular) e procede-se sua hidrólise, obtém-se pedaços menores dessa proteína (não é hidrólise total,
pois aminoácidos não formam gel). A gelatina então vai ser colágeno hidrolisado de diferentes pesos
moleculares. Para a gelatina ser utilizada na produção de cápsula dura, utiliza-se a gelatina de Bloom
entre 270 e 240 – Bloom é uma unidade usada para classificar gelatina.
O Bloom é quantidade de força aplicada para deslocar um cilindro sobre um gel de gelatina.
Quanto mais dura a gelatina, mais força deve ser aplicada e o contrário é verdadeiro. É uma
ferramenta mais simples do que fazer análise de tamanho das moléculas dispersas na gelatina.
Continuando... fez a solução de gelatina sabendo que está se usando uma solução de gelatina
de Bloom 270 e 240, isto é, de alta resistência. Nessa solução de gelatina tem pinos no formato da
cápsula que entram (de acordo com o tamanho e parte da cápsula a ser fabricada). A gelatina gruda
no pino e solidifica, depois esses pinos passam por corrente de ar quente, secando a água e a gelatina
endurece totalmente. Em seguida os pinos são removidos e faz o corpo de um lado e a tampa do outro.
A cápsula é vendida unida o corpo com a tampa.
Existem poucas fábricas que fazem a cápsula de gelatina, as indústrias compram a cápsula
pronta.
 Material de enchimento: pós, grânulos, pellets, comprimidos, mistura de pó e grânulos.
Podem ter cápsulas com cápsulas dentro. (Exemplos no slide) Podem ser encapsulados
materiais líquidos em cápsulas duras, no entanto é mais fácil de fazer nas cáspsulas moles.
Nas cápsulas duras, melhor que seja material não-aquoso.
O enchimento depende do volume aparente do pó. Pós com densidades elevadas ou partículas
esféricas enchem com mais facilidade porque alteram o fluxo do material, preenchendo com mais
facilidade. Pós com formato de agulha ou volume aparente diferente do real (com alta
compactabilidade) enchem com mais dificuldade, pior fluxo.
Para melhorar o enchimento das cápsulas, você melhora o fluxo podendo usar os excipientes
como dióxido de silício, estearato de magnésio, éster de glicol, ácido esteárico (lubrificantes). Mesmo
material que usam como lubrificante de pó, grânulo, comprimidos.
Diluentes: bentonita, carbonato de cálcio, manitol, carbonato de magnésio, óxido de magnésio, sílica
gel, amido, talco, tapioca.
Pessoas que não consomem produtos de origem animal tem também a questão de lactose, que
é o principal diluente para cápsulas e comprimidos. Ou também as pessoas que sabidamente são
intolerantes à lactose. Na Europa é obrigado indicar a quantidade de lactose por unidade.
Por ser um excipiente altamente solúvel, a lactose é de difícil substituição em uma formulação.
A sacarose poderia substituí-la, no entanto não flui tão bem quanto a lactose. O amido, por exemplo,
dá um perfil de dissolução diferente por ser insolúvel. Além disso ele incha. A lactose dá liberação
rápida.
O amido que geralmente se usa é o de milho, podendo ser substituído pelo amido de trigo. Se
amido de trigo, tem a questão do glúten. E aí pode usar a tapioca – amido de mandioca.
Agentes molhantes são os tensoativos. E adsorventes para cápsula são importantes, como
carbonato de magnésio, óxido de magnésio. São adicionados para evitar que a umidade amoleça o
invólucro. Em contato com excesso de umidade, a cápsula amolece e extravasa o conteúdo interno.
No slide tem uma tabela com a faixa de concentração de cada um dos materiais que podem
ser usados.
Enchimento das cápsulas: nas farmácias de manipulação, é preenchido o volume usando o
corpo da cápsula. Na indústria nem sempre se mede o volume de forma precisa, então a máquina de
encapsular mede o volume fora, desprezando dentro da cápsula o volume previamente medido.
