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Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva


Doenças à vírus, Clamídias e Micoplasmas

Cinomose canina

Profa. Gissandra Farias Braz


Roteiro de Aula

 Definição
 Histórico
 Etiologia
 Epidemiologia
 Patogênese
 Sinais Clínicos
 Patologia
 Tratamento
 Profilaxia

Gissandra F. Braz
Definição

Enfermidade viral PANTRÓPICA, com


manifestações de doença contagiosa,

Gissandra F. Braz
Histórico

 Século XVIII proveniente da Ásia

 Henri Carré ( 1905 ): 1° caso descrito

 Lentz ( 1907) e Sinigaglia (1912) :


corpúsculos de inclusão

 Laidlaw e Dunkin (1926)- etiologia viral

 Primeira metade do Século XX - doença fatal


mais comum em cães
Gissandra F. Braz
Histórico

 1940 - vacina com vírus inativado (pouco


eficiente)

 1960 - vacina com vírus vivo modificado


(redução no número de casos)

 Atualmente - casos esporádicos

 Surtos em animais selvagens (leões)

 Década de 1990 desenvolvimento de vacinas


recombinantes. Gissandra F. Braz
Etiologia

Ordem Mononegavirales
Gênero Morbillivirus
Família Paramyxoviridae
Respirovirus
Subfamília Pneumovirinae
Rubulavirus
Paramyxivirinae

Gênero Morbillivirus Vírus da cinomose canina


Vírus da cinomose focina
Vírus da peste bovina
Vírus do sarampo
Gissandra F. Braz
Hemaglutinina: estrutural – adesão viral

Proteína de fusão estrutural – penetração

Induzem resposta
imune protetora

 Vírus RNA fita simples, polaridade negativa


 Envelopado
 Um sorotipo, Cepas virulentas distintas
 Sintetiza seis proteínas estruturais
 Pleomórficos
Gissandra F. Braz
Vírus da Cinomose canina

 Um sorotipo
 vários biotipos variáveis em patogenicidade e tropismo
tecidual

 Amostras neurotrópicas:
 Snyder Hill: imunossupressora, infecta neurônios
encefalite aguda fatal
 A75/17; R252: encefalite desmielinizante crônica e progressiva

 Cepas vacinais
 Onderstepoort – cultivo em células aviárias
 Rockborn – cultivo em células caninas
 Snyder Hill -cultivo em células caninas

Gissandra F. Braz
árvore filogenética
cinomose canina
Gissandra F. Braz
Etiologia

Propriedades
 Inclusões intranucleares e intracitoplasmática
 Hipotrofia de órgãos linfóides:  Apoptose
Gissandra F. Braz

Tinish et al.,2004

Figura (A) – micrografia de esfregaço sanguíneo, apoptose em monócito e linfócito;


(B) micrografia de linfonodos retrofaríngeos, sincício (*) com núcleos em apoptose
( Setas); (C)- Sincício com núcleos evidenciado com MGP; (D) – sincício comGissandra
marcação F. Braz
positiva para apoptose.
Etiologia

Propriedades

 Sensibilidade aos desinfetante comuns:


 hipocloritos, formalina (<0.5%), fenol (0.75%), clorofórmio (0.75%) e
quaternário de amônia (0.3%).

 sobrevivem muito tempo no ambiente

 Mais sensíveis ao calor de que ao frio

 Permanece viável por meses:


 Temperatura ambiente de até 10ºC,
 7 a 8 dias à 25ºC,
 60 min à 50 ºC, e
 10 minutos em calor úmido à 55 ºC.

 Instável em < Ph 4,5 Gissandra F. Braz


Epidemiologia

 Distribuição comospolita
 Enzoótica em várias partes do mundo

 Sazonalidade - Não definida


 Inverno: Sobrev. viral, Imunodepressão
(neonatos e anim. desmamados)
 Prevalência- Santa Maria - 11,7% (Headley e
Graça. 2000)

 Mortalidade
 Morbidade
Gissandra F. Braz
Epidemiologia

 Período de incubação – 3 a 7 dias


 Ocorrência
 Cães não vacinados - 3 vezes maior

 Cães vacinados () - Falhas na imunização


 Vacina
 Baixos títulos virais
 Erros de conservação
 Amostras poucos antigênicas
 Animal
 Doenças concomitantes
 Parasitoses
 Estado nutricional inadequado
 Idade de vacinação (antic. Maternos)
Gissandra F. Braz
Epidemiologia

