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A palavra emulsão deriva do termo latino emulsão que alude ao ato

de mungir, aplicando-se, de modo geral , a todas as preparações de


aspecto leitoso, com características de sistema disperso constituído por
duas partes liquidas imiscíveis, no qual um deles está intimamente
dividido em gotículas no outro, com a ainda de um agente emulsionante,
formando, um sistema homogêneo
Os agentes emulsionantes são tensoativos capazes de reduzir a
tensão interfacial entre óleo e água, permitindo a estabilização da
emulsão.
Os emulsionantes aniônicos e não iônicos são os mais utilizados
atualmente nas preparações de cremes e loç6es,
As emulsões devem ler um pH final entre 5,5 e 6,5. Exceto as
emulsões catiônicas, que devem possuir um pH entre 3,5 e 4,5.
Quanto a sua aplicação, a emulsão de primeira escolha é a não iônica
por se menos irritante para a pele Quando um princípio ativo for
incompatível com este tipo de emulsão, deve se utilizar a emulsão iônica
(tipo Lanete). Não se utiliza a emulsão catiônica (cremes
condicionadores) para a pele, somente para os cabelos, devido a sua
elevada capacidade de irritar a pele. Para uso vaginal, o tensoativo de
escolha é não iônico.

Constituição da pele:

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A pele contém dois tipos de órgãos anexos:

 Glândulas sudoríparas constituídas por um longo tubo que entra


na hipoderme, enrolando-se.
 Aparelho polissebáceo de constituição mais complexa: no centro,
o pêlo é incluso numa depressão cutânea, que constitui o folículo
piloso, no fundo do qual irá se inserir. Uma bainha epitelial rodeia
o pêlo. Esta bainha torna-se muito fina e se reduz à única camada
germinativa na raiz do pêlo. Na bainha vem escoar o sebo
secretado pela glândula sebácea. A parede do canal excretor da
glândula é formada por uma camada fina de células epiteliais. O
sebo preenche os espaços livres da bainha em volta do pêlo.

O pH da superfície da pele é regulado pela secreção das glândulas


sudoríparas. Em média, este valor situa-se em torno de 4,5 e contribui
de modo importante nos mecanismos de defesa da pele. Varia de uma
região a outra do corpo (,pode alcançar 7,2 nos espaços interdigitais) e,
sobretudo, com os distúrbios cutâneos, variações patológicas, sendo
todas no sentido da alcalinização. Pode atingir 8,0 em determinadas
doenças da pele.
A superfície externa da pele apresenta, portanto, uma resistência
especial à ação dos agentes externos. Além disso, as células
epidérmicas se enriquecem de lipídios e colesterol, tornando-as pouco
umectantes para a água e as soluções aquosas. São recobertas por
uma camada de matérias graxas, oriundas da secreção sebácea.
A pele constitui uma barreira muito eficaz, mas pode ser atravessada
por pequenas quantidades de substâncias lipófilas capazes de penetrar
nas camadas córneas. Se estas substâncias possuem também uma
determinada hidrofilia, pode ocorrer uma difusão mais profunda e as
vezes uma absorção sistêmica.
O mecanismo de penetração dos princípios ativos é muito complexo.
O que se pode afirmar é que depende de muitos fatores como a
natureza do princípio ativo, propriedades físicas e mecânicas,
solubilidade, a presença ou não de tensoativos, e a quantidade de
excipiente que o carrega; região da aplicação, se possui mais ou menos
folículos pilosos e a camada de queratina; grau de hidratação da pele;
pH da emulsão pode intervir sobre o grau de ionização dos princípios
ativos ionizáveis, portanto, sobre sua penetração.
A penetração do medicamento varia muito, segundo o estado e a
idade da pele, e do tipo de doença.
No caso de feridas, a pele está relativamente destruída e não
desempenha mais o papel de barreira protetora. As regras para a
escolha do excipiente são completamente diferentes: o excipiente não
precisa mais ter afinidade com as matérias graxas.
É suficiente que a camada córnea seja retirada para que as
possibilidades de penetração mudem completamente.
Emulsificação

Segundo a Farmacopéia Francesa:

• As emulsões nas quais a fase dispersa é lipóffla (L), óleo vegetal ou


mineral, por exemplo, e a fase dispersante hidrófila (H), água, por
exemplo, são denominadas de aquosas L/H (também denominadas
O/A - óleo/água).
• As emulsões nas quais a fase dispersa é hidrófila (H), e a fase
dispersante lipófila (L) são denominadas de oleosas H/L (também
denominadas A/O).
• Existem, ainda, emulsões denominadas múltiplas, por exemplo, H/L/H.

As emulsões, em geral, são constituídas por vários componentes,


dos quais os principais e básicos são:

Agentes doadores de consistência (espessantes) - São matérias-


primas que elevam a viscosidade da forma farmacêutica/cosmética.
- Álcool cetílico
- Álcool estearílico
- Álcool cetoestearílico
- Monoestearato de glicerila (Cutina® MD, Cithrol® GMS)
- Monoestearato de propilenoglicol

Agentes emolientes - Capazes de evitar o ressecamento da pele,


repondo a sua oloeosidade natural.

- Hidrocarbonetos - derivados do petróleo (vaselinas, parafinas)


- Silicones (silmeticona, "óleo" de silicone, ciclometicona)
- Óleos vegetais (óleo de amêndoas doces, de gérmen de trigo, de
semente de uva, etc.)
- Ácidos graxos (ácidos esteárico, palmítico, cetílico, linoléico,
linolênico);
- Ésteres (oleato de olefla, triglicéride dos ácidos cáprico/capróico,
oleato de decila, 2-octil-dodecanol, adipato de dibutila, etc)

Emulsionantes - Em função da carga elétrica do emulsionante utilizado,


as emul-sôes podem ser divididas em três tipos:
- Aniônicos. Os alquil sulfatos de sódio surgiram na década de 30 e
os mais usados são o lauril sulfato de sódio e derivados, e o cetil-estearil
sulfato de sódio. As emulsões aniônicas proporcionam a liberação mais
rápida dos princípios ativos, quando comparadas com as não-iônicas.
Porém, devido à sua carga negativa, são incompatíveis com ingredientes
ativos catiônicos ou com substâncias que reduzem o pH a valores
inferiores a 4.
Catiônicos. Sais de quaternário de amônio (cloreto de cetil-trimetil-
amônio); ésteres catiônicos. São aplicados para condicionamento dos
cabelos. Os emulsio-nantes cauônicos possuem alto potencial de
irritabilidade na pele e mucosas, em comparação aos outros tipos de
emulsionantes.
Não-iônicos. Não apresentam carga elétrica predominante (álcool
cetoestearílico, lanolina etoxilada, dietanolamina de ácido graxo de
coco). São os emulsionantes que permitem maior flexibilidade de uso na
preparação de emulsões por serem compatíveis com a maioria dos
princípios ativos; têm maior inocuidade em relação aos outros
emulsionantes; atuam na faixa de pH de 2,0 a 12,0.

Princípios ativos - Substâncias com função terapêutica, geralmente


incorporadas nas bases, mediante a prescrição médica.

Agua - Excipiente ou veículo mais utilizado em Farmácia.

Sistema conservante - O conservante ideal é sempre motivo para muitas


pesquisas. Deve ser eficaz em pequenas concentrações, inodoro,
incolor, compatível com a via de administração, tipo ou hidrossolúvel,
amplo espectro de ação, inócuo e estável.

A falta de um único produto, que preencha os requisitos acima faz


com que utilizemos os sistemas conservantes.
Os microrganismos apresentam versatilidade metabólica e podem
utilizar qualquer com-posto ~ orgânico como substrato, inclusive os
conservantes. Por exemplo: A Pseudomonas cepacia é capaz de usar o
propilparabeno como fonte de carbono, além de hidrolisar o
metilparabeno, tornando este sistema ineficaz no medicamento. Cepas
desta mesma bactéria podem crescer em presença de formaldeído e
ácido benzóico.
A utilização de associações de substâncias antimicrobianas, que
constituem em sistema conservante, pode ser uma estratégia a ser
adotada, uma vez que isto pode aumentar o espectro de atividade, com
redução da concentraçâo de cada componente antimicro-biano, e
favorecer o sinergismo em algumas situaç6es.
Citamos algumas das principais fontes contaminantes e os
microrganismos mais prováveis relacionados a cada uma destas: água
(Pseudomonas, Xantomonas, Flavobacterium e Achromobacter), ar
(esporos de fungos, Penicillium, Mucor, Aspergillus, Bacillus sp,
leveduras e esporos bacterianos), matéria-prima (Clostridium sp,
Salmonella, coliformes, Actinomyces, bolores e leveduras) e pessoal
operacional (coliformes, Staphylococcus, Streptococcus e
Corynebacteria).
Os componentes da formulação podem exercer acentuada influência
na qualidade microbiológica da preparação. Alguns compostos podem
potencializar, enquanto outros podem inativar o sistema conservante
utilizado. Dentre as matérias-primas que podem contribuir para a
atividade antimicrobiana, podemos citar álcoois (etanol e propanol),
polióis (glicerina e propilenoglicol acima de 20% exercem ação
antimicrobiana), antioxidantes como o metabissulfito de sódio, o ácido
ascórbico e o butilidroxianisol - BHA (o abaixamento do potencial de oxi-
redução diminui a velocidade de crescimento de microrganismos
aeróbios e os anaeróbios facultativos), e o EDTA, que por sua
propriedade quelante pode remover íons bivalentes necessários à
estabilidade da parede celular do microrganismo. Esta substância é
geralmente associada a outros compostos com atividade
antimicrobiana, potencializando desta maneira a ação conservante.
Deste modo podemos utilizar as seguintes associações:

- Antioxidantes:
NDGA - ácido nordiidroguaiarético BHA - butilidroxianisol BHT -
butilidroxitolueno
Ésteres do ácido ascórbico (palmitato de ascorbila) Ésteres do
ácido gálico Tocoferóis

- Complexantes de metais:
Ácido cítrico e citrato de sódio
Ácido etilenodiaminotetracético e sais (EDTA)
Ácido fosfórico e derivados
- Conservantes:
Parabenos (metilparabeno e propilparabeno) Imidazoldinidiluréia.
Fenoxietanol

Emulsionantes secundários ou co-emulsionantes:

São compostos que possuem advidade umectantes e as vezes


espessantes. São substâncias higroscópicas cuja funçâo é reter água no
creme evitando a quebra da emulsão e balancear a troca aquosa entre o
produto e o ar, tanto no material de acondiciona-mento como na pele. Os
mais utilizados são:
- Mono/diestearato de etilenoglicol (Cutina ® AGS, Genapol®
EGDS/EGMS)
- Monoestearato de dietilenoglicol (Cithrol ® DGMS)
- Propilenoglicol
- Glicerina
- Sorbitol
Ésteres sintéticos com ação emoliente:
- Adipato de dibutila (Polymol® ADB/ADI)
- Palmitato de cetila (Cutina® CP, Crodamol® CP, Polymol® CP)
- Miristato de mirisdla (Crodamol® MM, Uniester® MM)
- Palmitato de isopropila (Crodamol® IPP, Polymol® IpP)
- Miristato de isopropila (Crodamol® IPM, Polymol® IPM)

