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Análisesde

fluidos biológicos
Prof: Melissa Souza
Curso: Biomedicina
Disciplina: Análises de fluidos biológicos
Aula: Avaliação laboratorial do Sistema
urinário e urinálise

Prof: Melissa Souza


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Objetivos de aprendizagem:
Espera-se que o aluno seja capaz de correlacionar
seus conhecimentos adquiridos ao longo do curso no
momento de analisar os fluidos biológicos sendo capaz
de analisar criticamente resultados de testes químicos,
físicos ou de sedimentos.

Competências:
Compreender os processos de formação da urina;
Entender os métodos laboratoriais para análise;
Relacionar os resultados com condições patológicas.
Roteiro da Disciplina
02/03/24
I: Avaliação laboratorial do sistema urinário
Processo de formação da urina Marcadores de distúrbios renais
09/03/24
II: Urinálise
Exame físico, químico e sedimento
16/03/24
III: Análise Laboratorial de Fluidos Biológicos
Líquor e Sêmen

23/03/24
VI: Análise Laboratorial de Fluidos Biológicos
Líquidos Amniótico, Sinovial e Serosos
Avaliação Laboratorial
do Sistema Urinário
“ A urina é um líquido corporal ultrafiltrado do
plasma sanguíneo. Para que ocorra sua
formação e excreção é necessário passar pelos
processos renais no néfron

Filtração–Secreção-Reabsorção
Sistema urinário
O sistema urinário é o principal
responsável por filtrar e eliminar
diversas substâncias presentes no
sangue circulante.
O sistema urinário é composto pelos
rins, ureteres, bexiga e uretra.

Dois rins, ±140g e ± 12 cm.


https://www.turbosquid.com/pt_br/3d-models/3d-model-
https://www.turbosquid.com/pt_br/3d-
female-reproductive-system-1839182
models/human-kidney-adrenal-gland-3d-model-
1468297
Fluxo Sanguíneo Renal
O fluxo sanguíneo nos rins representa cerca de
22% do total de sangue bombeado pelo coração.
O sangue entra pela artéria renal que se subdivide
até que se tornam os capilares glomerulares
onde a filtração glomerular acontece.
Localizados entre os túbulos do néfron, temos os
capilares peritubulares que são responsáveis
pela reabsorção das substâncias filtradas.
Relacione corretamente os órgãos do sistema urinário com a
função desempenhada.

I. Rim a) Responsável por receber e armazenar


II. Bexiga urinária temporariamente a urina;
III. Ureter b) Responsável por conduzir a urina da bexiga
IV. Uretra para fora do corpo;
c) Responsável por filtrar as impurezas do
sangue;
d) Responsável por conduzir a urina dos rins
para bexiga.
Processo de formação da urina
Reabsorção: Parte do
Filtração: O plasma
ultrafiltrado é
filtrado nos capilares é
reabsorvido a fim de
Quando o indivíduo apresenta conduzido para o interior
retornar para a corrente
alguma alteração nas suas da cápsula de Bowman.
sanguínea.
funções metabólicas, pode haver
presença de corpos cetônicos,
proteínas, glicose, porfirinas,
bilirrubina, células epiteliais,
hemácias, leucócitos, cristais e
cilindros. Tais substâncias
representam distúrbios a nível
Excreção: soma dos processos Secreção: Eliminação
renal. de filtração + secreção – o que
é reabsorvido. Como produto de elementos residuais
há a formação de urina, como medicamentos,
composta por agua, ureia, toxinas, ions de
creatinina, sódio, potássio,
cloreto, cálcio, magnésio,
hidrogênio, controlar o
fosfatos, sulfatos e amônia. ph urinário.
Identifique as estruturas
da figura e aponte onde
ocorrem os processos de
filtração, absorção,
secreção e excreção:
Principais doenças do sistema urinário
Doença Informações
Nefrolitíase Formação de cálculo no trato urinário.
Incontinência Urinária Perda involuntária da urina pela uretra.
Cistite Infecção urinária (na bexiga), produzindo desconforto ao urinar, aumento da frequência
miccional e, até sangue na urina.
Pielonefrite Infecção do trato urinário superior, acomete os rins. Dor lombar, febre, náusea e vômitos.
Muitas vezes o paciente necessita de internação hospitalar para tratamento.
Glomerulonefrite Distúrbio de glomérulos caracterizado por presença de edema, hipertensão arterial e
aparecimento de glóbulos vermelhos na urina. Principais causas: infecções, distúrbio
genético ou autoimunes. Pode ser aguda ou crônica.
Insuficiência renal aguda Perda súbita da capacidade dos rins filtrarem resíduos, sais e líquidos do sangue. Pessoas
doentes tem maior risco de desenvolver IRA.
Insuficiência renal crônica Diminuição lenta e progressiva da capacidade dos rins de filtrarem resíduos metabólicos do
sangue. Principais causas: diabetes e pressão alta.
Quando o indivíduo apresenta
alguma lesão glomerular, isso
afeta a seletividade da barreira de
filtração glomerular. Dependendo
da lesão, pode se aumentar o
tamanho dos poros,
ocasionando a presença de
fendas na membrana basal e com
isso ocasionar o aparecimento de
proteínas na urina -
PROTEINÚRIA
Síndrome Nefrítica
Processos infecciosos agudos que acometem o glomérulo,
acarretando retenção de sódio pela dificuldade de excreção.
Ocorre ruptura e lesão de pequenas alças capilares, a barreira
de filtração perde sua integridade, fazendo com que possam
surgir na urina proteínas e hemácias. Ao passar pelos
capilares fenestrados, as hemácias são “rasgadas” e sofrem
deformações, adquirindo um aspecto dismórfico. Isso quer
dizer que a hematúria provavelmente é de origem glomerular.

Síndrome Nefrótica
Quando a perda de proteínas é maior que 3500mg por
dia chamamos de proteinúria maciça. Essa perda supera a
capacidade de síntese hepática, ocorrendo então
hipoalbuminenia, levando a um edema generalizado. A perda
da integridade da barreira na síndrome nefrótica é drástica. O
fígado, na tentativa de recuperar essa perda, aumenta a
síntese de proteínas, dentre elas as lipoproteínas, culminando
em hipercolesterolemia. Distúrbio associado a uma série
de causas e condições diversas. A urina pode se
apresentar espumosa, devido ao excesso de proteínas. Além
disso, tende a acometer com mais frequência a faixa etária
pediátrica, com a primeira manifestação dos 1 aos 8 anos.
Testes laboratoriais para avaliação do
sistema urinário

Avaliação de presença de doenças renais;

Acompanhamento da progressão da doença;

Avaliar o efeito da dosagem de fármacos;

Avaliar o início de diálise na presença de insuficiência renal.


Avaliação
Laboratorial da
Filtração Glomerular
• Estimativa de filtração glomerular
• Taxa de filtração glomerular

Avaliação da Função
Tubular
Substância marcadora
Na clínica do paciente, a TGF representa a soma das taxas de filtração o de cada um
dos néfrons funcionantes.
Para isso, utiliza-se uma substância marcadora:

• Deverá ser filtrada a livremente pelos glomérulos;


• Não poderá ser reabsorvida, secretada ou metabolizada pelos rins;
• Deverá ser produzida constantemente;
• Não poderá estar ligada a proteínas;
• Não interfira na função renal.
Estimativa da taxa de filtração glomerular
Decorrente da concentração sérica de creatinina, da idade, do sexo e da etnia do
paciente, e consiste em uma das formas de avaliação da função renal. Existem várias
equações para se obter a estimativa de TFG:
140−𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒×𝑝𝑒𝑠𝑜
• Equação de Cockcroft-Gault: 𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝐹𝐺 =
72×𝑐𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚𝑎𝑡𝑖𝑐𝑎 (×0,85 𝑠𝑒 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟)

• MDRD: baseado no clearance de iotalamato-I125, considerado padrão ouro. Estima a TFG


(em mL/min/1,73m2)

• CKD/EPI: 𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑇𝐹𝐺 = 141 × min 𝑆𝐶𝑅* ÷ 𝐾, 1 𝑎 × max 𝑆𝐶𝑅 ÷ 𝐾, 1 − 1,209 × 0,993 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 ×
1,018 (𝑠𝑒 𝑚𝑢𝑙ℎ𝑒𝑟) × 1,159 (𝑠𝑒 𝑛𝑒𝑔𝑟𝑜)
*SCR corresponde à creatinina sérica (mg/dL), k é de 0,7 e 0,9 para mulheres e homens respectivamente, a é -0,329 e -0,411 para
mulheres e homens respectivamente, min indica o mínimo de SCR/k ou 1, e max indica o máximo de SCR/k ou 1.
A estimativa da TFG tem a mesma função da TGF e o Ministério da Saúde
recomenda que todos os laboratórios clínicos reportem a estimativa da TFG em
todos os resultados de creatinina sérica.
Avaliação Laboratorial da Filtração
Glomerular
Avaliação de presença de doenças renais, acompanhamento da progressão da
doença renal e avaliação do efeito da dosagem de fármacos e início de diálise na
presença de insuficiência renal.

Taxa de Filtração Glomerular (TFG)


𝑇𝐺𝐹 = 𝑃𝑜𝑟𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 × á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 × (𝑃𝐶𝐺 − 𝑃𝐶𝐵 − 𝜋𝑃)
PCG = pressão hidrostática no capilar glomerular;
PEB = pressão hidrostática na cápsula de Bowman;
𝜋P = pressão osmótica plasmática no capilar glomerular
Avaliação laboratorial da filtração
glomerular
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑢𝑟𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝐴 × 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑚𝑖𝑛𝑢𝑡𝑜
𝑇𝐹𝐺 =
𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐴

A = substância que atende aos critérios de marcador ideal;


Volume minuto = volume de urina produzido por minuto (por exemplo: utilizando-
se urina de 24 horas, divide-se o volume urinário produzido nesse período por
1.440 – número de minutos em 24 horas).

𝑇𝐹𝐺 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 𝑇𝐹𝐺 × 𝑆𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 1,73𝑚2


Marcadores TGF
Creatinina endógena: marcador mais comum, porém, é também adicionada à urina via secreção no túbulo proximal.
Assim, a depuração de creatinina é superior em 10 a 20% à TGF. O método de depuração da creatinina é impreciso,
sendo necessário realizar o ajuste pela superfície corpórea de 1,73m2; URINA 24H/DCE
Creatinina plasmática: em razão da imprecisão da creatinina endógena, pode ser solicitada a creatinina plasmática
pela correlação inversa entre a sua concentração e a TGF;
Inulina: é a que melhor atende à análise da TGF, no entanto, em razão da necessidade de infusão intravenosa em
uma taxa que permita a manutenção constante da sua concentração plasmática no período de formação e coleta da
urina;
Iotalamato: radioisótopo com capacidade semelhante à da inulina; fornece uma estimativa precisa da TGF e de
elevado custo na prática clínica;
Ureia: é um metabólito nitrogenado derivado da degradação proteica que é filtrado livremente pelos glomérulos, não
sendo reabsorvida nem secretada. Contudo entre 50 e 70% retornam ao plasma nos túbulos, além de sofrer com
interferentes como dieta, desidratação, infecções e uso de medicamentos.
Cistatina C: É produzida por todas as células nucleadas a uma velocidade estável. É livremente filtrada no glomérulo,
reabsorvida e metabolizada sem sofrer secreção no tubulo proximal. Potencial substituto da creatinina sérica.
Temos dois compostos: a creatina e a creatinina.

