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ASPECTOS REPRODUTIVOS DO TOURO

- Fertilidade: capacidade do animal produzir descendentes normais (alta fertilidade – 1 touro para 20 a 50 vacas)
- Subfertilidade: incapacidade de produzir descendentes dentro da média esperada para a espécie
- Infertilidade : incapacidade de produzir descendentes ou com redução severa na capacidade

ANATOMIA FUNCIONAL
Composto pela bolsa escrotal, que aloja os testículos e epidídimos, funículo espermático
(plexo pampiniforme) músculo cremaster, pênis e uretra pélvica. O sistema reprodutor
também possui glândulas acessórias, que são as glândulas bulbouretrais, vesículas seminais e
ampola dos ductos deferentes e próstata.
- Composto por estruturas específicas que fazem o controle da termorregulação para
produção de espermatozóides

EXAME ANDROLÓGICO
Envolve uma análise completa do reprodutor, indicando se o animal está apto para a reprodução. É de extrema
importância realizar o exame andrológico antes e depois da estação de monta, para avaliar a performance
reprodutiva do animal. Envolve diversos exames (exame físico geral, teste de libido, capacidade de monta, exame
específico, biometria testicular, espermiograma)

EXAME CLÍNICO ESPECÍFICO


GENITÁLIA EXTERNA
 Inspeção: bolsa escrotal (aumento de volume, simetria, lesões cutâneas)
 Palpação: avaliar mobilidade testicular, pele, estruturas subcutâneas (hematocele, hidrocele, piocele)
 Biometria Testicular: consiste na largura, comprimento e circunferência escrotal
 Volume Testicular: aumento de volume indica infecções ou acúmulo de líquido
- Avaliação Clínica dos Testículos:
 avaliar a mobilidade do testículo dentro da bolsa escrotal
 consistência e elasticidade (deve ser fibroelástica, sendo que quando flácido, indica degeneração)
Flacidez de Grau 1 Sem relação na qualidade seminal
Flacidez de Grau 2 Sêmen fora dos padrões
Flacidez de Grau 3 Sêmen fora dos padrões
 integridade da bolsa testicular
- Avaliação Clínica dos Epidídimos:
 tamanho e forma (animais com hipoplasia de epidídimo devem ser descartados – espermatozoide imaturo)
- Avaliação dos órgãos sexuais secundários:
 prepúcio e tamanho do umbigo
- muito penduloso, tende a ter fraturas pelas forragens
- muito curto, dificulta a cobrição do touro na fêmea
- Avaliação do Aparelho Locomotor
 avaliar os aprumos (pernas, cascos, coluna)
- Avaliação do Sistema Respiratório
 profundidade e amplitudes torácicas (indicativo de lesões)
- Adaptação ao Meio
 resistência a parasitas
 resistência ao calor e umidade (pigmentação e pelagem do animal)
GENITÁLIA INTERNA
- Vesículas Seminais (pares): avaliar o tamanho, simetria, consistência (fibroelástica), mobilidade
restrita e sem sensibilidade dolorosa, através da palpação retal
- Ampolas dos Ductos Deferentes (pares): avaliar o tamanho, simetria, consistência
(fibroelástica), mobilidade restrita, ausência de sensibilidade dolorosa, através da palpação retal
- Próstata: avaliar o tamanho do corpo (porção disseminada não é palpável)
- Glândulas Bulbouretrais (pares): localizada na porção dorsocaudal da uretra (não é palpável,
por serem encobertas pelo músculo bulbocavernoso)

ESPERMIOGRAMA
O espermiograma consiste na avaliação dos caracteres microscópicos do sêmen, completando assim o exame
andrológico, onde se avalia os caracteres físicos. Para sua eficácia, depende de um manuseio correto do sêmen
(proximidade do lugar da coleta ao laboratório, proteção da amostra, cuidados na avaliação, pré-aquecimento)
Temperatura e incidência de luz influenciam na visualização.
- Indicação: armazenamento de sêmen (IA), diagnosticar fertilidade e fornecer informação em casos de infertilidade

MÉTODOS DE COLETA DE SÊMEN


Deve ser um método eficiente sem prejuízos ao animal e ao sêmen (realizar limpeza do prepúcio antes)
- Eletroejaculação: consiste na utilização de um eletroejaculador que possui uma progue elétrica com eletrodos,
que se encontram voltados para baixo, e ao ser inserido no reto, fazem estímulos elétricos direto nas glândulas
acessórias (realizar 3 segundos de estímulo com baixa amperagem, e 3 segundos de repouso – aumentar a
amperagem, e realizar 1 segundo de estímulo e 1 segundo de repouso, até que haja a secreção de líquido prostático,
com no máximo 3 minutos de estímulo elétrico) – ejaculação forçada
- Vagina Artificial: tubo rígido com água morna (46 a 48º C) envolta por mucosa de latéx, com uma mucosa
plástica no centro, onde o pênis entra em contato, acoplada em um tubo coletor – mais indicado por ser mais
fisiológico (quando o touro faz a posição de monta, o pênis deve ser desviado e inserido na vagina artificial)
- Massagem das glândulas acessórias : poucos animais ejaculam com este método

