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UNICAMP

Faculdade de
Engenharia Química

EQ 902 A
Laboratório de Engenharia Química IV

1o Semestre de 2016

Sedimentação
Grupo A:

Iago Merli Freitas RA: 117228


Heloisa Penitenti Oliveira RA: 117191
Leonardo Gonçalves Rigueto RA: 117618
Marina Vilela dos Santos RA: 118062
Victor Hugo Donegá Toffano RA: 118879

Professora responsável: Ambrósio Florêncio de Almeida Neto

Experimento realizado em 02 de Maio de 2016.

Campinas, 11 de Maio de 2016.


Sumário

Resumo ................................................................................................................................. 2
Nomenclatura ........................................................................................................................ 3
1. Contextualização e Objetivo ............................................................................................ 4
2. Material e Métodos .......................................................................................................... 8
2.1. Equipamentos........................................................................................................ 8
2.2. Materiais ................................................................................................................ 9
2.3. Metodologia ........................................................................................................... 9
3. Resultados e Discussão .................................................................................................10
3.1. Curvas de Sedimentação .....................................................................................10
3.3. Determinação da constante da velocidade de sedimentação ..............................15
3.4. Cálculo da área dos sedimentadores contínuos ...................................................17
4. Conclusões.....................................................................................................................19
5. Sugestões para continuação do trabalho .......................................................................20
6. Referências Bibliográficas ..............................................................................................20
7. Anexos ...........................................................................................................................20
A. Memória de Cálculo ....................................................................................................20

1
Resumo

O experimento realizado teve como objetivo o projeto da área de sedimentadores


contínuos com alimentação de 10 ton/h de carbonato de cálcio (CaCO 3) com produção de
lodo de concentração de 100 g/L a partir de ensaios de sedimentação descontínuas no
laboratório, utilizando-se para isto provetas com soluções de 30, 40, 50 g/L e 50 g/L com
1200 ppm do agente coadjuvante sulfato de alumínio (Al 2(SO4)3), acompanhando-se a
diminuição da altura da interface entre o líquido sobrenadante e a suspensão de sólidos ao
longo do tempo.

A partir dos resultados obtidos, observou-se que tanto o aumento da concentração


inicial de sólidos quanto a presença de coadjuvante contribuem para a queda da velocidade
de sedimentação observada. Apesar disto, o coadjuvante auxilia na remoção da turbidez
presente no líquido sobrenadante, sendo sua aplicação justificável dependendo do grau de
remoção desejado. O efeito da concentração e da presença de coadjuvante na velocidade
de sedimentação pode ser verificado também através do aumento dos tempos e alturas
críticas obtidas através do método da bissecção, assim como na diminuição da constante
da velocidade de sedimentação calculada.

Por fim, verificou-se que as áreas calculadas para os sedimentadores contínuos


diminuíam conforme o aumento da concentração da solução de alimentação, concluindo-se
que o efeito do aumento da concentração de sólidos na alimentação era mais predominante
que a redução da velocidade de sedimentação, enquanto que a presença de coadjuvante
para mesmas concentrações promoveu o aumento da área conforme esperado pela
redução da velocidade de sedimentação.

