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Estabilizantes Químicos

Os coadjuvantes técnicos deste grupo desempenham papel direto na


estabilidade química da formulação. A baixa estabilidade química está relacionada à
maior reatividade química de uma substância, ou seja, sua capacidade de se
decompor ou de combinar com outras moléculas gerando outros compostos
químicos. A importância de promover a estabilidade química de uma formulação está
no simples fato de que os compostos gerados podem ser potencialmente tóxicos ou
farmacologicamente inativos.
Entre os principais tipos de estabilizantes químicos temos: os antioxidantes,
quelantes, tamponantes, acidificantes e alcalinizantes.

Antioxidantes

São agentes adicionados para prevenir a oxidação do princípio ativo ou do


medicamento como um todo. Podem ser hidro ou lipossolúveis, naturais ou
sintéticos, bem como orgânicos ou inorgânicos. São exemplos de antioxidantes: o
ácido ascórbico, metabissulfito de sódio, sulfito de sódio, tioureia, BHA, BHT e
tocoferol.
Quelantes

São agentes que complexam com metais (traços contaminantes), evitando


que estes catalisem (acelerem) um processo de oxidação. São exemplos de
quelantes o EDTA, ácido cítrico, ácido tartárico.

Tamponantes

São agentes que mantêm o pH em uma faixa estreita ótima de estabilidade.


São ainda importantes quanto ao aspecto fisiológico, processo de solubilização de
determinados fármacos e processo de absorção. Os principais sistemas tampão são:
citrato de sódio/ácido cítrico; fosfatos alcalinos, bicarbonato/gás carbônico.
Acidificantes

Têm a função de baixar o pH para um valor biocompátivel e de maior


estabilidade, especialmente frente à hidrólise. Podem ainda, em medicamentos de
uso oral, conferir à formulação um sabor ácido agradável, sendo nestes casos
usualmente denominados acidulantes. Alguns exemplos de acidificantes de uso
farmacotécnico incluem: ácido cítrico, ácido clorídrico, ácido tartárico, di-
hidrogenofosfato de sódio.
Alcalinizantes

Possuem a função de elevar o pH. Como exemplos, temos o hidróxido de


sódio, carbonato de sódio, citrato de sódio, amônia, trietanolamina e fosfato disódico.

Estabilizantes Físico-químicos
Os coadjuvantes técnicos deste grupo exercem mudanças quimicamente
reversíveis na interação entre a fase dispersa (ex.: fármaco) e veículo. Dessas
mudanças há a estabilização da formulação medicamentosa frente a deteriorações
comumente classificadas como físicas (ex.: separação de fases numa emulsão).
Entre os processos físico-químicos envolvidos na estabilização de um medicamento
temos a ionização, ou protonação, a solvatação, alteração da constante dielétrica,
redução da tensão interfacial, efeitos de eletrólitos sobre o potencial zeta. Os
principais coadjuvantes envolvidos nesta classe são: tensoativos (emulsificantes e
mollhantes); cossolventes e solventes, acidulantes, alcalinizantes, eletrólitos,
floculantes e coagulantes.

Tensoativos, Emulsificantes e Molhantes

Agentes que diminuem a tensão interfacial entre duas fases de polaridades


distintas. Possuem uma porção polar e outra apolar, sendo que, dependendo da
característica da parte polar, classificam-se em:
EXEMPLOS DE TENSOATIVOS ANIÔNICOS, CATIÔNICOS, ANFÓTEROS
E NÃO IÔNICOS

Lauril sulfato de sódio - LSS

Dodecil betaína

Dodecil benzeno sulfonato de sódio

Monoéster de sorbitano
Cloreto de n-dodecil piridina

Octil fenol polietoxilado


Lauril mono etanolamida

• Aniônicos - quando a parte polar possui carga efetiva negativa;


• Catiônicos - quando a carga é positiva;
• Não iônicos - quando a parte polar é um grupo hidrofílico, tal como
hidroxila ou amina primária;
• Anfóteros - quando há uma parte polar ionizável positiva e outra negativa,
tal qual aminoácidos.

