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MASTITE

● É uma inflamação da glândula mamária que provoca mudanças na composição


bioquímica do leite e no tecido da glândula
● É uma ZOONOSE

*pH do leite ficará mais básico por conta da descamação de células (neutrófilos)

● Perdas na produtividade do animal


● Perdas nas lactações subsequentes
● Muitas enfermidades são contagiosas
● Dependendo da gravidade pode levar o animal a óbito
● Dentre as enfermidades, a mastite é a que causa maiores perdas econômicas na
pecuária de leite
* é a doença mais cara de se tratar, pois, precisa tirar o animal da ordenha
* 70% das mastites são subclínicas
* mastite mais comum é a ambiental

ANATOMIA DA GLÂNDULA MAMÁRIA


● Úbere
- Bovinos: 4 glândulas mamárias
- Caprinos e ovinos: 2 glândulas mamárias

● Independentes morfologicamente e funcionalmente uma das outras


As glândulas mamárias são independentes e exócrinas (expelem o leite “para fora”)
As glândulas endócrinas que produzem o leite (ex: hipófise..)
● Separação dos quartos contralaterais - tecido fibroelástico

ENFERMIDADES DA GLÂNDULA MAMÁRIA

● Galactoforite: Dificuldade em introduzir o dedo na cisterna (ex: ovelha do hospital)


● Cisternite: cordão espessador em seu interior
● Telite: Ponta do teto está endurecido

TAMANHO E VOLUME DA GLÂNDULA MAMÁRIA


● Peso: 11 a 15kg
● Glândulas anteriores menores que as posteriores
● Produz entre 25 a 50% menos leite que os quartos posteriores

HORMÔNIOS ENVOLVIDOS COM A LACTOGÊNESE E GALACTOPOESE

O que estimula a descer o leite: bezerro, barulho da ordenhadeira e hormônios endócrinos.

● Um intenso fluxo sanguíneo é condição para uma alta produção secretória das
glândulas mamárias. Após o parto ocorre rapidamente um desvio do fluxo sanguíneo
do útero para as glândulas mamárias

Para produzir 1 litro de leite são necessários 500ml de sangue.


● Forma de apresentação:
- Clínica
- Subclínica

● Tipo de agente causador:


- Contagiosa
- Ambiental

CLASSIFICAÇÃO (microbiológico / epidemiológico)

● Contagiosa: tipo de agente - agente está no animal


● Ambiental: tipo de clínica - agente está no ambiente

FATORES DETERMINANTES
- Agentes microbianos
* O que vai determinar o tipo de mastite é o agente etiológico
* Fazer cultura microbiológica

● Mastite contagiosa
- Staphylococcus aureus
- Streptococcus agalactiae
- Mycoplasma bovis
Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae são 70-80% dos casos

● Mastite Ambiental
- Streptococcus uberis
- Streptococcis disgalactiae
- Arcanobacterium pyogenes
- Enterobacteriaceae
* E.coli
*…

● Outros agentes:
- Brucella spp, Mycobacterium spp, Pseudomonas spp, Salmonella spp,
Pasteurella spp, Clostridium spp, Staphylococcus coagulase negativa,
Streptococcus spp.
- Fungos: Trichosporon spp, Aspergillus spp.
- Leveduras: Candida spp, Criptococcus spp.
- Prototheca spp (alga)
- Vírus: pouca importância

FATORES PREDISPONENTES
- Facilita a instalação dos agentes

1) Fatores relacionados aos animais


(descida do leite, leite residual, estado nutricional, idade de parição, estágio de lactação)

● Características da ordenha
Diâmetro do canal do teto
- Diretamente ligado ao nº de bactérias
- Relacionado ao traumatismo na ordenha

* é mais comum ocorrer mastite em vacas mais novas; vacas mais velhas raramente
acontece
* quando a progesterona estiver baixa, a galactina estará alta

Maior orifício do teto


- Maior nº de bactérias
- Maior velocidade de ordenha
- Melhor aproveitamento (tempo de ocitocina)
● Alterações morfológicas das mamas
É possível avaliar o teto olhando a vaca por trás.
Se avalia o ligamento suspensório, sabe-se que ele está fraco quando os tetos se abrem
muito e fazem um formato de V invertido.