2
Nomenclatura

A Área do sedimentador m²

C Concentração de sólidos m³ de sólidos / m³ de suspensão

C0 Concentração de sólidos na alimentação m³ de sólidos / m³ de suspensão

Ce Concentração de sólidos na lama espessa m³ de sólidos / m³ de suspensão

C* Concentração de sólidos kg de sólidos/m³ de suspensão

S Massa específica do sólido kg/m³

V Vazão de líquido ascendente m³/s

U Vazão de lama que deixa o sedimentador m³/s

F Vazão de alimentação m³/s

H Altura do sedimento no instante t cm

H Altura final do sedimento cm

Hc Altura crítica cm

tc Tempo crítico min

i Constante para uma dada suspensão

L Vazão de suspensão descendente m³/s

v Velocidade ascendente de líquido m/s

g Constante da aceleração da gravidade m/s²

dp Diâmetro da partícula m

E Empuxo N

Fa Força de arraste N

Ca Coeficiente de arraste
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1. Contextualização e Objetivo
A sedimentação é uma operação unitária que favorece a separação de uma
suspensão diluída através dos efeitos da ação da força gravitacional, sendo realizada em
tanques conhecidos como sedimentadores.
A aplicação da sedimentação é ampla em todo tipo de processo que envolva a
separação de sólidos e líquidos em suspensão e a sua implementação depende de fatores
como velocidade da separação do líquido em relação ao particulado. A operação unitária é
importante porque é uma alternativa barata e pouco consumidora de energia a outros tipos
separações, que podem empregar diferença de pressão ou de carga elétrica de partículas
para separação, o que pode ser custoso.
Na prática, muitos processos de engenharia química possuem requerimentos muito
restritos quanto à presença de partículas em suspensões. Particulados podem ser
catalisadores de reações indesejadas em processos reacionais, fontes importantes de
perda de carga no transporte de substâncias e de corrosão e erosão em equipamentos,
como bombas, e tubulações. Além disso, aglomerados de partículas podem obstruir canais
de passagem de líquidos e, assim, diminuir a segurança de alguns processos.
Além disso, em alguns processos é necessária a diluição de um particulado para a
ocorrência de reações desejadas, como na adição de um catalisador sólido em um meio
reacional líquido. A recuperação dessas partículas em estado mais concentrado pode ser
necessária para a viabilização econômica do processo.
Em ambos casos, a utilização da sedimentação como forma de separação sólido-
líquida pode ser uma vantagem competitiva para uma indústria, por causa de seu baixo
custo e simplicidade de operação (Cremasco, 2012) e aplicação ampla para suspensões de
diferentes tipos e processos com diferentes objetivos.
O resultado de uma sedimentação eficiente deve ser sempre uma fase líquida com
menor concentração de partículas sólidas (líquido límpido ou clarificado) no topo do
sedimentador em relação à suspensão inicial e, de forma congruente, um produto de fundo
com concentração maior de sólidos que a inicial (lama decantada ou espessado). De
acordo com o objetivo da separação, os sedimentadores podem ser denominados

4
espessadores, quando o produto de fundo é de maior valor econômico, ou clarificadores,
quando o líquido com baixa concentração de partícula é requerido (Foust, 1982).
Industrialmente, a operação de sedimentação pode ser contínua ou descontínua. A
operação descontínua é feita em tanques rasos de grande diâmetro, onde operam
raspadores que removem a lama de forma lenta. Essa etapa de raspagem, nesse tipo de
operação, é considerada a parte menos ágil do processo e, portanto, o gargalo de muitas
plantas industriais. Nesta configuração, injeta-se a suspensão pelo meio do tanque. Nas
bordas do tanque são projetados os vertedores para o clarificado. No fundo do tanque, os
raspadores operam para concentrar a lama no centro do tanque, por onde ela é retirada
(Foust, 1982). Na Figura 1, pode ser observada a ilustração de um sedimentador contínuo.

Figura 1:Sedimentador Contínuo

A operação descontínua, utilizada em menor número de processos industriais, é


realizada através de um tanque cilíndrico que possui abertura para a alimentação da
suspensão e retirada do produto. O procedimento é simples: o tanque é preenchido com a
suspensão inicial, espera-se tempo pré-determinado até que a separação sólido-líquida
ocorra; para operações em que se deseja o espessado, retira-se primeiramente o líquido
até que a lama apareça, quando retira-se a mesma por abertura no fundo. Caso o
clarificado seja o produto de interesse, faz-se o inverso: a lama é retirada até que o líquido