A creatina é uma substância produzida em vários órgãos e composta por alguns


aminoácidos, cujo objetivo é fornecer energia para o músculo trabalhar. Ela é “ativada”
em casos de esforço muscular.
Após ser utilizada, ela é quebrada em pedacinhos e, depois, eliminada. Nesse
processo, é formada a creatinina, uma substância que será filtrada pelos rins e
posteriormente excretada pela urina.

https://vidasaudavel.einstein.br/exame-de-creatinina/
Avaliação da Função Tubular
A lesão renal tubular tem como principais causas a exposição a agentes
nefrotóxicos e a isquemia renal, principalmente em pacientes debilitados, com
doença renal crônica, submetidos ao tratamento com medicamentos
potencialmente nefrotóxicos e que diminuem o fluxo sanguíneo renal.
Avaliação da Função Tubular
Glicose: Considerando um indivíduo que não apresenta um quadro de
hiperglicemia, a ocorrência de glicosúria pode ser um indicativo de dano no túbulo
proximal;
pH: O pH da urina normalmente é ácido. Caso se observe a permanência de pH
neutro ou alcalino por tempo prolongado, isso pode representar uma perda da
capacidade de acidificação, consistindo um defeito tubular;
Proteínas de baixo peso molecular: Pode ser um indicativo de dano no túbulo
proximal. Essas proteínas conseguem ultrapassar a barreira glomerular e são
reabsorvidas, sendo uma pequena quantidade excretada na urina. Dentre elas,
podemos citar: Proteína transportadora de retinol (RBP) e Beta-2-microglobulina.
Exames de urina podem ser utilizados para a avaliação de alterações
renais. Qual das afirmações abaixo melhor justifica o uso deste fluido para
este tipo de avaliação.

a) A excreção da urina é resultado dos processos de filtração, secreção e


reabsorção.
b)Cerca de metade dos sólidos na urina humana são ureia, o principal produto da
degradação do metabolismo das proteínas, e o resto inclui nitrogénio, cloretos,
fósforo, amónio, creatinina e ácido úrico.
c) Quando o paciente tem dor ao urinar é um indicativo de problema renal.
d) No exame de urina é possível fazer a dosagem da creatinina plasmática.
No filtrado glomerular, algumas
substâncias úteis ao nosso
organismo, como a glicose,
saem dos álveos em direção à
cápsula renal. Entretanto, essas
substâncias são reabsorvidas na
região do néfron denominada:
1.glomérulo renal.
2.cápsula renal.
3.túbulo renal.
4.bexiga.
5.uretra.
Triagem Urinária para Doenças
Metabólicas
A triagem urinária para Erros Inatos do metabolismo tem se mostrado válida,
pois é simples de realizar, possui baixo custo, com uma sensibilidade em torno
de 67,4% e eficiência de 80,4%.

Erros Inatos do Metabolismo = Grupo de doenças hereditárias resultantes da


deficiência ou total ausência das reações enzimáticas que ocorrem no metabolismo
devido às alterações que ocorrem na estabilidade e atividade das enzimas (1 caso
para cada 800 recém nascidos).

O termo “triagem” origina-se do francês “triage”, que significa “seleção”


Leucinose
Erros Inatos do
Definição Método de triagem
Metabolismo
Fenilcetonúria Distúrbio genético, em que há ausência da enzima fenilalanina Tiras reativas Phenistix;
hidroxilase HPLC com coluna de troca iônica.
Alcaptonúria Deficiência da enzima ácido homogentísico oxidase, e o ácido Testes com cloreto férrico e nitrato de prata;
homogentísico é excretado pela urina em grande concentração. Cromatografia em papel e ou eletroforese
capilar.
Tirosinúria Metabolismo anormal da tirosina. Essa condição pode ser parte Teste do nitrosonaftol para tirosina
de um distúrbio de aminoácidos generalizado, associado à confirmado por cromatografia ou ensaio
doença hepática, ou pode representar um dos vários distúrbios sorologico quantitativo para este aminoacido.
genéticos que envolvem o metabolismo da tirosina. Os cristais
de tirosina podem aparecer na urina sob a forma de cristais.
Doença da Doença associada ao metabolismo anormal dos aminoácidos de O teste de triagem com dinitrofenilhidrazina
urina em cadeia ramificada. indica a presença de α-cetoácidos na urina.
xarope de
bordo (MSUD)
Cistinúria O transporte defeituoso da cistina pelas células epiteliais dos A primeira urina da manhã deve ser
túbulos renais e do intestino. examinada quanto à presença de cristais
hexagonais incolores de cistina.
Erros inatos do metabolismo são um grupo de doenças hereditárias
resultantes da deficiência ou total ausência das reações enzimáticas. Qual
das alterações abaixo não é considerado um EIM:

a) Tirosinúria
b) Doença da urina em xarope de bordo
c) Fenilcetonúria
d) Proteinúria
e) Cistinúria
“Deixa o xixi do Maradona em paz, droga!” (Folha de S. Paulo, 30/08/1997).
O teste antidoping, que frequentemente aparece nas notícias dos jornais, é
feito a partir do exame da urina de atletas. Isso se torna possível porque
através no néfron – unidade funcional dos rins- é executada a tarefa de:
1.absorber glicose.
2.eliminar catabólitos. Qualquer participante de uma
reação metabólica, seja ele
3.secretar aminoácidos. substrato, intermediário ou
4.filtrar glóbulos sanguíneos. produto, é chamado de metabólito,
e as moléculas que não podem ser
mais utilizadas pelo organismo e,
portanto, devem ser eliminadas,
são denominadas catabólitos.
Avaliação Laboratorial e Aplicação Clínica
dos Nitrogenados não Proteicos – NNP
São compostos que não são aminoácidos reunidos por vínculos peptídicos e
compreendem compostos de purinas e pirimidinas, ureia, biureto, ácido úrico,
glicosídeos nitrogenados, alcaloides, sais de amônio e nitratos.

Dosagem
Dosagem
da
da Ureia
Creatinina

Depuração da Dosagem
creatinina de Ácido
endógena úrico
Dosagem de Ureia
A ureia é o principal metabólito gerado a partir da degradação de proteínas pelo
fígado. Ela é gerada a partir da amônia, sendo majoritariamente excretada pelo
rim. Quando os rins não funcionam bem, ela não é eliminada e se acumula no
sangue.
A dosagem de ureia pode ser avaliada tanto no soro (ideal 3 horas de jejum)
quanto na urina;
A ureia é muito útil para detectar quedas bruscas de TFG quando avaliada junto
com a creatinina, calculando-se a razão entre as duas, que normalmente se
encontra na faixa de 30 mg/dL. Valores acima de 40-50 mg/dL indicam um
aumento desproporcional de ureia sobre a creatinina.
Dosagem de Creatinina
A creatinina é um metabólito da degradação da creatina e da fosfocreatina que
estão presentes no músculo esquelético e podem ser obtidas a partir de dietas
ricas em carne. É livremente filtrada pelo glomérulo sem sofrer reabsorção, sendo
eliminada pela urina.
A dosagem de creatinina pode ser avaliada tanto no soro quanto na urina;
A creatinina é mensurada através do método de Jaffé. Esse método é baseado na
reação da creatinina com o ácido pícrico em meio alcalino, formando um complexo
laranja-avermelhado.
A concentração de creatinina varia conforme a massa muscular, dieta,
medicamentos, sexo e idade.
O problema das dosagens séricas de creatinina é que as alterações são detectadas
quando a TFG já está prejudicada, tornando o diagnóstico tardio.
Depuração da Creatinina Endógena
𝑫𝑪𝑬 = 𝑼𝒄𝒓 × 𝑽 ÷ 𝑷𝒄𝒓
Ucr = concentrações urinárias de creatinina (mg-dL);
V = volume de urina colhido (mL/min);
Pcr = concentrações plasmáticas de creatinina (mg/dL).
O resultado obtido pode ser corrigido de acordo com a superfície corporal do paciente, que
relaciona altura e peso corporais, calculada por meio da seguinte equação:

𝑨 = 𝑷𝟎,𝟒𝟐𝟓 × 𝑯𝟎,𝟕𝟐𝟓 × 𝟎, 𝟎𝟎𝟕𝟏𝟖𝟒

A = superfície corporal (m2 );


P = peso (kg);
H = altura (cm).
𝑫𝑪𝑬 × 𝟏, 𝟕𝟑
𝑫𝑪𝑬 𝒄𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒂 =
𝑨
Dosagem de Ácido Úrico
O ácido úrico surge como resultado da quebra das
moléculas de purina – proteína contida em muitos
alimentos – por ação de uma enzima chamada xantina
oxidase. Depois de utilizadas, as purinas são degradadas
e transformadas em ácido úrico. Parte dele permanece no
sangue e o restante é eliminado pelos rins.
A dosagem de ácido úrico pode ser avaliada tanto no soro
quanto na urina.
Pode elevar-se na doença renal, mas é mais específico
para diagnóstico de artrite gotosa.
Marcadores Proteicos da Função Renal
Cistatina C –inibidor de proteinase de baixo peso molecular. Livremente filtrada pelo glomérulo,
metabolizada e reabsorvida pelos túbulos renais. São independentes da quantidade de massa muscular,
não é alterada em dieta hiperproteica, infecções e doenças malignas. É considerada mais sensível e
específica pois depende praticamente apenas da TFG. É solicitado quando há suspeita de haver
diminuição da função renal, quando se tem resultados normais de creatinina e da TFG estimada.

Beta2-microglobulina - proteína encontrada na superfície das células. Aumentada em indivíduos com


mieloma múltiplo, leucemia e linfoma, e também em processos inflamatórios. Nos rins, é filtrada pelos
glomérulos, para serem reabsorvida pelos túbulos renais. Quando os túbulos renais estão danificados
sua concentração aumenta. Em pacientes de diálise, se depositam em articulações e tecidos e causam
rigidez e dor.