Substâncias e funções, empregadas no desenvolvimento


de formulações cosméticas
Fase Oleosa
Emulsionante Ésteres de alto peso molecular (monoestearato de
glicerila)
Espessante Álcoois graxos superiores (álcool cerflico, álcool
cetoestearílico)
Ceras auto-mulsionantes Polawax®, Cosmowax®
Emoliente 40% óleo mineral (fluido de silicone, vaselina
líquida, vaselina
sólida, miristato de isopropila, palmitato de
isopropila)
30% óleo vegetal (óleo de amêndoas doces, óleo
de semente de
uva, óleo de soja)
30% óleo animal (lanolina etoxilada)
Sistema conservante e
corantes
Fase Aquosa
Umectante Sorbitol, propilenoglicol, glicerina
&ua
Sistema conservante e
corantes

Categoria das substâncias em preparações empregadas em diferentes


tipos de emulsões cosméticas

Leite (%) Creme hidratante fino Creme nutritivo


(%) (%)
Emulsionante (MEG AE 1,5 - 2,5 3-4 3-4
monoestearato de glicerila
autoemulsionante)
Espessante (álcool 0-1 2-3 2,5 - 4
cetílico)
Cera auto-emulsionante 1-2 3 - 3,5 3-4
Emolientes e 3-5 7-9 7-10
umectantes
Total 5,5 - 10,5 15- 19,5 15,5 - 22
.í~gua qsp 100 100 100
Umectante 3-5 3-5 3-5

Reparem que a quantidade de emolientes deve ser próxima com a de


ceras da fase oleosa.

Dentre os principais problemas que podem ocorrer com as emulsões,


temos:
1 - Alteração no aspecto devido à incorporação de ar, formação de
grumos e cris-talizaçâo. Pode ocorrer alteração após a incorporação dos
princípios ativos, devido às reações de oxi-redução provocadas pelo
oxigênio do ar com princípios ativos sensíveis. Também pode ocorrer
separação de fases.
2 - Desenvolvimento de microrganismos e a redução ou o aumento da
viscosidade. 3 - Redução e até perda de atividade dos princípio ativos,
devido à não adequação do pH, presença de cargas iônicas opostas,
ausência de um sistema conservante, problemas de solubilidade e
interações entre os componentes da fórmula.

Caso ocorra algum problema com a emulsão, deve-se revisar toda a


fase de preparação das fases e consultar as informações sobre
incompatibilidades, pH e solubilidade encontradas na literatura.
Este tipo de preparação, independentemente dos fármacos
veiculados, tem manifesto efeito descongestionante na pele, pois atira a
perspiração cutânea.
As emulsões possibilitam certa penetrabilidade cutânea, sobretudo
dos produtos quí-micos que veiculam, dependente não só dos
excipientes mas também dos tensoativos e da sua quantidade,
admitindo-se que as gorduras animais permitam maior penetração do
que as vegetais, e estas mais do que os produtos gordurosos derivados
ou extraídos do petróleo.
Por ter ação superficial ou profunda, a aplicação cutânea pode ser
feita com alguma fricção, que possibilita maior penetração da substância
ativa incorporada no produto.

Podemos classificá-los como emulsões de média a alta viscosidade,


pois podem ser acondicionadas em potes e retirados com uma espátula,
ou em bisnagas de alumínio ou plástico.
O acondicionamento é melhor em bisnagas de alumínio. Pois esta
deforma no ato da aplicação, evitando-se a entrada de ar, que
B

contamina a preparação. É também opaca, evitando-se a luz, e não


reativa por estar revestida com um verniz.
Nota: Alguns nomes comerciais ou nomes químicos que virão a
seguir podem ser localizados e/ou substituídos por seus contra-tipos,
caso seja necessário. Estas informa-ções podem ser encontradas no
"Index ABC", o dicionário de ingredientes cosméticos empregados em
formulações da Associação Brasileira de Cosmetologia.
Todas as fórmulas que sugerimos são pontos de partida, bases que
podem ser enri-quecidas e adaptadas para o seu público, sua aplicação
ou sua região.
Creme aniônico - tipo Lanette ®

Fórmulas orientativas

Fórmula 1:

B
Fas Ingredientes %
e Lanette® WB 13,5
A Propilparabeno 0,07
Glicerina 8,2
BHT 0,05

Propilenoglicol 4,8
Trietanolamina 0,15
Metilparabeno 0,15
EDTA Dissódico 0,05
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Aquecer separadamente as fases até atingir a


temperatura de 80°C. Adicionar B em A sob agitação constante e resfriar
até 40°C, sob agitação. Acondicionar em frascos bem fechados e
identificar. Neste caso podemos fazer banho de gelo para o
resfriamento.

Fórmula 2:

Fas Ingredientes %
e Lanette® WB 15,0
A Adipato de diisobutila 5,0
BHT 0,05
Propilparabeno 0,05
Propilenoglicol 5,0
Metilparabeno 0,15
EDTA dissódico 0,05
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Utilizar o mesmo procedimento da Fórmula 1. O creme


Lanette é indicado para a incorporação de hidroquinona, ácido salicílico e
benzóico.
Creme não-iônico

Fórmula 1:

Ingredientes %
Polawax® 10,0
Eumulgin* B2 0,5
Eutanol* G 2,0
Vaselina líquida 1,5
Adipato de dibutila 3,0
Álcool cetílico 1,0
Metilparabeno 0,1
BHT 0,05
Propilenoglicol 5,0
Propilparabeno 0,1
Imidazolinidiluréia 0,2
EDTA dissódico 0,1
Silicone volátil (opcional) 1,0
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Estes componentes podem ser aquecidos numa única


fase até 80°C e resfriados, em temperatura ambiente, até 40°C, com o auxílio de
agitador.

Fórmula 2:

Ingredientes %
®
Polawax* ou Paramul* J ou NF Chembase 14,0
Propilparabeno 0,2
Vaselina líquida 5,0
Metilparabeno 0,5
BHT 0,05
EDTA dissódico 0,05
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Estes componentes podem ser aquecidos numa única


fase até 80°C e resfriados, em temperatura ambiente, até 40oc, com o auxílio de
agitador.
Creme Paramul® (não-ionico)

Ingrediente %
Paramul®J 14,0
Vaselina Liquida 5,0
Propilenoglicol 3,0
Merquart® 1200 0,1
Agua destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Misturar Paramul®J + vaselina liquida + água destila-da


num recipiente. Aquecer em fase única até 75°C. Sob agitação constante
resfriar até 40°C. Acrescentar o propilenoglicol e o Merquart ® 1200.

Emulsões catiônicas

Estes cremes são formados por sais de amônio quaternário, sendo o cloreto
de cetil-trimetil amônio o mais utilizado, e são muito utilizados no
condicionamento dos cabelos. São ótimos emulsionantes, permitindo a
manipulação de produtos muito estáveis.
O elevado poder irritante para a pele e mucosas faz com que seu uso esteja
limitado

B Ácido
para a finalidade descrita cítrico
anteriormente. Fórmula orientativa:
Metilparabeno
Fase Ingrediente
Água
A Sinoquart® P50 destilada qsp
Vaselina líquida % 2,0 2,0 3,5 0,05
Álcool
cetoestearílico 0,5
Propilparabeno 0,2 100,0
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

Modo de preparação: Aquecer as fases, separadamente, até 70°C,


adicionar a fase B sobre a fase A, sob agitação constante até seu
resfriamento completo. Acondicionar em frascos bem fechados. Identificar.

Loção cremosa

São emulsões com valores médios de viscosidade e recebem esta


denominação para não serem confundidas com as loções tônicas,
hidroalcoólicas ou aquosas. Podem ser
acondicionadas em frascos com bico dosador (ou válvula pump), e podem ser
retiradas por inversão e escoamento.

Loção cremosa aniônica

Fase Ingrediente %
A Lanette® WB 4,5
Propilparabeno 0,075
Glicerina 8,2
BHT 0,05

B Propilenoglicol 4,8
Trietanolamina 0,15
Metilparabeno 0,15
EDTA Dissódico 0,05
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Aquecer separadamente as fases até atingir a tempe-


ratura de 80°C. Adicionar B em A sob agitação constante e resfriar até 40°C,
sob agitação. Acondicionar em frasco bem fechados e identificar. Neste caso,
podemos fazer banho de gelo para o resfriamento.
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

Loção cremosa não-iônica

Fórmula orientativa

Ingredíente %
Polawax® 6,0
Vaselina líquida 2,0
Óleo de amêndoas 2,0
Propilparabeno 0,05
Glicerina 5,0
Metilparabeno 0,05
BHT 0,05
EDTA dissódico 0,1
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Estes componentes podem ser aquecidos numa única


fase até 80°C e resfriados, em temperatura ambiente, até 40°C, com o auxilio
de agitador.
São emulsões de baixa viscosidade e possuem este nome pela sua
semelhança aparente com o leite bovino.
A baixa viscosidade faz com que seja facilmente aplicado e espalhado na
pele. Porém, é o tipo de emulsão mais difícil de estabilizar, sendo a
separação de fases o problema mais freqüente.

Tendências atuais para formulações

Os produtos não comedogênicos e hipoalergênicos são muito procurados


por consumidores. Para conseguirmos formular tais produtos, devemos
utilizar a simplicidade para elaborar a formulação, quanto menos ingredientes
menor a possibilidade de causar irritação e/ou alergenicidade; utilizar
matérias-primas que possuam histórico conhecido de inocuidade
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
dermatológica; eliminar ou usar concentrações reduzidas de matérias-primas
que apresentem grupos químicos reativos como álcoois, aldeídos, cetonas,
fenóis e aminas.
Um conceito muito difundido no mercado americano e que está se
espalhando rapidamente pelos outros países, é o dos chamados produtos oil-
free, que se propõe a eliminação do óleo mineral das fórmulas de cremes,
pelo fato do mesmo ser comedogênico. Uma ampliação maior do conceito é a
não utilização de óleos vegetais e derivados da lanolina.
Os produtos isentos de fragrância podem reduzir os problemas alérgicos
relacionados com estas substâncias.