5
mais límpido comece a aparecer, momento a partir do qual ele é bombeado separadamente
(Foust, 1982).
Na sedimentação descontínua, à medida em que ocorre o processo, a evolução da
separação sólido-líquida pode ser observada através da formação de diferenças zonas com
diferentes concentrações de sólido. Essas zonas podem ser observadas na Figura 2. A
partir de uma suspensão de concentração uniforme (a), são formadas 4 zonas de
dimensões e concentrações diferentes (b). A zona A representa o líquido límpido
(clarificado) e ela aumenta de dimensão durante a separação, assim como a zona D, que
representa a lama espessa (espessado). As zonas B e C são zonas de concentração
intermediária entre A e D e diminuem seu tamanho com a evolução do processo, que pode
ser observado na Figura 2 em (c) e (d). O desaparecimento das zonas intermediárias
acontece no ponto crítico da sedimentação e, a partir do qual a separação ocorre de forma
lenta com a compressão dos sólidos e progressiva expulsão do líquido retida no espessado.
Figura 2:Esquema de Sedimentação Descontínua

O agente coadjuvante em uma sedimentação é uma substância específica para


diferentes suspensões. A sua atuação na operação de sedimentação pode ser explicada de
duas formas: como agente coagulante, atuando na modificação de características de
partícula, como diâmetro, esfericidade e massa específica (Cremasco, 2012), ou como
enfraquecedor de interações dipolo-dipolo induzido entre água e partículas.
No primeiro caso, existe a coagulação de partículas através da neutralização de
excessos de cargas superficiais, diminuindo repulsão e aumentando a probabilidade de
choque entre as partículas e a posterior floculação dessas partículas em conglomerados
6
maiores (Cremasco, 2012). Na segunda abordagem, o uso de coadjuvante é explicado
porque ele estabelece interações mais fortes com os dipolos da água do que a partícula
original da suspensão e, dessa forma, diminui a interferência das interações dipolo-dipolo
induzido na sedimentação, facilitando a decantação das partículas.
Neste experimento, a operação descontínua pôde ser observada em escala
laboratorial e os dados de tempo e altura de espessado obtidos a partir dela puderam ser
utilizados para o projeto da área de um sedimentador contínuo. Isso pôde ser realizado
porque o projeto é governado pelas propriedades intensivas de sedimentação dos sólidos
na suspensão (Foust, 1982). Dessa forma, o objetivo desse experimento é a determinação
da área de um sedimentador contínuo a partir de testes laboratoriais com diferentes
concentrações de carbonato de cálcio (CaCO3) em suspensão (30, 40, 50 g/L). Além disso,
pretende-se estudar os efeitos da adição de um agente coadjuvante, sulfato de alumínio,
que facilite a sedimentação.
Para a obtenção da área, pode-se realizar a análise do balanço de massa dentro de
um sedimentador contínuo. Admite-se uma suspensão descendente de vazão L, fração
volumétrica C de sólidos, bem como vazão de líquido ascendente V. Supondo descarga de
sólidos em vazão U e concentração Ce, e alimentação de vazão F e concentração C0,
podem ser obtidas as equações 1, balanço de massa para sólidos, e 2, balanço de massa
para líquido entre camadas genéricas no interior do sedimentador:
(1)

(2)
Equações 1 e 2 e considerações adicionais: a) de que vazão ascendente de líquido
está relacionada à área transversal do sedimentador (A) e à velocidade ascendente de
líquido (v); b) de que concentração volumétrica de sólidos na suspensão (C*) pode ser
relacionada à fração volumétrica de sólidos (C) através da massa específica de sólido (ρs)
podem ser combinadas na Equação 3:

(3)

7
Assim, é possível projetar a área do sedimentador contínuo através do experimento
obtendo parâmetros que descrevam a velocidade do líquido (v) e as concentrações de
sólidos na suspensão e no espessado. A relação entre esses parâmetros e os dados
obtidos para o experimento serão exploradas na explicitação dos resultados.

