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Mastite Bovina

Boas práticas de manejo

A mastite é uma enfermidade multifatorial (microbiana, traumática, toxica, autoimune), vai ter
como principal consequência a alteração do leite

Como é um processo inflamatório sendo ele de origem infecciosa ou não, o leite vai ficar
alterado, por conta de toda a capacidade filtrativa e produtiva, ou seja, os ácinos mamários
eles filtram o sangue e a partir do sangue vão produzir o leite e quando se tem uma resposta
inflamatória no local a gente vai ter uma alteração da característica do leite em decorrência da
permeabilidade celular.

Leite:

 Alimento de alto valor nutritivo;


 Alimento de neonatos;
 Excelente meio de cultura.

Importância econômica mastite:

 Queda na produção;
 Comprometimento da qualidade;
 Custo tratamento;
 Perda ¼ mamário ou morte do animal;
 Risco de saúde para o consumidor.

Na mastite terá diminuição dos sólidos do leite, diminuição de gordura, presença muitas vezes
de microrganismos patogênicos no produto e se vc pensar no consumo do leite clandestino
que não sofre tratamento térmico (pasteurização), n passa por um processo oficial de
inspeção, então se tem um grande risco no consumo desse leite, seja pela presença das
bactérias que causaram o foco infeccioso inicial em glândula mamaria ou pelas outras “500”
outras doenças que podem ser transmitidas pelo leite. Indivíduos que consomem esse leite
principalmente em fase pediátrica e geriátrica são alvos de possíveis toxico infecções
alimentares. O leite é um excelente meio de cultura pq ele é um caldo super enriquecido. É
crime comercializar esse leite em garrafa pet. Existe lei que proíbe a venda de produtos
lácticos in natura sem inspeção oficial. A maioria das bactérias presentes no leite são
termoestáveis.

Além de toda essa importância sanitária em saúde pública e saúde pública veterinária, temos
que lembrar que a mastite causa um grande impacto econômico, a mastite subclínica pode
diminuir em 20% o potencial genotípico, então a vaca tem capacidade de produzir 10kg/dia e
com mastite ela vai produzir 8kg/dia. Não é comum um bovino morrer por mastite.

Etiologia
Não microbiana:

 Traumas
o Pisadura;
o Cortes;
o Quedas;
o Pancadas.

Ocorre o edema (inflamação)

 Tóxica
o Plantas – Pallicuria Macgravii
o Alterações metabólicas (doenças autoimunes, alterações hormonais, baixa
produção de ocitocina)

 Microbiana
o Bactérias;
o Fungos;
o Vírus (mamilite herpética bovina, febre aftosa...)

Microbiota indígena é aquelas espécies de bactérias presentes naturalmente nas glândulas


mamarias, como os lactobacillus, que tem participação fundamental na sanidade da glândula
mamaria, são espécies que já estão acostumados a aqueles ambiente de microaerofilia que
produzem toxina própria (bacteriocina) que na situação de normalidade essa bacteriocina já é
suficiente pra neutralizar alguma espécie bacteriana invasora, não só na microbiota da
glândula mamaria que existem essas espécies que produzem bacteriocina em qq parte do
nosso corpo existe uma microbiota indígena.

Agentes infecciosos x agentes ambientais

 Infecciosos
o Micrococcaceae;
o Staphylococcaceae; (sempre presente)
 S.aureus
o Streptococcaceae; (mais graves)
 S.uberis;
 S. dysgalactiae;
 S. agalactiae;
 S. bovis. (menor proporção)
o Arcanobacteriaceae
 Arcanobacteruim pyogenes.

Os agentes infecciosos são transmitidos de um animal pro outro de forma iatrogênica, tolhas,
mão contaminada, seringas antibiótico, ordenhadeira.

 Ambiental:
o Enterobacteriaceae:
 Escherichia coli; (mais importante)
 Samonella spp;
 Shigella spp;
 Klebsiella spp;
 Enterobacter spp.
o Pseudomonadaceae
 Pseudomonas aeruginosa
o Enterococcaceae
 Enterococcus faecalis;
 Enterococcus faecium.
o Bacillaceae
 Bacillus cereus.

Forma de transmissão por contato direto do ambiente contaminado, panos, mãos,


ordenhadeira

Após a ordenha a vaca recebe algum tipo de alimento pra que ela fique em posição de estação
por pelo menos 30 a 40 min, tempo o suficiente para que o esfíncter do teto feche, diminuindo
a entrada de qq agente bacteriano, principalmente os ambientais.

