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Emulsões

PROFA. MESTRE MARANA SOARES


MARTINS
Emulsões

❑ Definição – Misturas heterogêneas nas


quais uma fase dispersa é constituída por
pequenas gotículas de líquido distribuídas
em um veículo no qual são imiscíveis.
❑ Macroemulsões - tamanho das gotículas
varia de 100 a 100.000 nm
❑ Microemulsões – tamanho das gotículas
varia de 10 a 100 nm*
*transparentes
Emulsões

❑ As emulsões são sistemas bifásicos


❑ FASE DISPERSA Fase interna ou descontínua
❑ FASE DISPERGENTE Fase externa ou contínua

❑ De acordo a predominância da fase e


tipo de emulsificante temos:
❑ Emulsões óleo em água (O/A) Óleo é a fase interna
❑ Emulsões água em óleo (A/O) Água é a fase interna
Emulsões - consistência
❑ As emulsões podem ter várias
viscosidades e sua consistência varia de
líquida a semi-sólida.
➢ Emulsões líquidas: uso oral, tópico
ou parenteral
➢ Emulsões semi-sólidas: uso tópico

Muitas preparações são emulsões denominadas


farmaceuticamente como loções, cremes,
unguentos, pomadas etc.
Aplicações das Emulsões
◼ Uso externo –
◼ Emulsões tópicas - cremes ou loções

◼ Uso interno - geralmente O/A, para veicular:


◼ fármacos hidrofílicos e lipofilicos
simultaneamente;
◼ veicular fármacos lipofílicos;
◼ mascarar odor e sabor desagradável;
◼ aumentar a absorção ou permeação dos
fármacos
Aplicações na cosmetologia
➢Emolientes
➢Hidratantes
➢Bronzeadores
➢Protetores solares
➢Base para substâncias hidro e lipossolúveis
Requisitos da preparação
Basicamente os mesmos para formas farmacêuticas de
aplicação tópica:
▪Não deve ser irritante;
▪Deve ser estável;
▪Não deve sofrer degradação;
▪Deve ser compatível com os ingredientes da formulação;
▪Deve facilitar a absorção do princípio ativo.
Efeito hidrofóbico e gravidade

De que maneira é possível formar uma


emulsão?
Formação de pequenas gotas;
Estabilização das gotas;
Classificação das emulsões
A/O – creme lipofílico O/A – creme hidrofílico
Insolúveis em água Miscíveis com água
Não são laváveis São laváveis
Não absorvem água Podem absorver água
São oclusivas Não são oclusivos
Apresentam aspecto brilhante Aspecto opaco
Utilizados como cremes Usados principalmente durante
noturnos, de massagem o dia, são evanescentes
Menos susceptíveis ao ataque Mais susceptível ao ataque e
de microorganismos proliferação de m.o
Efeito hidratante Boa absorção pela pele
Teorias da Emulsificação
Muitas teorias foram propostas na tentativa
de explicar como os emulgentes promovem a
emulsificação e mantêm a estabilidade da
emulsão.