2. Material e Métodos

2.1. Equipamentos
 4 Provetas de vidro de 250 mL com rolha;
 4 Becker de vidro de 500ml;
 Pisseta;
 Cronômetro;
 Balança semi-analítica;
 Espátula;
 Luminária com duas lâmpadas fluorescentes tubulares e um difusor.

A montagem experimental pode ser observada na Figura 3:

Figura 3: Montagem experimental com provetas e luminária.

8
2.2. Materiais
 Água destilada (H2O);
 Carbonato de cálcio (CaCO3);
 Sulfato de Alumínio (Al2(SO4)3);

2.3. Metodologia
Foram pesadas, em Becker, três diferentes massas de carbonato de cálcio: 7,50 g,
10,00 g e 12,51 g, necessárias para a preparação de 250 mL de suspensão com 30, 40 e
50 g/L de CaCO3, respectivamente. A quarta suspensão, contendo 50 g/L de CaCO 3 e 1200
ppm de Al2(SO4)3, foi preparada com 12,50 g de carbonato de cálcio e 0,31 g sulfato de
alumínio.
Às alíquotas pesadas foi adicionado água destilada e agitado com o auxílio da
espátula. As suspensões foram, então, transferidas para as provetas com o auxílio de
pisseta com água destilada, tendo seu volume completado até 250 mL. As provetas foram
organizadas a frente da luminária, tomando-se o cuidado de manter a escala em papel
milimetrado sempre visível.
Posteriormente, a luminária foi ligada e as provetas contendo soluções de 50 g/L
foram tampadas com rolha de vidro e vigorosamente agitadas. Após agitação as provetas
foram colocadas na bancada e destampadas, no mesmo instante o cronômetro foi
acionado.
A cada 20 segundos, anotou-se a altura definida pelo papel milimetrado relativa à
interface entre suspensão e líquido límpido para cada proveta, tomando-se cuidado para
evitar qualquer perturbação ao sistema, como vibrações na mesa de apoio. Após 4 minutos
de sedimentação, o intervalo de observação passou a ser de 40 segundos; após 10
minutos, o intervalo passou a ser de 1 minuto e, após 20 minutos, as anotações passaram a
ser feitas a cada 2 minutos. O experimento foi monitorado até 80 minutos.
Quando as suspensões de 50 g/L atingiram 20 minutos de observação o mesmo
procedimento passou a ser repetido para as suspensões de 30 g/L e 40 g/L, sendo que
estas foram monitoradas até tempo total de 60 minutos. Em seguida ao monitoramento as
provetas foram fechadas e mantidas sobre a bancada.

9
Após aproximadamente 24 horas de repouso, anotou-se as alturas referentes à
interface entre os sedimentos e o líquido, para as quatro provetas, observando-se, também,
a limpidez das zonas de líquido sobrenadante de cada uma delas. Com o fim do
procedimento experimental as suspensões foram devidamente descartadas e a vidraria
limpa.

3. Resultados e Discussão

3.1. Curvas de Sedimentação


A Figura 4 contém as curvas de sedimentação obtidas durante o experimento, nas
quais o comportamento da altura ( ) da interface entre a suspensão e o líquido límpido
sobrenadante (entre as fases A e B) para cada suspensão de carbonato de cálcio
preparada é descrito ao longo do tempo. Além disto, a altura final do sedimento das
soluções ( ), coletadas no dia seguinte ao da realização do experimento, juntamente das
massas utilizadas no preparo das soluções, se encontram resumidas na Tabela 1:

Figura 4: Curvas de sedimentação das suspensões de CaCO3 preparadas

25
Altura da interface (cm)

20

15

10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (min)
30 g/L 40 g/L 50 g/L 50 g/L com coadjuvante

10
Tabela 1 – Massas utilizadas nos prepares das suspensões de estudo e altura final do
sedimento
Suspensão m CaCO3 (g) m Al2(SO4)3 (g) (cm)
30 g/L 7,5027 - 1,8
40 g/L 10,0085 - 2,3
50 g/L 12,5077 - 2,7
50 g/L com coadjuvante 12,5009 0,3097 3,2

Conforme se pode observar, o aumento da concentração inicial das soluções


preparadas faz com que a sedimentação se desenvolva de maneira mais lenta, sendo que a
altura da interface apresenta menor taxa de diminuição em relação ao tempo, implicando
em menores velocidades de sedimentação. Além disto, a altura final do sedimento
aumentou conforme o aumento da concentração inicial, dada a maior quantidade de sólidos
presentes nas soluções mais concentradas.

