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PATOLOGIA DOS EQUINOS

HERMAFRODITISMO
Transtorno onde há presença dos dois sexos em um equino, podendo ocorrer por duas
maneiras distintas:
- Hermafroditismo Verdadeiro: animal possui anormalidade no sexo gonadal, pela
presença de ovotestis (presença de tecido característico dos dois sexos, mudando o
sexo gonadal, e sem desenvolvimento dos gametas)
- Pseudohermafrodita: animal possui anormalidade no sexo fenotípico (mudança somete no trato reprodutor externo,
sem promover alteração na produção dos gametas, como clitóris desenvolvido e pênis hipoplásico)

ALTERAÇÕES DA VAGINA
- Pneumovagina e Urovagina: acúmulo de ar ou urina na vagina, devido incompetência no fechamento anatômico e
mal posicionamento de vulva e vagina (acomete mais os animais velhos, por flacidez dos ligamentos e vagina ser mais
pendulosa)
 Diagnóstico: através da presença de ar ou urina na vagina
 Tratamento cirúrgico: vulvoplastia (captação dos lábios vulvares e correção da angulação vaginal através de
aumento da alimentação ou incisão horizontal e sutura vertical no períneo)
- Lacerações retrovaginais: devido trauma sofrido pelo animal (parto distócito, por exemplo)
 Cuidado: em casos de trauma onde a laceração entra em contato com o peritônio, resulta em quadro de
peritonite e possível sepse no animal
 Tratamento cirúrgico: sutura tipo Caslick modificada (realizar incisão das bordas da vulva, e coaptam-se os
flaps formados, preservando a rafe vulvar)

ALTERAÇÕES DO ÚTERO
- Cistos endometriais: dilatação das glândulas endometriais produtoras de muco, que impedem a implantação do
embrião, reduzindo a taxa de prenhez do animal (comum em éguas mais velhas). Ocorre em maior número durante o
período de transição de um ciclo reprodutivo, pela diminuição de estrógeno e aumento de progesterona. Alguns
animais tem o epitélio glandular endometrial que persiste na produção excessiva de muco.
 Tratamento cirúrgico: retirada dos cistos
- Mucometra e Hidrometra: ocorre por consequência de cistos formados, que produzem alta quantidade de conteúdo
no lúmen uterino, levando o animal à um estado de anestro patológico
 Diagnóstico: ultrassonografia (presença de conteúdo anecóico)
 Tratamento cirúrgico: retirada dos cistos que são a causa base

ENDOMETRITE
Endometrite é uma patologia comum nas éguas, que é a inflamação do endométrio, por diversas causas, como
infecciosas (bacteriana ou fúngica) e não infecciosas (pós-cobertura, urina, medicamentos).
Ocorre, principalmente, por falhas nos mecanismos naturais de defesa uterina:
- Falhas nas barreiras físicas: conformação perineal inadequada (trauma), incompetência da prega vaginovestibular,
incompetência da cérvix, útero penduloso, alteração degenerativa no endométrio
- Falhas no mecanismo natural: alteração na produção, viscosidade e elasticidade do muco (alterando a limpeza,
facilita a colonização de bactérias e dificulta a penetração de antibióticos), inadequada função cervical, levando a
acúmulo de líquido
- Classificação: suscetíveis (são incompetentes em debelar a inflamação pós cobertura e incompetentes na produção de
progesterona, tendo relaxamento uterino e líquido persistentes) e resistentes (debelam a inflamação e possuem
motilidade uterina mais eficiente)
Biópsia: confere prognóstico e verificação da fase de fibrose (possibilidade do animal emprenhar)

Citologia: importante para verificar se ainda há processo inflamatório (presença de neutrófilos)


- Diagnóstico:
 diagnóstico clínico (histórico, exame físico geral e específico)
 laboratorial (cultura, citologia, biópsia, endoscopia)
- Sinais Clínicos: secreção vaginal mucopurulenta, períneo e membros posteriores sujos, presença de distensão e
turgidez uterina com presença de conteúdo durante a palpação retal

ENDOMETRITE PÓS-COBERTURA
Após a cobertura ou IA, todas as éguas desenvolvem uma resposta inflamatória transitória pela presença do
espermatozoide e plasma seminal. As éguas suscetíveis (incompetentes em controlar a infecção) desenvolvem uma
infecção persistente. Normalmente, ocorre quimiotaxia de neutrófilos (após 30 min. da cobertura), que serão
responsáveis por eliminar o sêmen remanescente, tendo picos de inflamação após 8 a 12 horas da cobertura, sendo que
a resolução ocorre em 24 a 36 horas depois da cobertura.
Plasma seminal: atua como modulador da resposta inflamatória (impede que o neutrófilo ataque os espermatozoides viáveis)
Sêmen congelado: desenvolve maior resposta inflamatória (sem plasma seminal, pois as proteínas presentes no plasma
interferem na congelação)

- Redução na fertilidade da égua (animais podem se apresentar normais até a cobertura)


