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Do ponto de vista químico, a inércia atribuída aos excipientes deve ser encarada com certas
reservas. Sua reatividade, apesar de baixa, pode ser potencializada por fatores físico-
químicos do meio, desencadeando reações que podem levar à desestabilização da forma
e/ou degradação do fármaco: presença de grupos funcionais alcoólicos, grupos terpênicos
em flavorizantes, corantes contendo iodo, espécies complexantes (EDTA) ou substâncias
redutoras (lactose). Inúmeros excipientes possuem centros quirais (amido e celulose) que
podem interagir com fármacos racêmicos.
Ø - Toxicologicamente inativo.
Ø - Incolor e insípido.
A. Instabilidade Química:
Fármacos em preparações líquidas podem estar mais susceptíveis a reações químicas de
degradação, como hidrólise, oxidação e redução. A velocidade da reação de degradação é
influenciada pelo pH, pela presença de metais, pela exposição à luz, pela temperatura
(geralmente é maior em temperaturas mais altas). Fármacos em solução são mais
vulneráveis à degradação química do que no estado sólido (em suspensões).
B. Instabilidade Física:
C. Instabilidade Microbiológica:
O pH final da preparação deve ser compatível com o conservante a ser utilizado (o benzoato
de sódio ou o ácido benzóico, por exemplo, apresentam atividade antimicrobiana numa faixa
de pH menor que 5,0) e com a estabilidade do fármaco.
Veículos: preparação inerte destinada à incorporação do (s) ativo(s). Podem ser edulcorados
e conter agentes suspensores.
Solventes: usados para dissolver outra substância na preparação de uma solução; pode ser
aquoso ou não (ex. oleaginoso). Co-solventes, como a água e álcool (hidroalcóolico) e água e
glicerina, podem ser usados quando necessários.
Exemplos: álcool, óleo de milho, óleo de algodão, glicerina, álcool isopropílico, óleo mineral,
ácido oléico, óleo de amendoim, água purificada, água para injeção.
Absorventes: substâncias adicionadas para absorverem água presente nos extratos ou para
fixar certos compostos voláteis, como as essências. Exemplos: fosfato de cálcio, caolim,
carbonato de magnésio, bentonita, talco.
Agentes surfactantes (tensoativos): substâncias que reduzem a tensão superficial. Podem ser
usados como agentes molhantes, detergentes ou emulsificantes. Exemplos: cloreto de
benzalcônio, nonoxinol 10, octoxinol 9, polissorbato 80, lauril sulfato de sódio.
EXEMPLOS:
(Avicel® RC 591)
Dispersões
melhores em
pH neutro
por pH
muito cáustico
(Veegun®)
Exemplos:
água / óleo
Exemplos:
Agentes acificantes (acidulantes) Agentes alcalinizantes
Bicarbonato de sódio
Trietanolamina
Borato de sódio
Agentes quelantes (seqüestrantes): substância que forma complexos estáveis (quelatos) com
metais. São usados em preparações líquidas como estabilizantes para complexar os metais
pesados que podem promover instabilidade. Exemplos: EDTA-Na2, ácido edético.
II - SOLUÇÕES
“Soluções são preparações líquidas que contêm uma ou mais substâncias químicas
dissolvidas, ou seja, molecularmente dispersas, em um solvente adequado ou em uma
mistura miscível de solventes (USP Pharmacist’s, 2005).
Podem ser destinadas para uso oral, tópico ou parenteral.
Vantagens:
v - Flexibilidade de dosagem;
v - Facilidade de administração;
Desvantagens:
v - São mais difíceis de serem transportadas pelo paciente do que as formas sólidas;
v - O paciente pode não ter acesso a sistema de medida de volume preciso e uniforme,
podendo haver variação de uma dose para outra.
2- Adicionar aos poucos o veículo solicitado pelo prescritor (ou o qmais apropriado à
formulação) ao passo anterior, até obter um volume próximo ao final. Agitar com auxílio do
bastão de vidro ou agitador magnético;
3- Medir o pH, se necessário ajustar para um valor na faixa compatível com a maior
estabilidade do(s) ingrediente(s) ativo(s).
5- Envasar e rotular.
III - SUSPENSÕES
“Uma suspensão consiste em um sistema bifásico composto por uma fase sólida finamente
dividida (fase interna, descontínua ou dispersa) dispersa em uma fase líquida (fase externa,
contínua ou dispersante) (USP Pharmacists.Pharmacopeia, 2005)”.