Pode-se notar também que a adição do coadjuvante sulfato de alumínio


apresentou um efeito negativo na velocidade de sedimentação ao se comparar as duas
suspensões de 50 g/L preparadas, de modo que a solução com este não consegue
apresentar um comportamento linear de compressão lenta tão definido no intervalo de
tempo estudado ao contrário das outras suspensões, sendo a transição de comportamento
leve.

Em uma partícula sólida em suspensão atuam três forças ao mesmo tempo: Peso,
Empuxo e Arraste, conforme as Equações 4 a 6. Quando esta atinge a velocidade terminal
, o balanço destas forças é nulo, e a velocidade terminal pode ser calculada através da
Equação 7 (Foust, 1982), considerando-se que as partículas são esféricas para o cálculo da
área transversal e seu volume:

(4)

(5)

(6)

11
(7)

Como numa suspensão a presença de partículas vizinhas influencia o movimento


do líquido no qual este está inserido, a densidade e a viscosidade deste passa a ser
aparentemente maior, obtendo um comportamento mais próximo da suspensão (Foust,
1982). Como o coeficiente de arraste depende mais fortemente de do que o regime de
escoamento (Foust, 1982), temos que o aumento da quantidade de sólidos acarreta em um
aumento tanto de quanto , de modo que as velocidades de sedimentação diminuem,
conforme o comportamento observado.

Já para a suspensão com coadjuvante, a aglomeração de partículas deve ter


provocado a criação de espaços vazios nos flocos formados, de modo que a densidade
aparente dos sólidos diminua, reduzindo-se a velocidade de sedimentação em relação à
suspensão livre deste de 50 g/L. Apesar do impacto negativo na velocidade de
sedimentação, era possível de se verificar visualmente durante a realização do experimento
que o líquido sobrenadante obtido era consideravelmente mais transparente e límpido para
a solução com coadjuvante quando comparado com o obtido para as outras sedimentações,
conforme a Figura 5 demonstra. A presença dele faz com que os flocos formados
carreguem partículas com diâmetros menores, que possuem velocidades terminais mais
baixas, aumentando a quantidade de material sedimentado. Deste modo, o efeito de um
coadjuvante não está ligado apenas a velocidade de sedimentação, mas também com a
qualidade do líquido sobrenadante obtido.

Figura 5: Resultado final da sedimentação realizada experimentalmente: soluções de 30,


40, 50 e 50g/L com coadjuvante sulfato de alumínio

12
3.2. Determinação do tempo e altura crítica de sedimentação

Para se determinar a validade da equação da velocidade de sedimentação das


suspensões, determinou-se o ponto crítico de cada uma destas a partir do método da
bissecção (Foust, 1984). A aplicação deste método é descrita através das Figuras 6 a 9 a
seguir, com os resultados obtidos resumidos na Tabela 2:

Figura 6: Aplicação do método da bissecção para a suspensão de 30 g/L

25

20
Altura da interface (cm)

15

10

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

Figura 7: Aplicação do método da bissecção para a suspensão de 40 g/L

25

20
Altura da interface (cm)

15

10

0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)

13
Figura 8: Aplicação do método da bissecção para a suspensão de 50 g/L

25

20
Altura da interface (cm)
15

10

0
0 20 40 60 80
Tempo (min)