- Não está necessariamente associada com infecção (bactéria ou fungo), ocorrendo mais em éguas velhas
- Diagnóstico:
 ultrassonografia (égua normal antes da cobertura, porém com presença de conteúdo ecogênico no dia seguinte)
 cultura (sem crescimento específico, pois nem todas desenvolvem conteúdo bacteriano)
 citologia (observa-se a presença de neutrófilos)
 lavagem uterina (com sondagem, realizando a saído do fluido ecogênico do ultrassom)
- Plano de Manejo:
Etapa 1: indução da ovulação de éguas no cio
- realizar com hCG ou deslorelina, quando o folículo encontra-se com no mínimo 35 mm e com edema uterino
- induzir a ovulação e inseminar o animal logo em seguida
Etapa 2: reduzir o número de coberturas para somente uma (diminuindo também a inflamação)
- segunda cobertura tende a ser menos efetiva, por se deparar com o útero inflamado
- caso seja IA, utilizá-la com o mínimo de contaminação (higiene do períneo e faixa na cauda da égua)
Etapa 3a: lavagem uterina com ringer com lactato para retirada dos espermatozoides mortos (2 a 3 L)
- 4 horas após a cobertura (espermatozoides já foram transportados ao oviduto) para diminuir inflamação
- repetir a lavagem até o líquido apresentar-se límpido, podendo-se fazer massagem uterina transretal para
facilitar a lavagem de todo o útero, com acompanhamento de ultrassom e administração de ocitocina (confere
maior contração uterina) e coleta do conteúdo para avaliação (turbidez e volume)
Etapa 3b: administração de ocitocina e/ou PGF2α (4 a 8 horas após a cobertura)
- indução de contrações uterinas e remoção do líquido
- ocitocina: apresenta a contração mais rápida, porém menos persistente (30 a 45 minutos de contração)
- PGF2α: apresenta a contração mais lenta, porém mais persistente (2 a 4 horas de contração)
Adicionais:
- lavagem uterina 1hora antes da cobertura, carbetocina (ocitocina de longa ação), dilatadores da cérvix,
quelantes e agentes mucolíticos (quebram o muco)
- prostaglandina: utilizada em éguas com estenose da cérvix (responde melhor do que a ocitocina), evitando-se
usar após ovulação (pela formação do corpo lúteo, podendo reduzir a chance de prenhez no animal)
- corticosteroides (dexametasona, prednisolona): diminuem a resposta inflamatória
ENDOMETRITE BACTERIANA
- Fatores predisponentes: alterações conformacionais do períneo (abscessos, pneumovagina) e éguas velhas
(inadequada contração uterina, drenagem linfática e flacidez da cérvix)
- Bactérias: Streptococcus (mais comuns), E. coli, Staphylococcus (coliformes fecais)
- Tratamento: remover o agente infeccioso e reestabelecer a saúde do endométrio (imunomoduladores)
 corrigir os fatores predisponentes, lavagem uterina, medicamentos para limpeza do útero (ocitocina e
prostaglandina
 antibioticoterapia intrauterina: não consegue chegar em níveis altos no organismo (casos sem bacteremia)
 antibioticoterapia sistêmica: atinge a níveis altos (usar em bacteremia e toxemia)
 amicacina, ampicilina, ceftiofur, gentamicina ou penicilina (tratar durante o estro)
 técnica de Caslick caso seja necessário

ENDOMETRITE MICÓTICA
- Fatores predisponentes: idade (mais comum em éguas mais velhas), alterações anatômicas do trato reprodutivo,
terapias repetidas de antibiótico intrauterino (diminui o equilíbrio da flora local, possibilitando infecção fúngica
oportunista), histórico prévio de endometrite bacteriana, imunossupressão
- Não é tão comum, porém de grande importância, pela dificuldade em diagnosticar e em tratar
- Fungos: Candida (mais comuns), Aspergillus, Mucor
- Diagnóstico:
 cultura fúngica (difícil de encontrar os fungos, podendo ser feito por swab ou lavagem uterina)
 citologia vaginal (swab, escova citológica, lavagem uterina em pequeno volume)
 PCR
- Tratamento:
 lavagem uterina e infusão uterina (com solução salina, vinagre para repor a acidez local e com iodo diluído,
mesmo que não seja recomendado, porém é uma das poucas soluções para agentes fúngicos)
 antimicóticos sistêmicos (fluconazol) e intrauterinos (nistatina)
 limpeza da fossa clitoriana e técnica de Caslick, se necessário

METRITE CONTAGIOSA EQUINA


Inflamação de todas as camadas uterinas, promovendo congestão da mucosa endometrial
- Agente: Tayrella equigenitalis
- Sinais Clínicos: congestão da mucosa, piomucometra, descamação epitelial, edema e hiperemia da cérvix
- Diagnóstico:
 citologia (células descamadas na lâmina)
- Tratamento:
 antibioticoterapia sistêmica e intrauterina
 isolar os animais positivos devido o caráter infectocontagioso

ALTERAÇÕES DE OVÁRIOS
- Tumor de Célula da Granulosa: na maior parte, são unilaterais e não produzem metástase (benignos), sendo
hormônio-dependente, devido a alta produção de estrógeno e testosterona
 Sinais Clínicos: ninfomania evoluindo para virilismo

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