2) Fatores relacionados ao ambiente e manejo (instalação e ordenha)

A. Qualidade e manejo de instalações


● Clima
● Sistema de alojamento
● Cama dos animais
● Chuva
Não pode ter lama antes e nem depois da ordenha (deve esperar 15 minutos para soltar a
vaca)

B. Práticas de ordenha
● Eficiência dos ordenhadores
● Funcionamento da ordenhadeira (velocidade e pressão inadequada) - pode
deixar resíduo de leite no teto
● Velocidade de esvaziamento da gl
● Higiene da sala de ordenha

* o tempo ideal de uma ordenha são 8 minutos, porém, ao ligar a ordenhadeira, ou colocar o
bezerro perto, é preciso esperar 1 minuto para que o sistema hipotalâmico comece a
produzir ocitocina. Caso coloque a ordenhadeira antes do leite descer, terá uma lesão
mecânica.
* também pode ter a estimulação com bezerro e ele pode mamar em apenas um teto

3) Fatores relacionados ao patógeno


A gravidade da doença, estará no tipo de patógeno que está causando

● Fatores de virulência
- Particular de cada agente infeccioso
- Ex: Staphylococcus aureus (cepa contagiosa - Coagulase +)
- Enterotoxinas, toxinas alfa, beta e delta; hemolisina; coagulase;
Hialuronidase; leucocidinas
PATOGENIA DAS MASTITES
● Ascendente
● Descendente

- 1º fase: invasão
- 2º fase: infecção
- 3º fase: inflamação

Cadeia epidemiológica:

Fonte de infecção: outra fêmea contaminada


(contagiosa: precisa começar por um animal)
Porta de entrada: orifício do teto
- Mãos do ordenhador
- Ordenhadeira mal higienizada
- Pós dipping contaminado
- Uso de pano úmido de uma vaca para outra

Fonte de infecção: meio ambiente


Porta de entrada: orifício do teto
- Meio ambiente
- Material da cama
- Umidade / temperaturas elevadas
- Lesões

CLÍNICA DA GLÂNDULA MAMÁRIA


Hemolactia: sangue no leite
1) FASE DO PERIPARTO (14dap - 13dpp)
● Edema fisiológico (+ evidente em novilhas) - até 15 é normal, se permanecer
pode ser mastite - acontece mais no pico de lactação
● Se persistir = edema patológico
● Hemolactia - é normal por 2-3 dias (estrias de sangue), se persistir - mastite

2) FASE DA LACTAÇÃO (305 dias)


● Grandes alterações morfológicas

3) FASE SECA (depende do manejo)


● Ideal 60 dias
● Restabelecer as reservas corpóreas e glândula mamária
● Pode usar ATB, própolis com ozônio (intramamário)

DEFESAS DA GLÂNDULA MAMÁRIA


● Imunológicos e não imunológicos (anatomia)
● Primeira e segunda linha de defesa
ANAMNESE
● Inspeção, palpação e exame do leite (esfíncter aberto/fechado; quando fibrosa é
possível que já perdeu a função)

● Inspeção
- Pele do úbere e tetos
- Tamanho
- Tetos supranuméricos
- Distância entre o teto e o chão
- Linfonodos retromamários

● Palpação
- Início: tetos - cisterna
- Úbere: consistência, temperatura e sensibilidade
- Presença de nódulos

SINAIS CLÍNICOS
● Mastite subclínica: sem sinais clínicos, porém diminui produção
● Mastite clínica
- Inflamação: dor, calor, enrijecimento
- Sintomatologia sistêmica: febre, depressão, anorexia
- Grumos no leite, podendo haver sangue

DIAGNÓSTICO (Anamnese completa, Teste da caneca telada, CMT, CCS…)


● Inspeção e palpação
● Fibrose
● Edema
● Atrofia da glândula

Testes indiretos (inspeção indireta)

● Caneca telada / Tela de fundo escuro


- Descoloração, presença de coágulos, flocos e pus
- Amostra de cada quarto
- Secreção aquosa / coágulos ou flocos
- Presença de flocos ao final da ordenha

Mastite Subclínica: (CCS)


(Rebanho, Individual e Vigilância)

Rebanho:
● Contagem de CCS do tanque de resfriamento
● Estima prevalência da infecção e gravidade
● Cultura bacteriana
● Determina patógeno envolvido e plano de ação recomendado
● CMT: 1 vez por semana
● Caneca telada: todos os dias

Individual:

● CMT: California Mastitis Test (detecta celularidade e pH)


- Método qualitativo = Capacidade dos agentes tensoativos aniônicos
(detergente) em destruir as células somáticas (lise de membrana) e liberar o
seu material genético (DNA) provocando gelificação da mistura.
- Estimativa da CCS do leite; avalia a quantidade de DNA da amostra
- 2ml de leite + 2 ml de reagente - Rompimento de membranas celulares -
Liberação de DNA - Grau de viscosidade da mistura