As teorias mais prevalentes: da tensão


superficial, da cunha orientada e do filme
interfacial.
Teoria da tensão interfacial
Todos os líquidos tendem a assumir a forma que produza a
menor área superficial.
Para a gota de um líquido = esfera.
Uma gota do líquido possui forças internas que tendem a
promover a associação das moléculas, de modo a resistir à
distorção da esfera.
Quando juntamos dois líquidos imiscíveis, existe uma força que
faz com que cada um deles resista à fragmentação em
partículas menores chamada tensão interfacial.
Os emulgentes (ou emulsificantes) são substâncias que
reduzem a tensão interfacial entre os líquidos imiscíveis e
permitem a sua mistura dando estabilidade à formulação.
Teoria da cunha orientada
A teoria está baseada que determinados emulgentes se
orientam na superfície e no interior do líquido, em função
de sua solubilidade.
Os emulgentes possuem uma porção hidrofílica e outra
hidrofóbica, orientando- se dentro de cada fase em um
arranjo em cunha, circundando a fase interna.
A fase na qual o emulgente é mais solúvel se tornará a
fase contínua ou externa da emulsão.
Não representa a ilustração mais exata do arranjo
molecular do emulgente, mas o conceito de que os
emulgentes solúveis em água formam emulsões O/A é
importante e muito encontrado na prática.
Teoria do filme interfacial
O emulgente está na interface O/A, em volta das gotas
da fase interna, como fina camada de filme adsorvido na
superfície.
O filme evita o contato e a coalescência da fase interna,
e quanto mais resistente e flexível ele for maior
estabilidade da emulsão.
A formação de uma emulsão O/A ou A/O depende da
solubilidade do emulgente nas duas fases, sendo que
aqueles solúveis em água formam emulsões O/A e aqueles
solúveis em óleo, o inverso.
É improvável que uma única teoria de emulsificação
possa explicar as maneiras pelas quais os muitos
emulgentes promovem a formação da emulsão e sua
estabilidade.
Provável que em uma única emulsão mais de uma
dessas teorias seja aplicável.
EX: a redução da tensão interfacial é importante na
formação inicial de uma emulsão, mas a formação de
uma cunha de moléculas ou de um filme protetor é
determinante para a manutenção da estabilidade.
Emulsões

◼ Componentes básicos das emulsões:

◼ Fase aquosa
◼ Fase oleosa
◼ Agente emulsificante
(propriedades tensoativas)
Emulsões
◼ A emulsão é um sistema termodinamicamente
instável, portanto há necessidade de incorporar um
agente emulsificante

◼ Os EMULSIFICANTES são tensoativos que


diminuem a "tensão interfacial" entre a fase
interna e a externa fazendo com que as fases se
misturem e a dispersão permaneça estável.

A emulsificação permite ao farmacêutico preparar


misturas homogêneas e relativamente estáveis de dois
líquidos imiscíveis.
Tipos de emulsões
Constituintes
◼ FASE OLEOSA ◼ FASE AQUOSA
◼ Adjuvantes ◼ Adjuvantes
◼ emulsionante, ◼ água,
◼ co-Emulsionante, ◼ umectante,
◼ espessante, ◼ espessante,
◼ emoliente, ◼ conservante,
◼ Antioxidante, ◼ quelante,
◼ fotoprotetor. ◼ corante
Constituintes

➢FASE AQUOSA: nesta fase se dissolvem


todos os componentes hidrossolúveis desde que
não sejam sensíveis a temperatura.

➢FASE OLEOSA: é constituída pelos elementos


graxos da formulação, como óleos, ceras,
gorduras, vitaminas lipossolúveis, lanolina,
resinas, agentes antioxidantes.
Constituintes
EMULSIFICANTES: são substâncias que atuam sobre a
tensão interfacial de líquidos imiscíveis, facilitando a
obtenção e estabilização das emulsões.
EMOLIENTES: são responsáveis por características
importantes, tais como espalhamento, absorção,
viscosidade, controle de umidade e sensação lubrificante.
ESPESSANTES: agem como auxiliares dos
emulsificantes, aumentando a viscosidade da fase
externa evitando possíveis coalescências
UMECTANTES: atuam na retenção de água no produto.
Sobre a pele atuam como agentes hidratantes.
Agentes estabilizantes
ANTIOXIDANTES: tem a função de proteger o
produto contra oxidações causadas pelo oxigênio
atmosférico, bactérias e fungos.
➢Esta oxidação ocorre principalmente na fase
oleosa.

AGENTES QUELANTES: quelam possíveis íons que


possam estar presente. Atuam em sinergismo com
os conservantes e antioxidantes.
Modificadores de
caracteres organolépticos
CORANTES: alteram a aparência física
(cor) do produto

ESSÊNCIAS: devem adequar-se ao tipo de


formulação, não podendo ser alergênicas,
instáveis e de difícil manipulação.
Fase oleosa
A seleção das substâncias graxas está ligada diretamente
às características finais desejadas para o produto em
função de sua aplicação.

