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INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Supervisão de Pecuária
2008
EDITOR:
ELABORADO POR:
SUPERVISÃO:
Digitação e Formatação:
Supervisão de Pecuária
A inseminação artificial, segundo a lenda, foi utilizada pela primeira vez no ano de
1332, em eqüinos, pelos árabes. Mas o marco inicial é registrado no ano de 1779, quando o
monge italiano de nome Lázaro Spallanzani demonstrou, pela primeira vez, ser possível a
fecundação de uma fêmea sem contato com o macho, utilizando o sêmen de um cachorro colhido
através de excitação mecânica e aplicou em uma cadela no cio, a qual veio a parir três filhotes.
Em 1949, Poldge, Smith e Parker, pesquisadores ingleses, demonstraram que o
espermatozóide podia ser conservado por um longo tempo a baixas temperaturas, permitindo
assim a conservação indefinidamente, dando maior difusão à inseminação artificial, favorecendo
assim, de maneira decisiva, o incremento da inseminação artificial.
Atualmente vários países inseminam seus rebanhos bovinos em escala bastante elevada.
Podemos citar a Dinamarca com praticamente 100% de seu rebanho em regime de inseminação
Artificial; A Suécia com 90%; Tchecoslováquia com 85%, os Estados Unidos com 75%. Todavia,
a situação do Brasil é um tanto diferente, pois a inseminação artificial atinge somente 7% das
fêmeas em condições de reprodução, sendo utilizada pela primeira vez em 1940, adquirindo
impulso a partir de 1970, quando nasceram as principais empresas especializadas no ramo.
· Evita acidentes que podem ocorrer durante a cobertura de uma vaca por touro muito
pesado.
· Evita acidentes com pessoal, os quais podem ocorrer quando se trabalha com animais de
temperamento agressivo.
Manejo da Fazenda
Manejo é um termo amplo e diz respeito a todas as atividades desenvolvidas
diariamente com o rebanho.
· Assistência Técnica:
Um bom manejo exige a necessidade de uma boa assistência técnica. Muitas fazendas
tiveram maus resultados nos trabalhos de inseminação artificial, devido ao não cumprimento
dessa exigência. Possíveis falhas que porventura possam vir a ocorrer devem ser corrigidas a
tempo, a fim de evitar um prejuízo maior. É importante que as vacas inseminadas sejam
examinadas em tempo hábil para o diagnóstico da prenhez. Porém, o valor da assistência técnica
está no minucioso exame das fêmeas que não apresentam bom desempenho reprodutivo. Assim,
fêmeas paridas com mais de 90 dias sem manifestação de cios, vacas com cios irregulares, vacas
com infecção, vacas repetidoras de cio, dentre outras alterações, deverão ser comunicadas ao
técnico para providências necessárias. Inseminador e veterinário devem procurar alcançar
objetivos comuns. É preciso, pois, que entre eles haja perfeita harmonia e entrosamento, para o
sucesso do programa.
· Nutrição:
Boas pastagens com subdivisões, suplementação mineral adequada em cochos cobertos,
aguadas de boa qualidade e suplementação na seca (feno, silagem, cana, capim, etc.) assegurem
ao rebanho níveis de produção de leite, ganho de peso e fertilidade.
· Controle Sanitário:
· Secagem das vacas: as vacas leiteiras devem estar secas 60 dias antes da data prevista
para o parto.
· Novilhas: fornecer boa alimentação às futuras vacas. Somente liberar as novilhas para a
reprodução após atingirem um desenvolvimento adequado.
· Descanso pós parto: Objetivando uma recuperação do animal em razão do período final
da gestação, parto e início da lactação, além de aguardar a completa involução uterina,
recomenda-se somente liberar a vaca para a inseminação artificial após decorridos 45-
60 dias do parto.
O tronco deve ser coberto para evitar a luz solar e águas de chuvas, extremamente
prejudiciais ao espermatozóide. Uma simples adaptação nas instalações já existentes na maioria
das fazendas, atende as exigências.
As vacas leiteiras podem ser facilmente inseminadas dentro do próprio estábulo, desde
que o animal fique bem contido durante a inseminação.
Materiais e Equipamentos:
Organização de Fichários:
Todas as vacas deverão ser bem identificadas através de número a fogo, tatuagem,
brinco, correntes, etc. Cada animal deverá ter uma ficha onde serão anotadas todas as
ocorrências. Essas fichas constituem excelente instrumento de seleção, pois através delas serão
identificados facilmente os animais mais produtivos e menos produtivos.
Caberá ao inseminador manter as fichas atualizadas. Nesse manual você encontrará
modelos de ficha que poderão ser adotadas em sua propriedade.
Fig. 1. Frente da ficha individual para o controle das inseminações, diagnósticos de gestação,
parições, etc.