- Vantagens: praticidade, facilidade, barato, resultado rápido


- Desvantagem: necessidade de pessoal treinado e sofre influência da interpretação
dos resultados (subjetividade)

● pH: realizado em potenciômetro ou com papéis indicadores. O leite mamitoso


apresenta um aumento do pH (leite sem alteração pH 6,4 a 6,8)
● Contagem de células somáticas (CCS)
- Incluem todas as células presentes no leite (células de descamação) da
glândula mamária e as células de defesa (leucócitos)
- Determinada por métodos quantitativos
Vantagens:
- Rapidez e precisão dos resultados
- Sem influência de interpretação dos resultados
Desvantagens:
- Equipamento caro
- Necessidade de envio da amostra para laboratório
- Relativa demora nos resultados

Fatores que afetam a CCS:


- Idade da vaca (vacas velhas tem contagem maiores)
- Estágio da lactação (resultados maiores no início e no final da lactação)
- Estação do ano
- Tipo de infecção (Stepto agalactiae x Staphilo aureus)
- Estresse térmico
- Idade da amostra
- Raça

UTILIZANDO OS RESULTADOS INDIVIDUAIS DA CCS


● Identificação dos animais responsáveis pelo aumento da CCS na prova de rebanho
● Selecção de animais para realização da cultura microbiológica do leite
● Seleção de animais para tratamento durante a lactação
● Seleção de animais para secagem antecipada
● Descarte de vacas com mastite crônica
● Estratégia de segregação principalmente na ordenha = ordenhar animais
acometidos por último

resumo:
Mastite Clínica:
● Exame diário
● Teste da caneca telada
● Inspeção visual
● Cultura microbiológica

Mastite Subclínica:
● CMT
● CCS
● Cultura microbiológica
● Exame periódico

TRATAMENTO

● Forma clínica apresentada e estado sanitário do rebanho


● Exatidão na identificação do animal
● Tratamento com antimicrobianos ou sem
● Necessidade ou não de tratamento - parenteral ou intramamário
● Histórico de sanidade do úbere do rebanho
● Conhecimento do agente é crucial sobre modo de terapia na lactação

TERAPIA ANTIMICROBIANA PARENTERAL


● Reação sistêmica acentuada
● Glândula aumentada de tamanho

TERAPIA ANTIMICROBIANA POR INFUSÕES INTRAMAMÁRIAS


● Infusões intramamárias - técnica eficiente e consagrada
● Seringas descartáveis
● Frascos por infusão aquosa
● OBS: Debris inflamatórios

● AINE’s: Meloxicam (melhor ação e melhor alívio da dor); ou Flunixin Meglumine


● Terapia suporte:
- Esgotamento total do teto + ocitocina
- Terapia hidroeletrolítica: líquidos isotônicos com glicose (toxemia e
extensões)

MANEJO NA RETIRADA DELEITE:


1. Lavar os TETOS com água corrente, não o úbere

● Imersão do teto em solução desinfetante aguardando 30 segundos para sua ação


(pré dipping)
● Produtos a base de hipoclorito de sódio 2% ou iodo 0,3% ou clorexidina 0,3%
● Secar os tetos com papel toalha descartável / um papel toalha para cada teto
● Retirar os primeiros jatos (teste da caneca do fundo escuro)
● Colocar as teteiras
● Após a ordenha: fazer a imersão dos tetos em solução desinfetante (pós-dipping).
Não permitir que os animais deitam logo em seguida evitando que microrganismos
penetrem no canal do teto ainda aberto

MONITORAMENTO DA MAMITE EM REBANHOS LEITEIROS


Monitoramento periódico e contínuo de dados
Informações básicas:
a) % mamite clínica
b) % CCS
c) Perfil microbiológico dos agentes
d) Ocorrência de casos novos e casos crônicos

PRINCIPAIS MEDIDAS QUE COMPÕEM O PROGRAMA BÁSICO DE CONTROLE DE


MAMITE:

1) Monitoramento clínico das mamas de vacas no período seco


2) Tratamento dos casos clínicos
3) Funcionamento adequado do sistema de ordenha
4) Correto manejo de ordenha - principalmente desinfecção dos tetos após a ordenha
5) Descarte de vacas com mamite crônica
6) Boa higiene e conforto na área de permanência dos animais

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