POMADA

As pomadas são preparações de consistência semi-sólidas destinadas a


serem aplica-das sobre a pele ou sobre determinadas mucosas, a fim de
exercer ação local ou de possi-bilitar a penetração percutânea de princípios
ativos medicamentosos. São também utiliza-das com o objetivo de uma ação
emoliente ou protetora. Constituídas por um excipiente, simples ou composto,
no qual estão dispersos ou dissolvidos, geralmente, um ou vários princípios
ativos. A composição deste excipiente pode influir sobre os efeitos da
preparação e sobre a liberação do princípio ativo.
A palavra pomada, de origem latina -pomatum, depomum, fruto maçã ou
marmelo - surgiu de uma preparação de uso cosmético feita com polpa de
maçã ou de marmelo, banha de porco e água de rosas. Sucessivamente,
esta composição foi modificada pela junção de novos produtos e retirada de
outros. Deste modo, surgiram fórmulas que foram se distanciando na sua
constituição.
Segundo a Farmacopéia Brasileira uma pomada simples é composta por
50% de vaselina sólida e 50% de lanolina.
As pomadas podem ser classificadas como:

- Hidrófobas ou lipófilas. Podem apenas absorver pequenas

GEL
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
quantidades de água. As substâncias mais utilizadas para a
formulação destas pomadas são a vaselina, a parafina, a parafina
líquida, óleos vegetais ou graxos animais e as ceras.

- Pomadas que absorvem água. Podem absorver quantidades maiores


de água. Os excipientes são os mesmos de uma pomada hidrófoba,
nos quais são incorpo-rados emulsificantes do tipo água em óleo como
a lanolina, álcoois da lanolina, ésteres do sorbitano, monoglicérides e
álcoois graxos.

- Pomadas hidrófilas. Envolvem preparações cujos excipientes são


miscíveis com a água. Em geral, são misturas de polietilenoglicóis
líquidos e sólidos, que podem conter quantidades apropriadas de
água.

As pomadas com substâncias gordurosas hidrófobas têm ação terapêutica


em conseqüência do estado congestivo que provocam. A gordura ou
produtos gordurosos das pomadas, sendo matéria homogênea, colocados na
pele, impedem a perspiração, resultando no intumescimento da camada
córnea e também da área espinhosa e da derme pela água que o organismo
deveria eliminar por esta área cutânea. Concomitantemente, há retenção de
anidrido carbônico e diversos produtos catabólicos. Segue-se uma
vasodilatação que terá por finalidade, de modo contrário, fornecer à pele
meios para diluir as substâncias tóxicas retidas e garantir o metabolismo
celular momentaneamente permrbado, e por outro lado, possibilitar a
reabsorção dos referidos produtos para serem eliminados por outros meios
de eliminação.
O estado congestivo das pomadas pode ser intensificado se nelas
incorporarmos produtos umectantes na concentração de 5 a 10%, e também
qualquer pomada se torna mais congestiva se a recobrirmos no local da
aplicação com material impermeável, como é, por exemplo, o plástico
(colódio elástico).
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Deduz-se, do que se disse, que as pomadas, sendo congestivas,
sobretudo as que têm corpos gordurosos hidrófobos, só devem ser usadas
em dermatoses com caráter crônico e quando se deseja introduzir na pele
substâncias medicamentosos ou em caráter estético, como é o caso de
aplicação no rosto e nas mãos.

É uma das formas farmacêutica e cosméticas mais aceitas recentemente.


Sua aparência cristalina e a sensação da não oleosidade faz com que o
consumidor e os profissionais de saúde apreciem a idéia de pureza e
refrescância.
Os géis são formados por macromoléculas orgânicas ou inorgânicas, com
propriedades de reter moléculas de água em sua estrutura, originando
dispersões viscosas.
Existem os géis inorgânicos, derivados da sílica que apesar de serem
bem tolerados são muito ressecantes para a pele.
Existem inúmeras formas comerciais de sílica. Diferem por suas
propriedades físicas que dependem de seu processo de fabricação, mas sua
propriedade mais importante é o alto poder adsorvente.
Existem três fontes principais de sílica:

- Sílicas naturais - encontradas em jazidas naturais na Alemanha e nos


Estados Unidos. Para sua utilização são submetidas a tratamento químico
para eliminação das impurezas e posteriormente pulverização.

- Sílicas precipitadas - produtos obtidos ao tratar uma solução aquosa de


silicato de sódio por um ácido. O ácido silicílico liberado se polimeriza e se
precipita sob forma de geléia transparente, da qual a água se exsuda
lentamente (sinerese). Após a dessecação obtém-se um xerogel (gel em
estado seco) de alta porosidade.

- Silicas pirogênicas - são preparadas pela reação, em uma câmara de


combustão (t> 1000°C), de uma mistura gasosa homogênea de oxigênio
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
purificado, hidrogênio e tetracloreto de silício.

As sílicas coloidais são usadas em farmácia, principalmente nas seguintes


formas farmacêuticas:
Pomada: as sflicas coloidais são empregadas pela sua propriedade de
formar géis de consistência mole, não apenas com a água, mas também com
os álcoois, óleos ou essências.
Supositório" para aumentar a viscosidade de determinadas massas,
principalmente no caso de supositórios que contenham um princípio ativo em
suspensão e para adsorver determinados princípios ativos.
Emulsão e suspensão: como agentes estabilizantes.
Existem géis aquosos e hidroalcoólicos. A escolha do polímero a ser
uulizado depende do princípio ativo que deverá ser solubilizado, para não
gerar incompatibilidades. Os géis mais utilizados na dermatologia são os
orgânicos: não-iônico (Natrosol® 250 HRR) e iônico (Carbopol® 940). Os géis
de CMC, goma xantana, goma guar são géis orgânicos derivados da celulose
e são utilizados como agentes estabilizantes das suspensões.

Gel aniônico

Géis aniônicos possuem carga negativa. Dentre estes podemos destacar


os vários tipos de Carbopol*, a CMC, a goma adraganta e a goma caraia.
O Carbopol® é um polímero de elevado peso molecular, derivado do
ácido carboxi-vinílico. Existem muitos tipos de Carbopol ®, que se distinguem
pelo grau de polimerização, e dentre os quais utilizamos com maior
freqüência o 940.
A dispersão deste polímero em água, origina uma dispersão ácida (pH
3,0). Proce-dendo à neutralização com soda, obtém-se um gel límpido.
São incompatíveis com íons, zinco, bismuto, ácido benzóico e benzoatos.
O gel de Carbopol® 940 é estável na faixa de pH 4 a 10, porém nos
valores extremos pode ocorrer perda de viscosidade. Os ácidos, quando
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
neutralizados, formam sais, que também reduzem a viscosidade do gel.

Fórmula orientativa gel aniônico 1%

Ingredientes %
Carbopol® 940 1,430
EDTA dissódico 0,075
Hidróxido de sódio 10% 6,470
Dipropilenoglicol 7,140
Metilparabeno 0,150
Propilparabeno 0,070
Água destilada qsp 100,000

Modo de preparação: Mismrar o Carbopol ® 940 com a água e agitar bem até
completa dissolução dos grumos. Misturar o EDTA com o hidróxido de sódio
e quantidade suficiente de água e acrescentar na mistura anterior. Agitar
bem. Misturar os parabenos com o dipropilenoglicol, aquecer até completa
dissolução e acrescentar à mistura. Agitar. Usar 70% deste gele completar
com os princípios ativos, solubilizantes, coadjuvantes e água.

Fórmula orientativa gel aniônico a 0,7%

Inicialmente, fazer uma suspensão estoque de Carbopol ® 940 a 2,1%.

Ingrediente %
Carbopol® 940 2,1
Imidazolidiniluréia 0,3
Água destilada qsp 100,0
Formulação do gel a 0,7%

Ingrediente %
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Suspensão estoque 33,3
Propilenoglicol 3,0
Imidazolidiniluréia 0,3
Metilparabeno 0,1
EDTA dissódico 0,05
Água destilada qsp 100,0
Trietanolamina qsp pH 6,5

Modo de preparação: Dissolver previamente o imidazolidiniluréia e o EDTA


na água. Dissolver o metilparabeno no propilenoglicol. Acrescente a sus-
pensão estoque de Carbopol® 940 sob agitação constante. Neutralizar com
trietanolamina.

Os géis de Carbopol® são incompatíveis com ácidos, eletrólitos, sais


sódicos dos alfa-hidroxiácidos (AHA's), despigmentantes e antioxidantes.

\ Gel não-iônico

Os gelificantes não-iônicos são compostos orgânicos que, quando


hidratados, não se ionizam. Podemos destacar a polivinilpirrolidona (PVP),
as celuloses (metilcelulose, edlcelulose, hidroxietilcelulose - Natrosol ®,
hidroxipropilcelulose), amido, dextrano, ágar, goma guar e xantana.
Existem 3 maneiras de preparar os polímeros derivados da celulose:
- A frio: O polímero é disperso na água fria até completa hidratação,
sendo um processo demorado.

- A quente: Método acelerado. Utiliza água quente Ç0-80°C), para


reduzir o tempo de dispersão do polímero.

- Alcalino: Está baseado na propriedade exibida pelos derivados de


celulose -sofrer hidrataçâo rápida em meio alcalino, mesmo a frio.
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Basta elevar o pH da dispersão para o intervalo 7,5-8,5 com
solução de hidróxido de sódio a 10%, para ocorrer a hidratação
imediata, reconhecível pelo aumento da viscosidade e transpa-
rência da solução.
Fórmula orientativa gel não-iônico 2%

Ingrediente %
Natrosol® 250HRR 2,86
EDTA dissódico 0,14
Dipropilenoglicol 7,14
Metilparabeno 0,14
Propilparabeno 0,07
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Aquecer a água até 70°C, acrescentar o EDTA, agitar


até a solubilização. Mismrar os parabenos com o dipropilenoglicol, aquecer
até completa dissolução e acrescentar na mistura. Agitar. Acrescentar o
Natrosol® 250 HRR, peneirando através de tamis ou peneira e agitando
constantemente. Utilizar 70% deste gele completar com os princípios ativos,
solubilizantes, coadjuvantes e água.

Fórmula orientativa gel não-iônico 1,5%

Ingrediente %
Água destilada qsp 100,0
Propilenoglicol 3,0
Natrosol® 250 1,5
EDTA dissódico 0,1
Metilparabeno 0,1

Modo de preparação: Aquecer a água e dissolver o EDTA e o metilparabeno.


2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Acrescentar o propilenoglicol. Sob agitação constante acrescentar o
Natrosol® 250, através de um tamis ou peneira, até homogeneização e
formação do gel.

Gel-creme

] aniônico ou não-iônico e
homogeneizar.

Os géis podem ser usados como espessantes de uma emulsão, evitando-


se, assim, concentrações elevadas dos compostos lipofílicos.
Algumas Farmácias misturam o gele o creme na hora da manipulação.
Fórmula orientativa

Ingrediente %
Net® FS® qs
Gel de Carbopol® 940 0,7% qsp 100,0
XAMPU

Net® FS® qs
Natrosol® 2% qsp 100,0

Modo de preparação: Acrescentar pequena quantidade de Net ® FS ao gel I

Observaçâo: Net® FS é marca comercial de uma mistura hidrossolúvel de


silicone, glicerina e tensoativo, para skin-care com propriedades de
emoliência e proteção. Dá espalhabilidade para géis cremes e emulsões.
Fornecedor: Galena
Sugerimos que o preparo do gel-creme seja na hora de aviar a receita. É
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
preciso que você escolha corretamente a sua base, conforme o princípio ativo
que for utilizar.