 Hospedeiros

 Canidae: Cão, dingo, raposa, coiote, lobo, chacal


 Procyonidae: Racoon, qüati, panda, jupará
 Mustelidae: furão, marta, lontra, vison
 Viveridae (mangusto)
 Hyaenidae (hiena)
 Ursodae (urso)
 Tayassu Tajacu (Javali ) – encefalite
Racoon
furão

Gissandra F. Braz
Epidemiologia

 Hospedeiros

Felídeos
 Tigre (Panthera tigris)
 Leão (Panthera leo)
 Leopardo (Pantera pardus)
 Jaguar (Panthera larvata)
 Palm civet (Paguma larvata) - lesões sistêmicas

 Experimentalmente

Gissandra F. Braz
Cadeia Epidemiológica
Epidemiologia

FI VE
VT PE
S
Suscetíveis
VE
S
PE
FI
Porta
Cães (3-6 meses, qualquer idade população isolada
Vias dedeEliminação:
Entrada:
Status imunitário
Fluídos
Trato Sem predileção
contendo
respiratóriooevíruspor sexo
- oral,
digestivo ou raça (Thomas
respiratório
superior e ocular
et al, 1993)

Fontes urina – menor importância na transmissão


de infecção:
Pele, fezes,
AnimaisViaeliminando vírus (até 60 a 90 dias) com ou
de Transmissão:
VT
sem sintomatologia
Aerossóis (25 a 75%)
Transplacentária (menor importância)

Gissandra F. Braz
Cinomose canina

 PATOGÊNESE

Gissandra F. Braz
Patogenia Sinais clínicos
Vírus em macrófagos

Epitélio Respiratório
letargia, perda de apetite,
1-3 DPI
febre, dispnéia,
1 sem.
tosse e descarga oculonasal
PI Linfonodos regionais

1- 2 sem. PI Viremia

sinais respiratórios,
Resposta Imune intestinais
Epitélio
Recuperação 2 - 3 sem.
PI
e dermatológicos
T. Respiratório
Linfadenite Liberação viral T. Digestivo Desc. nasal purulenta,
Urogenital tosse, dispnéia,
Vasos sanguíneos
2- 12 sem. pneumonia,
PI E
N diarréia,
Astrócitos C
E vômito e pústula
F MORTE
A incoordenação motora, nistagmo,
L andar em circulo,
neurônios I
T Tetraplegia/paraplegia,
E convulsão, rigidez
Adaptado de http://cheval.vet.gla.ac.uk/vetscape/vet-x/lions/pgenesis.jpg Gissandra F. Braz
cervical e demência
Infecção Sistêmica Nervosa
Patogênese

Moro et al, 2004


Gissandra F. Braz
Células do SNC

CÉLULAS DA GLIA

Sustentar, proteger, isolar e nutrir os neurônios

Neurônio
AGUDA
Não inflamatória
VCC em astróglia e micróglia > oligodentrócitos

Desmielinização

CRÔNICA
Inflamatória
Infiltração perivascular de células mononucleares
Processo imunológico vírus-independente
Lesões Multifocais Subst. Cinzenta:
- Infecção neuronal
- Necrose (citólise)
CD4
Céls. B Ac. Anti-
mielina
Ac. Anti- CDV

Gissandra F. Braz
Patogenia da Desmielinização na CC – Gissandra Braz
Cinomose canina

 SINAIS CLÍNICOS

Gissandra F. Braz
Depende espécie afetada
amostra viral
condições ambientais
idade do animal
status imunológico

• Doença pode variar desde sinais não visíveis


até a doença severa, com ou sem sinais
nervosos
• Índice de mortalidade: aproximadamente
50%.
Gissandra F. Braz
Apresentações clínicas

 Forma aguda (suave)


 Período de incubação de 3 a 7 dias
 Primeiro pico de febre - 39,5 a 41° C
 Intervalo sem febre - 1 a 2 dias
 Segundo pico febril no 11° dia

 Sintomas iniciais: fraqueza, inapetência,


secreção ocular serosa bilateral, tosse e
dispnéia (semelhante a tosse dos canis),
dermatite postular

Gissandra F. Braz
Apresentações clínicas

 Forma aguda (severa)


 PI e sintomas iniciais semelhantes a forma
branda

 Sintomas: conjuntivite com secreção


mucopurulenta, seguido de tosse seca que
evolui para tosse produtiva, sons no trato
respiratório inferior (pneumonia), depressão,
anorexia, vômitos, diarréia, desidratação
(morte se não medicado)

Gissandra F. Braz
Sinais clínicos

 Respiratórios

Descarga oculonasal catarral,


faringite, bronquite com dispnéia
e tosse.