MATERIAL NECESSÁRIO PARA AVALIAÇÃO


- Lâminas e lamínulas, mesa aquecedora (pré-aquecimento da amostra), micropipeta, corantes e frascos

AVALIAÇÃO DO SÊMEN
Caracteres Físicos:
- Volume, cor (marmórea à amarelo), aspecto(cremoso, leitoso, opaco, aquoso), odor (“cândido) e pH (6,4 a 7,8)
Caracteres Microscópicos:
- Concentração: fator importante (contagem de espermatozoides presentes no
ejaculado)
 necessita dos espermatozoides mortos, por isso, é o último caractere a ser
examinado
 homogeneizar a amostra com solução salina (diluição de 1:200 ou 1:100)
 Passo 1: preencher a câmara de Neubauer nos dois lados
 Passo 2: escolher o quadrado central para fazer a contagem
 Passo 3: no quadrado escolhido, escolher 5 quadrados para fazer a contagem
de espermatozoides (sequência deve ser lógica)
 Passo 4: em todos os quadrados escolhidos, considerar um “L” para
considerar os espermatozoides com a cabeça na linha
 Passo 5: contagem deve ser feita em zigue-zangue
nº de espermatozóides

Cálculo da concentração espermática:


n = espermatozoides/mm3
1/100 x 5/25 x 1/200
espaço preenchido na câmara nº de diluição

proporção dos quadrados


- Motilidade: porcentagem de células com movimento progressivo em sêmen fresco, rápido e imediato
 técnica realizada com uma gota de sêmen em lâmina e lamínula, visualizada em microscópico
 corante: eosina-nigrosina
 avaliar espermatozoides com movimento progressivo e o não progressivo

- Vigor: capacidade de propulsão do espermatozoide


 técnica semelhante a de motilidade
 classificar em: parado (morto), muito lento, lento, rápido e muito rápido

- Turbilhonamento: movimento em massa do espermatozoide


 técnica: realizada com uma gota de sêmen em lâmina (sem lamínula) pré-aquecida
 classificar em: movimento local, pontos isolados, todo o campo, difícil de determinar as ondas, uma onda

Características Morfológicas (patologias espermáticas):


Observação da forma da cabeça e da cauda do espermatozoide (defeitos na morfologia estão intimamente ligados a
genética). Fertilidade depende da normalidade de células. Verificar célula por célula.
Quanto maior a qualidade do sêmen, melhor para congelar e descongelar
- Defeitos maiores: anomalias no testículo e epidídimo
- Defeitos menores: ocorrem no trânsito, armazenagem, maturação ou ejaculação do espermatozoide
 Defeitos na cabeça: knobbed, cabeça piriforme, cabeça estreita na base, cabeça pequena normal
 Defeitos de cauda: cauda enrolada, implantação abaxial
 Gota Citoplasmática Distal e Gota Citoplasmática Proximal

KN OBBED CAB EÇA PIRIFORME CAB EÇA ESTREITA CAB EÇA PEQUENA
N A BASE N ORMAL

CAU DA ENROLADA COM GOTA


CAU DA ENROLADA IM PLANTAÇÃO GOTA CITOPLASMÁTICA
CITOPLASMÁTICA DISTAL
AB AIXAL PROXIMAL
PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DO MACHO
BOLSA ESCROTAL
PROCESSOS CUTÂNEOS:
- Contusões, lacerações, dermatites, ectoparasitas, produtos químicos, processos infecciosos causados por bactérias
Sintomas:
 aumento da temperatura local, podendo levar a degeneração testicular (desregula a espermatogênese)
Diagnóstico:
 exame clínico (presença de lesões), avaliação seminal (mudança no quadro seminal)
 prognóstico: favorável (quando recente), reservado à ruim (lesões irreversíveis com aderências)
Tratamento: tópico e gelo (quando recente)
HIDROCELE OU HEMATOCELE
- Acúmulo de líquido âmbar ou sangue na bolsa, promovendo alteração da espermatogênese (raro em zebuínos)
Etiologia:
 traumas, aumento de temperatura, parasitas (migração errática)
Sintomas: Diferenciar de Edema (sinal de Godet
 transudato, aumento de tamanho e de temperatura local, desconforto negativo em hematocele e hidrocele)
Diagnóstico:
 sintomas e centese (hidrocele – líquido âmbar a amarelado/ hematocele – líquido vermelho)
 ultrassom e termografia: presença de líquido
Tratamento: gelo (agudo), AINEs (crônicos)

