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Universidade Federal de Uberlândia

Escola Técnica de Saúde


Curso Técnico em Análises Clínicas – 3° período
Urinálise e Espermograma I

Introdução à Urinálise (da uroscopia à microscopia)


Anatomia do Sistema Urinário
Formação e Características Gerais da Urina

Profa. Dra. Deisy Vivian de Resende


deisy@ufu.br
Introdução - Histórico

- Urina: primeiro fluido corporal a ser estudado cientificamente

- Início da Medicina Laboratorial

- 4000 a. C. :Análise da urina por médicos egípcios


e babilônicos: aparência, volume e cor

- 400 a. C. : Hipócrates – primeiro uroscopista


(mudanças na urina em estados patológicos
– presença de bolhas - doença renal grave)

- Idade média (500 a 1500 d.C.):

- Contemplação da urina (cor, cheiro, turbidez)


Introdução - Histórico

- Idade média (500 a 1500 d.C.):

- Urina coletada em frascos próprios para observação (símbolo do


poder médico)

- Observação da urina: ritual que demonstrava o


conhecimento médico
Introdução - Histórico

- Urine Wheels :utilizada para diagnosticar doenças com base na


cor, odor, cheiro e sabor da urina dos pacientes
Introdução - Histórico

Médicos da Idade Média analisando a urina dos pacientes


Introdução - Histórico

Ambulatório médico na Idade Média


Introdução - Histórico

- Século XVI: criação do microscópio e primeira análise do sedimento


urinário – observação de cristais romboides (Nicolas Fabricius de Peiresc –
1630)

- Século XIX: Melhoria das lentes microscópicas


- Descoberta dos componentes do sedimento urinário
- Exame de urina como parte do exame médico de rotina (1827)

- Século XX: Thomas Addis: sistematização do exame de urina


análise microscópica da urina de centenas de pacientes,
criação de um método de contagem de elementos na urina

- Década de 50: criação das tiras reativas


Manutenção da Popularidade da Urinálise

- EAS (Elementos Anormais e Sedimentoscopia), Exame de urina de rotina,


Urina tipo 1 = Exame físico + exame químico + exame sedimentoscópico

- Amostra de rápida obtenção

- Fácil coleta

- Métodos simples

- Não invasivo

- ~3.100 substâncias - fornece informações valiosas sobre várias funções


metabólicas do organismo

- Detecção de alterações renais e do trato urinário, diabetes, doenças


hepáticas e hemolíticas
Universidade Federal de Uberlândia
Escola Técnica de Saúde
Curso Técnico em Análises Clínicas – 3° período
Urinálise e Espermograma I

Anatomia do Sistema Urinário


Formação e Características Gerais da Urina

Profa. Dra. Deisy Vivian de Resende


deisy@ufu.br
Função dos Rins
O sistema urinário e a formação da urina

- Órgãos que formam, armazenam e excretam a urina

- O sistema urinário é composto:


- pelos rins (2)
- pelos ureteres (2)
- pela bexiga urinária (1) 1 - Sistema urinário
2 - rim
- pela uretra (1) 3 - pelve renal
4 - ureter
5 - bexiga urinária (em corte)
- Fluxo sanguíneo renal: 1200mL/min 6 - uretra (em corte)

- Filtração glomerular: 120mL/min -


7 - glândula adrenal
180 L de filtrado/dia 8 - artéria e veia renal
9 - veia cava inferior
- Cerca de 1 a 2L de urina excretada 10 - aorta abdominal
11 - artéria e veia ilíaca
diariamente (99% de reabsorção) 12 - fígado
13 - intestino grosso
14 - pelve
O sistema urinário e a formação da urina

- Néfron: corpúsculo renal + túbulos renais

- 1 milhão de néfrons/rim:

unidades funcionais
Estrutura do néfron

- Néfron: corpúsculo renal + túbulos renais


Circulação Renal

- Artérias renais: ramos da aorta abdominal; fornecem sangue para os rins

-Veias renais: levam sangue dos rins para a VCI

A circulação renal tem dois


leitos capilares:
O glomerular e o peritubular
Circulação renal
O sistema urinário e a formação da urina

Fluxo sanguíneo

Arteríola
Arteríola
Eferente
aferente
Cápsula Glomérulo
de Bowman

Túbulo
Contorcido
Proximal

Filtrado
O sistema urinário - Glomérulo

- Tufo capilar onde ocorre a filtração e inicia-se a formação da urina

Membrana de filtração glomerular:

1. Endótelio capilar 2. Membrana basal 3.Podócitos

Espaço
de Bowman
TCP
Cápsula de Bowman

Arteríola
aferente

Arteríola
Endotélio eferente
do glomérulo
Membrana de filtração glomerular
O sistema urinário - Glomérulo

MEMBRANA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR


Pedicelos
Endotélio
Capilar
(fenestrado)

Células Membrana
Epiteliais basal
(podócitos)
O sistema urinário e a formação da urina

- Ao longo dos túbulos, substâncias são removidas (reabsorção)


ou adicionadas (secreção), de acordo com as necessidades corporais

Urina (excretado)= filtrado – reabsorvido


+ secretado
O sistema urinário e a formação da urina

1. Filtração Glomerular

- Ocorre no glomérulo e cápsula de Bownman

- Ultrafiltrado: muito semelhante ao

plasma, porém sem células

e proteínas
O sistema urinário e a formação da urina

1. Filtração Glomerular

.
Sangue . Filtrado glomerular
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Substâncias de baixo peso molecular . Substâncias de baixo peso molecular
.