As partículas sólidas são insolúveis na fase líquida e tendem a sedimentar. Porém, devem
ser facilmente dispersas com agitação. A fase líquida consiste em um líquido que possui uma
certa consistência e que pode ser aquoso ou de natureza graxa (ex. óleos fixos). A fase
dispersa não atravessa o papel de filtro, portanto por este motivo as suspensões não devem
ser filtradas.
As suspensões são utilizadas para formulações de uso oral (suspensão oral), parenteral,
dermatológico, oftálmico, nasal, retal, otológico dentre outros. Algumas suspensões orais já
vêm prontas para o uso, ou seja, já estão devidamente dispersas num veículo líquido com ou
sem estabilizantes e outros adjuvantes farmacêuticos.
Outras preparações estão disponíveis para uso na forma de pó seco destinado a ser
misturado com veículos líquidos. Este tipo de produto geralmente é uma mistura de pós que
contém fármaco e agentes suspensores e de dispersão; essa mistura, ao ser diluída é agitada
com uma quantidade especificada do veículo (geralmente água purificada), formando uma
suspensão apropriada à administração chamada suspensão extemporânea. Esta forma em
pó é ideal para veicular fármacos instáveis em meio líquido (ex.antibióticos betalactâmicos).
v -Fármacos instáveis quando em contato com o veículo aquoso, podem ser preparadas na
forma de suspensão extemporânea (forma de pó para reconstituição caseira).
v - Fármacos que se degradam em soluções aquosas podem ser suspendidos em fase não
aquosa (anidra), por exemplo em óleos.
O tamanho reduzido das partículas sólidas é uma característica muito importante pois
evitam que as mesmas se sedimentem facilmente, facilitando também sua redispersão e
prevenindo ainda a formação de cristais (crescimento cristalino).
O tamanho das partículas dispersas deve permanecer constante ao longo dos períodos de
repouso.
v - Uma boa suspensão deve sedimentar lentamente e redispersar facilmente com a
agitação suave do recipiente.
v - Fluidez: quanto mais viscosas, mais estáveis serão as suspensões. Porém, o excesso de
viscosidade compromete o aspecto e a retirada do medicamento do frasco. A suspensão
deve escoar com rapidez e uniformidade do recipiente.
v - Elegância farmacêutica: conceito que envolve a idéia de cor, odor, sabor, bom aspecto
aceitável para o paciente.
Portanto, o decréscimo da sedimentação das partículas sólidas em uma suspensão pode ser
obtido pela redução do tamanho das partículas a serem dispersadas e pelo aumento da
densidade e viscosidade da fase contínua (líquida).
v - Fármaco sólido a ser disperso: devem ser triturados em um gral com auxílio de um
pistilo, por levigação com o veículo viscoso ou com agentes de levigação (ex. glicerina,
propilenoglicol, polietinoglicol de baixo PM). Geralmente, a parte sólida de suspensões pode
estar presente em concentração de até 40% do total da formulação.
Agentes floculantes:
- Argilas (ex.bentonita)
Estes íons formam uma camada elétrica dupla, consistindo numa camada à superfície das
partículas e numa camada difusa, livremente móvel. A partícula suspensa com a sua camada
elétrica fixa move-se num campo elétrico e a diferença de potencial ao longo da parte difusa
da dupla camada é designada de potencial zeta.
Se esse potencial zeta, negativo ou positivo, for elevado, as partículas terão pequena
tendência a aglutinar, uma vez que se repelem em virtude da carga elétrica. Se não houver
baixa do potencial zeta, as partículas acabam, muito lentamente, por se aproximarem umas
das outras (por ação da gravidade e também por forças de atração entre as partículas),
constituindo agregados compactos que sedimentam, deixando sempre a camada do líquido
sobrenadante com certa turvação (suspensão defloculada). Por um outro lado, uma rápida
baixa do potencial zeta leva a que as partículas se reúnam em flóculos, os quais depositam.
Origina-se desta forma um sedimento pouco compacto, ficando o líquido sobrenadante
destituído de partículas e por isso perfeitamente límpido (suspensão floculada) (Prista et al.,
1995).
Esta flutuação das partículas pode ser evitada com o auxílio de agentes umectantes. Os
agentes umectantes diminuem o ângulo de contato sólido-líquido, facilitando a umectação
das partículas sólidas. Substâncias hidrofóbicas podem ser umectadas mais facilmente com
auxílio de agentes tensioativos (ex. polissorbatos, docusato sódico, etc).