Albumina - A albumina é uma proteína que é sintetizada no fígado e está presente no plasma do
sangue. Sua dosagem é usada para ajudar no diagnóstico ou para acompanhar a evolução e o
tratamento de doenças, incluindo lesão hepatica.
Albuminúria
As moléculas grandes, como a albumina e outras proteínas, normalmente não
são eliminadas na urina, exceto quando os glomérulos estão danificados. Se a
função renal está comprometida, ocorre passagem de albumina do sangue para a
urina e tem-se um quadro de “Albuminuria”.
A principal causa é a glomerulonefrite ou nefrite.
Situações que podem originar albuminuria temporária: exercício físico intenso,
febre e infeção urinária.
Se persistir, pode causar diminuição das proteínas no sangue, o que faz com que
os líquidos passem pelas paredes dos vasos sanguíneos para os tecidos moles do
organismo e provoquem edema.
Microalbuminúria
Microalbuminúria é quando se tem pequenas
quantidades da proteína eliminadas na urina, com o
avanço da doença renal, as perdas de albumina na urina
aumentam e tem-se macroalbuminúria.
Microalbuminúria no Diabetes
A presença de microalbuminúria é um fator importante
para o diagnóstico e prognóstico da nefropatia
diabética. Em Pacientes diabéticos é recomendando
que se faça essa avaliação todos os anos para
monitorar a presença de nefropatia diabética. O
manejo da microalbuminúria pode ser feito com um
tratamento clínico rigoroso, que consiste no controle
da pressão arterial, da glicemia e da ingestão de
proteínas, que podem retardar o aparecimento e a
progressão da microalbuminúria.
A albumina normalmente não é eliminada na urina. Sua dosagem é útil para diagnóstico
de danos glomérulos. Assinale a alternativa que não representa um fator que podem
interferir nos níveis de albumina na urina.

a) Sexo do paciente
b) Exercício físico intenso
c) Infeção urinária
d) Paciente diabético
Urinálise
Prof: Melissa Souza
Urinálise
A análise da urina foi o começo da medicina laboratorial.

Tem como objetivo o diagnóstico ou prognóstico de


estados fisiológicos ou patológicos da urina.

Pode-se obter diferentes tipos de amostra de urina, a


depender do objetivo do exame requisitado.

A coleta, a identificação e a manipulação apropriadas de


amostras de urina são o primeiro passo para resultados
urinários confiáveis.
Tipos de Amostras para Análise
Tipo de Amostra Definição
Aleatória Para uso de rotina
Primeira da manhã Para uso em rotina e para testede gravidez

Duas horas após a Acompanhamento de diabetes


refeição
Teste de tolerância Usado opcionalmente com amostras de
à glicose sangue para testara tolerância à glicose
24 horas Testes químicos quantitativos
Cateterizada Cultura de bactérias

Jato médio com Triagem de rotina e cultura de bactéria


assepsia
Punção Urina da bexiga para cultura debactérias e
suprapúbica citologia
Com exceção da urina de 24 horas, todas
as amostras urinárias, devem ser
coletadas pelo método do jato médio.
Coleta
Coleta
A coleta deve ser feita em recipientes secos, limpos e de
material transparente em frascos descartáveis
fornecidos pelo laboratório;
O paciente deve ser orientado sobre a forma correta de
coletá-las por meio de orientação oral e escrita;
Após a coleta, a amostra de urina deve ser levada
imediatamente ao laboratório para que os exames sejam
feitos dentro de duas horas;
O recipiente precisa ser devidamente identificado.
Coleta Urina 24h
A Urina de 24 horas deve conter toda
a urina excretada pelo paciente no
período de 24 horas. O paciente é
instruído a esvaziar completamente a
bexiga, urinando no toalete, essa
urina não será incluída na coleta de
24 horas. O paciente então deve
reunir TODA a urina produzida até o
dia seguinte. Ela pode ser coletada
em um pequeno frasco e logo ser
transferida para o recipiente maior,
fornecido pelo laboratório.
Exemplos de conservantes químicos
para urina:
As amostras podem ser refrigeradas (entre 2 e 8ºC) para evita o crescimento bacteriano por 24 horas.

Formaldeído: Conserva o sedimento;


Fixador de saccomanno: Conserva elementos celulares;
Fluoreto de sódio: Impede glicólise, bom conservante para análise de drogas;
Timol: Conserva glicose e o sedimento;
Ácido Bórico: Proteínas e elementos formados; não interfere nos exames de rotina, exceto pH.

Alterações que podem ocorrer nas amostras que permanecem em temperatura


ambiente por mais de duas horas: Aumento do pH; Diminuição da glicose; Aumento
do número de bactérias; Diminuição de cetonas; Aumento da turvação; Diminuição de
bilirrubina; Aumento de nitrito; Diminuição de urobilinogênio; Alteração na cor.
Características Gerais do Exame de Urina
O Exame Qualitativo de Urina (EQU) é composto por três partes:
• Exame físico
• Exame químico
• Exame de sedimento (microscópico)

A urina passa por uma triagem para ver se está dentro dos padrões de
aceitabilidade. Identificação correta da amostra, conservação, presença de sinais
visíveis de contaminação.
Exame Físico
Volume - Em geral, um indivíduo adulto elimina ao redor de 18,5mL/Kg nas 24h.
Aspecto - O aspecto da urina normal e recentemente emitida é límpido.

Depósitos - Podem ter origem em sais minerais ou outros elementos precipitados.


Elementos figurados como células de descamação, piócitos, bactérias e hemácias
também podem formar depósitos urinários.
Odor - Percebe-se um cheiro amoniacal quando ocorre fermentação da urina devido a
bactérias desdobradoras de ureia. Atualmente, somente alguns laboratórios relatam
este parâmetro.
Exame Físico - Cor
A cor normal é amarelo citrino, mais ou menos intenso, de acordo com o grau de
diluição.

O urobilinogênio é a substância responsável por dar a cor amarelada.


Exame Físico - Densidade
Depende da concentração osmolar, ou seja, do
número de partículas dissolvidas. Em indivíduos
normais, varia de 1.015 a 1.025, e depende da
ingestão e reabsorção de água e de sais. A medida
de densidade pode ser feita através de automação,
tiras reagentes ou por refratômetro manual.
Exame Químico

Glicose - Em casos de diabetes mellitus, hepatopatias, gravidez, infarto do


miocárdio e queimaduras graves, pode-se detectar glicose na urina (glicosúria) e a
dosagem quantitativa pode ser realizada com urina de 24h.
Corpos cetônicos - Podem ser encontrados em desidratação e acidose diabética.
Bilirrubina e Urobilinogênio - Nota-se colúria em icterícias obstrutivas ou
hemolíticas e outras doenças hepáticas.
Nitrito - Indício de presença de bactérias GRAM negativas.
Proteínas
A eliminação proteica do adulto gira em torno de 30 a 50mg/24h. Em casos de
proteinúria ortostática, glomerulonefrites, litíase renal ou queimaduras extensas,
observa-se proteinúria acentuada. A dosagem quantitativa é realizada na urina de
24h.

Queimados graves podem


apresentar lesão renal pela intensa
atividade inflamatória e apoptose,
queda de perfusão renal e exposição
do rim a metabólitos tóxicos.
Reação – pH urinário
A urina normal é ligeiramente ácida (4,5 e 8).
Não há uma faixa estreita de valores normais, assim, esse fator deve ser
considerado juntamente com outras informações do paciente:
Utilizam-se tiras reagentes com graduação em cores, simples ou múltipla.
Valor do equilíbrio acidobásico do sangue;
Função renal;
Presença de infecção no trato urinário;
Ingestão de alimentos e medicamentos;
Tempo de coleta da amostra.
Ácida - pouca alimentação, diarreias graves, acidose diabética e uso de
medicamentos.
Alcalina - alcalose respiratória ou metabólica, uso de medicamentos, dieta
vegetariana.
Exame Químico - Sangue
A origem do sangue pode ser devido à hematúria, hemoglobinúria ou
mioglobinúria.
Exame microscópico do sedimento
urinário – Sedimentoscopia
Elementos Orgânicos
• Células epiteliais
• Leucócitos
• Hemácias
• Cilindros

Elementos inorgânicos
• Cristais
Exame microscópico do sedimento
urinário
As células epiteliais e os cilindros devem ser observados com aumento de 100×

Raras: até 3 elementos por campo;


Algumas: de 4 a 10 elementos por campo;
Numerosas: acima de 10 por campo;
Maciças: quando o campo estiver tomado por um dos elementos.
Exame microscópico do sedimento
urinário
Os leucócitos e as hemácias devem ser observados com o aumento de 400×
Por campo microscópico: Observar 10 campos microscópicos, calcular a
média e expressar o número de elementos por campo microscópico.

Piúria maciça: quando o campo estiver tomado por um dos elementos.


Hematúria maciça: quando o campo estiver tomado por hemácias.

Por mililitro: observar no mínimo 10 campos microscópicos, calcular a


média e expressar o número de elementos por mililitro, multiplicando pelo fator
5.040.
Exame microscópico do sedimento
urinário
Bactérias:

Bacteriúria aumentada: acima de 99 por campo (400×);


Bacteriúria moderadamente aumentada: de 11 a 99 por campo (400×);
Raras bactérias: de 1 a 10 por campo (400×) – Ausentes.

Outros elementos: muco, leveduras, cristais, espermatozoides e Trichomonas


sp.: seguir o mesmo critério usado para células epiteliais e cilindros.

Raras, algumas, numerosas, maciças


Hemácias
Normais até 5 a 10 hemácias por campo;
A pesquisa do dismorfismo eritrocitário
permite a diferenciação entre hematúria de
origem renal (glomerular) e de não
glomerular;
No caso de hematúria de origem glomerular,
as hemácias apresentam alterações de
forma, cor, volume e conteúdo de
hemoglobina.
Leucócitos
Em mulheres, são considerados normais até cinco
leucócitos por campo, enquanto nos homens, até dois
leucócitos por campo;
Leucócitos - características morfológicas intactas
Piócitos - elementos degenerados presentes em
grandes quantidades em casos de infecções urinárias
purulentas.
Células Epiteliais
Células epiteliais escamosas: oriundas
das camadas superficiais do revestimento
da uretra. Normal - até seis células por
campo.
Células epiteliais transicionais:
oriundas do uroepitélio, localizadas desde
a porção do interior dos rins até a bexiga,
nas mulheres, e até a uretra proximal,
nos homens. Normal -até três por campo.
Células epiteliais tubulares renais:
oriundas dos túbulos renais, apresentam
núcleo redondo, com um ou dois nucléolos
e citoplasma granular. Normal - apenas
uma célula por campo.
Cilindros
São elementos exclusivamente renais.
Cilindro Descrição
Hialino Formados pela glicoproteína de Tamm-Horsfall, apresentam um baixo índice
de refração, por isso devem ser observados em baixa luminosidade na
microscopia, e são os mais frequentes no sedimento. Normal - até dois
cilindros por campo.
Hemático Apresentam hemácias agregadas a sua matriz proteica. Sua coloração pode ser
de incolor à castanha.

Leucocitário Os leucócitos presentes costumam ser neutrófilos polimorfonucleares, os quais


podem estar em células agregadas. É possível observar o núcleo das células
quando ainda estão intactas, e a medida em que se desintegram passam a
assumir aspecto granular.
Granulosos Caracterizam-se pela presença de grânulos, que variam conforme a quantidade
e o tamanho, podendo ser finos ou mais grosseiros.

