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Análise do Sêmen

Espermograma

Profa. Dra. Deisy Vivian de Resende


Adaptação: Prof. Dr. Reginaldo dos Santos Pedroso
Espermograma

Introdução
➢ Exame complementar, inicial na avaliação da infertilidade
masculina

https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/top-view-male-hand-
holding-sperm-2159916935(20/03/2024)
➢ Avalia o potencial de fecundidade do espermatozoide

➢ Eficácia da vasectomia (avaliação da esterilidade)

➢ Infecções do trato genital masculino

➢ Análise das propriedades físico-químicas do sêmen

➢ Motilidade, concentração e morfologia dos espermatozoides


Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Sêmen: líquido que transporta os espermatozoides (5%)

“Fluido heterogêneo liberado no momento da ejaculação, composto de frações acelulares e


celulares”

➢ Composto por fluido seminal (65%), fluido prostático (20%), fluido das
glândulas bulbouretrais (5%), fluido dos testículos e epidídimo (5%)

➢ Testículos

➢ Condutos

➢ Glândulas acessórias

➢ Pênis
Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino
Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Testículos

- Onde ocorre a espermatogênese

- Tubos seminíferos: 40 a 70cm de comprimento

- Representam 70% dos testículos

- Células em diferentes estágios da espermatogênese

- Células de Sertoli: no interior dos túbulos;


nutrição das células germinativas; suporte estrutural
epitélio

- Células de Leydig: entre os túbulos;


produção de hormônios para espermatogênese
Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino - Testículos
Espermograma

Corte Transversal Túbulo Seminífero


Espermograma

Corte Transversal Túbulo Seminífero


Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino - Testículos
Espermograma

Células de Sertoli e de Leydig


Espermatogênese

- Inicia-se aproximadamente aos 13 anos


- Gametogênese: 64 dias
- 120 milhões espermatozoide/dia
-Ocorre durante toda a vida

Dura em torno de 64 dias


Ocorre continuamente

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Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Epidídimo

➢ Tubo único enovelado (4 a 6m de comprimento)

➢ À medida que a espermatogênese ocorre:


migração para o epidídimo

➢ Etapa final de maturação dos espermatozoides


(adquire a capacidade de movimento): 4 a 12 dias

➢ No momento da ejaculação, apenas os espermatozóides do


epidídimo são liberados
Maturação, armazenamento e transporte dos espermatozoides
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Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Condutos

➢ Ducto deferente

➢ 35 a 40cm de comprimento

➢ Armazena os espermatozóides

➢ Conduz os espermatozoides do epidídimo até os ductos


ejaculatórios durante o ato sexual (camada de musculatura lisa)
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Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Condutos

➢ Ducto deferente: ao entrar na pelve, localiza-se atrás da bexiga


urinária
Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Condutos

➢ Ducto deferente Ducto da vesícula seminal Ducto ejaculatório

Uretra prostática
Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Condutos

➢ No momento da ejaculação, espermatozoides são impulsionados


para o canal deferente e ductos ejaculatórios

➢ Recebimento dos fluidos


da vesícula seminal

➢ Recebimento do
fluido prostático
Espermograma
Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Vesículas seminais

➢ Responsáveis por produzir o líquido seminal (~65% do sêmen)

➢ Líquido viscoso, alcalino, contém frutose (motilidade dos


espermatozóides no aparelho genital feminino)

➢ Contém a semenogelina: induz a coagulação


do sêmen logo após a ejaculação
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Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Próstata

➢ Glândula que produz e armazena o líquido prostático (~20% do


sêmen)

➢ Incolor, ácido, contém enzimas proteolíticas responsáveis pela


liquefação do sêmen (PSA – antígeno específico da próstata)
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Aparelho Reprodutor Masculino

➢ Glândulas bulbouretrais

➢ Localizam-se abaixo da próstata

➢ Produção de um líquido viscoso, representa ~5% do sêmen

➢ Líquido liberado antes da ejaculação: lubrificar e limpar a uretra

➢ Por ser alcalino, também contribui para a neutralização da acidez


vaginal (protege os espermatozoides)
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A Via Seminal

Túbulos seminíferos

Epidídimo

Ductos deferentes

Vesícula seminal

Ducto ejaculatório

Próstata (uretra prostática)

Uretra

Meio externo

https://www.youtube.com/watch?v=ZO8NTiGVF7g (20/03/2024)
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Coleta e Fase Pré-analítica

- Qualidade da amostra dependerá:

- Do volume total coletado

- Da atividade das glândulas acessórias


(número total de espermatozoides ejaculados)

- Do tempo desde a última atividade sexual (mínimo de 2 dias e máximo de 7


dias)

- A amostra de sêmen apresenta grande variabilidade individual: análise de 2


ou 3 amostras (intervalo não deverá ser menor que 7 dias nem maior que 90
dias)
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Coleta e Fase Pré-analítica

- Parâmetros variam de acordo com febre alta, infecções, traumas,


uso de medicamentos, drogas ilícitas

- Coleta deve ser realizada em ambiente tranquilo e privado,


próximo ao laboratório

- Coleta por masturbação em recipiente limpo de vidro ou plástico


estéril, boca larga, sem toxicidade para espermatozoides
Espermograma
Espermograma
Espermograma

Espermograma

Análise macroscópica Análise microscópica

Liquefação Motilidade
Viscosidade Vitalidade
Aparência Contagem
Volume Morfologia
pH

Toda a análise deve ocorrer em 1h


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Análise Inicial: Tempo de liquefação

- A amostra deve ser analisada entre 30-60 minutos de sua coleta

- Após coleta: recipiente em incubadora a 37°C ou temperatura


ambiente para liquefação (o esperma fresco é coagulado)

- Análise visual da liquefação (normalmente entre 15-30min):


proteases do líquido prostático (antígeno prostático específico-
PSA é o principal)

- Liquefação em mais de 60min: incompleta

- Liquefação total: movimentação dos espermatozóides


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Exame macroscópico

- Inicia-se tão logo ocorra a liquefação

1) Aparência:

- Normal: homogêneo, branco ou cinza-claro, translúcido após


liquefação (células tornam o sêmen opaco)

- Paciente vasectomizado: sêmen translúcido


- Avermelhado ou marrom: hemospermia (eritrócitos)
- Amarelado: piospermia ou leucospermia (leucócitos)
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Exame macroscópico
“Balanço secreção vesículas seminais
2) pH: 7,2 a 8 (básico) × secreção prostática (ácido)”

- Deve ser aferido tão logo ocorra a liquefação: contato com ar =


perda de CO2 = aumento da alcalinidade

- Homogeneizar a amostra
- Espalhar uma gota sobre a fita de pH
- Esperar a mudança de cor (~30s)

pH<7, pouco volume, poucos espermatozóides:


alteração nas vesículas seminais, obstrução do
ducto ejaculatório
pH>8: prostatite, deficiência de secreção
prostática, geralmente relacionada com pouca
liquefação
Espermograma

Exame macroscópico

3) Volume:

- Normal: 1,5mL a 6mL (normospermia)

- O volume seminal deve ser avaliado pela sua densidade:

- Pesar o frasco sem amostra, com amostra, considerando a


densidade do sêmen 1g/mL

- Alguns laboratórios medem diretamente em um tubo graduado


Espermograma

Exame macroscópico

3) Volume:

- Normal: 1,5 a 6mL (normospermia)

Hipospermia (baixo volume): coleta inadequada, processos inflamatórios,


ejaculação retrógrada, obstrução do ducto ejaculatório, insuficiência vesicular
(causas infecciosas), etc

Hiperespermia (aumento do volume): inflamação das glândulas acessórias

Aspermia: ausência de ejaculado (ausência de vesículas seminais ou


próstata, alterações neurológicas, ejaculação retrógrada, etc)
Espermograma

Exame macroscópico

4) Liquefação: Normal < 60min

- Sêmen é liberado na forma de um coágulo (proteínas da vesícula


seminal)
- Liquefação: processo enzimático, principalmente substâncias
presentes na próstata, especialmente a enzima PSA (Prostate
Specific Antigen – Antígeno Prostático Específico)
- Ocorre entre 5min e 30min (à t ambiente ou a 37°C – banho-
maria, estufa)
- Análise visual: observar de 5 em 5 min
- Não é preciso relatar o tempo; apenas indicar completa ou
incompleta
Espermograma

Exame macroscópico

5) Vicosidade:

- Analisada após a liquefação

- Com o auxílio de uma pipeta graduada de 5mL,


aspirar um pouco da amostra

- Deixá-la gotejar pela ação da gravidade

- Filamento de até 2cm

- Maior que 2cm: aumentada


Espermograma

Exame macroscópico

5) Vicosidade:

- Alta viscosidade: interfere na motilidade e contagem dos


espermatozoides

- Hiperviscosidade: inadequada secreção das vesículas seminais ou


próstata; infecção/inflamação
Análise microscópica do líquido seminal

➢ Contagem dos espermatozóides

➢ Motilidade

➢ Vitalidade

➢ Morfologia dos espermatozóides

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Espermograma

Contagem de espermatozóides
- Número de espermatozóides no ejaculado: taxas de
fertilização e gravidez

- Valores normais: acima de 15 milhões/mL

- Diferentes métodos de contagem

- Câmara de Neubauer

- Diluição da amostra dependerá da concentração espermática

- Solução fixadora: solução salina a 0,5% em formol


Contagem de espermatozóides – Escolha da diluição

Espermatozóide
Diluição
por campo*
<15 1:5
15 - 40 1:10
40 - 200 1:20
>200 1:50

* Aumento de 400x

Ex: 20µL de sêmen + 0,38mL do fixador


Utilizar 10µL da amostra + fixador para a contagem
Contagem de espermatozóides

- Contar os 5 quadrados do quadrante dos eritrócitos


(retículo de Thomas)

- Multiplicar pelo fator de diluição e por 50.000 = esperm/mL


Contagem de espermatozóides

- Devem ser contados apenas os espermatozóides íntegros


- Deve-se verificar a posição da cabeça em relação às linhas
da câmara (a cauda não tem relevância)

- Cada retículo a ser contado é delimitado por 3 linhas. Contar


o espermatozoide que:

1. Tiver a maior parte de sua cabeça entre as duas linhas internas


2. Caso esteja sobre a linha central, contar apenas se estiver sobre o “L”
3. Não contar os espermatozoides cujas cabeças encontram-se nas duas
linhas exteriores que delimitam o retículo
Contagem de espermatozóides

Fig 1 – O meio das 3 linhas define o limite do quadrado


Fig 2 – Espermatozoides cujas cabeças localizam-se entre as duas linhas internas são
contados (também deve estar de acordo com a regra do “L”); círculos brancos
Fig 3 – Espermatozoides não contados por estarem sobre as duas linhas externas
que delimitam o quadrado (círculos pretos)
Contagem de espermatozóides

- Normospermia: >15milhões/mL

- Oligozoospermia: <15 milhões/mL

- Azoospermia: ausência de espermatozóides

- Polizoospermia: mais de 250 milhões/mL

Obs: realizar as contagens em duplicata

(OMS, 2010) 41
2 amostras em diferentes dias
Motilidade

- Deve ser medida tão logo ocorra a liquefação do sêmen


- Homogeneizar a amostra
- Colocar 10µL de amostra em uma lâmina e cobri-la com uma lamínula 20mm
×20mm
- Esperar 1 min
- Observar em microscópio de contraste de fase
- Observar 200 espermatozóides em pelo menos 5 campos diferentes e classificá-
los quanto à sua motilidade
- Realizar a análise em até 5min
Motilidade

- Motilidade progressiva (MP): movimento ativo, linear ou formando


grandes círculos, independentemente da velocidade
- Motilidade não-progressiva (MNP): movimento em pequenos círculos,
força flagelar deslocando mal a cabeça, apenas um movimento flagelar
- Imotilidade
- Os resultados devem ser liberados em porcentagem
- Motilidade entre lâmina e lamínula: estimativa grosseira, apenas triagem
- Qualquer anormalidade enviar a um laboratório de referência

https://www.youtube.com/watch?v=SMe_FvQifwU

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Motilidade

-Os resultados devem ser liberados em porcentagem


- Motilidade entre lâmina e lamínula: estimativa grosseira, apenas triagem
- Qualquer anormalidade enviar a um laboratório de referência

Não relacionado à OMS, 2010

https://www.youtube.com/watch?v=SMe_FvQifwU

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Motilidade

- De acordo com a OMS, 2010:

- Motilidade progressiva ≥ 32% (<32% - astenozoospermia)


- Motilidade progressiva + motilidade não-progressiva : ≥ 40%
Vitalidade

- Deve ser realizada tão logo ocorra a liquefação do sêmen


- Teste mais utilizado: coloração pela eosina-nigrosina

50µL de amostra e 50µL de suspensão eosina-nigrosina

30 seg

Fazer um esfregaço e deixá-lo secar ao ar


http://www.who.com
Vitalidade

- Examinar a preparação em microscópio sob imersão

- Avaliar 200 espermatozóides (em duplicata)