Já os emulsificantes são tensoativos utilizados na estabilização de emulsões,


que são sistemas constituídos por líquidos imiscíveis (ex.: óleo-água). Entre os
principais tensoativos temos: lauril sulfato de sódio (LSS), estearato de sódio, oleato
de sódio, alquil ésteres de sorbitano, ésteres de sorbitano, álcool cetílico, estearatos
de polioxietileno.
Por outro lado, entende-se por molhantes os tensoativos utilizados com o
intuito de diminuir a tensão interfacial e superficial num sistema sólido-líquido-gasoso
promovendo o contato sólido-líquido e o deslocando gás adsorvido.
Esses processos resultam no aumento da molhabilidade da partícula sólida e,
consequentemente, favorecem sua dispersão no veículo. São molhantes os
tensoativos sintéticos (LSS, Span®, Tween®) e naturais (lecitina, colesterol, gomas)

Alcalinizantes e Acidificantes
Podem, além de garantir estabilidade química, promover a estabilidade física
por promoção da dissolução via ionização, ou por interferirem nos estados
reológicos de sistemas poliméricos, via modificações de interações inter e
intramoleculares.

Eletrólitos, Coagulantes e Floculantes


São coadjuvantes que atuam sobre cargas superficiais residuais de partículas
sólidas ou amorfas, atenuando, evitando ou modificando processos de
sedimentação. Exemplos: complexos e sais metálicos, polímeros hidrofílicos, bem
como acidificantes e alcalinizantes.

Estabilizantes Físicos
As características que diferem estabilizantes físicos de físico-químicos são
muito sutis. Basicamente, a ação de ambos está relacionada a ações tipicamente
físico-químicas. Entretanto, os coadjuvantes aqui classificados como físicos não
interferem diretamente nas propriedades de outro componente.
Entre os estabilizantes físicos temos aqueles relacionados à estabilidade
física do produto em processo, na prateleira e em uso. Entre os coadjuvantes
envolvidos na estabilidade física propriamente dita, temos os agentes doadores de
consistência (viscosificantes, espessantes e/ou agentes suspensores), os agentes
envolvidos na coesão do pó (aglutinantes) e os agentes de revestimento ou
cobertura (plastificantes, formadores de película, revestimentos entérico e
revestimento de açúcar).
Aqueles envolvidos na estabilização das propriedades físicas durante o
processo, tal como os envolvidos nas propriedades de fluxo de pó (lubrificantes,
antiaderentes e deslizantes), são importantes para uniformidade do produto final.
Já os desagregantes, assim como os agentes de cobertura, estão envolvidos
na estabilidade do produto durante a administração do medicamento e definem a
velocidade de absorção (biodisponibilidade) do medicamento.

Viscosificantes, Agentes Suspensores e Espessantes


São agentes que diminuem a fluidez ou conferem consistência. São úteis no
sentido de aumentar o tempo de sedimentação das suspensões.
O termo viscosificante é atribuído a líquidos viscosos (ex.: glicerina,
propilenoglicol, trietanolamina), enquanto os agentes suspensores são mais
associados a polímeros ou agentes sólidos hidrofílicos empregados em suspensões
ou formas semissólidas, como géis. São exemplos de agentes suspensores:
carboximetilcelulose (CMC), Carbopol®, Natrosol®, bentonita, Veegum®, caolin,
ágar, goma arábica, goma guar, goma xantana, goma adraganta. Já o termo
espessante é associado frequentemente a agentes doadores de consistência
empregados em cremes e pomadas lipófilas (ex.: parafina, ceras, álcool estearílico,
álcool cetílico, Lanett N® e ácido esteárico).

Lubrificante, Deslizantes e Antiaderentes


Melhoram as características reológicas do pó, uniformizando o peso de
comprimidos e cápsulas durante o processo de enchimento. Evitam também avarias
no equipamento, tais como riscos nas punções e matrizes das máquinas de
compressão causadas por fricção. São lubrificantes: estearato de magnésio,
estearato de cálcio, estearato de zinco, silicone, parafina e polietilenoglicol. Entre os
deslizantes mais utilizados estão à sílica coloidal, amido de milho e talco; e como
antiaderentes, o estearato de magnésio e o talco.

Aglutinantes
São utilizados para garantir a coesão de granulados e comprimidos. São, na
maioria, de natureza polimérica, e sua ação se dá por interações intermoleculares do
tipo ponte de hidrogênio, entre as partículas do pó. Entre os principais aglutinantes
temos as gomas, o ácido algínico, a carboximetilcelulose, a etilcelulose, povidona,
gelatina e Nu-Tab®.