CONTROLE GINECOLÓGICO
DATA DIAGNÓSTICO TRATAMENTO OBSERVAÇÕES
_______/______/______
· Colo Uterino ou Cérvix: É sem dúvida a parte mais importante do aparelho reprodutivo.
Esta estrutura é a base de todo o trabalho de inseminação artificial e, por isso o
inseminador deve conhece-la muito bem. A função do colo é de proteger o útero contra
contaminações, produz um tampão mucoso, durante a gestação, ficando totalmente
fechado e por ocasião do parto ele se dilata e abre totalmente para a passagem do feto.
Ele mede cerca de 10 cm, é constituído por 3 a 5 anéis cartilaginosos formando um
canal sinuoso chamado canal cervical. A porção inicial do colo é projetada na vagina,
formando um fundo de saco vaginal.
· Corpo do Útero, Localizado logo após o colo. Pequena estrutura, tendo em geral cerca
de 5 cm de comprimento. É em sua parte inicial, isto é, imediatamente após o fim do
colo uterino que o sêmen é depositado na IA.
· Ovidutos e trompas Uterinas: São tubos estreitos, de Diâmetro não maior que o grafite
de um lápis. De cada corno uterino sai uma trompa, a qual termina junto ao ovário do
mesmo lado. Sua extremidade superior, cujo nome é fimbria, é dilatada em forma de
funil para possibilitar a captação do óvulo liberado pelo ovário. É no terço superior do
oviduto que o óvulo e o espermatozóide se encontram e onde se da a fecundação.
· Ovários são em número de dois e estão ligados às trompas uterinas. Eles produzem os
óvulos, os quais, quando fecundados pelos espermatozóides, dão origem ao embrião, ou
seja, a um novo bezerro. Os óvulos são produzidos periodicamente pelos ovários e são
liberados cerca de 12 horas após o fim de cada cio. É o que se chama de ovulação. Após
isto forma-se no ovário uma estrutura chamada corpo amarelo. Se não houver
fecundação, este corpo amarelo regride e, o cio se repete num intervalo de 21 dias em
média. Se houver fecundação, ele persiste durante a gestação de 5 a 6 meses, impedindo
que a fêmea entre em cio naquele período.
· Algumas observações sobre o Colo Uterino ou Cérvix:
Existem raças que o colo é menor e mais fino, aumentando o tamanho à medida em que
o animal tem partos sucessivos. A correta introdução do aplicador será ensinada durante os
treinamentos práticos. Vale a pena lembrar que, ao segurar o colo com a mão esquerda, através
do reto, o inseminador deve empurrá-lo para adiante. Assim procedendo, as paredes da vagina
serão esticadas, facilitando o trânsito do aplicador através da mesma até a introdução no primeiro
anel no colo uterino. Daí em diante o inseminador não pode mais empurrar o aplicador, mas
fazer movimentos suaves com a mão esquerda, trazendo o colo para cima do aplicador até o local
exato onde o sêmen deve ser lentamente depositado, ou seja, logo após o término do último anel
do colo, no início do corpo do útero. Se o inseminador deixar sêmen além desse ponto incorre
em dois erros:
v o aplicador introduzido pode provocar lesões na parede do útero;
v pode acontecer que o sêmen seja depositado no corno uterino oposto ao ovário
onde ocorreu a ovulação, prejudicando o sucesso da inseminação.
Ø Ciclo Estral da Vaca: É o intervalo que compreende o início do período do cio até o
início do próximo. O intervalo médio de repetição do cio na vaca é de 21 dias, podendo
variar de 17 a 24 dias. É controlado por hormônios, principalmente ovarianos.
Ø Cio da Vaca: É bom que se esclareça que o cio (vício) é a fase em que a vaca é fértil e
aceita espontaneamente o macho. É o período em que ela fica parada, enquanto outro
animal salta sobre ela. Vamos ver adiante que ela mostra muitos outros sinais, mas só
poderemos afirmar que determinada fêmea está no cio, se ela estiver aceitando ser
montada pelo rufião ou companheira. No trabalho de observação do cio nota-se que
antes de aceitar a monta, portanto antes do cio, a fêmea mostra sinais facilmente
identificáveis pelo inseminador. Esse período que antecede o cio, denomina-se pré-cio,
que dura de 4 a 10 horas, e os sinais são os seguintes:
- Inquietação, nervosismo;
- cauda erguida;
- vulva inchada e brilhante;
- urina constantemente;
- muco cristalino, transparente e semelhante a clara do ovo;
- monta em outras fêmeas; mas não se deixa montar;
- outros sinais como: diminuição do leite, perda de apetite, afastamento do rebanho,
etc.