Preparo de Suspensões
Requisitos prévios:
- O manipulador deverá estar adequadamente paramentado.
- Condições ambientais recomendadas: umidade relativa até 60% e temperatura de 25± 5ºC
(AGEMED). Observar esta condição exceto nos casos em que as especificações da formulação
requeiram outras condições.
Conservante............................................... q.s.
1. (sólido + líquido)
- Controle do pH.
- Grau de floculação*.
- Controle microbiológico.
Quanto maior for o volume de sedimentação (VS) tanto mais elevado será o grau
- As suspensões devem ser embaladas em recipientes bem vedados e que contenham uma
boca larga suficiente para permitir o escoamento de líquidos viscosos.
Estabilidade
*Crescimento cristalino
Quando os cristais de uma determinada substância encontram-se em suspensão num
meio líquido no qual a substância é parcialmente solúvel, pode observar-se o fenômeno do
crescimento dos cristais. Isto ocorre quando a concentração da substância na solução é
superior ao coeficiente de solubilidade desta. Este fenômeno pode ocorrer devido a
variações de temperatura (abaixamento da temperatura), ao polimorfismo da substância
suspensa ou ainda às diferenças de tamanho dos cristais dispersos (Prista et al., 1995). As
suspensões são menos susceptíveis à degradação química que as soluções, mas com a
presença de água na formulação seu prazo de validade é geralmente curto.
Orientação ao paciente
PRÁTICA DE FARMACOTÉCNICA :
PÓS-SIMPLES E COMPOSTOS
Ø Usado para drogas vegetais brutas ou para produtos químicos na forma de cristais
grandes.
Ø Moinho de bolas.
4 -- PROCESSOS ESPECIAIS
4.1 - Pulverização por intermédio:
Ø D.2.1 - Hidratação.
Ø D.2.2 - Desidratação.
Contra-exemplo:
4.4 Tamisação.
Tem por finalidade obter pós com a mesma tenuidade (tamanho médio similar). É feita em
tamises que são classificados como está descrito na tabela.
20 0,84 Grosso
30 0,59 Grosso
40 0,42 Moderadamente grosso
60 0,250 Fino
HOMOGENEIZAÇÃO DE PÓS.
Deve ser feita com pós de tenuidade similares. Ela pode ser feita por trituração, espatulação
(?), tamisação ou mistura (saco plástico ou misturador em V).
2 - Pulverize em gral (de vidro para substâncias coloridas ou com cheiro) e tamise
isoladamente cada um dos pós presentes na fórmula. Caso necessário utilise um intermédio.
6 - Rotule e registre.
PÓS DILUÍDOS.
A maioria das substâncias encontradas no mercado, diluídas (Vitamina E à 50% e
Betacaroteno à 10%, por exemplo) ou não, são de fácil pesagem em relação a dose desejada.
Entretanto, são também encontrados princípios ativos muito potentes em baixa
concentração (drogas heroicas).
Estas drogas podem ser diluídas de tal forma que a dosagem seja de fácil pesagem, evitando
riscos de sobredosagens. Usualmente, esta diluição é feita utilizando um pó inerte tal como
a lactose, o talco, o amido, etc.
Após escolher o diluente de acordo com a sua compatibilidade em relação ao princípio ativo
e com a formulação a ser empregada, o princípio ativo é diluído à 1:10 (exemplos:
Alprazolam, Clonazepam, Diazepam, Prednisolona, etc.), 1:100 (exemplos: Bumetamida,
Clonidina, Digitoxina, Digoxina, Fludrocortisona, etc.) ou à 1:1000 (exemplos: T3, T4) antes
de ser estocado.
PÓS EFERVESCENTES.
Geralmente usa-se uma quantidade fixa e arbitrária de ácido tartárico, ácido cítrico ou
NaH2PO4, podendo ainda associarem-se estes três compostos. A quantidade de NaHCO 3 que
é necessária adicionar pode-se calcular em função da acidez conferida pelos ácidos e o
NaH2PO4, de tal modo que a reação entre eles em presença de água, gera uma solução
próximo da neutralidade.
b - Pulverizar e tamisar isoladamente cada um dos pós secos, misturá-los em um gral. Secar o
pó composto obtido em estufa à 50°C durante 20 minutos aproximadamente.
c - Após o término da etapa anterior, caso necessário, tamisar a mistura final obtida.
embalar, rotular e registrar conforme as mesmas exigências dos pós compostos acima
descritas.
GRANULADOS.