Céreo Têm aspecto denso, com bordas recortadas e rachadas, e apresentam


superfície irregular.
Cristais
São elementos comuns na urina, mas raramente apresentam significado clinico.
Precipitados de sais, diretamente ligados ao pH. Presente em amostras mal
acondicionadas.
Cristais
Cristais de origem patológica
Cristais de cistina: pH ideal é ácido. Apresentam formato de placas hexagonais e
são incolores. Estão presentes em indivíduos portadores de Cistinúria;
Cristais de colesterol: pH ideal é ácido ou neutro. Apresentam formato de placa
de vidro irregular. Estão presentes em indivíduos com proteinúria maciça;
Cristais de tirosina: pH ideal é ácido. Têm formato de bainhas de agulhas finas
em feixes ou grumos e são altamente refringentes e raros;
Cristais de bilirrubina: pH ideal é ácido. Apresentam formato de agulhas
isoladas, agrupadas ou como esferas de coloração amarela ou marrom-
avermelhada.
Muco
Pode-se observar muco presente em decorrência da produção natural pelas
glândulas acessórias. Caracteriza-se por filamentos irregulares e fibrilares que
podem formar uma rede de fibrilas, podendo prejudicar a análise do sedimento
urinário.
Microorganismos
Pode ser observada a presença diversos
microrganismos, como os fungos (Candida albicans);
parasitas (Trichomonas vaginalis) e bactérias, as
quais devem ser identificadas na urocultura.

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Artefatos e contaminantes
Elementos contaminantes podem ser vistos no sedimento em função de uma coleta
que não foi realizada seguindo as orientações. Ex: Presença de fezes, fibras
vegetais, fibras de tecidos, talco e cremes.
Se forem muitos, a análise microscópica do sedimento urinário pode ser
comprometida sendo necessária uma nova coleta.
Controle de Qualidade em Urinálise
• Testar reagentes com controles positivos e negativos;
• Seguir todos os Procedimentos Operacionais Padrão;
• Conhecer os princípios e o significado dos testes do setor;
• Fazer os controles com novos reagentes;
• Registrar os números dos lotes dos reagentes;
• Manter identificação adequada dos frascos de urina a serem analisados;
• Caso haja automação: calibrar o equipamento;
• Fazer testes confirmatórios quando necessário;
• Estar atento para a presença de substâncias que possam interferir nos testes;
• Controlar temperatura das geladeiras do setor;
• Garantir o menor tempo de análise da urina desde a sua chegada ao laboratório.
Automação em Urinálise
A automação no laboratório de análises clínicas geralmente ocorre na hematologia e
bioquímica. Por ser considerada mais simples, o setor de urinálise de muitos
laboratórios ainda é manual, mas a automação existe e evoluiu de uns anos para cá.
A realização do sumário de urina compreende três análises: física,
química e a sedimentoscopia. A análise física inclui a
determinação de:

A) cor, aspecto e células epiteliais.


B) densidade, pH e cristais.
C) cor, aspecto e densidade.
D) aspecto, pH e proteínas.
E) sangue, piócitos e pH.
Assinale o elemento anormal na urina, mesmo
quando presente em pequenas quantidades.
A) Eritrócitos.
B) Leucócitos.
C) Cilindros hialinos.
D) Cristais de Tirosina.
As amostras de urina para EQU são consideradas
inadequadas quando:
a) Paciente realizou a higiene íntima antes da coleta.
b) A amostra permaneceu em temperatura ambiente por mais de 2 horas.
c) Paciente não desprezou o primeiro jato.
d) Não é a primeira urina do dia e/ou intervalo curto entre uma micção e outra.
O exame de urina rotina é muito utilizado na determinação de alterações e estados
patológicos das vias urinárias e sistema renal. Considere os dados laboratoriais
fornecidos por um laudo de exame de urinálise, observando os resultados de um
exame de urina rotina e imagens de alguns dos elementos anormais encontrados na
sedimentoscopia de 2 pacientes denominados A e B.
É possível, através dos dados apresentados no exame de urina dos pacientes
A e B, a detecção de várias anormalidades. No que se refere ao exame
químico da urina de ambos os pacientes, pode-se afirmar:

A) A coloração da urina do paciente B é compatível com os achados de hemácias na


sedimentoscopia.
B)A presença de glicosúria no paciente A é pré-requisito para a ocorrência de
infecções do trato urinário.
C) A hemoglobinúria detectada em ambos os pacientes sugere processos infecciosos
de mesma natureza.
D)A turbidez apresentada no paciente A corrobora a leucocitúria detectada na
sedimentoscopia.
E) A detecção de hemoglobina, antes mesmo da realização da sedimentoscopia, pode
sugerir uma hematúria. Falsa hematúria ocorre pela presença de mioglobina ou de
porfirina na urina, bem como corantes, medicamentos e
alimentos.
Durante a análise de uma amostra de urina existe uma
correlação entre o achado de nitrito positivo com um
resultado de:

A) urato amorfo.
B) cristais.
C) cilindros.
D) bactérias.
E) células epiteliais.

Porém, lembre-se! Nitrito negativo não significa


ausência de bactérias, pois um paciente pode
ter presença de bactérias GRAM positivas!
Roteiro da Disciplina
09/03/24
I: Avaliação laboratorial do sistema urinário
Processo de formação da urina Marcadores de distúrbios renais
09/03/24
II: Urinálise
Exame físico, químico e sedimento
16/03/24
III: Análise Laboratorial de Fluidos Biológicos
Líquor e Sêmen

23/03/24
VI: Análise Laboratorial de Fluidos Biológicos
Líquidos Amniótico, Sinovial e Serosos
Líquor
Líquor

Líquor / Líquido Cefalorraquidiano (LCR) / Líquido


Cerebrospinal (LCE)
Fluído salino secretado pelos plexos coroides que circula
através dos ventrículos cerebrais para dentro do espaço
subaracnóideo pelos espaços perivasculares e através do
canal da medula espinal.

Localizado entre as
meninges aracnóide e
pia-máter
Formação

Ao bombear sódio e outros solutos a partir do plasma para os ventrículos, as


células do plexo coroide criam um gradiente osmótico que permite a formação do
líquor. Depois, o fluído é reabsorvido através de vilosidades especializadas que
estão presentes na membrana da meninge aracnoide, o que possibilita seu retorno
ao sangue.
Um adulto produz cerca de 500mL de líquor ao dia, o que permite a renovação do
fluído 3x ao dia;
Volume total circulante de 90 a 150mL;
A maior parte encontra-se no espaço subaracnóideo e apenas uma pequena porção
(25mL) apresenta-se circulante nos ventrículos cerebrais.
Circulação do LCR
Composição
Proteínas

Glicose

Íons:
Cl, K+,
Ca++,
Mg++

Células:
Leucócitos
Aspectos Anatômicos e Fisiológicos
Diferentes funções são exercidas pelo líquor, que auxiliam na homeostase do Sistema
Nervoso Central (SNC).

Proteção e suporte físico: em virtude da sua flutuabilidade, o líquor reduz em 30 vezes


o peso do encéfalo.

Proteção química: a composição química do líquor difere do plasma sanguíneo em


virtude da característica seletiva do plexo coroide. Vale ressaltar que o líquor também
realiza trocas iônicas com o líquido intersticial do SNC.

Proporciona excreção de resíduos: um mecanismo importante, uma vez que não há


vasos linfáticos dentro do SNC.
Encefalopatia Traumática Crónica, é uma doença
neurodegenerativa progressiva, causada por
repetidos golpes na cabeça. Esta é caracterizada
clinicamente por declínio cognitivo, alterações de
comportamento, problemas de memória e sinais
parkinsonianos do tipo de tremores, falta de
coordenação e problemas com a fala. Pacientes
diagnosticados com esta enfermidade também
estão propensos a irritabilidade.
Quando é necessária a análise do líquor

Infecção da meninge
Doenças desmielinizantes
Hemorragia subaracnóidea
Neoplasias
Coleta e Manuseio de Líquor

Antes da coleta, é necessário fixar um manômetro, que irá registrar a


pressão de abertura. Essa pressão tem variações em virtude de
diversos fatores, como alterações posturais, pressão sanguínea e
alteração do fluxo sanguíneo cerebral. Esse diagnóstico pode ser
decorrente de infecções (meningite), presença de tumores no SNC e
hemorragia intracraniana. Em situações de pressão de abertura
normal, é possível obter cerca de 20mL de líquor.

A coleta é realizada por Médicos


habilitados, geralmente com título
de Especialista em Patologia Clínica,
Neurologia e Anestesiologia.
Alguns indivíduos possuem hipertensão intracraniana idiopática, ou seja, sem
causa definida. Este quadro é mais comumente observado em mulheres obesas em
idade fértil. Além de procedimentos cirúrgicos, terapia medicamentosa com
diuréticos pode auxiliar a reduzir a produção de líquor.
Tubo 1: destinado aos setores de Bioquímica e Imunologia;
Tubo 2: destinado ao setor de Microbiologia;
Tubo 3: destinado ao setor de Hematologia, em que será realizada a contagem de
células e diferenciais;
Tubo 4: Se a suspeita de processo tumoral, é destinado material também para o
setor de citologia.

A amostra do Tubo 1 NUNCA deve ser destinada ao setor de


Microbiologia, porque bactérias da microbiota da pele estarão
presentes nesse material.
Exame Físico

Normalmente possui aspecto


cristalino e incolor, tendo viscosidade
semelhante à água.