É bom lembrar que no cio o animal apresenta os mesmos sinais do pré-cio com a
diferença de que no cio o animal monta e também aceita a monta.Observe que os sinais vão
diminuindo em freqüência e em intensidade à medida que se aproxima o final do cio.
No trabalho de observação do cio nota-se que, antes de aceitar a monta, portanto antes
do cio, a fêmea mostra sinais facilmente identificáveis.
Na vaca o cio dura de 10 a 18 horas. No final do cio quando a vaca começa a não aceitar
a monta do rufião, é momento ideal para que a inseminação seja feita. É quando se tem a maior
chance de fecundar a vaca utilizando a inseminação artificial.
Lembramos que a maioria das vacas entram em cio à noite e de madrugada, sendo
observadas em cio pela manhã, o que significa que a maioria das inseminações serão realizadas à
tarde.
Ø Cio de Encabelamento:
Ø Cio Silencioso:
É o cio que o animal não apresenta nenhum sinal externo de cio, passando despercebido
pelo inseminador. Pode suspeitar de um animal ao examinar sua ficha e constatar repetições de
cio a intervalos maiores, porém múltiplos de 21.
Ø Hemorragia de Metaestro:
Pode ocorrer pequeno sangramento 3 a 4 dias após o cio. Não significa sinal de prenhez
ou de infecção.
Ø Palheta fina: embalagem plástica com capacidade para 0,25 cm³ de sêmen.
A identificação adequada da palheta inclui: (a) Código NAAB, (b) nome do touro, (c)
número de registro do reprodutor e (d) código da partida.
A identificação adequada da palheta inclui: (a) Código NAAB, (b) nome do touro, (c)
número de registro do reprodutor e (d) código da partida.
Inseminação Artificial Passo a Passo (Sequência):
5- Abra a tampa do botijão e localize o sêmen a ser usado . Retire a caneca contendo o
sêmen, até o máximo 7 cm abaixo da boca do botijão. Retire a dose de sêmen com auxílio de
uma pinça, não gastando mais que 5 segundos para esta operação.
6- Em seguida mergulhe a palheta com extremidade da bucha voltada para baixo em
água a 35ºC por 30 segundos. Sêmen acondicionado em palheta fina: descongelar em água a
35ºC, durante 7 segundos.
7- Enxugue a palheta com papel higiênico e corte com a lâmina em forma de bisel a
extremidade oposta à da bucha.
8- Pressione levemente o êmbolo plástico da bainha com uma das mãos e encaixe nele a
extremidade cortada da palheta até que esta se firme. Este procedimento evitará que o sêmen
possa refluir entre a bainha e a palheta no momento da aplicação.
Introduza o aplicador na bainha, empurrando a palheta até a ponta. Fixe a bainha no
aplicador através de pressão do anel plástico.
Encaixe o êmbolo metálico introduzindo-o vagarosamente, até onde está situada a bucha
da palheta. Após colocar a luva de inseminação artificial, dirija-se à vaca, com o aplicador
devidamente montado, tomando todos os cuidados de higiene.
10- Introduza delicadamente a mão esquerda no reto do animal, fixando o colo. Oriente
a introdução do aplicador até a entrada da abertura do colo ou cévix. À partir daí, fazer
movimentos com a mão que fixa o colo e não com o aparelho, até a completa passagem deste,
através do colo.
11- Passando o colo uterino, deposite o sêmen lentamente após o seu último anel, isto
é, no início do corpo do útero. “É O ALVO”.
12- Retire o aplicador e o braço e faça uma leve massagem no clitóris da fêmea.
13- Libere a bainha utilizada e anote os dados em ficha própria. Logo após envolva a
bainha na luva e jogue-as no lixo. Fazer a limpeza do aplicador universal com álcool após o uso.
Botijão:
· É um recipiente isotérmico, com super isolamento a vácuo, utilizado para a
conservação e transporte de sêmen. Para tanto, deve receber um gás chamado
nitrogênio líquido, que conserva as doses de sêmen congeladas a 196º C abaixo de
zero, por tempo indeterminado.
· O botijão deve ser manipulado com o máximo cuidado, para evitar danos que
possam resultar em prejuízos. É interessante a construção de uma caixa de madeira
que confere maior proteção contra choque, além de evitar que ele tombe e o
nitrogênio seja derramado.
Observações Importantes:
q Manter o botijão em ambiente ventilado, seco e sem raios solares direto;
q Nunca deixar o botijão sem o plug da tampa devidamente colocada;
q Nunca vedar a tampa para impedir a evaporação do líquido;
q Nunca retirar os canecos vazios;
q Medir regularmente o nível de nitrogênio;
q Nunca dar batidas ou pancadas no botijão;
q Nunca transportar o botijão solto em carrocerias de camionete ou caminhão;
q Nunca transportar o botijão dentro de veículos com os vidros totalmente fechados.