A palavra xampu é originária do hindu, Cbhamma, que exprime a idéia de


amassar ou apertar e se generalizou pelo vocábulo inglês sbampoo, que
significa lavagem e também massagem.
Para a lavagem dos cabelos, podemos utilizar diversos tipos e diferentes
composi-çôes, estudados para satisfazer a maior ou menor necessidade de
limpeza e de desengor-duramento, e a natureza do cabelo.
Existem 3 formas de apresentação de xampu: transparentes, opacos e
perolados. A forma transparente transmite a idéia de pureza e limpeza, e é
indicada para cabelos oleosos ou seborréicos; a forma opaca é resultante dos
princípios ativos adicionados, que por sua capacidade opacificante reduzem a
performance do agente perolizante adiciona-do; e a forma perolada é
utilizada quando se deseja transmitir ao paciente a idéia de tratamento
cosmético e riqueza da formulação. É indicado para cabelos secos.
Um xampu transparente é composto basicamente de água, tensoativo
aniônico (lauril éter sulfato de sódio), dietanolamina do ácido graxo de coco
(produto resultante da reação dos ácidos graxos de coco com a
dietanolamida; líquido oleoso, viscoso, amarelo claro, solúvel na água. É
miscível com muitos óleos, utilizado como emulgente e espes-sante, e é
estabilizador de espuma), parabenos (metilparabeno e propilparabeno) e
cloreto de sódio.
Fórmula orientativa

Xampu base

Ingredíente %
Comperlan® KD (dietanolamida de ácidos graxos de coco)5,0
Cutina® DSP 6B (diestearato de propilenoglicol) 0,15
®
Plantaren 1200 (lauril poliglicosídeo) 3,0
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Lauril éter sulfato de sódio 15,0
Lauril éter sulfosuccinato de sódio 15,0
Cocobetaína 0,5
Propilparabeno 0,1
Água destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Misturar o Comperlan ® K-D, a Cutina® DSP 6B, o


Plantaren® 1200 e aquecer em banho-maria, até 40°C. Misturar
separadamente, o lauril éter sulfato e o lauril éter sulfosuccinato de sódio com
50% da água destilaria. Acrescentar a primeira mistura e homogeneizar
cuidadosamente. Solubifizar o parabeno com quantidade suficiente de água
destilada quente e acrescentar na mistura. Adicionar a cocobetaína e o
restante da água destilada.

Fórmula orientativa

Xampu base

Ingrediente %
®
Texapon HBN (lauril éter sulfato de sódio) 30,0
Comperlan® I~d) (dietanolamina dos ácidos graxos de coco)3,0
Metilparabeno 0,1
Dehyton® Y-d3 (cocoamido betaína) - anfótero 5,0
Dehyton® PK771 (base perolizada) 5,0
Agua destilada qsp 100,0

Modo de preparação: Misturar o lauril éter sulfato com a dietanolamina.


Solubilizar o parabeno com propilenoglicol e acrescentar à mistura inicial.
Acrescentar água aos poucos sob agitaçâo lenta. Adicionar a bctaína e poste-
riormente adicionar a base perolizada.

2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Qualquer substância sólida reduzida a pequenas partículas diz-se estar no
estado de pó ou pulvéreo. As partículas podem ter diferentes tamanhos
(granulometria), desde grosseiras, quando por fricção entre os dedos se
sentem pequeníssimos grãos, a muito tênue, se parecem não ter corpo.
Não havendo matérias-primas pulvéreas no estado natural, é preciso
reduzi-las a pós, utilizando meios apropriados, conforme as propriedades
físico-químicas das substâncias e a tenuidade esperada. O mais simples e
habitual é a trituração em almofariz ou gral.
Distinguem-se vários graus de tamanho de pó, considerando o tamanho
das partículas, dos quais resumimos a quatro: pó micronizado, com partículas
de diâmetro inferior a 60 ~tm; p~ finíssimo, com partículas de 60-74 ~tm, p~
fino, de 74-128 ~m e p~ grosso, com mais de 128 ~m.
São pós dermatológicos, as substâncias pulvéreas consideradas inertes,
isto é, cujã aplicação na pele não provoca ação química. Diversos pós são
usados tendo esta característica, alguns são de origem vegetal, outros animal
e os mais utilizados têm origem mineral. São exemplos de pó as seguintes
matérias-primas:

Amid
o

- Pó de origem vegetal

- Pó de origem mineral ou obtidos por síntese química


Calamina
Carbonato de cálcio Carbonato de magnésio Carbonato de zinco Dióxido de
titânio Estearato de alumínio Estearato de magnésio Estearato de zinco
Óxido de zinco
Sílica pulverizada
Talco

Atividade do pó na pele
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

Aplicando na pele qualquer substância em pó, ocorre aumento da área de


evaporação cutânea, resultante da somatória das superfícies das partículas
pulvéreas. Em conseqüên-
cia, eleva a velocidade de evaporação da pele, que será maior ou menor
consoante a temperatura ambiente, a tensão de vapor e a tenuidade do pó.
Este fato determina o decréscimo relativamente rápido da temperatura
cutânea, em relação a áreas onde não se aplicou o pó, e é por este motivo
que habitualmente se diz que a pele refresca. Por outro lado, a pele também
tem que manter equilíbrio dinâmico com o meio externo e o aumento da
velocidade de evaporação obriga a água intercelular a difun-dir-se das
camadas profundas para as superficiais, com o fim de manter o estado
hídrico cutâneo.
O fenômeno da evaporação é resultante da tensão superficial, pelo que as
partículas de pó se intumescem de água da profundidade para a superfície da
pele, que se introduz nos interstícios da superfície das partículas. Deste fato
pode se deduzir que a quantidade exagerada de pó na superfície cutânea
torna mais lenta a evaporação de água, e que, para igual quantidade de pó
aplicado, a evaporação é tanto mais rápida quanto mais fina for as partículas
pulvéreas e maior a sua capacidade higroscópica.
Consideremos ainda que, na época fria, havendo diminuição da
temperatura externa, que induz à vasoconstrição periférica, sobretudo nas
áreas expostas, há redução da capaci~ dade da pele para manter o equih
%rio hídrico, e por isso, a desidratação é mais acentuada e portanto, mais
intensa a sensação de secura cutânea; obviamente, evidencia-se uma desca-
mação e é fácil surgirem fissuras por perda da elasticidade da pele. Estas
manifestações são particularmente importantes nas regiões de clima frio e
quando se praticam esportes no inverrio.
Em climas ou épocas quentes, a desidratação obedece ao mesmo
mecanismo des-crito, embora ocorra vasodilatação periférica pela
temperatura ambiente, mantendo-se, por isso, contínuo suprimento de água
nos tecidos.
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Outro fato que favorece a desidratação e, portanto, o efeito
antiinflamatório, é conseqüência do desengorduramento da superfície
cutânea. Com efeito, as partículas de pó adsorvem, apenas superficialmente,
a gordura quando se fixam à superfície da pele.
Dados os fenômenos citados, o pó tem ação descongestionante,
particularmente quando é higroscópico. Também pela sua capacidade
absorvente, o pó tem açâo anti-sudoral, no sentido de absorver o suor logo
que se manifeste. Tem efeito anti-seborréico por recolher a gordura da pele.
Podemos acrescentar ao pó substâncias de ação anti-séptica, adstringente,
anti-seborréica, antifúngica, etc.
O pó também é usado na pele sã, especialmente em crianças, para
prevenir irritação ou maceração da pele nas pregas, locais onde a
evaporação do suor é dificultada, e para completar a secagem após o banho.
Para os mesmos objetivos é utilizado nas pregas de pessoas obesas.
Na face, o pó é empregado em mulheres da raça branca para reduzir o
brilho da pele, resultante das secreções sebácea e sudorípara, que é
considerado um problema inestético, além de ocultar ligeiras imperfeições da
pele, tais como cicatrizes ou manchas, tendo, neste caso, finalidade de
cobertura.
É raro um médico prescrever um pó na forma farmacêutica por via oral. A
indústria produz alguns antibióticos na forma de pó para suspensão oral, pois
multas vezes sua estabilidade é dificultada na presença da água. Mas assim
que o paciente adquire este medicamento, no seu preparo se incorpora a
fase líquida, e passamos a ter uma preparação extemporânea, e a validade é
reduzida de acordo com os testes efetuados pelo fabricante. Este problema
não ocorre na Farmácia, pois quando recebemos a receita para manipular-
mos um antibiótico, já o preparamos em sua forma final, ou seja, em
suspensão.
Mas, o pó pode ser preparado com os princípios diluídos ou não num pó
inerte como a lactose ou o açúcar. Para administração por via oral, os pós
são aromatizados tornando-se mais agradáreis, visando fazer a correção do
sabor.
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Para as doses unitárias, o acondicionamento ocorre principalmente em
pacotes ou sachês, de papel, material plástico ou em estruturas de filmes
impermeáveis para garantir a conservação do conteúdo.

CAPSULA

As cápsulas são preparações de consistência sólida dura ou mole, de


forma e capacidade variáveis, contendo uma quantidade de medicamento
que deve ser utilizado numa única vez. Na maioria dos casos, as cápsulas
são destinadas à via oral.
A cápsula em geral é de gelatina rígida ou composta por outras
substâncias, cuja consistência pode ser adaptada por adição, por exemplo,
de glicerina ou de sorbitol. Outros princípios ativos também podem ser
adicionados, tais como os tensoativos, opacificantes, agentes conservantes,
edulcorantes, corantes permitidos e, se necessário, aromatizantes.
O conteúdo das cápsulas pode ser de consistência sólida, líquida ou
pastosa. Constituído por um ou mais princípios ativos, adicionado ou não de
excipientes como: solventes, diluentes, lubrificantes, desagregantes. O
material em seu interior não deve provocar a deterioração do invólucro. Em
compensação, este é profundamente alterado pelos sucos digestivos, o que
resulta na liberação do conteúdo.
Considerando sua composição, modo de fabricação e utilização, as
cápsulas destina-das à via oral têm propriedades específicas. Sob este ponto
de vista, podemos diferenciar inúmeras categorias:
- Cápsulas duras;
- Cápsulas moles;
- Cápsulas gastro-resistentes;
- Cápsulas com liberação modificada.