Slide com fotos de encapsuladoras automáticas, semi-automáticas. Vídeo com o enchimento de
cápsulas.
(O equipamento de enchimento direciona o corpo da cápsula para baixo. )
Cápsulas moles: são as cápsulas de gelatina adicionadas de substâncias que vão amolecer a
gelatina, como glicerina, sorbitol, propilenoglicol, polietilenoglicol. São de 4 tipos: formato ovóide,
mais ou menos 500 mg de ativo sólido ou líquido. As capsulinas são de formato não esférico e as
pérolas são pequenas e esféricas. Os glóbulos são as cápsulas grandes acima de ½ g – redondos,
cilíndricos, ovoides.
Na cápsula mole tem-se o invólucro de gelatina, o agente plastificante que amolece a gelatina
deixando-a flexível e água, junto com a matriz de enchimento que pode ser lipofílica, a base de óleo
vegetal. Essa matriz pode ser uma solução oleosa ou uma suspensão. Pode ser também hidrofílica:
pode adicionar material hidrofílico em cápsula gelatinosa mole desde que o material não tenha água,
pois vai amolecer a gelatina, estourando-a. E não pode ser higroscópico pois vai adsorver água, e a
água passa através da gelatina, amolecendo-a. Geralmente se usa polietilenoglicol, mas não se usa
proprilenoglicol ou glicerina no material de enchimento. Pode também ser solução ou suspensão.
 Limitação: é o teor de água que vai romper a parede.
Aplicações das cápsulas moles: líquidos não miscíveis com água, como óleos vegetais, óleos
aromáticos, hidrocarbonetos.
Líquidos miscíveis com água: polietilenoglicol, polissorbato, são utilizados para melhorar efeito
fisiológico, com absorção mais rápida – ex.: Advil, Buscofem.
Sólidos em solução ou suspensão.
Líquidos que migram ou que tenham água acima de 5% não podem ser utilizados.
Para a cápsula dura a gelatina tem Bloom 240 a 270. Na cápsula mole, troco a gelatina por
uma mais mole, de 150 a 220 de Bloom. Além disso, adiciona-se agente plastificante como sorbitol
ou glicerina (podendo ser polietilenoglicol ou propilenoglicol) + água. Água pra que? Para fazer o
invólucro, mas depois a água vai sair para evitar que a cápsula fique muito mole.
O que define a dureza da cápsula é a razão entre plastificante e gelatina. Então se já tem uma
gelatina que já é mais mole, adicionando-se o plastificante ela fica ainda mais mole, tendo um
invólucro com a característica que se quer. A cápsula de uso oral tem o invólucro mais mole e macio,
pois vai dissolver para entrar em contato com o suco gástrico e deve ser flexível para facilitar a
deglutição. Podem ter cápsulas moles mais duras do que esse primeiro exemplo, porque tem o
biquinho para ser quebrado.
Como é feito o enchimento: o material é feito separado, um líquido ou suspensão. Então tem
um tanque com a gelatina amolecida (Bloom 150 a 220). Tem o rolo de secagem, que seca a gelatina,
endurecendo-a, que passa pelo laminador formando uma “fita de gelatina mole” – tipo gelatina em
folha que compra no supermercado. Vem a fita de um lado e do outro, o elemento aquecido amolece
a gelatina levemente, a ponto dela ficar flexível e pegajosa, para uma folha aderir com a outra. O
material a ser encapsulado está em um reservatório a parte, constantemente agitado, entrando em um
nivelador com um funil e o dosador que mede o volume que vai encapsular. Este material é
desprezado no centro, onde se unem as duas folhas de gelatina. As matrizes são o formato da cápsula,
e jogadas em um tanque, que as resfria e a gelatina solidifica.
Tem empresas terceirizadas que fazem o encapsulamento das cápsulas moles.
- Vídeo sobre as cápsulas moles.

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