Sinais de turbidez podem estar


Se houver elevada concentração de presentes se houver contaminação
proteínas, pode ocorrer formação de com bactérias, mais de 200
coágulos. leucócitos/mm3 ou 400
eritrócitos/mm3.
Exame Físico

Turvo
Aspecto Límpido

Rosa
Amarelo
Coloração Alaranjado
Amarelo- esverdeado
Marrom
Exame Físico

Cor do sobrenandante de LCE Doença/distúrbios associados


Rosa Lise de CVSs/produtos de quebra de hemoglobina

Amarelo Lise de CVSs/produtos de quebra de hemoglobina, Hiperbilirrubinemia,


Proteínas > 150 mg/dL (1,5g/L)
Alaranjado Lise de CVSs/produtos de quebra de hemoglobina
Hipervitaminose A (carotenoides)
Amarelo- esverdeado Hiperbilirrubinemia (biliverdina)

Marrom Melanoma metastático meníngeo


Contagem de Células

A contagem celular total ocorre de forma manual, em uma


câmara de contagem normal, com o líquor não diluído.
Recém-nascidos ainda não possuem a barreira
hematoencefálica funcional e anatomicamente madura, o que
pode contribuir para a presença de hemácias e
polimorfonucleares, como neutrófilos.
Adultos apresentam contagem normal de 0 a 5 células/uL.
Porém, em adultos não deve haver hemácias e essas células
se referem a leucócitos mononucleares (linfócitos e
monócitos).
Contagem Diferencial

O método de citocentrifugação, seguido da


coloração de Wright, é recomendado para contagem
celular diferencial de qualquer líquido corporal,
inclusive no líquor. A contagem celular diferencial
deve ser realizada em amostras citocentrifugadas,
uma vez que o baixo número de células do líquor
dificulta a precisão na contagem diferencial.
Contagem Diferencial

Tipos de células Adultos (%) Recém nascidos


(%)
Linfócitos 62 ah 20 ± 18

Monócitos 36 ± 20 72 ± 22

Neutrofilos 2±5 3±5

Histiócitos Raras 5±

Células ependimárias Raras Raras

Eosinófilos Raras Raras


Contagem Diferencial
↑ neutrófilos: indicação de processo inflamatório agudo. Presente em processos
virais, porém, mais frequentemente observada em infecções bacterianas agudas;
↑ linfócitos: patologias crônicas, tais como meningites crônicas em indivíduos
imunossuprimidos, meningites virais, cisticercose e esquistossomose;
Plasmocitose: podem ser detectados em condições de caráter inflamatório. O
mieloma múltiplo, tumor hematológico dos plasmócitos, raramente afeta as
meninges, mas quando esse processo ocorre, os plasmócitos podem se apresentar
no líquor;
Eosinofilia: pode ser marcante em crianças, mas está frequentemente associada a
infecções parasitárias que afetaram ao SNC;
Células tumorais: a avaliação de células tumorais no líquor tem baixa
sensibilidade e alta especificidade, essa sensibilidade pode ser melhorada com
diagnóstico molecular. O tipo celular varia conforme o tipo de tumor. Alguns
tumores hematológicos que levam à presença de blastos no líquor são a leucemia
linfoblástica aguda, leucemia mieloblástica aguda e linfoma de Burkitt.
Causas da elevação do número de neutrófilos

Meningite
Meningite bacteriana; Meningoencefalite viral precoce; Meningite tuberculosa precoce;
Meningite micótica precoce; Encefalomielite amébica.
Outras infecções
Abscessos cerebrais; Empiema subdural; Radiculopatia por CMV relacionada à AIDS.
Subsequente a febres
Subsequente à hemorragia no SNC
Subaracnóidea; Intracerebral.
Subsequente a infanto do SNC
Reação a punções lombares repetidas;
Injeção de material estranho no espaço subaracnoide (ex: metotrexato, meio de
contraste);
Tumor metastatico em contato com LCE.
Causas da Linfocitose no Líquor

Meningite
Meningite viral; Meningite tuberculosa; Meningite fúngica; Meningoencefalite
sifilítica; Meninge leptospirótica; Bacteriana, causada por organismos pouco
comuns; Meningite bacteriana precoce, com contagens de leucócitos relativamente
baixas; Infestações parasíticas (p. ex., cisticercose, triquinose, toxoplasmose);
Meningite asséptica, causada por foco séptico adjacente às meninges.
Distúrbios degenerativos
Panencefalite esclerosante subaguda; Esclerose múltipla; Encefalopatia por drogas
de abuso; Síndrome de Guillain-Barré; Encefalomielite disseminada aguda.
Outros distúrbios inflamatórios
Sindrome de Handl (dor de cabeça com déficits neurológicos e linfocitose no LCE).
Sarcoidose; Polineurite; Periarterite no SNC.
Laudo citometria e citologia
Testes Químicos e Sorológicos

Os testes bioquímicos mais comumente realizados no líquor são: avaliação de proteínas


(proteinorraquia), glicose (glicorraquia), enzimas e determinação dos eletrólitos cloro e
lactato. Outros analitos como ureia, lipídios, ferro etc. podem também ser avaliados, bem
como pH, pCO2 e pO2, porém esses exames não possuem valor diagnóstico.
Proteínas no Líquor

A detecção das proteínas do líquor é uma forma de avaliar a permeabilidade da barreira


hematoencefálica. Normalmente, a maior parte das proteínas do líquor (cerca de 80%) estão presentes
em virtude da ultrafiltração plasmática, um processo que ocorre através das paredes capilares, tanto
nas meninges quanto no plexo coroide. O restante das proteínas refere-se à produção intratecal, sendo
responsável pelo aumento da produção de imunoglobulinas.
Alteração das proteínas no líquor: meningite, outras infecções (como sífilis e tuberculose), reação
imune pós-infecção (rubéola, caxumba e varicela), tumores no SNC, esclerose múltipla, intoxicação por
chumbo e outras doenças do SNC, medicamentos (anti- inflamatórios não esteroidais e a
carbamazepina), além de qualquer fármaco injetado na coluna vertebral (antineoplásicos, contraste
etc.).
Os valores de referência para as proteínas do líquor variam conforme o local da coleta.

Independentemente da patologia, o aumento das concentrações das proteínas do líquor


ocorre em virtude de duas circunstâncias: a permeabilidade aumentada da barreira
hematoencefálica, ou uma redução de fluxo de líquor em virtude de um bloqueio parcial
ou completo de líquor espinal; os bloqueios de fluxo podem ocorrer por causa de um
disco intervertebral prolapsado ou também por formações de tumores e abcessos na
região.
Glicose no Liquor

A glicose do líquor corresponde a 60-70% de seu valor no plasma (glicemia em


jejum).
Níveis reduzidos de glicose estão associados a meningites bacterianas,
tuberculosa ou fúngicas, enquanto que nas meningites virais os valores podem se
apresentar inalterados ou moderadamente baixos. Neoplasias do SNC com
comprometimento das meninges também levam à redução da glicose no líquor,
bem como hemorragias e sarcoidose.
Já os níveis aumentados não possuem valor diagnóstico para patologias do SNC,
porém refletem os níveis também elevados de glicose no sangue em diabetes
mellitus ou outros casos de hiperglicemia.
Lactato – Cloro - Enzimas

Lactato: níveis no líquor se mostram independentes do nível no sangue. ↑lactato


indicativo de metabolismo anaeróbio no SNC causado por hipóxia. Indica pior
prognóstico para pacientes com lesão na cabeça. Normalmente abaixo de 25mg/L
na meningite viral e acima de 35mg/L na meningite bacteriana;
Cloro: se os níveis séricos acompanham os níveis no líquor. ↓cloro na meningite
tuberculosa, bacteriana e fúngica;
Enzimas: dosagem é útil em algumas doenças específicas. A lactato-
desidrogenase encontra-se aumentada em leucemias com envolvimento do SNC,
linfomas, carcinomas metastáticos, meningite bacteriana e hemorragia
subaracnóidea. Nessa hemorragia também há aumento da creatinoquinase, fração
CK-BB; essa elevação também ocorre em trombose cerebral, lesões
desmielinizantes, tumores encefálicos, hidrocefalia e traumatismo craniano.
Testes Microbiológicos

A coloração de Gram auxilia no diagnóstico da meningite bacteriana. Trata-se de


um método rápido e de alta acurácia, necessitando apenas da centrifugação para
concentrar as amostras, tanto para realização da bacterioscopia quanto
posteriormente da cultura. Já as meningites virais exigem diagnóstico molecular
para sua confirmação e as meningites fúngicas de testes sorológicos. A meningite
causada por espiroquetas é mais comumente denominada neurossífilis.
Meningite Bacteriana

• Estreptococos do grupo B: Streptococcus agalactiae, e bacilos gram- negativos,


como Escherichia coli, em recém-nascidos;
• Pneumococo: Streptococcus pneumoniae, e diplococos gram-negativos;
• Neisseria meningitidis, em bebês a partir dos 3 meses de idade;
• Cocobacilos gram-positivos: Haemophilus in uenzae, dos 3 meses aos 18 anos
de idade. É a maior responsável por meningite em crianças;
• Cocobacilos gram-negativos: Listeria monocytogenes, em indivíduos
imunossuprimidos, além de recém-nascidos, idosos e alcóolatras;
• Staphylococcus sp: em casos de traumatismo craniano e cirurgias no SNC.
Meningites Fúngica

O Cryptococcus é o fungo mais frequentemente isolado no líquor de pacientes com esse


quadro. O método de aglutinação do látex e a detecção direta do fungo por exame de
nanquim são as principais técnicas diagnósticas, a cultura também poder ser realizada. A
sensibilidade dos métodos está relacionada ao volume de líquor disponível. Resultado falso-
positivo pode ocorrer no caso de líquor contendo fator reumatoide.
Meningite Asséptica: Origem viral

São causadas especialmente por enterovírus (80% de todos os


casos);
Ppressão de abertura normal;
No início da infecção podem ser observados os neutrófilos, porém
essas células são rapidamente substituídas pelos linfócitos;
O diagnóstico molecular tem sido a melhor alternativa para
confirmação da meningite viral. Uma vez que os enterovírus
possuem genoma de RNA, realiza-se a técnica de PCR com
Transcriptase reversa (RT-PCR).
Neurossífilis

Apesar de se tratarem de bactérias, a meningite causada por espiroquetas (neurossífilis) ou


por micobactérias (meningite tuberculosa) difere em padrões diagnósticos da meningite
bacteriana aguda.
A neurossífilis - Treponema pallidum, tem apresentado maior incidência, como infecção
secundária ao HIV. O diagnóstico de neurossífilis requer a realização de testes sorológicos no
líquor, sendo realizado o teste VDRL, uma vez que os resultados do teste treponêmico FTA-
ABS são controversos em virtude de resultados falso-positivos.
O diagnóstico de neurossífilis requer tanto a observação do VDRL e FTA-ABS no soro e no
líquor.
Meningite Tuberculosa

Apesar do líquor também se apresentar límpido e incolor e


ter predomínio de linfócitos, a celularidade total e as
proteínas se apresentam maiores do que na neurossífilis. A
glicose também se encontra diminuída;
A bacterioscopia só se apresenta positiva para Bacilos
Álcool-Ácido Resistentes (BAAR) quando há grande
quantidade de amostra para análise, pelo menos 6mL de
líquor;
A cultura do microrganismo possibilita o fechamento do
diagnóstico, mas por serem bactérias de crescimento lento
(seis semanas até o resultado), o diagnóstico molecular por
PCR tem auxiliado na confirmação da meningite
tuberculosa.
Outra técnica desenvolvida foi o DOT-ELISA, um método
sorológico que foi padronizado especificamente para
detecção de Mycobacterium tuberculosis no líquor.
Sêmen
Sêmen

As funções reprodutivas do sistema masculino podem ser estratificadas em três eventos:


Produção do sêmen - capacidade de manutenção da ereção do pênis - ejaculação
Essas funções são reguladas pelo eixo hipotálamo-hipófise, cuja sinalização hormonal
estimulará as gônadas masculinas (testículos), para a ocorrência dos processos
reprodutivos. O hipotálamo produz o hormônio liberador de Gonadotrofina (GnRH) que se
liga a receptores específicos na adeno-hipófise, estimulando a síntese e liberação dos
hormônios foliculoestimulante (FSH) e luteinizante (LH). Esses dois hormônios, vão atuar
nos túbulos seminíferos dos testículos, onde ocorre a espermatogênese. O FSH atua nas
células de Sertoli, que são responsáveis pela manutenção da espermatogênes. O LH vai
induzir a produção de testosterona nas células de Leydig.
Anatômia do sistema reprodutor masculino
Vasectomia

Cirurgia de esterilização masculina. Trata-se de


um procedimento, que envolve o corte dos canais
deferentes, impedindo que os espermatozoides
sejam conduzidos dos testículos até o pênis. A
porção líquida do sêmen é produzida e liberada
normalmente na ejaculação.
Essa cirurgia, no entanto, não impede a
espermatogênese, por isso recomenda-se manter o
uso de outros métodos contraceptivos por 3 meses
após a cirurgia, além de realizar o espermograma
para verificar se o procedimento foi bem-sucedido.
Fisiologia

O sêmen é um fluido derivado dos túbulos seminíferos e de glândulas do sistema


reprodutor masculino: próstata, vesículas seminais e glândula bulbouretral. Ao
final, sua composição se divide em espermatozoides (10%) e secreções
glandulares (90%), sendo a maior parte dessa secreção produzida pela próstata e
vesículas seminais.
A secreção prostática tem composição leitosa e presença dos íons cálcio e fosfato;
seu pH alcalino auxilia a neutralizar a acidez vaginal. A secreção mucosa das
vesículas seminais é rica em frutose, o que permite a nutrição dos
espermatozoides, e em fibrinogênio, levando à coagulação do sêmen. Por fim, a
secreção mucosa da glândula bulbouretral é responsável pela lubrificação da
uretra.