Figura 9: Aplicação do método da bissecção para a suspensão de 50 g/L com coadjuvante

25

20
Altura da interface (cm)

15

10

0
0 20 40 60 80
Tempo (min)

Tabela 2: Alturas e tempos críticos obtidos pelo método da bissecção para cada suspensão
estudada
Suspensão (cm) (min)
30 g/L 4,59 13,85
40 g/L 6,33 17,25
50 g/L 7,23 23,50
50 g/L com coadjuvante 11,46 23,70

14
Conforme esperado, os efeitos do aumento da concentração e da adição de
coadjuvante acarretaram em maiores valores de e , dadas as menores velocidades de
sedimentação e quantidades de material presentes discutidos anteriormente. É possível de
se observar também que a adição do coadjuvante tem pouco efeito no tempo crítico, apesar
de que este cause um aumento considerável na altura crítica obtida.

No entanto, observou-se que o método da bissecção superestima os valores de e


subestima os de , sendo que os pontos críticos obtidos se encontram na região de
transição, na qual a taxa de sedimentação ainda não é linear. Este efeito é mais intenso
quanto maior for a região de transição, conforme a inspeção das Figuras 6 e 9 podem
demonstrar. Deve-se também levar em conta nos resultados obtidos para os pontos críticos
as imprecisões inerentes na execução do método gráfico utilizado.

3.3. Determinação da constante da velocidade de sedimentação


Utilizando-se os dados obtidos pelo método da bissecção para o tempo e altura
críticos da sedimentação, determinou-se a constante da velocidade de sedimentação das
soluções preparadas (Equação 8). Para isto, realizou-se um ajuste linear de por
conforme o procedimento descrito na memória de cálculo em anexo, sendo a
constante dada pelo coeficiente angular das retas obtidas. As Figuras 10 a 13 contêm os
ajustes lineares realizados, e os resultados obtidos encontram-se na Tabela 3:

Figura 10: Ajuste linear de ln(H-H_∞) por ∆t para a suspensão de 30 g/L


1,5

y = -0,034x + 0,6984
ln (H-H∞)

0,5
R² = 0,9257
0

-0,5

-1 0 10 20 30 40 50
∆t (min)
15
Figura 11: Ajuste linear de ln(H-H_ ) por ∆t para a suspensão de 40 g/L

1,6
1,4
1,2
ln (H-H∞) 1
0,8 y = -0,0292x + 1,0838
0,6 R² = 0,885
0,4
0,2
0
-0,2
0 10 20 30 40 50
∆t (min)

Figura 12: Ajuste linear de ln(H-H_ ) por ∆t para a suspensão de 50 g/L

1,6
1,4
1,2
1
y = -0,0216x + 1,2197
ln (H-H∞)

0,8 R² = 0,896
0,6
0,4
0,2
0
-0,2 0 10 20 30 40 50 60

∆t (min)

Figura 13: Ajuste linear de ln(H-H_ ) por ∆t para a suspensão de 50 g/L com coadjuvante
2,5

2 y = -0,0212x + 2,0687
R² = 0,9983
ln (H-H∞)

1,5

0,5

0
0 10 20 30 40 50 60
∆t (min)

16
Tabela 3: Coeficientes de velocidade de sedimentação e R2 obtidos através da linearização
dos dados
Suspensão (1/min) R2
30 g/L 0,0340 0,9257
40 g/L 0,0292 0,8850
50 g/L 0,0216 0,8960
50 g/L com coadjuvante 0,0212 0,9983

Novamente verificou-se que com o aumento da concentração e a adição do


coadjuvante ocorreu uma diminuição das velocidades de sedimentação, conforme a
diminuição dos valores das constantes da velocidade de sedimentação calculadas indicam.
Pode-se perceber também pelos gráficos obtidos nas Figuras 10 a 13 que os pontos iniciais
possuem um maior desvio do ajuste linear realizado, confirmando-se a subestimativa do
ponto crítico inerente a aplicação do método da bissecção.