As cápsulas duras são compostas por gelatina pura e um pouco de água,


eventualmente um opacifiante (óxido de titânio), corantes e conservantes
autorizados. Pos-
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
suem duas meia-cúpulas muito tinas e perfeitamente calibradas, que se
encaixam uma na outra. Os fabricantes fornecem cápsulas vazias de
diferentes capacidades, cuja numeração vai de 000 a 5.
O volume das cápsulas varia conforme sua numeração:

Número Volume (mi)Peso da cápsula com água (g)*


000 1,37
00 0,95 0,929
0 0,68 0,696
1 0,50 0,499
2 0,37 0,333
3 0,30 0,297
4 0,21
5 0,13

* Teste realizado na Farmácia

Para o preenchimento das cápsulas é importante que o pó seja distribuído


uniformemente, respeitando sua granulometria, a espessura das partículas e
a adição dos excipientes ou diluentes.

Excipientes

De um modo geral, podemos classificar os excipientes como:

- Diluentes solúveis (lactose e manitol); insolúveis (amidos, celulose


microcristalina, caulim); e mistos (amidos + lactose).
- Absorventes (Aerosil®, óxido e carbonato de magnésio)
- Aglutinantes (açúcar, amido, goma, polividona, pectina, alginato,
celuloses, polietilenoglicol)

- Desagregantes (celulose microcristalina, Carbopol ® 934)


2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
- Lubrificantes (talco, polietilenoglicol, estearato de magnésio, amido)

- Tampões - Agentes alcalinizantes para serem utilizados como ativos que


necessitam de um pH maior no trato digestivo, para serem melhor
absorvidos, como por exemplo, o citrato de sódio, compondo o excipiente
para manipular o meloxican, o glicinato de alumínio com o ácido acetil
salicílico, o bicarbonato de sódio para o maleato de enalapril.
- Molhantes- Aniônicos (lauril sulfato de sódio- utiliza-se a 1% com
fluconazol, finasterida, azitromicina, atenolol, piroxicam, clorpropramida,
mebendazol); não-iônicos (polissorbato 20, 60 ou 80 - utiliza-se com
paroxetina, extrato de ginseng e de Ginkgo biloba).
/~Na prática, na maioria das vezes, utilizamos o seguinte procedimento:
- Tritura-se a matéria-prima com 2% de Aerosil ®, acrescenta-se a
celulose microcristalina
(10% do peso total da preparação) e utiliza-se o talco como diluente final.
Salientamos a necessidade de utilizar os excipientes obrigatórios (agentes
molhantes, desagregantes, tam-pões,...) devido às características fisico-
químicas de cada princípio ativo.
- No caso de preenchimento por nivelação, é necessário ajustar a
densidade aparente do pó, para que o volume contido numa cápsula
corresponda exatamente ao peso previsto
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
do princípio ativo. Por isso, adiciona-se um diluente inerte. Existem tabelas de
preenchi-mento que, conforme o volume de p~ a ser distribuído e o número
de cápsulas a preencher, indicam o número dos envelopes a serem utilizados
e o volume total que deve Ocupar o pó após adição do diluente.
Estas tabelas de preenchimento podem ser substituídas por provetas.
Sabemos o volume de cada cápsula. Portanto, se tivermos o volume final dos
pós, poderemos saber em que cápsula colocar.
Por exemplo:

Paracetamol .............. 400 mg Manipule: 20 cápsulas

Conforme a prescrição acima, pesaremos 8 g de paracetamol. Se


considerarmos que a sua densidade aparente é 0,5, obteremos numa proveta
o volume de 16 mi. Isto daria 0,8 mi/cápsula. Neste caso, a cápsula de
escolha é a "00", pois possui o volume mais próximo ao valor obtido. Mesmo
assim, teríamos que completar o volume com os excipientes para atingir o
volume de 19 mi, que é o volume de 20 cápsulas "00".

Número de cápsulas

5 10 " 15 20 25 30
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50mi

Volume do pó

Gráfico indicativo para o preenchimento de cápsulas duras

No laboratório, utilizam-se aparelhos manuais ou encapsuladores. São


constituídos por uma placa perfurada, destinada a receber as partes
inferiores das cápsulas. As bordas destes emergem exatamente ao nível
superior das placas. Para cada tamanho de cápsula existe um tipo de placa.
O enchimento se realiza por nivelamento ou por compressor-dosador.
Quando a operação de enchimento termina, um sistema, que varia de um
aparelho para o outro, possibilita levantar levemente as meias cápsulas
cheias. Em seguida, é só encaixar as meia-cápsulas superiores.
MEDICINA ORTOMOLECULAR

Buscar o equih'brio bioquímico no corpo humano é o objetivo principal da


medicina ortomolecular.
Por se tratar de uma ciência nova, não há estudos científicos suficientes
sobre os medicamentos utilizados e divulgados, através das literaturas
convencionais e consagradas, a fim de garantir a comprovação científica na
medicina ortodoxa.
Trata-se de uma terapia complementar que utiliza medicamentos
antioxidantes capazes de combater os radicais livres, que por sua vez, são
gerados nos processos metabólicos, que envolvem o oxigênio, em várias
condições patológicas ou fontes exógenas (poluição, cigarro, radiação,
alcoolismo), e tem caráter essencialmente preventivo.
Há várias condições clínicas, nas quais, provavelmente, existe o
envolvimento dos radicais livres, como na artrite reumatóide, doenças auto-
imunes, infarto do miocárdio, transplantes de órgãos, deficiência nutricional,
anemias, doenças gastrintestinais, do sistema nervoso central, renais,
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
oftalmológicas e da pele.
A maioria dos minerais quelados utilizados na Medicina Ortomolecular são
higros-cópicos, assim, torna-se necessário a adição de agentes absorventes
para evitar que o princípio ativo endureça. Utilizar de 5 a 10% de uma mistura
de Aerosil® (sílica pulverizada) 200 mesh 20% + caulim (silicato de alumínio)
80%. Quanto às suspensões de uso oral, o veículo ideal é o sorbitol, e os
minerais de escolha são os Taste Free ®, minerais sem sabor, segundo o
manual Albion.

Princípios ativos utilizados na Medicina Ortomolecular

Princípio ativo Dosagem diária usual Principais funções


0t-Tocoferol* 8- 12mg Primeira linha de defesa
contra
peroxidação lipídica e
inibe a oxidação
da LDL (Low Density
Ia'poprotein)
Vitaminas do clínica Participantes de sistemas
complexo B: ácido De enzimáticos
acordo com a que regulam várias fases
indicação do
fólico, ácido metabolismo dos
nicotínico, ácido glicídeos, dos
pantotênico, biotina, lipídeos e das proteínas
cianocobalamina,
piridoxina,
riboflavina e tiamina
Ácido ascórbico 50 mg - 3 g Regenerador do 0t-
tocoferol, inativa
radicais livres
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Alanina, arginina, l- De acordo com a Aminoácidos envolvidos
carnitina, indicação nas reações
ácido glutâmico, clínica complexas do
cisteína, cistina, metabolismo celular. A
glicina, glutamina, defici~ncia pode provocar
histidina, patologias
isoleucina, leucina, específicas
lisina, Inativa radicais livres
metionina, ornitina, formados e
fenilalanina, regenera os antioxidantes
serina, taurina, (vitaminas
tirosina e valina EeC)
Princípio ativo Dosagem diária usual Principais funções
Boro 1 - 5 mg Em mulheres após a
menopausa, uma
vez que a carência de boro
eleva a
excreção urinária de cálcio
e magnésio
e reduz as concentrações
séricas de
17-ct- estradiol e
testosterona.
Também recomendado na
prevenção
da osteoporose
Cálcio 800 - 1.200 mg Presente no sistema
nervoso,
muscular, cardíaco e ama
na
permeabilidade da célula,
dentre
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
outras funções
Carotenóides 6 - 15 mg equivalente Inativa radicais livres
a 10.000 - 25.000 UI
de vitamina A ativa
Cobre 0,5 - 2 mg Ativa as enzimas tirosinase,
dopamina-beta-hidroxilase,
citocromo
oxidase e o sítio ativo da
enzima
superóxido dismutase
citoplasmática
Coenzima Q-10 30 - 60 mg Age na membrana,
semelhante ao ct
tocoferol e inibe a
peroxidação
lipídica
Cromo 50 - 200 mcg Formação e composição do
Fator de
Tolerância à Glicose
Ferro 10 - 30 mg Transporte de oxi#nio na
hemoglobina e ama em
mecanismos
enzimáticos complexos
Ginkgo biloba 80 - 240 mg Inativa radicais livres
formados e é
vasoativo contém polifenóis
Magnésio 270 - 355rng Reações de transferência
de fosfato,
contração muscular e
condução
nervosa
Manganês 2-5 mg Relacionado a inúmeras
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
enzimas
amantes no metabolismo
Molibdênio 50 - 100 mcg Ajuda a evitar o câncer,
protege os
dentes da cárie, previne a
impotência
sexual e a anemia e
mobiliza o ferro
Potássio 100 - 200 mg Previne e trata a
hipertensão, protege
contra derrames, melhora
o
desempenho dos atletas,
previne e
combate o câncer.
Indicado para
pacientes que fazem uso
de diuréticos
ou que transpiram em
excesso
Princípio ativo Dosagem diária usual Principais funções
Rufina 100 - 600 mg Contém: polifenol que
inativam
espécies reativas de
oxigênio e
quelantes de metais que
interagem
com a vitamina C,
aumentando sua
capacidade anuoxidante
Selênio 50 - 200 mcg Cofator na produção da
glutationa
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
peroxidase
Zinco 20- 50mg Cofator na produção da
superóxido
dismutase (SOD)

* Caso algum laudo recebido não mencione a potência do produto, admite-


se que, segundo o Martindale cada miligrama de acetato de vitamina E
em pó equivale a 1 UI.
2. PRAZO DE VALIDADE

Um medicamento manipulado mediante uma receita médica é


personalizado. É feito exclusivamente para aquele paciente e deverá ser
utilizado por determinado período de tratamento. Este é o princípio da
preparação, extemporânea.
Portanto, devemos estudar a estabilidade do medicamento para garantir o
seu efeito terapêutico. Mas, devemos ressaltar que a legislação nos obriga a
indicar claramente no rótulo, o período útil do produto ou o prazo de validade.
Geralmente nas Farmácias de Manipulação, este período de tempo não
ultrapassa 6 meses e na Farmácia Homeopática pode durar de horas até 2
anos.
Podemos considerar período útil aquele durante o qual as condições de
pureza, inocuidade, potência e efetividade se mantém dentro de certos
limites, assim como, a manutenção das características físicas e físico-
químicas (como valor do pH, densidade, tempo de dissolução, dentre outras).
- Pureza: Como limite geral, pode se estabelecer que o conteúdo de cada
princípio ativo não deve ser inferior a 90% do valor declarado. Devem ser
mantidas as características organolépticas, como odor, sabor, cor, etc.
- Potência e efetividade: Somente ensaios clínicos são efetivos. Na
Farmácia de Manipulação, encontra-se dificuldade técnica e financeira para
realizar estes testes.
- Toxicidade.. Os produtos de degradação podem ser formados a partir
das matérias-primas e dos princípios ativos, e podem gerar respostas tóxicas.
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

3. VULNERABILIDADE DA FARMÁCIA

Cada fórmula é exclusiva, personalizada, feita especialmente para um


paciente, conforme seu peso, idade, sexo, enfermidade e características
especiais.