O esperma é ejetado do pênis em forma de "coágulo". Junto a ele sai um líquido da


próstata que contém PSA. O PSA é responsável por tornar o esperma mais líquido,
facilitando o encontro espermatozoide/óvulo.
Componente Função Origem

Espermatozoide Gameta Túbulos seminíferos

Muco Lubrificante Glândulas bulbouretrais


Todas as glândulas
Água Fornece o meio líquido
acessórias
Próstata, glândulas
Tampões Neutraliza o ambienteácido da vagina
bulbouretrais
Nutrientes
Vesículas seminais
Frutose
Ácido cítrico Próstata
Nutrição dos espermatozoides
Vitamina C
Vesículas seminaisEpidídimo
Carnitina

Enzimas Coagulam o sêmen navagina, depois liquefazem o coágulo Vesículas seminaise próstata

Zinco Desconhecida; possívelassociação com a fertilidade Desconhecida


Contração do músculoliso; podem ajudar no transporte dos
Prostaglandinas Vesículas seminais
espermatozoides
Espermatozoides

Os espermatozoides são gametas pequenos e móveis, adquirindo sua morfologia


característica após o processo de espermiogênese. As duas meioses e a espermiogênese
levam em torno de 64 dias para serem concluídas. Os gametas são então liberados dentro
do lúmen dos túbulos seminíferos junto à porção líquida do sêmen. Durante seu transporte
ao longo do epidídimo, os espermatozoides completam sua maturação, estando aptos
finalmente a nadar; esse processo leva em torno de 12 dias. Cerca de 200 milhões de
espermatozoides são produzidos por dia, e esse é o número aproximado de gametas
liberados a cada ejaculação.
Coleta e manuseio da amostra

Amostra deve ser coletada com período de abstinência de 2 a 5 dias.


Intervalos superiores ou inferiores podem alterar o resultado do exame;
Preconiza-se a avaliação de duas amostras, sendo essas coletadas em
intervalo máximo de 7 dias entre elas. Se houver diferenças relevantes
entre as amostras, novas coletas podem ser solicitadas;
A coleta da amostra ocorre pelo próprio indivíduo, através da masturbação,
em frasco estéril;
Recomenda-se ao paciente esvaziar a bexiga antes de proceder com a
coleta;
Amostras podem ser coletadas em ambiente domiciliar (?);
O sêmen deve ser mantido sempre entre temperaturas de 23 a 37°C.
Análise do Sêmen

• Investigação de subfertilidade ou infertilidade masculina;


• Cadastro de doadores de esperma;
• Verificação de sucesso de procedimento cirúrgico tal como a vasectomia.
Trata-se de um exame custo- efetivo e com amostra de fácil obtenção. Resultados
anormais, ou fora dos valores de referência, são apenas indicativos de infertilidade ou
subfertilidade, devendo ser realizados exames posteriores, especialmente avaliando
hormônios do eixo hipotálamo- hipófise-testículo para diagnóstico final. Esses exames
complementares são denominados de avaliação andrológica.
Análise do Sêmen
Avaliação macroscópica e microscópica do fluido, o que inclui a avaliação do
líquido seminal e dos espermatozoides, quanto a sua morfologia, motilidade e
aspectos quantitativos.
Variante Intervalo de referência
Volume >1,5mL
pH >7,2
Concentração de esperma >15×106 espermatozoides/mL

Contagem total >39×106 espermatozoides/ejaculação

40% ou mais com motilidade total (PR+NP)


Motilidade
32% ou mais com motilidade PR
Vitalidade 58% ou mais vivos
Células brancas sanguíneas <1×106 células por ejaculação
Frutose >13μmol/ejaculação
Exame macroscópico

Deve ocorrer após liquefação (+-20 minutos após a coleta). Para tanto, o sêmen
deve ser mantido em temperatura ambiente.
Realiza-se a homogeneização da amostra, tomando nota quanto a sua viscosidade
e coloração (deve ter aspecto leitoso). A avaliação do volume é realizada a partir
da pesagem, sendo o frasco pesado antes e após a coleta. Também é realizada a
aferição do pH, que deve estar entre 7,2 e 7,8.

Não ocorreu liquefação: provável secreção prostática inadequada;


Tonalidade amarelada: pirospermia (presença de leucócitos no sêmen);
Tonalidade ferrugem: sangramento na vesícula seminal;
pH > 8: infecções agudas na próstata, vesícula seminal ou epidídimo;
pH < 7: obstrução de ductos ejaculatórios.
Exame microscópico

Permite a avaliação da concentração, motilidade e aglutinação dos


espermatozoides.
Em sêmen de viscosidade normal, 8uL são utilizados para avaliação da amostra.
Além dos espermatozoides, outras células podem ser observadas em microscopia,
tal como os leucócitos e células arredondadas (chamadas espermatozoidogênicas).
Para a contagem dos espermatozoides, utiliza-se um hemocitômetro ou uma
microcâmara, sendo realizadas duas alíquotas da amostra antes de proceder com a
contagem. Devem ser realizadas oito leituras (campos), quatro em cada alíquota.
Registra-se a média pelo cálculo da contagem total de espermatozoides,
multiplicando-se o fator de diluição pelo volume normal de sêmen. Já na avaliação
da motilidade são avaliados os espermatozoides que se movem para frente, sendo
esse valor expresso em percentual.
Motilidade

O movimento do espermatozoide é classificado em três categorias:

Motilidade Progressiva (PR): movimento ativo, linear ou em círculo largo. Não se


considera a velocidade;

Motilidade Não Progressiva (NP): há motilidade, porém sem progressão;

Imotilidade (IM): espermatozoide não se movimenta.


Pelo menos 40% dos espermatozoides devem ser móveis e pelo menos 32% deles
devem apresentar Motilidade Progressiva. Ainda, pelo menos 5% dos
espermatozoides devem estar vivos. Esse parâmetro é mais criteriosamente avaliado
se a motilidade total for inferior a 40%.
Se uma amostra não apresenta espermatozoides, ela deve ser centrifugada (toda o
volume da amostra) e avaliada. Qualquer fragmento de espermatozoide, mesmo que
danificado deve ser registrado. Essa avaliação é importante para pacientes que estão
averiguando o sucesso de uma vasectomia.
Poucas amostram apresentam mais de 25% de espermatozoides com morfologia
normal, sendo o limite inferior de referência de 4%.

O critério de Kruger estabelece que a quantidade de gametas


considerados normais deve ser igual ou superior a 4%, ou seja, de
100 espermatozóides pelo menos 4 devem ser normais.
Azoospermia: ausência de espermatozoides após centrifugação;
Criptozoospermia: espermatozoides foram identificados apenas após a centrifugação;
Oligozoospermia: < 15 milhões de espermatozoides/mL foram identificados;
Astenozoospermia: < 32% de espermatozoides com motilidade progressiva ou < 40%
de espermatozoides com motilidade total;
Teratozoospermia: < 4% de espermatozoides com morfologia normal
Realização de ensaios adicionais

Presença de bactérias e de células epiteliais deve ser observada. Se apresentar bactérias, pode ser
recomendada uma coleta de urina para realização de Exame Qualitativo (EQU) e urocultura.
Se for constatado azoospermia com pH baixo e volume de líquido seminal também reduzido, sugere-se
a realização do teste de frutose para verificar a presença de secreção proveniente da vesícula seminal.
Níveis baixos de frutose sugerem disfunção dessa vesícula ou obstrução. Esse mesmo teste pode ser
realizado em urina de pós-ejaculação, visando avaliar ejaculação retrógrada.
A detecção de infertilidade imunológica pode ocorrer a partir de testes imunológicos, tais como testes
de aglutinação. A detecção desses anticorpos pode impedir o movimento dos espermatozoides no trato
reprodutor feminino. Esses anticorpos são detectados em 10% dos homens com diagnóstico de
infertilidade.
Interação do espermatozoide com o muco cervical. Em um casal que está tentando engravidar, esse
teste pode ser realizado alguns dias antes da ovulação. Se os espermatozoides permanecerem com
mobilidade progressiva na presença do muco cervical, esse fator pode ser descartado como causa de
infertilidade.
O teste de vitalidade (eosina) permite avaliar se um espermatozoide imóvel é viável. Esse gameta não
terá a habilidade de nadar até o óvulo e realizar a fecundação, mas pode, ser utilizado em técnicas de
reprodução assistida.
Ejaculação retrógrada

Durante a ejaculação, o colo da bexiga deve se fechar. Na ejaculação retrógrada, o


colo permanece aberto. Nessa condição, o sêmen, ao invés de prosseguir pela
uretra, faz o movimento contrário, em direção à bexiga. Essa condição leva à
redução do volume de sêmen e, até mesmo, azoospermia.

No EQU será reportado presença de espermatozoides na urina.