Agentes de Cobertura
São agentes utilizados para revestir comprimidos ou cápsulas a fim de
conferir-lhes proteção adicional contra a decomposição química ou sabores
desagradáveis. A película de cobertura pode ser de três naturezas distintas:
cobertura de açúcar (ex.: glicose líquida, sacarose), cobertura polimérica
(hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose, metilcelulose) e
revestimentos entéricos (etilcelulose, acetoftalato de celulose, goma laca 35%).

Desagregantes
São usados em comprimidos para promover sua desintegração, facilitando a
dispersão e a absorção. Podem atuar por três mecanismos: intumescimento (ex.:
celulose microcristalina, alginato de sódio, croscarmelose), por formação de
canalículos (ex.: glicose, frutose, lactose, sacarose, maltose) e por efervescência
(bicarbonato de sódio)

Estabilizantes Biológicos

Basicamente, os estabilizantes biológicos são os coadjuvantes utilizados


contra a proliferação microbiana. Podem ser conservantes antimicrobianos ou
antifúngicos.
Conservantes Antimicrobianos
São os agentes que evitam a proliferação de microrganismos em geral (ex.:
Nipagin®, Nipazol®, álcool benzílico, cloreto de cetilpiridínio, cloreto de benzalcônio,
clorobutanol).
Conservantes Antifúngicos
Utilizados na prevenção do crescimento de fungos. Os exemplos incluem:
butilparabeno, etilparabeno, metilparabeno (Nipagin®), propilparabeno (Nipazol®),
ácido benzoico, propionato de sódio e benzoato de sódio.
Agentes Corretivos

Têm a função de modificar as propriedades organolépticas de cor, sabor e


aroma.

Corantes
Dão cor ao medicamento com a finalidade estética, marcadora ou como
parâmetro de dispersibilidade (ex.: amarelo de tartrazina, azul de metileno, urucum)
Flavorizantes
Agentes que conferem sabor e aroma (ex.: menta, vanilina, essências de
abacaxi, hortelã, tutti-fruti, canela).
Edulcorantes
Agentes que conferem sabor doce (ex.: xarope, glicose, frutose, maltose,
sorbitol, glicerina e adoçantes, como a sacarina, ciclamato e aspartame).
Veículos
Veículos são os agentes carreadores do fármaco. Devem ser inertes e
inócuos. Têm a função de completar a forma de dosagem aumentando o volume,
possibilitando a quantificação da dose certa de fármaco e permiti sua administração.

Veículos em Formas Líquidas

Têm a função de dar volume final ao medicamento e são, em geral,


relacionados às formas farmacêuticas líquidas (ex.: água destilada, etanol, glicerina,
óleos e propilenoglicol).

Veículos em Formas Plásticas

São geralmente denominados bases, sendo que, quando lipófilas,


caracterizam-se pela mistura de ceras (ex.: cera de abelhas, parafina, álcool cetílico)
e óleos (ex.: óleos vegetais, óleos de silicone e óleo mineral) diversos. Por outro
lado, quando hidrófilas caracterizam-se por sistemas gel, os quais são formados por
polímeros hidrofílicos (tais como derivados de celulose, ácido carboxivinílico e
polipeptídeos) e encerram acima de 90% de água.
Veículos em Formas Sólidas

Enquanto para formas medicamentosas líquidas e plásticas os veículos


encerram proporções majoritárias, em formas sólidas, muitas vezes, o próprio
fármaco é o componente em maior proporção na formulação. Assim, termos como
excipiente e diluente podem ser associados a veículos em formas sólidas

Excipientes
É o conjunto de componentes da formulação, sem o(s) princípio(s) ativo(s)
que compõem a fórmula. Em geral apresentam, além da função diluente, funções
agregadas, tais como a de aglutinantes, desagregantes, edulcorantes, entre outras

Diluentes
São componentes cuja função básica é a de complementar o peso de formas
sólidas (ex.: amido, celulose microcristalina e lactose).

Veículos em Formas Gasosas


Os Propelentes teriam a função de veículo em formas gasosas, pois são
agentes responsáveis pelo desenvolvimento da pressão necessária em um frasco de
aerossol, permitindo a expulsão do produto quando a válvula é acionada. Exemplos
incluem CO2 e CFC´s como diclorofluorometano.

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