• Estas fórmulas são manipuladas por funcionários diferentes.


• As matérias-primas que chegam podem provir de diferentes fornecedores.

Portanto, deve-se padronizar e ter por escrito os métodos. Cada


funcionário deverá estar ciente dos procedimentos que deverão ser discutidos
periodicamente, e se necessário atualizá-los.
A escolha de fornecedores idôneos deverá ser feita, levando em
consideração a experiência destes, a compra com Notas Fiscais e devem ser
acompanhadas de laudos que comprovem a identidade da matéria-prima.
Cada matéria-prima será inspecionada ao dar entrada na Farmácia. Suas
características organolépticas (cor, odor, sabor, textura) devem estar de
acordo com o laudo. Os testes de
identificação mais simples, como solubilidade, ponto de fusão, poderão ser
efetuados logo após o recebimento da matéria-prima.

4. TESTES DE CONTROLE DE QUALIDADE

Segundo a RDC 33, as matérias-primas devem ser analisadas no seu


recebimento, efetuando-se, no mínimo, os testes abaixo relacionados,
respeitando-se as suas caracterís-
ficas físicas, e mantendo-se os resultados por escrito: a) características
organolépficas b) solubilidade c) pH d) peso e) volume f) ponto de fusão g)
densidade h) avaliação do laudo de análise do fabricante/fornecedor

Os métodos mais recomendáveis são aqueles citados pelas farmacopéias


2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
para análise dos fármacos, em cada caso específico, como citamos a seguir:
- pH.. A solubilidade de alguns princípios ativos, a sua permeação na pele,
no cabelo e adequação para aplicação nos olhos, por exemplo, são
diretamente dependentes do pH.
- Densidade: O picnômetro permite avaliar se o produto está
excessivamente aerado, pois o excesso de ar causa redução do valor
da densidade e permite o crescimento de mircorganismos, diminuindo
o prazo de validade, pois interfere na sua estabilidade.
- Viscosidade e dureza: No caso de emulsões, a deposiçâo do filme
sobre a pele deve ser uniforme. Vale ressaltar ã importância da
escolha do material de acondicio-namento. Uma emulsão não deve ser
colocada num frasco de boca larga se estiver com baixa viscosidade,
mas podemos coloca-lo em frascos conta-gotas ou com válvula pump.
Uma emulsão na forma de pasta não deve ser colocada em bisnagas
e, neste caso, pode-se realizar um teste utilizando o penetrômetro.
Este teste consiste na medida da penetração na matéria-prima/produto
de um cone de aço de tamanho e peso conhecidos sob condições
controladas.
- Centrifugaçdo.. Teste muito útil, pois se temos uma emulsão
problemática, isto é, com tendência a separação ou sedimentação e a
mesma for submetida a uma força de gravidade acelerada, poderá ser
visualizado o problema. Normalmente, se utilizam 5000 - 6000 rpm por
20 a 30 minutos em temperatura ambiente, e o ideal é não haver
separação de fases.
• Métodos Químicos
- Gravimétricos: Pesagem do fármaco puro e pesagem de um derivado -
Volumétricos: Titulação ácido-base, argentometria e iodometria

Métodos Físicos
- Elétricos: polarografia
- Ópticos. espectrofotometria, colorimetria, polarimetria e fluorimetria
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
• Testes Microbiológicos
- Turbidimetria: medição de halos

• Terceirização - Existem inúmeras empresas que prestam este tipo de


serviço. Podemos contrata-las e enviar amostras de matérias-primas para
serem analisadas. Principalmente, as que necessitam de testes que temos
dificuldade em realiza-los na própria Farmácia.

• Degradação acelerada

Geralmente, os processos de degradação são reações químicas que


consomem energia e que podem ser acelerados pelo aumento da
temperatura. A maioria dos métodos de envelhecimento acelerado considera
este fato, e se fundamenta em medições da velocidade de degradaçâo à
temperaturas superiores aos valores normais, para extrapolar o que ocorreria
à temperatura ambiente.
Deve ser ressaltado que, apesar da temperatura acelerar quase todos os
processos de degradação, há alguns poucos processos, nos quais a
temperatura exerce pouca influência, como é o caso de algumas reações de
oxidação e decomposição.

- Método empírico: O método empírico estabelece que a cada 10°C de


aumento de temperatura, a velocidade das reaç6es é duplicada. Isto quer
dizer que, se uma reação a 45°C num tempo de vida médio de 20 dias, ou
seja, em 20 dias a concentração do princípio ativo terá chegado à metade, a
550C este tempo será de 10 dias, aproximadamente.
Este critério é muito prático para se programar as experiências. Por
exemplo, se temos reações a 60°C, 50°C e 40°C, e a primeira amostra
tomada aos 3 dias a 60°C revelou 10% de degradação, é de se esperar que
ao sexto dia a 50°C se terá aproximadamente igual valor. Portanto, a 40°C, a
mesma degradação ocorrerá aos 12 dias de experiência.
Por outro lado, o método é perigoso se com este se pretende fazer
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
previsões não emba-sadas em experiências, ou seja, se seguindo o critério
empírico, com o único dado de velocidade de reação a 60°C, calcula-se qual
seria a velocidade de reação a condições normais. Ou pior ainda, se com o
valor de que em 3 dias a 60°C se chega a 10% de degradação, fazemos os
cálculos e se deduz que a 25°C em 36 dias teremos os mesmos 10% de
degradação.
Este é um exemplo pouco favorável. Ninguém se sentiria à vontade para
aplicar este método para obter um prazo de validade de 36 dias; porém, se os
resultados fossem em meses, poderia ser deduzido erroneamente um
período útil de 3 anos.
Entretanto, trata-se de um critério valioso para a programação das
experiências.

• Outros fatores, além da temperatura

- Umidade.. Causa efeito deletério em antibióticos, principalmente no


grupo das penicilinas, pois o anel beta-lactâmico é muito sensível a vestígios
de umidade.
O material de acondicionamento é fundamental. Quanto mais hermético,
melhor.
A influência da umidade sobre a velocidade de reação depende
diretamente da temperatura, a qual acelera, na grande maioria dos casos.
- Luz.. As reações fotolíticas não são aceleradas pela temperatura.
Nos casos de fármacos sensíveis à luz, o mais indicado é proteger a
preparação com um recipiente opaco e que tenha a inscrição "proteger da
luz".
Os resultados obtidos por envelhecimento acelerado por intensidade de
luminosidade não são adequados como dados finais para previsão de
período de validade, pois as condi-ções de radiação são muito mais difíceis
de serem padronizados do que as condiç6es de temperatura.
- Gases atmosféricos: Submete-se o fármaco em seu recipiente definitivo
a distintas pressões de oxigênio e gás carbônico, e se calcula a 90%. Estes
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
valores são extrapolados para condições normais e se calcula o período de
validade. A velocidade de reação nestes casos é diretamente proporcional à
pressão.

- Integrantes da fórmula
Excipientes: vários componentes "inertes" aceleram a degradação
química de inúmeros princípios ativos. Em fórmulas sólidas (cápsulas), a
higroscopicidade do excipiente é um fator extremamente importante. Assim
como, a sua solubilidade na água. Por exemplo: no carbonato de cálcio ou a
lactose, a umidade é absorvida somente pelo princípio atiro. No caso da
sacarose, glicose, cloreto de sódio, o princípio auvo torna-se praticamente
dissolvido numa solução saturada do excipiente e se observa diminuição da
sua estabilidade, e uma grande sensibilidade à umidade do ambiente. Pode
ocorrer hidrólise.
O ácido acetilsalicílico encontra sua melhor estabilidade se diluído com
amido ou talco. Na presença de bicarbonato de sódio, sua degradação é
muito acelerada e, mesmo à temperatura ambiente, sua conversão em ácido
salicflico livre ocorre em poucos meses.
Outro fenômeno importante é a formação de complexos com os
excipientes, podendo modificar sua biodisponobilidade. Por exemplo:
fenobarbital forma com o PEG 4000 um complexo pouco solúvel, reduzindo a
velocidade de absorção do barbitúrico. Um caso similar ocorre entre as
tetraciclinas e os parabenos.
Hoje, o principal absorvente utilizado é o Aerosil®,que é uma sílica
pulverizada leve e de estrutura porosa capaz de absorver 200% de água e
ainda continuar seco.
5. SINAIS DE INSTABILIDADE

- Cápsulas de gelatina: Mudança de aparência ou consistência, incluindo


amolecimento ou endurecimento.
Evidente liberação de gases (entumescimento do envelope)
- Pós secos e grânulos: Mudança de cor, endurecimento, formando uma
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
massa dura e única.
- Pós secos e grânulospara soluções e suspensôes: Forma farmacêutica
usada para antibióticos e vitaminas. É particularmente sensível à umidade.
Podem apresentar: odor estranho; endurecimento, formando massa única e
dura; e gotículas na parede do recipiente.
- Soluções, elixires e xaropes: Precipitação, crescimento bacteriano
evidente e formação de gases.
- EmulsOes: Quebra da emulsão com separação de fases, crescimento de
cristais, diminuição do volume devido a perda de água, contaminação
microbiana, odor estranho e aparecimento de grânulos e substâncias
arenosas.
- Suspensâo: Fase sólida endurecida e presença de partículas grandes
(crescimento exagerado de cristais).
- Tinturas e extratosfluídos: Aparecimento de precipitação e turvação.
- Pomadas: Mudança na consistência, separação excessiva de líquido, e
apareci-mento de grânulos e substâncias arenosas.