Controle de qualidade de análise do sêmen

Programa de garantia de qualidade, de forma a confirmar se seus resultados são


exatos e precisos;
Promover ações de melhoramento contínuo;
Procedimentos Operacionais Padrão (POPs);
O laboratório pode optar por comprar amostras comercialmente disponíveis ou
armazenar suas próprias amostras;
Para avaliação da morfologia, o preparo de lâminas de esfregaço de sêmen deve
ser realizado, podendo ou não se tratar de lâminas coradas;
Quanto à motilidade, recomenda-se o uso de vídeos e imagens previamente
fornecidos ou por laboratórios de referência ou por agências de controle de
qualidade externo.
Líquidos Amniótico
Líquido Amniótico

O líquido amniótico é formado a partir do âmnio, uma fina


membrana que envolve o feto, formando o saco amniótico.
Dentre suas funções, o saco amniótico mantém o feto
aquecido e protegido durante seu desenvolvimento
intrauterino. A formação do líquido amniótico, a partir das
células do âmnio, é principalmente proveniente do tecido
materno e do líquido intersticial; a partir da 11ª semana a
própria urina excretada pelo feto contribui para a
manutenção desse fluido.
Volume e Composição Química

O volume de líquido amniótico varia conforme o estágio da gestação. Chegando


entre 700 e 1.000 mL na 37ª semana embrionária. A composição do líquido
amniótico é de solução aquosa, havendo muitos elementos suspensos, tais como
células epiteliais do feto. Possui composição equivalente de sais inorgânicos e
moléculas orgânicas, sendo que as proteínas são os principais componentes
orgânicos, apesar de também haver carboidratos, gorduras, enzimas, hormônios
e até mesmo pigmentos. Assim como o volume, a composição do líquido
amniótico pode se modificar ao longo da gestação.
Coleta

A coleta de líquido amniótico ocorre a partir


de um procedimento chamado de
amniocentese, podendo ser realizado a
partir da 15ª semana gestacional. Uma
agulha será inserida através da parede
abdominal da mãe, perfurando o útero, bem
como o córion e o âmnio. O procedimento é
guiado com auxílio do exame de
ultrassonografia, que reduz os riscos de
abortamento (0,5 a 1%).
Manipulação e Processamento

Avaliações genéticas
Diagnóstico de infecções materno-fetais (rubéola e toxoplasmose)
Avaliação da angústia fetal
Avaliação da maturidade fetal
Dosagens bioquímicas como alfafetoproteína e bilirrubina são comuns nesse fluido.
A alfafetoproteína é sintetizada pelo fígado fetal, devendo estar em alta
concentração no soro do feto e em baixa concentração no líquido amniótico. Se a
dosagem de alfafetoproteína for alta no líquido amniótico, é indicativo de
anomalias congênitas de parede abdominal ou do sistema nervoso central. Para os
exames citogenéticos, que buscam avaliar aneuploidias e rearranjos
cromossômicos, deverá ser realizada uma cultura de células do líquido amniótico,
conforme os protocolos para realização de exame de cariótipo.
Cor e Aspecto

Ligeiramente turvo, em virtude da escamação das células epiteliais do feto, dos


pelos e da vernix cerosa, um material gorduroso que mantém o feto aquecido
intraútero. Sua cor pode variar, podendo ser incolor ou levemente amarelado.

Amarelo escuro ou âmbar: presença de bilirrubina;


Rosa ou vermelho: presença de sangue, podendo ser tanto de origem materna
quanto fetal;
Esverdeado: característico do mecônio, indicando o início da produção de fezes
pelo sistema gastrointestinal do feto;
Castanho-avermelhado escuro: indicativo de morte fetal.
Teste de Maturidade Fetal

Verifica especialmente se as células pulmonares (pneumócitos do tipo II) já


iniciaram a produção e secreção de surfactante, uma substância que impede os
alvéolos pulmonares de colabarem, causando desconforto respiratório ao neonato
prematuro. A detecção do surfactante se inicia por volta da 32ª semana
gestacional. Para avaliação da maturidade fetal é realizada a mensuração dos
fosfolipídios que compõem o surfactante: lecitina, esfingomielina e
fosfatidilglicerol.
Até a 33ª semana: equilíbrio entre produção de lecitina e esfingomielina;
Após a 34ª semana: maior produção de lecitina, menor produção de
esfingomielina;
Após a 35ª semana: possível detectar o fosfatidilglicerol.

Em casos de diabetes materna, a produção do fosfatidilglicerol


pode levar mais tempo para iniciar, portanto, os níveis desse
fosfolipídio na 35ª semana ainda podem estar reduzidos
Teste de Maturidade Fetal

A angústia fetal pode ser avaliada no líquido amniótico através do diagnóstico de


infecções materno-fetais ou do diagnóstico de eritroblastose fetal.
O diagnóstico de infecções materno-fetais pode ser realizado no líquido amniótico,
de acordo com o tipo de microrganismo investigado. Testes imunológicos podem
ser aplicados para diagnóstico de sífilis e toxoplasmose congênita, infecções
bacterianas podem ser avaliadas por bacterioscopia e cultura de células; já os
diagnósticos virais devem ser preferencialmente executados a partir de técnicas
moleculares, como a PCR.
A dosagem de bilirrubinas é o exame escolhido para indicar uma hemólise
materno- dirigida, típica da eritroblastose fetal. A dosagem de bilirrubina é
realizada a partir de espectrofotômetro.
A eritroblastose fetal, igualmente chamada de doença hemolítica do recém-
nascido, ocorre por incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto em virtude dos
antígenos Rh (D). Os anticorpos maternos anti-Rh são direcionados aos eritrócitos
fetais, levando à hemólise. O recém nascido apresenta anemia e icterícia em
virtude da perda dessas células.
Líquidos Sinovial e Serosos
Líquido Sinovial

Articulação é local onde dois ossos se encontram. As


articulações podem ser sólidas quando não há cavidade
articular ou sinoviais quando há cavidade articular.
Nas articulações sinoviais, o elemento esquelético (osso)
é coberto por uma fina camada de cartilagem hialina. Há
também a presença da cápsula articular que, por sua vez,
é composta por uma membrana sinovial interna e uma
membrana fibrosa externa.
Aspectos Anatômicos das Articulações
Formação

O líquido sinovial é formado pela membrana sinovial a partir de células


especializadas denominadas sinoviócitos. Sua formação se dá pela ultrafiltração
do plasma presente na extensa rede capilar da membrana sinovial.
O fluido se difunde para dentro da cavidade articular, sendo acrescido do ácido
hialurônico produzido pelas células sinoviais. Também estão presentes íons,
tais como sódio e potássio, glicose e ureia.
A função do líquido sinovial é especialmente relacionada ao transporte
de substâncias e lubrificação das superfícies articulares.
Coleta e Manuseio

O líquido sinovial pode ser obtido através da punção articular, denominada


artrocentese.
Sinovites Agudas
Artropatias Crônicas
Tratamento
A coleta deve ser realizada após anestesia e assepsia no local. O paciente deve ser
posicionado de forma que a articulação permaneça relaxada.
A própria seringa, protegida na ponta, deve ser enviada ao laboratório para a
realização dos exames.
Aliquotas

Estéril com heparina: setor de microbiologia;


Com heparina sódica ou EDTA: contagem celular (microscopia);
Sem anticoagulante: demais testes, tais como provas bioquímicas,
imunológicas e para o exame físico. Para essas dosagens, sendo necessário
centrifugar o material, visando separar as células (elementos sólidos) do restante
do material.
Exame Físico

O líquido sinovial deve ter aspecto transparente e límpido. Na presença de turbidez,


deve ser relatada a partir do sistema de cruzes; essa turbidez pode ser ocasionada
pela hipercelularidade ou presença de cristais de fibrina.
Aspecto leitoso é visualizado na artrite tuberculosa ou reumatoide crônica, enquanto o
aspecto purulento é característico da artrite séptica.
A coloração do líquido sinovial deve ser incolor ou amarelo-pálida. Processos
inflamatórios geralmente conferem tonalidade amarela ao líquido sinovial, enquanto
processos infecciosos ocasionam tons de verde e marrom. Cor avermelhada pode estar
relacionada à hemartrose verdadeira, tumores ou traumatismo.
Exame Físico – Viscosidade

O líquido sinovial é bastante viscoso, em virtude da sua alta concentração de ácido


hialurônico. Condições autoimunes e/ou inflamatórias como artrite reumatoide e
gota, podem reduzir a concentração de ácido hialurônico, conferindo menor
viscosidade ao líquido sinovial.

A viscosidade do líquido sinovial é tão expressiva que é possível


formar um filete de até 5cm.
Principais Doenças
Não inflamatórias – Inflamatórias – Infecciosas - Hemorrágicas
Exame Bioquímico

As análises bioquímicas do líquido sinovial


incluem, a dosagem de glicose,
proteínas e mucina (auxilia na avaliação
da viscosidade do líquido sinovial).
O ácido úrico pode ser dosado em caso
de suspeita de gota, não sendo
encontrados cristais de ácido úrico no
Exame Qualitativo de Urina (EQU).
Exame citológico e identificação de cristais

Cristal de urato monossódico: gota;


Pirofosfato de cálcio: condrocalcinose;
Hidroxiapatita: sinovite cristal-induzida;
Colesterol: artrite reumatoide.
Exame Microbiológico

Agentes infecciosos podem atingir o líquido sinovial a partir de artroscopias,


injeções de corticosteroides, cirurgias ou ferimentos profundos, causando
artrite séptica.
Cultura também é recomendada para identificação do patógeno sendo os
Staphylococcus, Streptococcus, Haemophylus e Neisseria gonorrhoeae as
bactérias mais comumente associadas a infecções no líquido sinovial.
Artrite tuberculosa necessita de avaliação do Mycobacterium tuberculosis a
partir da coloração de Ziehl-Neelsen seguido de diagnóstico molecular por PCR.
Exames Sorológicos

Avaliação do fator reumatoide no líquido sinovial pode ser realizada como


diagnóstico complementar da artrite reumatoide, sendo que em 60% dos pacientes
os níveis encontrados são semelhantes aos séricos. Anticorpos antinucleares são
encontrados na maioria dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (70%) e
pacientes com artrite reumatoide (20%).
Nessas condições inflamatórias os níveis de proteínas do sistema complemento têm
aumento exacerbado, correspondendo de 40 a 70% dos níveis séricos – em
condições normais, deveriam representar apenas 10% de sua concentração sérica.
Líquidos Serosos

Os líquidos pleural, pericárdico e peritoneal


estão presentes dentro das cavidades corporais
serosas, que envolvem diferentes órgãos, sendo
revestidas por uma membrana serosa com duas
porções: parietal e visceral. Os líquidos serosos, que
podem também ser denominados líquidos cavitários,
encontram-se entre essas duas membranas,
justamente proporcionando efeito lubrificante.
Formação

Os líquidos serosos são ultrafiltrado do plasma. Um adulto saudável possui cerca de


10 mL de líquido pleural, de 20 a 50 mL de líquido pericárdico e 100 mL de líquido
peritoneal. O acúmulo de qualquer líquido seroso é denominado derrame. Os
derrames ocorrem por desequilíbrio entre as pressões hidrostática e
coloidosmótica, ou ainda por resposta inflamatória, podendo ser classificados como
transudato ou exsudatos de acordo com as pressões alteradas e composição do
líquido acumulado. Diferentes condições clínicas podem levar a derrames serosos.
Transudatos são bilaterais e secundários à
doenças sistêmicas (insuficiência cárdica,
cirrose hepática).
Exsudatos normalmente unilaterais
encontrados em situações de neoplasias e
infecções.
Coleta e Manuseio das Amostras de líquidos serosos