Pode ser uma forma farmacêutica definitiva ou ser uma etapa intermediária para a obtenção
de comprimidos. Os granulados podem ser obtidos por via seca ou via úmida e possuem as
seguintes vantagens em relação aos pós compostos:
NOTA: Deve-se durante a granulação deixar uma quantidade de excipiente à parte (10 a
20%) visando fazer, em caso de necessidade, futuras correções.
CÁPSULAS GELATINOSAS.
1 - CONCEITO.
"São formas farmacêuticas sólidas que encerram o fármaco em invólucro mais ou menos
elástico, constituído de gelatina".
2 - VANTAGENS.
· Facilmente administradas.
3.1 - As cápsulas gelatinosas duras são encontradas no mercado em vários tamanhos, cada
qual com uma capacidade específica para acondicionar um determinado volume de pó. Cada
tamanho é designado por um número arbitrário. Quanto maior o número, menor a
capacidade do invólucro.
M = massa
Pelo volume de carbonato de cálcio ele deverá ser acondicionado na Cápsula 00.
Exemplo 2: 500 mg de carbonato de cálcio (fornecedor B), Dap=0,73 g/mL e Vap=0,68 mL,
deverá ser acondicionado na Cápsula 0.
3.2 - Quando a dose ultrapassa a capacidade da maior das cápsulas (00), faz-se necessário
usar mais de uma cápsula para acondicionar uma únicas dose do fármaco. Quando isso
acontecer É MUITO IMPORTANTE escrever no rótulo e orientar o paciente para a utilização
correta da dose prescrita.
A farmácia entenderá que o médico está pedindo que cada dose contenha 500 mg de CaCO 3,
os quais fornecerão 200 mg de cálcio elementar. O mesmo ocorrerá se a prescrição tiver a
descrição cálcio carbonato 500 mg.
A farmácia entenderá que o médico está pedindo que cada dose contenha 500 mg de cálcio
elementar. Portanto, serão utilizados 1250 mg de carbonato de cálcio que fornecerão os 500
mg de cálcio solicitados. É FUNDAMENTAL QUE A PARTE "INATIVA" DA MOLÉCULA SEJA
DESCRITA ENTRE PARÊNTESES.
3.4 - Alguns fármacos somente são encontrados no mercado na sua forma diluída. Por
exemplo temos a Vitamina E pó que somente é encontrada à 50 %. Caso o médico prescreva
Vitamina E 400 mg, a farmácia deverá usar 800 mg da matéria prima (Vitamina E à 50 %).
3.5 - Sendo volumétrico o processo de enchimento das cápsulas, impõem-se que estas
fiquem perfeitamente cheias, pois de modo contrário haverão erros posológicos. Além disso,
não é aconselhável a existência de uma camada de ar sobre os pós susceptíveis de oxidação.
Nestes casos, é necessário completar com um pó inerte o volume da cápsula, caso o volume
de princípio ativo seja inferior a 90 % da capacidade do receptáculo.
3.5.1 - Deve-se considerar a densidade do p.a. e do diluente quando este último for
necessário.
PASTILHAS.
1 - CONCEITO
2 - TIPOS.
PÍLULAS.
1 - CONCEITO.
2 - VANTAGENS.
· Facilidade de administração.
· Fácil produção.
· Passível de revestimento gastro-solúvel e gastro-resistente.
3 - DESVANTAGENS.
· Desagregação lenta.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
1. ALLEN Jr., L.V.; POPOVICH, N.G.; ANSEL, H.C. Formas Farmacêuticas e Sistemas de
Liberação de Fármacos; Tradução SENNA, E.L. et al. 8ª. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 776p.
4. AULTON, M.E. Delineamento de Formas Farmacêuticas. 2ª Ed., São Paulo: Artmed, 2005.
7. FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 4 ed. Parte II, Fasc. I, II, III, IV, V, VI São Paulo: Atheneu,
1996; 2000; 2001; 2003; 2004; 2006.
12.LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H.A.; KANIG, J.L. Teoria e Prática na Indústria Farmacêutica.
Volumes I e II. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001
13.LeBLANC,P-P; AIACHE, J-M; BESNER, J-G; BURI, P.; LESNE, M. Tratado de Biofarmácia e
Farmacocinética. Lisboa: Instituto Piaget, 1997. 419p.
14.LE HIR, AL. Noções de Farmácia Galênica. 3. ed. São Paulo: Andrei, 1997.
16.MARTIN, A. Micromeritics. In: Physical pharmacy. 4. ed. Philadelphia: Lea & Febiger,
1993. cap.16 p.423-452.