Gissandra F. Braz
Sinais clínicos

 Gástrico

Diarréia (semi-fluida, mucosa e fétidas),


Vômito, anorexia, caquexia, perda de peso e
desidratação.

Hipoplasia de esmalte

Gissandra F. Braz Gissandra F. Braz


Sinais clínicos

 Dermatológico Alopecia úmida nas margens palpebrais

Gissandra F. Braz
Vesículas e pústulas Hiperqueratose cutâneas: coxins e focinho

Gissandra F. Braz
Gissandra F. Braz
Sinais clínicos

 Oftalmológicos
 Perda Parcial ou total da visão,
 Conjuntivite purulenta,

 Retinite,
 Alterações degenerativas e inflamatórias dos
nervos e vias ópticos,
 Degeneração focal ou completa da retina.

Gissandra F. Braz
Sinais clínicos

 Neurólógicos
 Convulsões (cerebral cortical);

 Sinais neurológicos progressivos e resultantes


de lesões multifocais:
• Rigidez cervical Inflamação de meninge

• Mioclonia •Ataxia (incoordenação


muscular)
• Hiperestesia (aumento da sensibilidade) • Paralisia
• Tiques nervosos (ex. cão movimenta a • Paresia
boca como se estivesse mascando chicletes)
• Tremor muscular
• Depressão,
Deterioração mental progressiva
Deterioração motora progressiva
Lesões oculares Gissandra F. Braz
Sintomas Neurológicos

Iniciam 1 a 3 semanas depois da doença


sistêmica

Alguns cães podem desenvolver doença neurológica


sem doença sistêmica

Algumas associações
Dermatite raramente é associada a doença nervosa
Hiperqueratose nasal e digital geralmente é
associada a doença nervosa
Gissandra F. Braz
Sinais Nervosos

Gissandra F. Braz
Sinais clínicos

 Outros
 Artrite reumatóide
 Infecções secundárias

 Infecções tranplacentária
 Filhote – sinais neurológicos 4 a 6 semanas,

 Infecções neonatais
 Sinais neurológicos, Cardiomiopátia, etc.

Gissandra F. Braz
 PATOLOGIA

Gissandra F. Braz
Achados de necropsia

 Lesões macroscópicas
 Inflamação na nasofaringe,
 Pneumonia - brônquios com exsudato
mucopurulento (associada a complicação
bacteriana),
 Edema pulmonar

 Fase sistêmica aguda da doença - linfonodos


tamanhos variáveis

 cães jovens - áreas de necrose e mineralização do


miocardio , problemas no tamanho e coloração dos
dentes.
Gissandra F. Braz
Lesões histopatológicas

 Os corpúsculos de inclusão
 são acidofílicos, intranucleares
e/ou intracitoplasmáticos

 Pneumonia intersticial difusa

Gissandra F. Braz
Lesões histopatológicas

 Meningite

 Alterações degenerativas agudas


extensivas nos neurônios no cérebro,
mas discretas na medula;

 Animais que sobrevivem da encefalomielite


pela cinomose podem permanecer com focos
astrocitários escleróticos e perda de mielina; desmielinização

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Cinomose canina

 TRATAMENTO

Gissandra F. Braz
Tratamento

 Sintomático
 Antibioticoterapia
 Fluidoterapia
 Suspensão do aporte hídrico e alimentar,
 Anti-eméticos
 Vitaminas: Complexo B, E,C, A;
 Distúrbios neurológico - glicocorticóides (anti-
edema SNC, sinais neurológicos >24 a 48 hs)
 Anticonvulsivantes

Estudos recentes: Ribavirina

Gissandra F. Braz
Tratamento

Ribavirina + Vitamina A

Sarampo Cinomose

Paramyxoviridae – Morbilivirus

Elia et al. (2007) - efetiva na prevenção da replicação do VCC “in vitro”


mutações no vírus da cinomose → erro catastrófico no RNA do genoma viral

RODENEFFER, C. et al. (2007) - matéria-prima para algum mecanismo de


resistência à infecção.
Gissandra F. Braz
Tratamento

 Acumputura

 Objetivo
Estimulação dos pontos cutâneos através da inserção
de agulhas de metal sólidas em locais específicos por
onde percorrem os meridianos que estão em desarmonia,
consequentemente promovendo o equilíbrio do orgamismo
e a cura da doença.
Gissandra F. Braz
Cinomose canina

 DIAGNÓSTICO

Gissandra F. Braz
Diagnóstico
laboratorial

Métodos direto Métodos indireto

IHQ Isolamento
PCR IFI SN ELISA
viral

IP
Colorações IFD

IC

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Diagnóstico

 Dados epidemiológicos, Sinais clínicos,


 Lesões e achados laboratoriais.