A obtenção dos líquidos serosos ocorre a partir de punção asséptica da cavidade


em que ele se encontra e drenagem sem aspiração.
• Tubo seco sem anticoagulante: análises bioquímicas (mensuração da glicose,
lactato desidrogenase e proteínas);
• Tubo com EDTA: análises citológicas, a partir de microscopia, realizando-se a
contagem diferencial de células;
• Tubo com heparina: análises microbiológicas, com coloração e cultura para
bactérias e fungos
Normalmente, os líquidos serosos têm coloração semelhante ao plasma, límpidos
ou amarelo-pálidos. Xantocromias como uma coloração vermelha podem indicar
hemorragia, mas para descartar um episódio de punção traumática é necessário
coletar várias amostras. Um aspecto purulento pode indicar infecção e leitoso pode
indicar presença de linfa. Eventualmente se visualiza cristais de colesterol, que
conferem uma coloração verde ou dourada aos fluidos.
Transudato e exsudato
Características Transudato Exsudato

Cor Amarelo pálido(seroso) Qualquer coloração anormal (castanho, creme, verde,


leitoso,rosa, vermelho ou amarelo)
Limpidez Límpido Hemorrágico (sanguíneo), enevoado,porulento, túrbido
Gravidade Específica < 1.015 > 1.015
Contagem de Células < 300 fiL > 1.000/ fiL
(totais)
Amilase < 2,0 > 2,0
Líquido:Soro
Proporção Bilirrubina < 0,6 > 0,6
Líquido: Soro
Glicose Igual ao Nível Sérico 30 mg ou mais < ao nívelsérico
Fibrinogênio (coagulação) Ausente (semcoagulação) Geralmente presente (em geral contém coágulos)
Lactato desidrogenase < 60% do soro > 60% do soro
(LDH)
Proporção LDH < 0,6 > 60% do soro
líquido: soro
Proporção LDH < 0,6 > 0,6
líquido: soro
Proteína < 3,0 g/dL > 3,0 g/dL
Proporção Proteína < 0,5 > 0,5
Líquido: Soro
Procedimentos laboratoriais gerais no líquido pleural

O líquido pleural pode ser obtido através da toracocentese, sendo o local da punção
confirmado por exames radiológicos ou ultrassonografia. Considerando uma
situação de derrame, devem ser retirados 20 mL de fluido.
Recomenda-se a realização de exames para diferenciar exsudato de transudato,
tais como a relação entre a proteína total encontrada no líquido/soro e a
concentração da enzima Lactato Desidrogenase (LDH), sendo também comparada
à LDH do soro
Procedimentos laboratoriais gerais no líquido pleural

Contagens de hemácias acima de 100.000 células/uL são sugestivas de


malignidade. Para contagem diferencial de leucócitos, deve ser realizado um
esfregaço após citocentrifugação com coloração de Romanowsky seca ao ar.
Trata- se de um método importante na detecção de neoplasias, em especial as
hematológicas.
Células mesoteliais estão associadas a processos inflamatórios.
Na contagem celular diferencial, neutrofilia é observada em pneumonia
bacteriana, infarto pulmonar, tuberculose precoce. Linfocitose ocorre em
tuberculose, infecções virais, processos malignos; já eosinofilia apresenta-se em
pneumotórax, trauma, insuficiência cardíaca congestiva, infecções parasitárias e
fúngicas, reações de hipersensibilidade e doenças reumatológicas.
Aspectos Macroscópicos do Líquido Pleural

Cor Diagnóstico Sugerido


Preta Esporos de Aspergillus niger
Marrom Derrame pleural de longa duração, ruptura de abscessoamebiano hepático
Verde Fístula Biliopleural
Clara (cor de palha) Transudato, ou exsudatopaucicelular

Vermelha Presença de sangue


Hematócrito < 5% Doenças Malignas, derrame pleural associado a asbestos, síndrome pós-lesão cardíaca,infarto
pulmonar, trauma
Hemotórax Relação entre hematócrito no líquido pleural/soro ≥ 50%
Branca (leitosa) Quilotórax ou derrame decolesterol

AmareloEsverdeada Pleurite reumatoide


Aspecto
Pata de anchovas Ruptura de abscesso amebiano
Debris Pleurite reumatoide
Turvo Exsudato inflamatório ou derrame de lipídios
Viscoso Mesotelioma
Odor
Amônia Urinotórax
Pútrido Epiema por anaeróbios
Baixos níveis de glicose no líquido pleural são
associados a casos de malignidade, tuberculose,
infecções bacterianas de característica não purulenta,
entre outros.
Níveis de lactato podem ser dosados para confirmar
diagnóstico de pleurite infecciosa, uma vez que os
níveis estão aumentados em infecções pleurais
bacterianas ou tuberculosas.
Ruptura esofágica, pancreatite e derrame maligno
costumam elevar os níveis de amilase;
A dosagem do pH tem valor importante no prognóstico
de derrames associados à pneumonia. Exsudatos com
pH > 7,3 demonstram que a pneumonia
provavelmente será resolvida com medicamentos. Se
o pH < 7,2 será necessário procedimento cirúrgico.
Procedimentos laboratoriais gerais no líquido pericárdico

Obtenção de amostras de líquido pericárdico:


pericardiotomia seguida de toracotomia restrita
ou pericardiocentese, que indica a aspiração do
líquido pericárdico com agulha estéril, sendo
importante realizar o monitoramento do paciente
por eletrocardiograma no momento da coleta.
A avaliação do derrame pericárdico tem valor diagnóstico importante no
estabelecimento da etiologia de uma pericardite, podendo ser viral, bacteriana,
fúngica, tuberculosa ou maligna.
Hemocultura pode ser realizada em casos de suspeita de infecção bacteriana.
A dosagem de proteínas auxilia na diferenciação do exsudato e transudato, mas tem
pouco valor diagnóstico.
Glicose inferior a 40 mg/dL está associada a derrames de etiologia bacteriana,
tuberculosa, reumática ou maligna.
pH < 7,1 é encontrado na pericardite reumática ou purulenta.
A dosagem de troponina e CK-MB no líquido pericárdico na necropsia, até 48h após o
óbito do paciente, pode auxiliar a determinar lesão miocárdica, tal como em um
infarto agudo do miocárdio.
As principais bactérias causadoras de pericardite são o Staphylococcus aureus,
Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, estreptococos beta-hemolíticos
do grupo A e bacilos gram-negativos; por haver tanto bactérias gram-negativas
quanto gram-positivas, a baciloscopia é sempre realizada. Bactérias anaeróbias
também podem ser encontradas, tais como o Clostridium, sendo necessário os dois
tipos de cultura para o diagnóstico. Diagnóstico viral é difícil, pois raramente os vírus
são isolados do líquido pericárdico. Quando ocorre, opta-se pelo diagnóstico
molecular, que pode ser aplicado no caso de suspeita de tuberculose; para pesquisa
do Mycobacterium tuberculosis, igualmente é realizada a baciloscopia por coloração
de Ziehl-Neelsen.
Procedimentos laboratoriais gerais no líquido peritoneal

O acúmulo de líquido peritoneal é denominado ascite, portanto, esse líquido


muitas vezes também é descrito como líquido ascítico. A principal causa da ascite
é a cirrose hepática, mas também pode ser causada por processos malignos,
insuficiência cardíaca ou tuberculose. A coleta do líquido peritoneal ocorre por
parancentese, sendo ideal a obtenção de pelo menos 100 mL do líquido, apesar
de ser possível realizar a análise completa com 30 mL do fluido.
Testes Recomendados no Líquido Peritoneal

Testes Úteis para a maioria dos Pacientes:


Exame geral; Citologia; Coloração e culturas para microrganismos; Gradiente de
concentração de albumina soro-ascite.

Testes Úteis em casos especiais: Contagens de leucócitos total e celular diferencial;


Contagem de CVS (lavado); Bilirrubina; Creatina/nitrogênio ureico; Enzimas (ADA,
ALP, amilase, LD, telomerase); Lactato; Colesterol (ascites malignas); Fibronectina;
Marcadores Tumorais (CEA, PSA, CA 15-3, CA-125); Imunocitologia/citometria de
fluxo; Ácido tuberculoesteárico
O aspecto do líquido peritoneal depende do tipo de derrame, se exsudato ou
transudato. Transudatos são amarelo-claros e límpidos; já exsudatos têm aspecto
turvo em virtude dos leucócitos, células tumorais ou concentração de proteínas.
Coloração amarelo-esverdeada pode ocorrer em pancreatite aguda ou por
perfuração do trato gastrointestinal.
Xantocromia vermelha indica a presença de sangue, aspecto característico de
processo maligno ou tuberculose.
Na contagem celular, verifica-se eosinofilia em processos inflamatórios crônicos e
neutrofilia (acima de 90% de neutrófilos) em peritonite bacteriana espontânea,
sendo um diagnóstico diferencial importante para distinção da cirrose simples.
Na avaliação bioquímica, torna-se necessário avaliar o gradiente albumina
soro/ascite, que indica a diferença de concentração entre a albumina do soro e a
albumina presente no líquido ascítico. Se houver quadro de cirrose, o gradiente
albumina soro/ascite excederá o conteúdo de proteínas totais presentes no
derrame peritoneal
Lavado Broncoalveolar

O lavado broncoalveolar são comumente coletados para auxiliar no diagnóstico de


infecções do trato respiratório inferior. Essa amostra só pode ser obtida a partir de
um procedimento cirúrgico em que se insere um instrumento luminoso,
denominado broncoscópio, sendo equipado com estruturas de sucção. Instila-se
de 20 a 60 mL de solução salina e se recoleta o fluido por aspiração com o
broncoscópio.
Lavado Broncoalveolar

É realizada a citocentrifugação para melhor diferenciação celular. Costuma-se


observar diferentes leucócitos, bem como células típicas do epitélio respiratório
(colunares ciliadas e epitélio escamoso).
O diagnóstico microbiológico é indicado conforme o patógeno suspeito. Em
bactérias, realizase baciloscopia seguida de cultura. Tratando-se de suspeita de
tuberculose, avalia-se a amostra em coloração de Ziehl-Neelsen seguido de
diagnóstico molecular do Mycobacterium tuberculosis por PCR. Para avaliação
fúngica o lavado broncoalveolar se mostra importante, justamente por auxiliar em
diagnósticos difíceis, tais como na pesquisa de Pneumocystis jiroveci (Figura 11) e
Aspergillus, espécies típicas por causarem infecções respiratórias em pacientes
imunocomprometidos. Para a detecção desses microrganismos indica-se avaliação
microscópica com coloração de calcoflúor/KOH.
Suor

O suor é o fluido produzido e eliminado pelas glândulas sudoríparas, de


característica exócrina, tendo a função de termorregulação e excreção de
substâncias. O suor é uma secreção merócrina, ou seja, mesmo com a sua
eliminação a glândula permanece intacta, sem fazer parte do fluido. Alterações
nas concentrações de íons (cloro)presentes no suor são típicas na fibrose
cística.
ATÉ A
PRÓXIMA!
melissards@unifran.edu.br

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