6. SISTEMAS CONSERVANTES

Conforme descrito no capítulo "Formas Farmacêuticas", item


"Emulsôes"

7. INCOMPATIBILIDADES

Relação de princípios ativos e sua incompatibilidade

Princípio Ativo Incompatibilidade


Ácido l-ascórbico, Luz visível e UV, metais pesados, oxigênio,
biotina, temperatura elevada e água
cloridrato de piridoxina,
nicotinamida, pró-
vitamina B5
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
ou d-pantenol, retinol e
VC-PMG
Acetato tocoferila Metais pesados e temperatura elevada
Princípio Ativo Incompadbilidade
Ácido azeláico VC-PMG, Carbopol®, filtros solares (UVA/B®
Merck, Eusolex® 232)
Ácido glicólico Metabissulfito de sódio
Ácido kójico Luz, metais, hidrólise dos ésteres graxos da
emulsão, VC-PMG;
Arbutin®, Carbopol®, filtros solares (UVA/B® Merck,
Eusolex® 232)
Ácido refinóico Luz, metais pesados, oxigênio, temperatura elevada
Ácido salicílico Ferro (coloraçfio violeta)
®
Antipollon HT Carbopol®, cremes gordurosos
Arbudn® Ácido kójico, ácido glicólico, ácido retinóico,
hidroquinona, ácido
azeláico, mequinol, metais e oxigênio
Ascorbosilane® C VC-PMG
Benzo~nona-3 Luz, alguns solubilizantes (solubilizar no salicilato de
octila)
Benzo~nona-4 Luz
Cloreto de benzalcônio Aniônicos
Cloreto de cetilpiridino Aniônicos
Desferroxamina (DFOM) Metais
Dióxido de titânio Carbômeros em elevada concentração
Dipalmitato de ascorbila Hidroquinona, ácido kójico, ácido glicólico.
Extratos glicólicos Diminui a viscosidade de espuma dos tensoativos e
instabilizam a
maioria das emuls6es
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Fenipentol VC-PMG
' Gluconato de Aniônicos
clorexedina
Hidroquinona Luz, metais, oxigênio, ácido glicólico, VC-PMG,
Melawhite®,
Carbopol®, filtros solares (UVA/B® Merck,
Eusolex® 232)
Melawhite® Hidroquinona e mequinol
Mequinol VC-PMG, Arbutin®, filtros solares (UVA/B® Merck,
Eusolex® 232)
Minoxidil Luz
Óxido de zinco ultrafino Carbômeros e estearatos alcalinos
Phycocorail® Carbômeros e estearatos alcalinos
Piritionato de zinco Metais pesados (transquelação), ácidos livres e luz
Piroctona olamina Ferro (coloração amarela), luz
Sulfeto de sel¿nio Polímeros cafiônicos, goma xantana, oxidantes,
oxig~nio do ar e luz
VC-PMG AHAs (ácidos glicólico e lático), ácido kójico,
isotretinoína, ácido
retinóico, hidroquinona, ácido azeláico,
Ascorbosilane® C e mequinol
Vimcedona Mequinol
8. CONTROLE DE QUALIDADE DE C2~LPSULAS

A exatidão do peso de um produto medicamentoso depende da pesagem,


do processo de enchimento e também da própria substância.
Assim, nas cápsulas gelatinosas duras o desvio entre o peso médio (real)
e o peso pretendido (ideal) é quase sempre maior nos processos manuais do
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
que nos sistemas mecanizados. O desvio padrão médio aceito para as
substâncias pulverulentas é de mais ou menos 3,5%, dependendo da
Farmacopéia. Este método serve para avaliar se estamos distribuindo
uniformemente o pó nas cápsulas.
Um método rápido é pesar 10 cápsulas, uma a uma, anotar os pesos,
subtrair o peso da cápsula vazia e aplicar a seguinte fórmula:

Onde: S = desvio padrão


Z = somatória
X = peso da cápsula
X = peso médio das cápsulas
N = número de cápsulas

9. CONSIDERAÇÕES GERAIS

A volta triunfal da Farmácia de Manipulação foi decorrência da


necessidade do médico em ajustar a formulação a cada paciente.
Doses adaptadas, confiança na formulação, preços competitivos são
alguns dos motivos do sucesso das Farmácias de Manipulação. Isso aliado a
criação e implantação da mentalidade voltada ao controle de qualidade e
pesquisa, no sentido de que o consumidor receba o produto em condições
adequadas.
Não podemos esquecer de mencionar que a eficácia e a segurança, ao
lado da boa apresentação farmacêutica, leva o consumidor a aceitar o
produto.
Evidentemente que por trás desses critérios, convém ressaltar que a
qualidade do medicamento é fator promocional para obtenção do lucro.
2 - Controle da Qualidade das Matérias-primas

2.1. Laboratório de Controle da Qualidade

2.1.1. Instalação Física


2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
Área física ideal: mínimo de 15m2
Localização: preferencialmente próximo ao almoxarifado e laboratórios de
produção, porém deve ser isolado e independente das outras instalaçÕes.
Piso: cerâmica ou piso vinílico (paviflex) de fácil limpeza.
Paredes: azulejo ou parede com revestimento liso e pintura a Óleo.
Iluminação: natural e artificial adequadas, porém com a possibilidade de uma
área escura (para leituras cromatográficas).
Ventilação: a área deve se ventilada com capela de exaustão.
Refrigeração: deve conter ar condicionado mantendo a temperatura ambiente
em torno de 20°C (necessário para o funcionamento e conservação ideal dos
equipamentos analíticos).
Bancadas: alvenaria ou madeira formicada com revestimento protetor,
impedindo a quebra de vidrarias.
InstalaçÕes elétricas: tomas 110V e 220V.
InstalaçÕes hidráulicas: as bancadas devem possuir torneiras.
Outras benfeitorias: gás, vácuo.

2.1.2. Equipamentos
Instalação e os equipamentos de um laboratório de controle da qualidade
com recursos básicos podem ser obtidos a custos razoáveis. Todavia, o
investimento retorna sob a forma de economia, maior eficiência nos
processos de produção, avaliação do desempenho dos funcionários,
segurança, controle do desempenho da empresa, conscientização geral da
empresa sobre a qualidade, credibilidade e a conquista de uma posição
estável no mercado.
Os equipamentos necessários para o funcionamento de um laboratório de
controle da qualidade na farmácia de manipulação deve ser proporcional à
amplitude das análises que se pretende realizar e à disponibilidade financeira
para adquiri-los.
Consideramos como ideal: Toiletry and Fragance

• pHmetro
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
• aparelho para determinação do ponto de fusão
• viscosímetro
• espectrofotÔmetro (visível e ultra violeta ) faixa = 190 - 750mm
• estufa
• balança analítica de precisão
• mufla
• banho-maria
• centrífuga (com pelo menos 3000 rpm) • microscópio • refratômetro •
dessecador
• Bico de Bunsen
• tamizes para classificação de pós: 100, 150, 200 mesh
• densímetros (alcoometros e picnÔmetros)
• vidrarias (provetas, buretas, condensadores, balões, erlenmeyers,
cápsulas de porcelana, tubos de ensaio, funis de separação, pipetas
graduadas e volumétricas, tubos de Nessler, balões volumétricos,
termômetros, pesa filtro, frascos para reagentes, etc.)
• refrigerador
• cromatoplacas
• lâmpada UV
• cuba cromatográfica (para cromatografia em camada delgada)
• balança com dessecador para determinação de umidade
2.1.3. Principais Fontes Bibliográficas de Metodologia Analítica
• Index Merck
• USP- Natíonal Formulary
• BP- British Pharmacopeia
• Martindale
• Farmacopéia Brasileira
• Análise Farmacêutica-Andrejus Korolkovas
• CTFA Standarts Methods - Cosmetic,
Association

Manual de Soluções, Reagentes e Solventes - Morita


2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
• Livros de Farmacognosia
• Livros de Química Analitica
• Handbook of Pharmaceutical Excipients
• Farmacopéia Européia
2. 2. 1. Recepção das matérias-primas
Quando a matéria-prima chegar ao almoxarifado, sua embalagem deve
ser examinada visualmente, observada sua integridade, sua conformidade
com o declarado na Nota Fiscal, confirmação de peso ou volume (ainda na
presença da transportadora), necessidade de conservação especial, validade.

2. 2.2. Identificação
Todas as matérias-primas recém-chegadas devem ser conservadas em
uma área isolada considerada 'quarentena" até que o laboratório de controle
da qualidade determinado ou não a sua aceitabilidade.
A área de quarentena deve ter acesso restrito de maneira a evitar a
utilização inadvertida da matéria-prima não analisada.
As matérias-primas que necessitam condições especiais de conservação
serão retidas até que as análises indiquem sua conformidade.
Conforme o controle da qualidade aprove ou rejeite o lote de matéria-
prima, identificá-la com etiqueta de aprovação ou reprovação.

Etiquetas

Quarentena: Preencher etiqueta de quarentena (cor amarela) com: • nome


da matéria-prima • número do lote
• data do recebimento • data da fabricação • data da validade
• nome do fornecedor
• quantidade
• nome da transportadora
• "Aguardando Aprovação"
Aprovado: Etiqueta de Aprovação (cor verde)
• Nome da matéria-prima
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas
• Número do lote
• Data de recebimento
• Data de validade
• Nome de fornecedor
• Quantidade
• Analista
• 'Aprovado'

Reprovado: Etiqueta de reprovação (cor vermelha)


• Nome da matéria-prima
• Número do lote
• Data do recebimento
• Data da validade
• Nome do fornecedor
• Analista
• 'Reprovado'

2.2.3. Amostragem
A amostragem deverá ser feita por uma pessoa qualificada sob a
supervisão do controle da qualidade.
Devem ser recolhidas amostras representativas de cada embalagem de
cada lote, caso venha mais de uma embalagem de um mesmo lote. Utiliza-se
çn + 1 (número de embalagens das quais devem ser colhidas amostras).
Caso a matériaprima pertença a lotes diferentes, devem ser amostrados cada
lote.
A amostragem deverá ser tomada em local limpo e apropriado, para que
não • haja possibilidade de contaminação cruzada.
Deverá ser feita uma porção do fundo, meio e parte superior das
embalagens, com pipeta, sonda, colher ou utensílio apropriado.
A quantidade de amostra a tomar deverá ser determinada previamente de
acordo com a metodologia analítica a ser empregada separando um pouco
mais para a amostrateca3,
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

3 Amostrateca: local para arquivamento de amostras de matéria-prima ou


produtos
acabados pertencentes a cada lote analisado. As amostras analisadas
aprovadas podem ser eventualmente utilizadas como parâmetros
comparativos com futuro lotes a serem analisados.
Testes qualitativos ou quantitativos simples nas matérias-primas podem
ser de grande valia para detectar alterações, adulterações ou erros
grosseiros dos fornecedores na separação da matéria-prima, podendo ser
efetuados na própria farmácia.
Deve-se preparar uma ficha constando os métodos analíticos que serão
empregados4 .
Para fins de identificação costumam levar-se em conta os critérios
subjetivos.
Critérios analíticos empregados para determinação da qualidade dos
medicamentos:
• Propriedades organolépticas: aspecto geral, cor, odor, sabor
• Normas e ensaios de identidade: solubilidade, ponto de fusão,
espectrofotometria UV (ultravioleta) e IV (infravermelho), cromatografia,
reaçÕes de coloração, reaçÕes de precipitação, etc.
• Normas e provas de pureza: métodos quantitativos como perda por
dessecação, grau de umidade, cromatografia líquida e gasosa,
espectrometria de massa (para estimar a concentração de uma impureza
tóxica), ensaios de metais tóxicos, provas de esterilidade e
pirogenicidade.
• Normas e ensaios de atividade: métodos quantitativos como a
Sentid
o

espectrofotometria, titulação, gravimetria e os métodos baseados em


reações elétricas, térmicas e biológicas.
2. 3. Características (identificação) das matérias-primas

2. 3. 1. Caracterização organoléptica
São consideradas características organolépticas aquelas que utilizam os
cinco sentidos corno instrumento de análise, importante na identificação
inicial da matéria-prima que chega a farmácia, sondo portanto um método
inicial de custo zero. As características organolépticas guardam relação com
a integridade e qualidade da matéria-prima, mas não podem ser utilizadas
com fins analíticos, sondo consideradas subjetivas.