No geral, os ajustes obtidos foram razoáveis (em torno de R2=0,9) confirmando a


validade da Equação 8, sendo que os ajustes das soluções de 30 g/L e 50 g/L foram mais
precisos, conforme os coeficientes R2 demonstram. Para a solução de 30 g/L observou-se
uma queda mais rápida nos valores de ao longo do tempo, de modo que os erros visuais
de leitura fossem menores devido a ausência de pequenas variações, em contraste com as
soluções de 40 e 50 g/L. Já para a solução de 50 g/L com coadjuvante, a transição mais
lenta de regimes permitiu um melhor ajuste dos pontos próximos ao ponto crítico, com
menor influência nos erros obtidos.

3.4. Cálculo da área dos sedimentadores contínuos


Com os dados obtidos durante os ensaios de sedimentações descontínuas
realizadas no experimento, foi realizado o projeto de sedimentadores contínuos para
alimentações de suspensões com as mesmas características das preparadas
experimentalmente. Conforme especificado, os sedimentadores possuem alimentação de

17
10 ton/h de sólidos em suspensão, com a meta de produção de lodo com concentração de
100 g/L.

O procedimento para este cálculo é descrito na memória de cálculo em anexo, com a


aplicação da Equação 3 entre todos os pontos experimentais, obtendo-se a maior área
como a área de projeto. Os resultados obtidos se encontram na Tabela 4 a seguir:

Tabela 4 – Área projetada para os sedimentadores contínuos nas condições de operação


requisitadas
Suspensão Área (m2)
30 g/L 17,41
40 g/L 7,91
50 g/L 8,21
50 g/L com coadjuvante 15,31

Analisando-se os resultados obtidos para as áreas projetadas, verifica-se que o


aumento das concentrações de sólido da alimentação possui a tendência de diminuir a área
do sedimentador. Apesar da velocidade de sedimentação diminuir conforme a discussão
realizada anteriormente, como há uma maior quantidade de sólidos presentes, existe uma
facilidade maior para as suspensões atingirem a concentração de lodo desejada para as
maiores concentrações de alimentação.

Esta tendência não foi verificada entre as soluções de 40 e 50 g/L, devendo-se a


fatores como erros experimentais pela imprecisão da medição da altura, devido tanto a
turbidez da interface da suspensão como a imprecisão na escala de medida adotada, já que
esta não conseguia registrar mudanças muito pequenas na altura ao longo do tempo. Outro
fator são as aproximações no cálculo das velocidades de sedimentação durante a aplicação
da Equação 3, baseado na diferença entre as alturas de dois pontos experimentais
seguidos em determinado intervalo de tempo.

18
Quanto ao efeito da presença de coadjuvante na suspensão, obteve-se um aumento
considerável na área do sedimentador, devido à redução na velocidade de sedimentação
que este promove em suspensões com mesmas concentrações na alimentação de sólidos.
Novamente, deve-se levar em conta que sua presença consegue remover uma quantidade
maior de sólidos no líquido clarificado produzido, reduzindo sua turbidez e gerando um
produto com maior qualidade.

4. Conclusões

A partir da análise dos resultados obtidos conclui-se que tanto o aumento da


concentração de sólidos em suspensão quanto a adição de agente coadjuvante levam à
redução da velocidade de sedimentação observada, conforme mostrado pelo aumento do
tempo crítico de 13,85 minutos para a suspensão de concentração 30g/L para 23,70
minutos para suspensão de concentração de 50 g/L com adição de sulfato de alumínio; bem
como pela diminuição da constante de velocidade de sedimentação de 0,0340 para 0,0212
respectivamente. No entanto, comparando-se as soluções de mesma concentração as
quais diferiam pela adição ou não de agente coadjuvante, observa-se que a presença do
coagulante leva a altura crítica bastante superior de 7,23 cm para 11,46 cm.
Quanto à área projetada para sedimentadores contínuos a partir das curvas de
sedimentação experimentais, conclui-se que o aumento da concentração de sólidos na
alimentação, reduz a área do sedimentador, de 17,41 m² para suspensão de concentração
de 30g/L para 8,21m² na concentração de 50g/L, mostrando que o efeito desse aumento de
concentração é predominante em relação à redução observada na velocidade de
sedimentação com o aumento da concentração. Já para concentrações de suspensão com
ou sem a presença de agente coadjuvante, observa-se aumento da área devido à redução
da velocidade de sedimentação de 8,21 m² para 15,31 m² na presença de coadjuvante.

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5. Sugestões para continuação do trabalho

Para a continuação do trabalho indica-se realizar o monitoramento para a suspensão


de 50 g/L com coadjuvante por um intervalo de tempo maior que 80 minutos, já que não foi
possível observar adequadamente a região de estabilização da altura de interface no tempo
pré-determinado.
Recomenda-se também realizar ensaios com diferentes concentrações de
coagulante e utilizando mais de um destes, a fim de analisar o efeito da dosagem e
comparar a atuação de diferentes coadjuvantes no tempo de sedimentação da suspensão e
na limpidez do líquido sobrenadante final.
Além disto, o ajuste de fita métrica ou outro método de medição de altura mais
confiável seria indicado, de forma a facilitar as tomadas de altura de interface e tornar os
dados mais seguros.

6. Referências Bibliográficas

CREMASCO, M. A. (2012). Operações Unitárias em Sistemas Particulados e


Fluidomecânicos. São Paulo: Blucher.

FOUST, A. S. ( 1982). Princípios das Operações Unitárias. Rio de Janeiro: LTC.

7. Anexos

A. Memória de Cálculo

Cálculo da massa de CaCO3 utilizada em cada solução

Sabendo o volume da proveta (250 mL) e a concentração desejada, calcula-se a massa


requerida através a da seguinte relação:

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Para uma concentração de 30 g/L, temos:

Para encontrar a massa necessária de sulfato de alumínio (coagulante) necessária


para obter 1200 ppm na solução, assume-se que 1 L de solução equivale a 1 Kg da mesma,
logo precisa-se de 1200 g de coagulante para 1000 L, assim:

1200 g ----------- 1000 L

mcoag ----------- 0,25 L

Cálculo da área do sedimentador industrial

Infomações fornecidas pelo experimento:

 Fluxo: F = 10 ton/h
 Concentração inicial: Co = 30 g/L, 40 g/L e 50 g/L (com e sem coagulante)
 Concentração de lodo desejada: Ce* = 0,1 g/cm³
 Densidade de CaCO3: ρCaCO3 = 2,8 g/cm³
 Assumiu-se que a densidade da suspensão seria a mesma da água, sem variação:
ρsusp. = 0,995 g/cm³

Para apresentar um cálculo aqui, utiliza-se dados de concentração 30 g/L , com os dados
coletados no tempo entre 0 e 20 segundos:

 H (t=0) = 21 cm
 H (t=20) = 20,6 cm

Primeiro, calculou-se a velocidade de sedimentação:

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Acertando as unidades do fluxo e concentração inicial:

Calculou-se também a concentração da suspensão em cada instante:

Assim, temos:

Por fim, para calcular a área do sedimentador, utiliza-se a equação a seguir:

Assim, para os dados obtidos até o momento:

Determinação da constante i

A constante i é determinada a partir da seguinte Equação A4:

Montando o gráfico, com o eixo como ln(H − H∞) e o eixo como − . Dessa
maneira, a constante i será o coeficiente angular da reta obtida. No entanto, observa-se que

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o gráfico só é definido para a região após o ponto de sedimentação crítica. Para a
suspensão de 30 g/L, a equação da reta obtida foi:

Y = -0,034.x + 0,6984

Assim, temos que

i = -(coef. Angular) = -(-0,034) = 0,034

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