◼ Tipos de Aplicação:
◼ Via tópica - óleo mineral;
◼ Via oral - óleo mineral; vaselina sólida; óleo de
óleo de fígado de amêndoas; ceras (cera de
bacalhau; óleo de mamona abelha, cera de carnaúba);
ácidos graxos (ácido
◼ Via parenteral - óleo de esteárico; ácido palmítico,
semente de algodão; óleo ácido mirístico); álcoois
de soja; óleo de amendoim; graxos (álcool estearílico e
óleo de gergelim cetílico)
Fase aquosa

A seleção das substâncias adjuvantes


presentes na fase aquosa depende das
características físico-químicas e estabilidade
do fármaco, se presente na fase aquosa
(antioxidantes, tampões) e da correção das
características organolépticas, se esta for a
fase externa.
Emulsificantes

Tensoativos substâncias que reduzem


a tensão superficial.

◼ Possuem afinidade com as interfaces de


líquidos imiscíveis;
◼ Estrutura anfifílica - na mesma molécula -
estrutura polar (solúvel em água -
hidrófila) e apolar (insolúvel em água -
hidrófoba)
◼ Garantem a estabilidade física das emulsões
Emulsificantes

◼ Características ideais dos emulsificantes:


◼ Balanço adequado entre estrutura hidrófila e
hidrófoba - para que se mantenham na interface
◼ Produzir emulsões estáveis (podem ser usados
agentes emulsificantes secundários)
◼ Estáveis à degradação química e microbiológica
◼ Inertes
◼ Não-tóxicos
◼ Inodoro; insípido; incolor
◼ Custo baixo
Tipos de Tensoativos
◼ TENSOATIVO CATIÔNICO –
carga positiva (cloreto de cetil
trimetilamônio 50 %, cloreto de
A solução aquosa estearil dimetil benzil amônio
dos tensoativos 25%)
pode ou não ◼ TENSOATIVO ANIÔNICO –
carga negativa (lauril sulfato de
apresentar sódio)
dissociação ◼ TENSOATIVO ANFÓTERO –
carga variável (betaínas e
eletrolítica. aminoácidos)
◼ TENSOATIVO NÃO-IÔNICO –
não apresenta carga (álcool
laurílico, álcool cetoestearílico)
Tensoativos aniônicos
▪Compostos hidrocarbonados hidrófobos ligados a
grupos aniônicos como carboxilato, fosfato,
sulfonato, sulfato.
▪Aqueles contendo íons carboxilato são denominados
de sabões.
▪Cátions comumente associados: sódio, potássio,
amônio e trietanolamina.
▪Cátions multivalentes como Mg+2 e Ca+2 produzem
marcada insolubilidade.
Tensoativos aniônicos
O
HC C + Na
3
O
17 1

Estearato de sódio
O

HC
3 C S O + Na
17 1
O
Estearilsulfonato de sódio

HC
3 C O S O + Na
17 1
O
Estearilsulfato de sódio

Representados nas formas dissociadas para


destaque da forma aniônica
➢As emulsões aniônicas podem possuir capacidade
detergente, e por isso são utilizadas como emulsões de
limpeza, demaquilantes e para formulações de alta
permeação cutânea (como um creme aniônico para
tratamento).
➢Uma característica importante das emulsões aniônicas
é que elas são incompatíveis com ácidos e cátions
polivalentes
Tensoativos catiônicos
• Incluem sais de amina ou sais de amônio
quaternários ligados a grupos hidrocarbonados
hidrófobos.