Células
.
Proteínas
.
Substâncias ligadas às proteínas .
.
.
O sistema urinário e a formação da urina

2. Reabsorção Tubular: passagem de substâncias do filtrado glomerular


para o sangue

- Inicia-se no TCP, mas ocorre em todo


o túbulo

- Transporte ativo ou passivo

- Mais de 99,9% da água é reabsorvida,


assim como glicose, aas, sódio, potássio...
Reabsorção Tubular – Vasos peritubulares
Reabsorção Tubular

- Algumas substâncias são 100% reabsorvidas


- Outras variam sua taxa de reabsorção para regular suas taxas no sangue
(K+, Na+...)
O sistema urinário e a formação da urina

3. Secreção Tubular

- Capilares peritubulares interior do túbulo

- Eliminação de substâncias não filtradas pelo glomérulo

- Substâncias sujeitas à secreção: medicamentos, H+, HCO3-,


creatinina, ureia, K+, ácido úrico, etc...
O sistema urinário e a formação da urina
Controle Hormonal do Transporte Tubular

Hormônio antidiurético (ADH) ou


vasopressina
Produzido pelo hipotálamo
Aumenta a reabsorção de água no TCD e DC: diminui a
diurese

Hiperosmolaridade sanguínea, hipovolemia, exercício


físico intenso, estresse

Álcool e cafeína agem inibindo sua secreção


Controle Hormonal do Transporte
Tubular – Ação do ADH
Volume urinário – Ação do ADH

↓ Volume sanguíneo Estímulo aos receptores no Produção


(desidratação) hipotálamo de ADH

Urina concentrada ↑ Reabsorção de água TCD e DC


Controle Hormonal no Transporte Tubular

ALDOSTERONA

Produzida pelas glândulas suprarrenais

Aumenta a reabsorção de sódio (e água, por


osmose) e excreção de potássio

Hiponatremia, hipercalemia, hipovolemia


(desidratação, perda de sangue), ↓PA,

TCD

Diminui a diurese
Universidade Federal de Uberlândia
Escola Técnica de Saúde
Curso Técnico em Análises Clínicas – 3° período
Urinálise e Espermograma I

Composição e Volume Urinários

Profa. Dra. Deisy Vivian de Resende


deisy@ufu.br
Composição da Urina

- A composição da urina relaciona-se com a composição sanguínea e com a


atividade dos néfrons

Fluxo sanguíneo renal: 1200mL/min

Filtração glomerular: 120mL/min -


180 L de filtrado/dia
Cerca de 1 a 2L de urina excretada diariamente (99% de reabsorção)

Urina (excretado)= filtrado – reabsorvido + secretado


Composição da Urina

- Urina: 95% água e 5% solutos

- Contém em torno de 3.100 substâncias

“Líquido contendo múltiplos


metabólitos, especialmente ureia
e outros componentes nitrogenados,
que são filtrados do sangue pelos rins”
Composição da Urina

- Substâncias orgânicas:

- Ureia Medicamentos

- ácido úrico (purinas) Ácido úrico


(degradação
- creatinina DNA) Creatina
(metabolismo
muscular)
- hormônios
Creatinina
- enzimas (metabolis
mo
muscular)
- vitaminas

- medicamentos, etc
Composição da Urina

- Componentes inorgânicos

- Principal componente inorgânico: Cl- (seguido de Na+ e K+)


Composição da Urina

- Outros componentes incluem:

- Células

- Cristais

- Cilindros

- Muco

- Bactérias
Volume da Urina

- Volume diário: 600 a 2000mL/24h

- Quantidade excretada depende de vários fatores:

- Ingestão de fluidos,

- Maior excreção de glicose e sais

- Perda de fluidos por fontes não-renais

(ex; suor, fezes)

- Secreção de hormônios (ADH e aldosterona)


Volume da Urina

- Oligúria: diminuição do volume urinário (desidratação - vômitos,


diarreias, queimaduras, suor excessivo) – volume urinário inferior
a 400mL/dia (adultos)

- Poliúria: aumento do volume urinário (diabetes, uso de diuréticos,


ingestão de álcool, cafeína) – superior a 2,5L (adultos)

- Anúria: volume urinário inferior a 50mL/dia (lesão renal grave,


diminuição fluxo sanguíneo para os rins)
Diabetes e poliúria

Polidipsia

Poliúria

Gravidade específica Gravidade específica


diminuída aumentada

Diminuição da função Diminuição da função


ou produção do ADH ou produção da insulina

Glicosúria
Diabetes insipidus

Diabetes mellitus
Cor da Urina

- Normal: amarelo claro a amarelo escuro

- Depende de seu conteúdo em pigmentos


(urocromo, urobilina, uroeritrina) e matérias dissolvidas

- Intimamente relacionada com a densidade e volume urinários

- Medicamentos e alimentos também alteram a cor da urina

- Pode sugerir estado de hidratação do organismo e patologias


Cor da Urina
Cor da Urina – Patologias Associadas

Cor Interpretação sugestiva

Amarelo-claro Urina diluída, com poucos


pigmentos normais

Vermelho ou avermelhado Presença de sangue, hemoglobina

Amarelo-esverdeado Presença de pigmentos biliares

Alaranjado - marrom Medicamentos, bilirrubina


Aspecto ou aparência

Aspecto ou aparência: referem-se à transparência da amostra


(límpida, semi-turva ou turva)

- O elemento causador da turvação é geralmente identificado na


microscopia
Aspecto ou aparência

- Normal, recém-eliminada: transparente (pode ocorrer certa


opacidade – precipitação de cristais amorfos ou muco)

- Presença de turbidez: microscopia

- Sedimento branco: precipitação de fosfato em urina alcalina

- Sedimento róseo:
precipitação de uratos na urina ácida

- Infecção bacteriana maciça

- Proteinúria maciça

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