Importante !
É bom lembrar que muito próximo à boca do botijão o sêmen estará sujeito a
temperaturas que poderá causar danos irreversíveis aos espermatozóides. Por isso é importante
que a palheta seja apanhada o mais profundo possível do botijão, com a utilização da pinça.
Inseminador:
· Interesse:
O inseminador deve ser uma pessoa interessada, responsável, honesto consigo mesmo e
com seu empregador, e sobretudo gostar da atividade que está desenvolvendo.
· Responsabilidade:
As tarefas de observação de cio, horário de inseminação, cuidados no momento da
aplicação do sêmen devem ser observadas com rigor e dedicação.
· Preparo:
É fundamental que o inseminador seja bem preparado. Esse é o objetivo do curso de
treinamento de inseminadores. Mas, é importante que ao longo do tempo continuem aplicando
os conhecimentos adquiridos.
· Higiene:
Ø Higiene pessoal do inseminador: Mãos limpas, unhas muito bem aparadas, roupas limpas
e se possível a utilização de um avental durante os trabalhos de inseminação.
Ø Higiene com o animal: Boa limpeza do reto e vulva. Lavar com água a vulva da vaca no
sentido de cima para baixo, evitando a entrada de água para dentro da vagina. Logo após
secar bem com papel higiênico ou papel toalha.
Ø Higiene das instalações: O local da inseminação deverá estar sempre limpo, assim como
o cômodo utilizado.
Ø Higiene com o material utilizado: todo o material deverá ser manipulado com muito
cuidado, para evitar contaminação durante a inseminação. A embalagem das pipetas e
bainhas deve ser cortada num canto, apenas suficiente para retirar uma peça. No caso da
bainha para palheta cortar do lado oposto à extremidade que irá penetrar no animal, ou seja
do lado da bucha.
· Dicas importantes:
Ø Para o inseminador:
- Trabalhe sempre observando todas os cuidados de higiene aprendidos durante o
curso;
- seja rigoroso nos horários das observações do cio e das inseminações;
- anote sempre todas as ocorrências e dúvidas verificadas em seu trabalho e procure
esclarecê-las com o veterinário, por ocasião de sua visita à propriedade;
- antes de inseminar, observe a ficha da vaca e não insemine logo após o parto, observe
se ela está parida há mais de 45 dias;
- examine cuidadosamente o muco uterino antes de inseminar;
- nunca deixe faltar sal mineralizado para as vacas, pois isso pode retardar o cio e
predispô-las às infecções uterinas e retenção de placenta;
- ao manejar o botijão de sêmen, observe atentamente: levantar a caneca no máximo
até 5 cm abaixo da boca do botijão. retire rapidamente o sêmen (palheta) com auxílio
de uma pinça, não gastando para isso mais que 5 segundos. imediatamente após,
mergulhe totalmente a palheta com a extremidade da bucha voltada para baixo, em
água a 35º c durante 30 segundos;
- antes de introduzir o aplicador na vagina da vaca, lave com água e enxugue a vulva.
não permita que a ponta do aplicador toque os lábios da vulva;
- faça movimentos suaves com a mão que envolve o colo, até o aplicador ultrapassar
todos os anéis da cérvix uterina;
- deposite lentamente, o sêmen no início do corpo do útero;
- após a inseminação, faça uma massagem no clitóris e anote os dados referentes à
inseminação, na ficha da vaca.
Ø Para o criador:
- Seja também um inseminador. Para poder exigir é preciso saber fazer;
- Acompanhe de perto os trabalhos do inseminador e do técnico. Mostre interesse
pelos resultados da inseminação e ofereça prêmio por sua eficiência. Isto serve
de estímulo ao inseminador;
- É recomendável ter mais de um inseminador na fazenda;
- Procure orientação de técnico capacitado para promover o acasalamento das
fêmeas com os touros mais indicados.
· Conclusões Finais:
Estamos certos de que este Manual do Inseminador irá ajudá-lo na execução de seu
trabalho da maneira mais correta possível, bastando seguir as informações básicas contidas nele.
Antes de optar pela Inseminação Artificial o criador deverá conhecer bem todas as
condições que deverão ser atendidas.
Todo o êxito de um programa de inseminação artificial depende, na sua essência, da
capacitação do técnico inseminador. O perfeito aprendizado é fundamental para se obter os
resultados altamente positivos da inseminação artificial.
Desejamos que o programa de inseminação artificial seja bem implantado e conduzido,
para que se possa conseguir o máximo de sucesso na criação, além de contribuir para maior
difusão do método no Brasil.
Muito Sucesso!
Bibliografia Consultada: