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Formulação Cosmética e Bases

Adequadas ao Biotipo Cutâneo

Conteudista
Prof.ª M.ª Thaís Brienza

Revisão Textual
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
OBJETIVO DA UNIDADE
• Conhecimentos para escolha da forma cosmética assertiva adequada para
cada biotipo cutâneo.

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Introdução
A maioria dos interessados por produtos cosméticos tende a observar a compo-
sição química nos rótulos dos produtos. Ao se deparar com tantos nomes com-
plexos, muitos desistem de compreender a importância dessas substâncias na
formulação. É fato que, para a compreensão de todos os compostos químicos
utilizados em cosméticos, deve-se ter anos de estudos, tanto na área da Química
quanto da Cosmetologia. No entanto, para a cosmetologia aplicada, apresenta-
-se uma maneira simples para orientar o profissional quanto aos componentes
químicos de forma geral, com ênfase naqueles que mais o interessam.

Nesta Unidade, vamos compreender as formas cosméticas e as bases adequa-


das para cada biotipo cutâneo.

Bases para Cosméticos, Formas Cosméticas


No século II d.C., Galeno, médico grego, misturou azeite, água de rosas e cera de abe-
lhas e criou a formulação denominada unguentum, similar ao cold cream, formulação
utilizada nos dias atuais, recomendada para a manutenção da saúde da pele.

Ao longo da História, empregaram-se vários ingredientes e técnicas a fim de pro-


porcionar benefícios à pele. Com o uso de recursos naturais que se adequavam
à época, valorizou-se o efeito desses recursos sobre a epiderme, destacando,
assim, a produção artesanal de formulações de uso tópico.

Depois da Revolução Industrial, teve início a fabricação em grande escala de cos-


méticos. Nos dias atuais, temos grande variedade de ingredientes de nova gera-
ção, os quais possibilitam o desenvolvimento de formulações tópicas com maior
especificidade, estabilidade, sensorial diferenciada e segurança ao uso cosméti-
co. Para tanto, utilizam-se diversas formas cosméticas de uso tópico em cosme-
cêuticos (COSTA, 2010, REBELLO, 2016).

O dermatologista norte-americano Albert Kligman criou o termo “cosmecêutico”,


na década de 1980, para definir produtos cosméticos que têm, em sua formula-
ção, princípios bioativos, com propriedades terapêuticas, porém em concentrações
menores que as utilizadas em medicamentos. Portanto, esses produtos podem ser
entendidos como formulações que têm ativos farmacológicos, mais eficazes que os
cosméticos, sem serem medicamentos. Atualmente, esses produtos são chamados
de dermocosméticos, quando levam os seus princípios ativos além da epiderme.

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Importante
A apresentação dos princípios ativos após uma ou mais operações
farmacêuticas, executadas com a adição, ou não, de excipientes
apropriados é o que denominamos forma farmacêutica, as nossas
formas cosméticas, que objetivam facilitar a manipulação e obter o
efeito cosmético desejado (COSTA, 2010).

A forma de apresentação (forma física) é escolhida de acordo com a forma de uti-


lização do cosmético, visando à praticidade, à higiene, aos custos de fabricação
(considerando matérias-primas e embalagem) e tipos e/ou subtipos de pele e ca-
belos, por exemplo. As formas cosméticas mais utilizadas são sólida, semissólida,
líquida, gasosa, stick, gel, sérum, suspensão e emulsão.

A forma sólida pode ser vista nos cosméticos em pó (talcos, máscaras argilosas,
maquiagens) e cristais de banho. A semissólida é uma forma muito consistente,
em geral, com altos teores de cera. É a forma de batons, sombras cremosas, más-
caras com elevada viscosidade e pomadas capilares.

Os cosméticos no estado líquido podem ser resultantes do uso de veículos como


água, álcool, propilenoglicol e/ou óleo. Loções aquosas (como loção tônica sem
óleo), loções hidroalcóolicas (como loção de limpeza com álcool) e líquidos oleo-
sos (como óleo de banho) são exemplos de cosméticos com forma de apresen-
tação líquida.

A forma gasosa pode ser representada pelo cosmético em aerossol. Consiste na


dispersão de um líquido e/ou sólido em um gás (propelente). A propulsão é feita
por meio da embalagem (envase sob pressão) e do gás propelente liquefeito.

A forma de apresentação em suspensão é uma mistura heterogênea que consis-


te em uma fase interna com partículas sólidas insolúveis na fase externa. Em ge-
ral, o veículo da fase externa é a água. Logo, as partículas da fase interna devem
ser insolúveis em água. Os cosméticos com aspecto perolizado e os esfoliantes
físicos são suspensões cosméticas.

Emulsão é o produto que contém duas fases imiscíveis misturadas graças a um


agente emulsionante. A maioria das emulsões cosméticas apresenta uma fase
aquosa e uma fase oleosa. As emulsões podem ser classificadas de acordo com
a sua viscosidade e quanto ao teor de água e óleo que contêm.

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Importante
A mistura heterogênea é constituída por substâncias imiscíveis,
sendo possível distinguir os componentes, como no caso cita-
do do esfoliante físico. Nesse produto, vê-se claramente um dos
componentes – ou, pelo menos, sente-se (imaginando uma situa-
ção na qual o agente esfoliante é branco e a base em que ele está
envolvido também). Já a mistura homogênea, também chamada
de solução, é aquela em que os componentes são miscíveis.

Classificação das formas tópicas utilizadas nos produtos cosméticos para a estética:

• Creme: emulsão consistente (Figura 1), podendo ser destinado à hidra-


tação, à nutrição etc. Os cremes e as loções podem ser classificados de
acordo com as características do surfactante empregado: aniônico, não
iônico ou catiônico, ou caracterizados segundo a fase interna e a externa
do creme. Quando o óleo representa a fase interna, chama-se emulsão
óleo em água (O/A), mas quando a água está na fase interna, denomina-
-se água em óleo (A/O) (COSTA, 2010; REBELLO, 2016);

• Leite ou loção cremosa: é uma emulsão fluida, menos consistente que


o creme, geralmente O/A (Figura 2) (REBELLO, 2016);

Figura 1 – Forma cosmética creme


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética creme. Imagem de uma pessoa com jaleco branco, em
frente a uma bancada de Laboratório, segurando um frasco redondo com creme dentro. Na bancada, ao
lado esquerdo da imagem, frascos de vidro de laboratório. Ao lado direito, outros dois frascos de vidro de
laboratório. Fim da descrição.

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Importante
• A/O: emulsão água em óleo. Apresenta menor teor de água e
maior teor de óleo, resultando em sensorial oleoso e secagem
demorada. Forma indicada para produtos de massagem, remo-
vedores de maquiagem e cosméticos com função oclusiva;

• O/A: emulsão óleo em água. Apresenta menor teor de óleo e


maior teor de água, resultando em secagem rápida e toque seco
e suave. Indicada para cosméticos faciais, produtos para mãos e
pés, além de corporais (geralmente, com ação desodorante);

• A/O/A e O/A/O: emulsões múltiplas (conhecidas como “emulsões


de emulsões”). As gotículas de uma das fases contêm gotículas
menores da outra fase, ou seja, no sistema A/O/A, a fase interna,
que é oleosa, tem gotículas de água em seu interior. Já no sistema
O/A/O, a fase interna, que é aquosa, tem gotículas de óleo.

Figura 2 – Representação esquemática de uma emulsão de óleo em água O/A


Fonte: Adaptada de COSTA, 2010
#ParaTodosVerem: imagem com a representação esquemática de uma emulsão de óleo em água O/A, sobre
fundo azul claro, quatro círculos em laranja. O fundo azul representa a fase aquosa (externa). Os círculos laran-
ja representam a fase oleosa (interna). Fim da descrição.

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• Loção: é uma solução constituída de água, álcool/água, água/propileno-
glicol, podendo ser chamada de loção tônica, adstringente, calmante, de
acordo com sua ação sobre a pele (REBELLO, 2016);

• Gel: definido como uma preparação semissólida que contém um agente


gelificante/mucilaginoso (Figura 3) para proporcionar uma consistência ade-
quada a uma solução ou dispersão coloidal, sendo composto por polímeros
hidrofílicos de diferentes estruturas químicas, alguns ionizáveis e outros não.
Para a formação do gel, são utilizados, por exemplo, ágar, pectina, ácido al-
gínico, alginatos, metilcelulose, carboximetilcelulose, hidroxietilcelulose, car-
boximetil celulose sódica, polímero carboxivinilico, copolímeros de cloreto de
dialquil dimetil amônio, acrilamida e polímeros “naturais”, como os obtidos
por origem biotecnológica (REBELLO, 2016; COSTA, 2010);

Figura 3 – Forma cosmética gel


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética em gel, sobre fundo azul. Na parte superior, uma imagem
de uma embalagem em bisnaga cheia de gel transparente. Embaixo da bisnaga, a forma cosmética em gel que
caiu da embalagem. Fim da descrição.

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• Gel-creme: as emulsões, quando estabilizadas com agentes de consistên-
cia como coloides hidrofílicos (gel) e baixas quantidades de substâncias
oleosas são denominadas creme-gel (Figura 4), que apresenta grande com-
patibilidade com princípios ativos e diferentes tipos de pele, sendo bem
aceitos pelos consumidores, pois apresentam melhor parâmetro relaciona-
do à espalhabilidade e à sensação ao toque (REBELLO, 2016);

Figura 4 – Forma cosmética gel-creme


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética gel-creme, sobre fundo branco. Imagem de um frasco re-
dondo prata com o produto dentro. Fim da descrição.

• Espuma (mousse): emulsão bifásica em que a fase interna é o ar (ou outro


gás) e a fase externa é um sólido ou líquido (Figura 5) (REBELLO, 2016);

Figura 5 – Forma cosmética espuma (mousse)


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética espuma, sobre fundo preto. Imagem de nove espumas bran-
cas. Fim da descrição.

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• Aerossol: refere-se a uma suspensão de partículas líquidas ou sólidas em
um gás (Figura 6), bastante utilizada em antitranspirantes, sendo uma apre-
sentação em que o gás propulsor se apresenta bastante estável (COSTA,
2010; RIBEIRO, 2010);

Figura 6 – Forma cosmética aerossol


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética aerossol, sobre fundo cinza. Imagem de uma mulher pas-
sando o desodorante aerossol. Fim da descrição.

• Sérum: é uma forma cosmética em soro, com textura leve e concentração de


princípios ativos, geralmente, maior que os cosméticos habituais. Tem gran-
de teor de água e pequeníssima quantidade de óleo, o que facilita a entrada
do produto na pele e melhora a sua espalhabilidade. Apresenta, ainda, efeito
sinérgico com outros cosméticos de tratamento (REBELLO, 2016);

• Pomada: é a forma cosmética semissólida que apresenta componentes


oleosos. Pode ser anidra ou conter apenas uma pequena quantidade
de água (Figura 7). Bastante utilizada em formulações em que se deseja
revestimento viscoso, adesão e oclusão da pele. Devido à composição
oleosa, apresenta poucos problemas de estabilidade e contaminação mi-
crobiana, sendo que, em relação a atributos sensoriais, os cremes são
mais bem aceitos pelos consumidores (COSTA, 2010);

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Figura 7 – Forma cosmética pomada
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética pomada, sobre fundo branco. Imagem de uma mão colocan-
do a pomada no dedo. Fim da descrição.

• Pasta: apresenta características semelhantes às da pomada, visto que


contém grande proporção de sólidos finamente dispersos num veículo
oleoso, conforme (COSTA, 2010);

• Suspensão: misturas heterogêneas que apresentam duas fases: uma


líquida, em que se dispersa, e outra sólida, que se sedimenta com faci-
lidade. Temos um exemplo bastante conhecido: leite de colônia, pasta
d’água (REBELLO, 2016);

• Pó: as substâncias se apresentam no estado seco (Figura 8). Algumas ve-


zes, pode ser adicionado um líquido (perfume, por exemplo), que é rapi-
damente absorvido. Por exemplo, talco mentolado.

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Figura 8 – Forma cosmética pó
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração da forma cosmética pó, sobre fundo branco. Imagem de um pó compacto, na
embalagem dourada. Fim da descrição.

Procedimentos Estéticos e
Adequação Cosmética ao
Biotipo Cutâneo
Para que o protocolo estabelecido pelo Profissional de Estética tenha sucesso,
é preciso levar em consideração o biotipo de pele do cliente e sua adequação à
forma cosmética, pois uma escolha errada pode causar danos à pele do paciente
como, por exemplo, a escolha de um cosmético em um veículo extremamente
oleoso para uma pele oleosa.

A pele apresenta diferentes características, de acordo com as regiões, etnia, idade


(pele de recém-nascido é mais fina e com o tempo vai aumentando sua espessura,
mas com o envelhecimento, vai afinando) e as características que se relacionam às
particularidades de cada tipo de pele.

Essas propriedades devem ser criteriosamente avaliadas para a determinação


da escolha da forma cosmética, como oleosidade excessiva, pele sensível, pele

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seca, que requerem a formulação de veículos com propriedades adequadas às
“necessidades” de cada tipo de pele (STEINER; ADDOR, 2014; COSTA, 2010).

Ao utilizar o creme, a loção cremosa e as pomadas, por serem formas que apre-
sentam componentes oleosos, deve-se ter cuidado com a escolha para peles
oleosas e mistas, devido a seu poder comedogênico. Para peles secas, são for-
mas cosméticas indicadas a esse biotipo de pele (COSTA, 2010).

Os géis-cremes apresentam baixas quantidades de substâncias oleosas, o que


confere compatibilidade com diferentes tipos de pele, permitindo uma sensação
de refrescância e leveza (REBELLO, 2016). Tanto os géis-creme quanto os séruns,
são formas cosméticas ideais para peles mistas a oleosas.

Os géis e o sérum, por não apresentarem material lipídico, são muito utilizados
em formulações para pele oleosa e acneica, como, por exemplo, compostos re-
frescantes, calmantes e hidratantes (COSTA, 2010).

Em Síntese
Em biotipos de pele que apresentem grande secreção de sebo
(pele oleosa), os veículos utilizados devem apresentar menos
conteúdo lipídico e ingredientes não comedogênicos, sendo que
a aplicação de um veículo não adequado favorece o desenvolvi-
mento da acne. Na pele seca, que apresenta desidratação, com
a perda de elasticidade, faz-se necessária a escolha de veículos
que auxiliem na melhora dessa funcionalidade e que tenham
alto poder de hidratação para repor perda de água em excesso
(COSTA, 2012; REBELLO, 2016).

É extremamente importante levar em consideração que a pele sensível requer for-


mulações hipoalergênicas e não irritantes. Nas formulações de cosméticos para
peles sensíveis, não devem ser utilizados vasodilatadores e hiperemiantes, visto
que são significativamente sensibilizantes. Considerando as formas de apresen-
tação, as soluções hidroalcoólicas não devem ser utilizadas. As demais podem,
desde que mencionado no rótulo: “Produto para pele sensível” (COSTA, 2012).

Saiba Mais
O cuidado na escolha da forma cosmética e dos ingredientes da for-
mulação também deve ser considerado para as diferentes regiões
anatômicas do corpo, como a diferença de um veículo de um produto
para a área dos olhos, que deve ser produzido de acordo com a for-
mulação para peles sensíveis e deve ser considerada a ausência de
perigo no caso de as formulações atingirem os olhos (COSTA, 2012).

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Componentes de uma
Formulação Cosmética
Embora exista uma gama de componentes químicos utilizados em cosméticos,
eles podem ser organizados em quatro grupos: ativos, aditivos, produtos de cor-
reção (ou ajustamento) e veículos (ou excipientes). Assim, os produtos cosméti-
cos podem ser formulados com até quatro tipos básicos de matérias-primas.

Princípio ativo
Em qualquer formulação, seja ela cosmética ou medicamentosa, o princípio ativo
é a substância que tem efeito mais acentuado ou a substância que confere ao
produto a ação final a que se destina. Uma formulação cosmética pode conter
mais de um princípio ativo, cada um com sua finalidade principal.

O princípio ativo é definido como a substância química ativa, fármaco, droga ou


matéria-prima (podendo ser sintética ou natural) que apresente propriedades
farmacológicas utilizadas para diagnóstico, alívio ou tratamento, empregada
para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou melhorar as disfunções em
benefício da pessoa na qual se administra (ANVISA, 20120; REBELLO, 2016).

Excipientes
Já os excipientes, que geralmente constituem a maior parte da formulação, são
definidos como as substâncias adicionadas ao produto a fim de melhorar a sua
estabilidade ou sua aceitação como forma cosmética. Têm a função de estabili-
zar e preservar o aspecto e as características físico-químicas da fórmula cosméti-
ca (ANVISA, 20120; REBELLO, 2016).

Os excipientes podem funcionar como diluentes, desintegrantes, aglutinantes,


lubrificantes, conservantes, solventes, edulcorantes, aromatizantes, agentes do-
adores de viscosidade, veículo, agentes antioxidantes etc. Em geral, os excipien-
tes são terapeuticamente inertes, inócuos nas quantidades adicionadas e não
devem prejudicar a eficácia do princípio ativo (ANVISA, 20120);

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• Conservantes: presentes nas formulações a fim de proteger o produto
cosmético, sendo selecionados conforme seu espectro de ação, podendo
ter ação bactericida e fungicida, devendo apresentar inocuidade e compa-
tibilidade físico-química. Protegem o cosmético de contaminações micro-
bianas e de oxidações indesejáveis, assegurando seu prazo de validade e
oferecendo segurança ao usuário. Podem ser classificados em bactericidas,
fungicidas ou oxidantes (ANVISA, 2012; REBELLO, 2016);

• Corretor de pH: substâncias que irão corrigir a fórmula conforme a ne-


cessidade de correção de pH (acidificantes ou alcalinizantes), deixando-o
adequado ao uso do produto e seu local de aplicação (REBELLO, 2016);

• Corantes e pigmentos: substâncias adicionais aos cosméticos, perfumes,


produtos de higiene e similares, de origem natural ou sintética, produzem
sensações visuais ao usuário, com o efeito de conferir cor e, em determina-
dos tipos de cosméticos, transferi-la para a superfície cutânea e os anexos
da pele (Figura 9). Para seu uso nesses produtos comercializados, deve-se
observar a Legislação e as Resoluções vigentes pela ANVISA (ANVISA, 2012);

Figura 9 – Corante
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração do corante, sobre fundo branco. Imagem do corante amarelo despejado na ban-
cada. Fim da descrição.

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• Perfumes/Fragrância: substâncias que, adicionadas aos produtos, con-
ferem um aroma que define a individualidade do produto, compostas de
diversos compostos aromáticos naturais ou sintéticos capazes de impres-
sionar as vias olfativas (Figura 10) (ANVISA, 2012; REBELLO, 2016);

Figura 10 – Fragrância define a individualidade ao produto


Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: ilustração representativa da fragrância que define a individualidade ao produto, sobre fun-
do de paisagem. Imagem de uma mulher segurando um frasco de vidro azul sob as narinas, inspirando a fra-
grância. Fim da descrição.

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• Emolientes: substâncias empregadas em produtos cosméticos de uso
tópico, como óleos ou lipídeos, com o objetivo de suavizar ou amaciar a
pele ou, ainda, torná-la mais flexível. A oclusão promovida pelos emolien-
tes diminui a perda transepidermal de água e, assim, aumenta a hidrata-
ção do estrato córneo. Com isso, evita ou atenua o ressecamento da pele
e dos cabelos. O emoliente é responsável pelo toque final do produto
cosmético (ANVISA, 2012);

• Umectantes: capaz de reter a água na formulação cosmética, ao mesmo


tempo em que mantém a superfície da pele umedecida. Apresentam pro-
priedades higroscópicas, capazes de adsorver água do ambiente, de certa
forma, “molhando” a superfície da pele e, no produto, evitam o resseca-
mento da superfície do creme. Por exemplo: glicerina (REBELLO, 2016)
(Figura 19);

• Tensoativos: na sua estrutura molecular, apresentam grupos com afini-


dade pela água, chamados de hidrofílicos, e afinidade por lipídeos, os li-
pofílicos, tendo capacidade de ação higienizantes, emulsificante, condicio-
nadores e antimicrobianos. Podem apresentar cargas como os aniônicos
(carga negativa), de ação detergente. Por exemplo, Lauril éter sulfato de
sódio, utilizado em xampus e sabonetes líquidos (Figura 20). Os catiônicos
(carga positiva) têm ação antimicrobiana e ação condicionadora, usados
respectivamente em desodorantes (Cloreto de cetiltrimetil amônio) e con-
dicionadores (Cloreto de cetrimônio). Os sem carga (não-iônicos), usados
como agentes emulsionantes em formulações cremes (Alcanolamidas de
ácidos graxos), e os com carga positiva e negativa (anfóteros), que de-
pendem do pH do meio em que estão, como os derivados de imidazolina
encontrado em xampus para uso em crianças (REBELLO, 2016);

• Espessante ou estabilizante: impede a mobilidade da fase aquosa, alte-


rando a sua viscosidade e auxiliando o emulsionante, impedindo o rompi-
mento da emulsão;

• Quelantes ou Sequestrantes: retiram os íons indesejáveis da formula-


ção. Essa matéria-prima é capaz de complexar íons metálicos polivalentes,
como cálcio e ferro. Os sequestrantes são muito importantes, por exemplo,
em formulações de xampus, pois evitam que a presença do íon cálcio difi-
culte a formação de espuma (REBELLO, 2016);

• Solubilizante: promove a solubilização de uma substância em meio a um


dispersante. Muito utilizado para dissolver corantes e conservantes.

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Importante
O Profissional de Estética deve consultar a embalagem dos pro-
dutos, na qual constam os ingredientes, para assim identificar os
benefícios agregados ao produto e fazer sua escolha dentre tantos
produtos disponíveis no Mercado (REBELLO, 2016).

Produto Cosmético Manipulado


e Industrializado

A Farmácia Magistral permite a elaboração de um produto personalizado.


Diante disso, é muito comum a prescrição magistral a fim de personalizar o
tratamento. A década de 1980 marcou o início da fase promissora do Setor
Magistral, com a Estética e a Dermatologia. O Produto Cosmético magistral é
preparado na Farmácia, por um profissional Farmacêutico habilitado, ou sob
sua supervisão direta sendo, assim, destinado a um paciente individualizado
(COSTA, 2012; ANVISA 2012).

O prazo de validade dos cosméticos magistrais é a data limite de utilização do


produto, sendo definido pelo farmacêutico, seguindo critérios específicos para
cada formulação e condições de conservação, de forma a assegurar que o pro-
duto manipulado mantenha sua eficácia e segurança (ANVISA, 2012).

Às vezes, um produto feito com êxito no Laboratório (em pequena escala) pode
apresentar características bem diferentes quando produzido em escala industrial.
Por exemplo, para se fazer 1 kg de uma emulsão, usa-se um agitador com determi-
nada velocidade de agitação e certo tempo de resfriamento do produto. Quando a
escala de produção muda para quantidades superiores, a velocidade de agitação e
o tempo de resfriamento do equipamento presente na fábrica não correspondem
exatamente à velocidade e ao tempo do equipamento do Laboratório. Isso pode
ocasionar diferenças nas características do produto final (COSTA, 2012).

A Indústria de Cosméticos constitui um dos segmentos mais importantes da


Economia mundial. Em produção, o Brasil passou ao terceiro lugar no ranking
mundial e ao primeiro na América Latina. O Mercado para cosméticos usando
nanotecnologia prevê um crescimento significativo nos próximos anos (CRF-PR).

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Leitura
O Brasil ocupa o terceiro lugar do mun-
do em gastos com cosméticos. Quer sa-
ber mais? Leia a matéria disponível no
QR Code ao lado.

Os profissionais de Estética podem utilizar tanto produto manipulado quanto in-


dustrializado, conforme sua necessidade, sendo uma vantagem da Farmácia de
Manipulação a individualização do produto para cada cliente.

Já a vantagem do cosmético industrializado é a tecnologia de fabricação, ter pra-


zo de validade maior do que o produto manipulado e a grande diversidade de
produtos e marcas disponíveis.

Assim, cabe ao Profissional de Estética avaliar qual produto atende à sua ne-
cessidade, sendo que tanto os produtos manipulados quanto os industrializa-
dos atendem às exigências de qualidade e segurança do cosmético.

Cosméticos Ionizáveis
Cosméticos ionizáveis são cosméticos que têm polaridade, podendo ser negati-
va (–) ou positiva (+), sendo que todas as informações estão descritas no rótulo
do produto e no modo de ionização.

Assim, utiliza-se a técnica de iontoforese, que aumenta a permeação de ativos


eletricamente carregados. O equipamento é composto de dois eletrodos, um
ativo (que fica em contato com o cosmético ionizável) e outro passivo (fechar o
circuito de corrente).

Assim, pelo mecanismo de eletrorrepulsão, o princípio ativo ionizado é perme-


ado na pele. Estudos confirmam o aumento da penetração de drogas ionizáveis
por iontoforese quando comparado ao transporte passivo isolado (SOUZA, 2011).

Dessa forma, tanto os princípios ativos de carga positiva quanto negativa serão
liberados, mas devem ser colocadas sob o eletrodo que apresente a mesma
carga elétrica. Portanto, ativos de valência positiva deverão ser exclusivamen-
te colocados sob o polo positivo, enquanto os de valência negativa somente
no polo negativo. Assim, a interação ativo/campo elétrico proverá força adicio-
nal suficiente para direcionar íons de polaridade semelhante por meio da pele
(OLIVEIRA et al., 2005 apud BARRY, 2002).

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Em Síntese
A permeação de substâncias ionizáveis por difusão passiva é limi-
tada. Assim, a iontoforese constitui uma alternativa para poten-
cializar a transferência de tais substâncias ionizadas, garantindo,
dessa forma, níveis de concentração superiores à difusão passiva.
Em decorrência da eletrorrepulsão, a corrente contínua foi eleita
a fonte preferencial, vez que o fluxo de elétrons é unidirecional e
constante durante o período de aplicação (OLIVEIRA, 2002).

Cosméticos Fotoativáveis
À associação da fototerapia e princípios ativos cosméticos que contenham gru-
pos cromóforos (interagem com a luz no espectro do visível e infravermelho) em
sua estrutura é o que chamamos de cosméticos fotoativados, sendo que o com-
primento de onda específico definido (temos diferentes comprimentos de onda)
deve ser correspondente ao pico de absorção do fotossensibilizante permitindo,
assim, maior estímulo à produção do ATP mitocondrial e a melhores resultados
nos protocolos devido à fotobiomodulação.

Um exemplo é a utilização de cosméticos fotoativados para tratamento da acne,


que agem promovendo a fotodestruição do Propionibacterium acnes, a redução
do tamanho das glândulas sebáceas e a diminuição da produção de sebo (ISSA;
MANELA-AZULAY, 2010).

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Livros

Cosmetologia
GASPERI. E. N. Cosmetologia I. Indaial: Meta Brasil, 2015.

Leitura

Entenda Melhor as Formulações Cosméticas


https://bit.ly/3ncoSZV

Vídeo

Farmacotécnica – Como Fazer Emulsões


https://youtu.be/gZcSUky4ZjU
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA. Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. 2. ed. Brasília: ANVISA, 2012.

BARRY, B. W. Drug delivery routes in skin: a novel approach, Adv. Drug. Deliv. ver., [s.l.],
n. 54, p. S31-S40, 2002.

COSTA, A. D. Tratado internacional de cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

CRF-PR. A indústria de Produtos Cosméticos – Avanços científicos, tecnológicos e re-


gulatórios. Disponível em: <http://www.crf-pr.org.br/uploads/comissao/6298/a_indus-
tria_de_produtos_cosmeticos_avanos_cientificos_tecnologicos_e_regulatorios.pdf>.
Acesso em: 5/07/2018.

ISSA, M. C. A.; MANELA-AZULAY, M. Terapia fotodinâmica: revisão da literatura e docu-


mentação iconográfica. Rio de Janeiro, Na Bras. Dermatol., v. 85, n. 4, p. 501-511, 2010.

HARRIS. Pele – Do nascimento à maturidade. São Paulo: SENAC, 2017.

MATOS, S. P. Cosmetologia aplicada. São Paulo: Érica, 2014.

OLIVEIRA, A. S.; GUARATINI, M. I.; CASTRO, C. E. S. Fundamentação teórica para iontofo-


rese, Rev. Bras. Fisioter., São Carlos, v. 9, n. 1, p 1-7, 2005.

REBELLO, T. F. S. Guia de produtos cosméticos. São Paulo: SENAC, 2016.

RIBEIRO, C.; FERRARI, M. Cosmetologia aplicada à dermoestética. São Paulo: Phar-


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SOUZA, J. G. Avaliação da penetração cutânea iontoforéticada zinco ftalocianina


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