O uso do pós dipping, que tbm vai formar uma barreira pra entrada desses agentes infecciosos

Epidemiologia

 Prevalência: multifatorial
o Raça dos animais;
o Forma ordenha;
o Manejo ordenha;
o Presença bezerro;
o Secagem úbere;
o Sistema de criação.

Alguns autores estabelece um taxa mínima de incidência 10% ou 20% acima disso denota uma
alta incidência da doença.

É muito raro ter uma propriedade com menos de 20% de vacas com mastite
Transmissão:

 Ascendente: “99%”
o Contato direto
o Fômites
o Moscas (principalmente muska domestic)
 Descendente
o Infecções sistêmicas
o Vice-versa (endocardite tricúspide)

Ordenha

 Retirada do leite
o Cisterna úbere/teto (câmaras reservatórias do leite)
 Efeitos de restrição ” (vacas estressada faz com que o leite não seja ejetado dos ácinos
por ação da adrenalina)
o Vaca que “segura o leite”
o Leite não ejetado alvéolos
 Secagem/ não secagem:
o Manutenção leite no úbere
o Predisposição da mastite
o Bezerro ao pé (ajuda da descida do leite e secagem do úbere e a saliva do
bezerro funciona como um obstáculo físico a ascensão de agente bacterianos)
 Esfíncter do teto:
o Fechamento após 40 minutos
o Suplementação em cochos
o Penetração bacteriana (fonte importante)
 Ordenha manual:
o Método natural
o Problemas sanitários
 Latão
 Lavagem mãos
 Ordenha mecânica
o Melhorias sanitárias
 Problemas pressão / manutenção
 Lavagem entre ordenhas

Patologia

 Processo inflamatório (tem presença das cels de defesa)


 Diagnostico através da detecção de cels inflamatórias
 Mastite ascendente:
o Entrada microrganismo canal do teto
o Multiplicação cisterna teto/úbere
o Inflamação cels epiteliais
o Chegada cels inflamatórias
o Descamação epitelial
o Alteração do leite
o Células somáticas (células de defesa)
o Substituição cels epiteliais por tecido conjuntivo
 Baixa produção de leite

Sintomas clínicos

 Sintomas aparentes / inaparentes


 Mastite clínica / subclínica
o Sintomas clínicos: Calor, rubor, tumor, dor e perda da função (podem ser leves
ou graves
 No leite: Presença de grumos, alteração na cor, presença de sangue e
pus

o Subclínico: Nenhuma alteração macroscópica somente micro


 Prevalência mastite subclínica
o Efeito iceberg (um iceberg é gigante a porção q fica dentro d’agua (oq n é
visto) e fora da água pode ser pequeno) esse é o efeito iceberg da mastite a
grande maioria n apresentará nenhum sintoma.
 Mastite aguda / crônica
o Depende da evolução do caso
Diagnostico

 Mastite clínica:
o Simples
o Sintomas clínicos aparentes
o Alterações visíveis no leite
o Processos iniciais:
 Caneca de fundo preto
 Mastite subclínica:
o Avaliação da presença de células somáticas
 California Mastitis Test (CMT)
 Avalia gelificação leite em contato com detergente
 Schalm & Norlander (1957)
 Classificação:
 0 (quando n ocorre gelificação)
 - (quando ocorre suspeita)
 +
 ++
 +++ (quanto maior mais intenso a gelificação)

Raquete com 4 poços, coloca o detergente especifico pra dissolver a membrana plasmática
dessas células e expor o material citoplasmático, quanto maior o número de células maior a
quantidade de constituinte citoplasmático dissolvido (maior gelificação)

 Contagem de células somáticas (CCS) (padrão ouro)


 Método de referencia
 Prescott & Breed (1910)
 CCS automatizado:
 Rápido
 Alto custo

Foto: Método manual

o Condutividade elétrica
o pH
o microbiológico

Tratamento

 Clinico – cirúrgico
 Infusão intramamária de antibiótico
o Esgotamento quarto mamário
 Total;
 Frequente;
 Ocitocina.
 Animais em lactação
 Vacas secas

Prevenção e controle

 Programa dos 5 pontos:


o Nacional Mastitis Council (1987):
 Tratamento vacas secas;
 Tratamento casos clínicos;
 Bom manejo de ordenha;
 Bom funcionamento dos equipamentos;
 Descarte/segregação vacas mastite crônica.
 Programa dos 6 pontos:
o Laranja & Machado (1994):
 Conforto térmico e higiene na ordenha.

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