• Antimicrobianos em preparações farmacêuticas

• Agentes condicionadores para pele e cabelos em


cosmética

• Tem propriedades anti-sépticas e desinfetantes

• Empregados como conservantes


Tensoativos catiônicos

C16H33 CH3
C16H33 N CH3 C16H33 N CH3
Cl Br
CH3 CH3

Cloreto de dicetildimetil amônio Brometo de cetiltrimetil amônio


Tensoativos anfotéricos
◼ Possuem cargas negativas e positivas em função
do pH.
◼ Contém grupos ácidos (carboxilatos) e básicos
(amônio quaternário) em sua molécula.
Exemplos - alquilbetaínas; lecitina; cefalinas.
◼ Empregados na cosmetologia - fabricação de
xampus condicionantes e condicionadores
◼ Ex: coco betaína; coco amido propilbetaína.
Tensoativos anfotéricos

CH2.CH2OH
N CH2.CO.O
CH3
R C CH2
R N CH3
CH2.CH2.CO.O N CH2

Alquilbetaína Alquilimidazolina
Tensoativos não iônicos
• Grupos polares não iônicos ligados a grupos
hidrocarbonados hidrófobos.
• Maior classe de compostos empregados em
sistemas farmacêuticos
• Boa estabilidade e compatibilidade química
• Menos sensíveis a variações de pH
• Baixa toxicidade e não irritantes
• Empregados em formas de uso tópico, oral e
parenteral
Tensoativos não iônicos
◼ Ésteres do glicol e glicerol – MEG (monoestearato de
glicerila); MOG (monooleato de glicerila); DEG
(diestearato de glicerila); MEPPG (monoestearato de
propilenoglicol); MOPPG (monooleato de propilenoglicol)

◼ Ésteres do Sorbitan - Monolaurato de sorbitan (Span 20);


Monopalmitato de sorbitan (Span 40)
◼ Polissorbatos - monooleato de polioxietilenossorbitan
(Tween 80); monolaurato de polioxietilenossorbitan
(Tween 20)
◼ Álcoois graxos etoxilados (álcool laurílico; álcool
cetílico; álcool estearílico)
Apresentam como vantagens em relação aos demais tipos
de emulsionantes:
➢menor grau de irritabilidade cutânea,
➢baixa toxicidade,
➢baixa sensibilidade aos aditivos,
➢maior grau de compatibilidade com substâncias diversas,
➢menor sensibilidade às alterações de pH,
➢Porém geralmente apresentam maior custo que os demais
Outros agentes emulsificantes

◼ NATURAIS
◼ Colóides hidrofílicos - gomas acácia, arábica;
gelatina; lecitina; colesterol

◼ SÓLIDOS FINAMENTE DIVIDIDOS


◼ Hidróxidos metálicos – hidróxido de magnésio
◼ Argilas coloidais – bentonita, Veegum
Ceras auto-emulsificantes
◼ Compostos de ceras + tensoativos não iônicos ou
aniônicos
◼ Espessantes
◼ Polawax NF
◼ CosmoWax
◼ Polibase
◼ Crodabase
◼ Uniox
◼ Lanette N (aniônico)
◼ Unibase (aniônico)
◼ Monoestearato de glicerilo AE (aniônico)
Estabilidade química e Microb.
◼ CONSIDERAR:
◼ características físicas (cor, odor, aspecto)
◼ degradação química (reações de oxi- redução,
hidrólise, incompatibilidades)
◼ contaminação microbiana

◼ SOLUÇÃO - Seleção adequada dos adjuvantes


◼ Lembrar da incompatibilidade química entre
tensoativos e conservantes
Estabilidade física
◼ Cremeação ou cremagem
◼ movimentação das partículas dispersas para cima
◼ Quebra
◼ Separação das fases
◼ Agregação
◼ união das partículas dispersas
◼ Coalescência
◼ fusão das partículas dispersas - separação de fases

Solução - seleção do emulsificante e adequada


concentração do mesmo e aumento da viscosidade da
fase externa
Exemplo emulsão oral
Emulsão de óleo mineral, ou de vaselina líquida, é do tipo
O/A

mistura o óleo com a goma arábica com 250 mL de água


purificada de uma única vez para formar a emulsão
primária.
A essa emulsão, as matérias-primas restantes são
acrescentadas lentamente com trituração, sendo que a
vanilina é dissolvida no álcool.

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