Caractéristicas Tato, visão


or~lanolépticas Aparência
D - Corantes:

Cor Visão
Odor Olfato
Sabor Paladar

4 Tabela Especificação de Matérias-primas - Anexo 03


A- Substâncias sólidas (pó):
• Aparência: pegar da amostra uma alíquota homogênea e espalhar
sobre um papel branco. Fazer comparação visual e táctil com um
padrão (amostrateca), confrontando a observação com as
especificaçÕes do fornecedor e com a da bibliografia analítica adotada.
• Cor: a observação da cor da amostra deve ser realizada em local
bem iluminado (luz branca) contra um fundo branco com confronto com
padrão da amostrateca e descrição da metodologia analítica adotada.
Descrições mais comuns: branco; quase branco; levemente
amarelado, etc...
• Odor: deve ser observado em confronto com padrão da amostrateca
e bibliografia adotada. Devemos tomar precaução com substâncias
voláteis, tóxicas e irritantes (ex." capsaicina, ácido clorídrico, ácido
sulfúrico, hidróxido de amônio, etc). É um parâmetro organoléptico
apenas descritivo e não deve ser considerado como padrão de pureza,
exceto para aqueles casos nos quais um odor particular é sinal de
qualquer alteração (como odor de ranço em materiais graxos e odor
característico de hidrólise .na dietilpropiona). Geralmente classificado
como: odor característico ou inodoro.
• Sabor: não ""
e determinado para sólidos (risco e
intoxicação para o
analista).
D - Corantes:

B - Substãncias líquidas

• Aparência: homogeneizar a amostra e transferir uma alíquota para um tubo


de ensaio e observar contra um fundo branco. Deve-se considerar a presença
ou não de resíduos, grau de turvação e separação de fases.

• Cor: a cor será determinada usando amostras-padrão, fazendo uma


identificação visual ou por método colorimétrico. A técnica será realizada
preferencialmente em tubos de comparação de cor rigorosamente iguais, sob
condições que assegurem que a solução referência colorimétrica e a
substância testada sejam tratadas similarmente em todos os aspectos. A
comparação de cores é melhor realizada em camadas de iguais
profundidades e, sendo observadas transversalmente contra um fundo
branco, sendo particularmente importante que as soluções sejam comparadas
na mesma temperatura, preferencialmente aos 25-°C.

• Odor: deve-se tomar precaução com líquidos voláteis tóxicos e irritantes.


Geralmente classificado como: odor característico ou inodoro, confrontando
com amostra padrão recente. No caso de óleos ou materiais graxos, esteja
atento a odor característico de ranço.

• Sabor: não é determinado para líquidos.

:- Essências e Aromas

• Aparência: deve-se considerar a presença ou não de resíduos e turvação,


isto é possível através da observação na embalagem original do produto,
senão através de frascos transparentes.
D - Corantes:
• Cor: segue-se o mesmo método descrito para cor de líquidos.

• Odor: o odor das essências será identificado utilizando-se uma fita de papel
de filtro na qual mergulha-se n produto. Espera-se secar levemente, para logo
em seguida cheira-la, comparando com seu aroma padrão. É importante não
se realizar a análise de várias essências ao mesmo tempo devido à
possibilidade de mistura de odores, dificultando uma perfeita identificação.

• Sabor: pode-se proceder à preparação de uma solução açucarada (xarope),


adicionando a mesma quantidade de essência para amostra e o padrão.
Deve-se experimentar a amostra, enxaguar a boca com água e logo a seguir
experimentar o padrão.
• Aparência: fazer comparação visual com um padrão pré-determinado, em
papel branco, seguindo as especificações do fornecedor.
• Cor: prepara-se uma solução de porcentagem variada, porém baixa
(translúcida), idêntica ao padrão. Em seguida, analisar de acordo ao método
descrito na cor dos líquidos.
• Odor: inodoro ou característico segundo a especificação do fornecedor.
• Sabor: não é determinado para corantes.

2.3.2. Identificação físico-química


O teste de identificação é um meio de se determinar a identidade de
uma substância, não fornecendo obrigatoriamente dados sobre a sua pureza.
Quando se dispõe de equipamentos, a identificação feita por espectroscopia
no infra-vermelho pode ser uma metodologia de escolha.

Solúv
el

Insolúv
el
D - Corantes:
A- Solubilidade
As indicações sobre solubilidade referem-se a determinações feitas a
25°C. Pode-se verificar a solubilidade em solventes como a água, álcool
etílico, metanol, glicerol, clorofórmio, acetona, éter, soluções ácidas diluídas,
soluções alcalinas diluídas, óleo mineral, óleo vegetal, acetato de etila,
propilenoglicol e outros solventes que vão interessar à manipulação
específica.

Tabela 1. Classificação farmacopéica da solubilidade

Termo Descritivo Quantidade de solvente


Muito solúvel Menos de 1 parte*
Facilmente solúvel De 1 a 10 partes

Ligeiramente De 10 a 30 partes
solúvel De 30 a 100 partes
De 100 a 1.000 partes
Pouco solúvel De 1.000 a 10.000 partes

Muito pouco Mais de 10.000 partes


solúvel
* A expressão partes refere-se a dissolução de lg de um sólido ou lmL de
um líquido no número de mililitros do solvente estabelecido no número de
partes.
B - Determinação do pH
O pHmetro é um aparelho indispensável na farmácia com manipulação,
sendo importante tanto no controle de qualidade da matéria-prima como o
produto acabado. A medição do pH é muito importante, pois várias matérias-
primas podem ter seu pH alterado em função de impurezas ou instabilidade
(hidrólise, por exemplo). Esta instabilidade pode ocorrer devido ao tempo de
estocagem e/ou condições inadequadas de transporte e armazenamento,
Altas temperaturas predispõem à instabilidade. Algumas matérias-primas
podem ser caracterizadas através da medição do pH de uma solução da
amostra a determinada concentração.

Descrição
• Retirar o béquer contendo solução de KCI na qual está mergulhado o
eletrodo quando o medidor não está em uso;
• Lavar o eletrodo com jatos de água destilada e enxuga-lo com papel de
filtro;
• Imergir o eletrodo em solução tampão de referência, verificando-se a
temperatura em que se vai operar;
• Ajustar o valor de pH 7, mediante o botão de calibração;
• Lavar o eletrodo com várias porções de um segundo tampão de
referência, imergindo-o neste, verificar o valor do pH registrado, aferir o
pHmetro com valor de pH 4 do segundo tampão;
• Após a aferição, lavar o eletrodo com água destilada, e com várias
porções da solução da amostra;
• Para a diluição das amostras, deve-se usar água destilada isenta de
CO2 (água destilada fervida)
• Proceder a determinação da leitura do pH da solução da amostra, a
primeira determinação fornece valor variável, havendo necessidade de
proceder a novas leituras (ideal 3 leituras);
• Lavar novamente o eletrodo com água destilada, conservando-o a seguir
em solução de KCI.

Sugestões de Soluções tampão

r Tampão pH 7 I Água destilada qsp ................200mi


]j Tampão pH 4
I Fosfato monopotássio 0,2M ..50mi
I Hidróxido de sódio II Biftalato de potássio 0,2M .........50mi
.................................................. Ácido clorídrico 0,2M ..................0,1 mi
29,1ml Água destilada qsp ....................200mi
C- Densidade

A densidade é uma propriedade física cujo valor é calculado através do


peso (em gramas) e do volume (mi) de uma dada substância pura (líquida ou
sólida) ou mistura. Ex.: a água a 25-°C tem densidade igual a 1,000, isto
significa que 1 grama de água nessa temperatura, ocupa o volume de 1mi.
Adicionando-se sal na água, a densidade será alterada para mais. Já na
mistura água-alcool etílico a densidade será menor que 1,000. Portanto, nas
misturas, a densidade das substâncias adicionadas interferirá na densidade
final, permitindo determinar possíveis adulterações através da medição da
densidade.
A densidade é útil para avaliar a pureza de certas substâncias, como
álcool, óleo vegetais e minerais.
Para a determinação da densidade (densidade específica) em líquídos e
densidade aparente em pós utilizam-se densímetros de vidro e picnbmetros,
provetas e balanças analíticas.

Determinação da densidade aparente d (ap) para pós:


Para a determinação da densidade de pós (densidade aparente) utiliza-
se a proveta. A densidade aparente é útil tanto na identificação da amostra
com também para viabilizar o método de enchimento volumétrico de cápsulas,
densidade aparente de pós é a relação de peso por unidade de volume,
incluindo os espaços vazios que normalmente existem entre as partículas. A
deterrrdnação da densidade aparente requer apenas uma proveta em uma
balança.
C- Densidade

d (ap) = P/v
d (ap) = densidade aparente P = peso em grama v = volume em mi

Determinação da densidade relativa (método do picnômetro) para


líquidos:
Utilizar um picnÔmetro limpo e seco que tenha sido previamente
calibrado. A calibração consiste na determinação da massa do picnÔmetro
vazio e da massa do seu conteúdo com água, recentemente destilada e
fervida, medida a 20°C.
Colocar a amostra no picnômetro a 20-°C, remover o excesso da
substância, se necessário, e pesar. Obter o peso da amostra (em gramas)
através da diferença da massa do picnÔmetro cheio e vazio.
A divisão entre a massa da amostra líquida e a massa da água, ambas
a 20°C é a densidade relativa.

L
d (rei) 20-°C = massa da amostra líquida /
massa da água
J

Determinação da densidade específica

É calculada a partir de sua densidade relativa


C- Densidade

(esp) 20-°C = 0,99703 x d (rei) + 0,0012~

Nota: normalmente as monografias fornecem dados de densidade específica.

D- Densitometria

É a utilização de aerômetros ou densímetros para determinação da


densidade.
Observar a temperatura que será efetuada a medição da densidade,
caso seja necessário faça a correção da leitura.

Descrição
Verta a amostra líquida numa proveta, coloque a proveta em posição
vertical, introduza um termômetro no líquido fixando-o sobre o bordo da
proveta. Quando a coluna termométrica ficar estacionária, mergulhe no líquido
o densímetro previamente molhado no líquido em ensaio e enxugado
cuidadosamente. O densímetro deverá flutuar livremente na proveta, sem
aderir às paredes e o líquido não deverá atingir os bordos da proveta. Quando
o densímetro deixar de oscilar -faça então a leitura.

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