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MASTITE BOVINA: O QUE É E COMO TRATAR

Guilherme Silva Moura


A mastite é a doença que representa o maior custo na produção leiteira em todo o mundo, as
perdas econômicas resultam da redução da produção de leite, descarte prematuro de animais,
descarte de leite, tratamento, assistência veterinária e a diminuição da qualidade do leite.
Mastite é a inflamação da glândula mamária, independente da causa. A maioria das vezes é
causada por bactérias que atingem o interior de um ou mais quartos pelo ducto dos tetos. Porém
outros microrganismos, como fungos, também podem causar a doença.
A mastite é geralmente classificada em duas categorias para descrever o problema:
1- Mastite subclínica: onde não são observadas mudanças na aparência do leite, sendo testes
adicionais, como CMT, necessários para detectar o problema.
2- Mastite clínica: onde a infecção do úbere torna-se evidenciada pelas mudanças físicas na
aparência do leite e do úbere, e em casos mais graves, observa-se alterações sistêmicas.
Mastite subclínica
A mastite subclínica pode ocorrer em qualquer fase da lactação e caracteriza-se pelo aumento da
Contagem de Células Somáticas (CCS), maior que 200.000. Tem como fonte de transmissão
fômites, como as mãos do ordenador, os panos usados na secagem dos tetos, as esponjas usadas
para limpar a mama, as teteiras das unidades de ordenha e moscas, transmitindo a doença dos
quartos doentes para quartos sadios, do próprio animal ou de outros animais.
Os principais agentes causadores da mastite subclínica são bactérias contagiosas (Gram
Positivas), que são aquelas que estão presente no próprio animal, principalmente Staphylococcus
aureos e Streptococcus agalactiae.
Naqueles animais onde há um histórico de mastites recorrentes, em que a vaca apresentou mastite
em lactações anteriores e/ou vários casos da doença na mesma lactação, caracterizando um quadro
de vários tratamentos sem sucesso, classificamos estes casos de mastites crônicas.
Mastite clínica
A mastite clínica é classifica em três tipos: leve, moderada e aguda:
Leve: Não há alterações sistêmicas, apresentando apenas alterações no leite, como grumos, leite
aguado ou com traços de sangue. Ocorre em qualquer fase da lactação. Pode ser causada tanto
por bactérias contagiosas (Gram Positivas) como por bactérias ambientais (Gram Positivas e
Negativas);
Moderada: Não há alterações sistêmicas e além das alterações no leite, a mama apresenta
alterações como inchaço, vermelhidão, edema, enrijecimento do quarto afetado. Ocorre em
qualquer fase da lactação. Tem como causa as mesmas da mastite clínica leve.
Aguda: Além das alterações no leite e na mama, observa-se febre e outros sinais de distúrbio
sistêmico como: depressão acentuada, pulsação fraca, olhos fundos, fraqueza e anorexia, podendo
até levar o animal a morte. Ocorre geralmente no período pós parto até o pico de lactação. Tem
como principal causa bactérias ambientais (Gram Negativas), principalmente coliformes, como
Escherichia coli, Klebsiella pneimonae e Enterobacter aerogenes.
No caso das mastites causada por bactérias ambientais, principais causadoras de mastite aguda, a
transmissão se dá pela penetração das bactérias pelo ducto do teto, assim a permanência dos
animais em um ambiente com excesso de fezes, lama e umidade nos períodos pré e pós-ordenha
favorece ao aparecimento deste tipo e mastite no rebanho.
Tratamento
Mastite subclínica
Em animais em lactação é recomendado a utilização de antibióticos intramamários para vacas
em lactação, as principais bases seriam os β-lactâmicos e cefalosporinas;
Em animais no final de lactação é recomendado o tratamento de todos os quartos a secagem do
animal. com intramámarios para vacas secas (cefalosporinas e β-lactâmicos) associado à
aplicação de um selante de teto;
Animais cronicamente infectados, que são aqueles que possuem um histórico de mastite
frequente, recomenda-se o descarte destes, uma vez que são reservatório das bactérias causadoras
de mastites, apresentando um risco de contaminação para todos os animais do rebanho.
Mastite clínica
Mastite leve e moderada: no primeiro caso de mastite recomenda-se o uso de antibióticos
intramamários (β-lactâmicos e cefalosporinas) por um período de quatro dias; no caso de uma
recidiva recomenda-se uma terapia combinada: intramamário por quatro ou cinco dias (β-
lactâmicos e cefalosporinas) associado à um antibiótico sistêmico (marbofloxacina,
enrofloxacina, cefquinoma, ceftiofur).
Nos casos de mastite aguda recomenda-se a aplicação intramuscular ou intravenosa de
antibióticos sistêmicos (marbofloxacina, enrofloxacina, cefquinoma, ceftiofur) associado à um
suporte ao animal feito com um anti-inflamatório não-esteroidal e uma fluidoterapia.
Falhas no tratamento de mastites
As principais causas das falhas nos tratamentos de mastites são:
1- Uso de antibióticos sem ação sobre a bactéria causadora da mastite;
2- Baixa penetração de antibióticos nas áreas inflamadas;
3- Inativação do antibiótico pelo leite e componentes do soro;
4- Localização intracelular dos microorganismos;
5- Desenvolvimento de formas resistentes durante o tratamento;
6- Intervalos e procedimentos impróprios de tratamento.
Conclusão
Em conclusão a mastite acarreta uma série de prejuízos ao produtor, sendo crucial o seu
tratamento. Porém são necessários alguns cuidados na hora do diagnóstico para o que este seja
feito corretamente, assim favorecendo a escolha do melhor protocolo a ser utilizado, buscando a
cura do animal.

Bibliografia:
GRANDEMANGE E., FOURNEL S., GIBOIN H., WOEHRLE F. Efficacy and safety of a single
injection of marbofloxacin in the treatment of bovine acute E. coli mastitis in an European field
study. World Buiatrics Congress in Lisbon (Portugal) Proceedings, p. 88. 2012.
MOLINA, L.R. Aspectos clínicos das mastites. UFMG, Belo Horizonte. 2003, 17pp.
VEIGA, M. Onde estamos e para onde vamos? – Os desafios no controle da mastite. 2º
Workshop Mastite. Piracicaba –SP. 2014
Preciso de mais duas referências: as duas revistas da Inforleite que o Marcos Veiga publicou , a
de mastites causada por E. coli e a que ele fala sobre mastites subclínicas.

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