- Relatar em porcentagem

De acordo com a OMS, 2010: ≥58% vivos


<58% vivos - necrozoospermia

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Vitalidade
Coloração pela eosina

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Vitalidade
Coloração pela eosina-nigrosina

49
Vitalidade
Coloração pela eosina-nigrosina

1. Morto
2. Morto
3. Vivo
4. Vivo
5. Vivo
6. Vivo

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Espermograma

Exame Microscópico
Morfologia dos Espermatozóides

Acrossoma
Peça intermédia

Cabeça

Cauda ou
flagelo

http://www.sobiologia.com.br

http://www.majop.com.br/informa.htm
Menkveld & Kruger (1990)

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Morfologia dos Espermatozóides
- Observam-se cabeça, cauda e peça intermediária
- Cabeça oval, peça intermediária do tamanho da cabeça, cauda longa e
afilada
- Coloração de esfregaços (Papanicolaou, Panótico, Leishmann)
- Ideal: “papa” de sêmen Acrossoma
Peça
Cabeça intermédia

Cauda
ou
flagelo

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Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozóides

- Realização do esfregaço:

- Diluir 0,2 a 0,5mL de amostra em 10mL de salina


- Centrifugar a 800×g por 10min
- Descartar a maior parte do sobrenadante e ressuspender o pellet
- Fazer o esfregaço com 10µl de material
- Secar ao ar e corar
- Analisar pelo menos 10 campos, 100 espermatozóides, definir a % de normais
- Não é necessário definir as anormalidades (análise convencional)
Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozóides

- Realização do esfregaço:
Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozóides

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Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozóides

Espermatozóides normais

De acordo com a OMS (2010), pelo menos 30% dos espermatozoides devem
apresentar morfologia normal

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Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozoides

- Espermatozóides anormais: cabeças grandes, pequenas, duplas,


vacuolizadas...
- Caudas duplas, espiraladas, dobradas

http://www.who.com

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Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozoides

Espermatozoides anormais

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Fase Analítica - Morfologia dos Espermatozoides

Espermatozoides anormais

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Presença de outros tipos celulares – Células redondas
- “Células redondas” de origem espermatogênica ou não

- Células epiteliais do trato genitourinário

- Células germinativas: espermatócitos e


espermátides (número em 100 espermatozóides)

- Leucócitos

- Normal: até 5×106 ou 10% em relação ao total de espermatozóides


Presença de outros tipos celulares – Células redondas

- Normal: até 5×106 ou 10% em relação ao total de espermatozoides

- Em cinco campos, foram contados 121 espermatozóides e 9 células


redondas

- Então:

121_______100% X=7,4%
9_______X
Morfologia das Células Germinativas

Espermatócitos – células grandes, núcleos grandes e pouco corados


Espermátides – células menores, núcleo pequeno e muito corado

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Morfologia das Células Germinativas

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Fase Analítica
Morfologia das Células Germinativas

1 – Macrófago; 2 – espermatozoide anormal; 3 , 4 – espermátides; 5 – glóbulo proteico

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Espermograma e Espermocultura

Fase Analítica
Presença de outros tipos celulares

http://www.who.com
http://www.who.com

Espermátide e neutrófilo
Célula epitelial

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Espermograma e Espermocultura

Fase Analítica
Presença de outros tipos celulares

Espermatozóide anormal (20)


Espermátide (21)
Espermátide em divisão (22)
Espermatócito (23)
Citoplasma (24)

http://www.who.com

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Espermograma e Espermocultura

Fase Analítica - Presença de outros tipos celulares

- Diferenciação realizada com base em esfregaços corados

- Diferenças com base no tamanho do núcleo das células e coloração das mesmas

Macrófago

Espermátide em divisão

http://www.who.com

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Espermograma e Espermocultura

Fase Analítica - Presença leucócitos

Normal: 1X106 leucócitos/mL

Leucospermia: acima de 1X 106 leucócitos/mL

Predomínio de:

linfócitos- Crônico

Neutrófilos – Agudo

Eosinófilos – auto-imune
http://www.who.com

(OMS, 2010) 68
Análise do Sêmen Pós-Vasectomia
- Não é necessária a abstinência sexual para a coleta

- É mais simples que na análise da infertilidade: presença ou ausência de


espermatozoides

- A amostra deve ser centrifugada a 3000×g por 15min

- Realizado após 2-3 meses da cirurgia (ou 20 ejaculações após a


cirurgia), análises com 2 a 4 semanas de diferença até que 2 exames
consecutivos sejam negativos (azoospermia)

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