Gissandra F. Braz
Diagnóstico

 Patologia clínica

 Leucopenia e linfopenia
 Plaquetopenia
 Leucocitose moderada, anemia e
hipoproteinemia
 LCR-  níveis de albumina (distúrbio na
barreira hematoencefálica)

Gissandra F. Braz
Diagnóstico Direto

 Imunocromatorafia

Gissandra F. Braz
Diagnóstico Direto

 Pesquisa de inclusão viral

Gissandra F. Braz
Diagnóstico direto

 Isolamento viral

Gissandra F. Braz
Diagnóstico Direto

 Imunofluorescência

 Esfregaços conjuntival,
 tonsila, genital, e epitélio
respiratório.

 Imunocitoquimica

Gissandra F. Braz
Gissandra F. Braz
100x – IFD - Conjuntival 100x – IFD - Nasal Gissandra F. Braz

100x – IFD - vaginal 100x – IFD - Peniano Gissandra F. Braz


Gissandra F. Braz Gissandra F. Braz
Diagnóstico

 Diagnóstico molecular

 RT-PCR
 RT-PCR + Nested PCR
 Real time PCR

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Coleta de material

 Sangue

 Fluidos e secreções:

Lâminas

Gissandra F. Braz
Diagnóstico Diferencial

 Sintomas respiratórios - pneumonia


bacteriana,

 Sintomas intestinais – gastroenterites,

 Episódios epiléticos e outros sintomas


neurológico - toxoplasmose ou epilepsia.

Gissandra F. Braz
 ¿ Profilaxia

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Profilaxia

 Isolamento e terapia de doentes

 Cuidados com animais jovens:


 ambiente (limpeza e desinfecção)
 colostro (70 a 90 % proteção do cão)

 Vacinação

Gissandra F. Braz
Profilaxia

 Imunização ativa

Gissandra F. Braz
Profilaxia

Quadro de vacinação em Cães


Vacina Octupla - 1ª
60 dias de idade
dose
Vacina Octupla - 2ª
90 dias de idade
dose
Vacina Octupla - 3ª
120 dias de idade
dose

Gissandra F. Braz
Vacina Vacinação Vacinação Revacinação comentários
filhotes ≤ 16 adulto (Booster)
sem > 16 sem
Viva - 3 doses - duas doses -Filhotes: uma -Duração da
modificada - idades de 6 a - intervalo: 3 a revacinação imunidade
16 semas 4 sem. após 1 ano da (desafio):
-Intervalo: 3 a -Uma dose: série de -Rockborn: 7
4 sem. proteção, vacinação. anos
-Última dose: aceitável -Próxima -Onderstepoort:
14 a 16 sem revacin.: após 3 5 anos
anos ou mais

Vacina - 3 doses - duas doses -Filhotes: uma Duração da


recombinante - idades de 6 a -intervalo: 3 a revacinação imunidade
16 semas 4 após 1 ano da (Desafio):
-Intervalo: 3 a série de 3 anos
4 sem. vacinação.
-Última dose: -Próxima
14 a 16 sem revacin.: após 3
anos ou mais
America Animal Hospital Association, Canine Vaccine Guidelines - Revised , Paul et al. 2006. Gissandra F. Braz
Tipos de vacinas

 Vacina viva modificadas (VVM)


 Cultivos aviários (onderstepoort)
 Menor % de cães imunizados

 Células caninas ( Rockborn)


 Induz imunidade em cães suscetíveis
 Encefalite pós vacinal

VVM pode ser patogênica para algumas espécies

 Vacina Recombinante
 Supera a inativação pelos anticorpos maternais
 Induz a imunidade protetora mesmo com antc.
Passivos
 Não interfere no diagnóstico Gissandra F. Braz
Profilaxia

Gissandra F. Braz
Obrigada!

Gissandra F. Braz

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