TESTÍCULOS
CRIPTORQUIDISMO
- Falha na migração normal de um ou ambos testículos, ficando retidos no canal inguinal ou no abdômen
- Ligado a consaguinidade (altera o gubernáculo testis, que traciona o testículo a bolsa escrotal)
- Função endócrina permanece normal, porém a espermatogênese é alterada (mudança de temperatura)
- Predispõe a neoplasias (formação de células mutantes pela temperatura indevida)
Sintomas:
 bilateral causa azoospermia (não produz espermatozoides) e unilateral (subfertilidade)
Diagnóstico:
 palpação retal (testículo na cavidade abdominal ou pélvica)
 aplicar HCG ou GnRH e dosar testosterona após 30, 60 e 120 minutos em casos bilaterais (caso o nível de
testosterona aumente, significa que o testículo está na cavidade abdominal)
Tratamento e prognóstico: cirúrgico (favorável) ou descarte (animais de pouco valor)
Profilaxia: evitar consaguinidade e retirar da reprodução (unilateral – por ser subfértil, pode passar aos filhos)
HIPOPLASIA TESTICULAR
- Perda da função do parênquima testicular, levando a diminuição do volume e concentração do sêmen. Predispõe a
novas patologias. É de caráter hereditário, principalmente nos zebuínos e bubalinos. Pode ser uni ou bilateral,
acometendo parcial ou totalmente os testículos.
Diagnóstico
 histórico (animal que cobre mas não emprenha, ou emprenha pouco) e exames clínicos repetidos
Tratamento: retirar da reprodução
DEGENERAÇÃO TESTICULAR
- Ocorre quando o animal tem dificuldade de controlar pequenas inflamações, afetando a qualidade seminal
Etiologia:
 estresse ambiental (calor), intoxicação, traumas, processos infecciosos, doenças crônicas e caquetizantes,
distúrbios nutricionais, neoplasias e idade
Sintomas:
 flacidez testicular (agudo) ou consistência firme (crônica), com características seminais diminuídas
 aumento de patologias do sêmen
Diagnóstico:
 histórico (animais férteis que passam por queda), coletas de sêmen periódicas (distinguir de hipoplasia)
 prognóstico: bom em jovens, ruim em animais velhos e casos crônicos
Tratamento: eliminar a causa primária
Profilaxia: manejo adequado do touro (sombreamento e água fresca), escolha de animais mais resistentes
ORQUITE
- Inflamação dos testículos (curso agudo ou crônico, traumático ou infeccioso)
Sintomas:
 dor, febre, inapetência, alteração na qualidade do sêmen (aguda), fibrose (crônicas)
Tratamento: antibiótico e AINEs, eliminar causa primária, ducha fria e gelo (aguda), diagnosticar doenças
infectocontagiosas (crônica)

EPIDIDIMOS
DISFUNÇÕES EPIDIDIMÁRIAS (cabeça, corpo e cauda)
- Promovem distúrbios no plasma seminal e nos espermatozoides
Diagnóstico:
 teste de exaustão: realizar várias coletas e avaliar a qualidade das células

PREPÚCIO E PÊNIS
FIMOSE
- Obstrução completa ou parcial do óstio parcial com acúmulo de urina, por causa hereditária ou adquirida por
traumas ou lesões constantes
Tratamento: pode ser cirúrgico ou não, descarte (em casos hereditários), tratar ferida e lesões (curativo)
PARAFIMOSE
- Estrangulamento da glande peniana após exposição, por estenose do prepúcio
Tratamento: ducha fria para vasoconstrição (imediata), AINEs, para diminuição peniana e permitir a passagem do
pênis pelo óstio prepucial (quando se passa muito tempo, é necessário amputar)
ACROBUSTITE
- Inflamação do prepúcio (mais comum em prepúcios umbigugodos ou pendulosos, pelas microlesões do capim)
- Lesões podem desencadear fimose, parafimose, abscesso locais e miíases
Tratamento: curativo local (betametasona, gelo, pomada cicatrizante, repelente, antibiótico, antisséptico, punção
de abscessos), cirúrgico (retirar a parte lesionada e construir outro óstio em “v”), manter longe de fêmeas após
cirurgia (evitar deiscência dos pontos durante a cobertura)
PERSISTÊNCIA DO FRENULUM
- Pequena membrana no pênis que se rompe nos jovens, porém persiste em alguns casos (dificulta expor pênis)
Tratamento: retirar da reprodução (hereditários), e retirada da membrana
FIBROPAPILOMA PENIANO
Neoplasia pediculada comum em jovens, com massas simples ou múltiplas no pênis, podendo ser transmitida por
fômites ou em casos de coberturas
Tratamento: cirúrgico e auto-vacina (lavar o fibropapiloma com NaCl, incisar pele do animal, inserir a neoplasia
no subcutâneo da axila e suturar, promovendo reação inflamatória, que gera anticorpos), e hemoterapia

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