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Introdução

As análises clínicas são uma ferramenta essencial que, por meio de exames complementares,
colaboram com o diagnóstico de patologias ou doenças contribuindo ainda para a sua prevenção.

Uma colheita de material– armazenamento e escolha do melhor método–, além da correta


interpretação de resultados, permite um diagnóstico rápido e preciso.

A urinálise é uma ferramenta importante no diagnóstico de doenças na medicina veterinária. Trata-


se de um fluido de fácil obtenção cujos procedimentos que envolvem as análises são relativamente
simples, rápidos e de baixo custo.

Portanto, o conhecimento a respeito de todas as etapas que constituem a urinálise é de extrema


importância para o diagnóstico correto e o tratamento adequado do paciente.

As avaliações realizadas nos estudos coprológicos podem detectar insuficiências digestivas


relacionadas a diversas enfermidades que causam diarreia e dor abdominal, como má absorção,
doenças inflamatórias do intestino, assim como a presença de sangue oculto e parasitoses.

Além disso, permite a realização de análises microbiológicas para a detecção de bactérias


enteropatogênicas. Essas e outras análises são fundamentais para um correto diagnóstico e
tratamento de muitas afecções em medicina veterinária que culminam em alteração do estado
normal das fezes.

Muitas doenças em Medicina Veterinária podem comprometer a homeostase do organismo, de


maneira a gerar distúrbios no equilíbrio eletrolítico e ácido-base. Graves consequências podem
acontecer, desde inibição de mecanismos celulares, vasoconstricção cerebral e até morte dos
pacientes.

Entender a fisiologia dos processos regulatórios do equilíbrio eletrolítico e ácido-base é de extrema


importância para a caracterização do prognóstico clínico e para a eleição do tratamento correto de
forma a reduzir o agravamento do quadro.

Por meio da gasometria, é possível determinar se as trocas de oxigênio e dióxido de carbono nos
pulmões estão normais, e se há um desequilíbrio entre esses gases no sangue ou um desequilíbrio
ácido-base, o que pode indicar distúrbios respiratórios, metabólicos ou renais.

INTRODUÇÃO A FISIOLOGIA RENAL

Estrutura e funções dos rins

- A principal função do sistema urinário consiste em eliminar os produtos finais do metabolismo,


principalmente ureia, creatinina e ácido úrico, recolhidos da corrente sanguínea e excretados em
forma de urina.
- Adicionalmente, esse sistema é responsável também pelo controle do equilíbrio hídrico e pela
remoção de resíduos tóxicos ou drogas induzidas pelo corpo.
- O sistema renal é composto pelos rins, pelos ureteres, pela uretra e pela bexiga.
- Os rins têm sua função regulada por volume, pressão e composição sanguíneos, além de
hormônios das glândulas adrenal (suprarrenal) e pituitária (ZANELA, 2015).

Estrutura e funções dos rins


- Os rins são órgãos que se apresentam em par e estão localizados na região retroperitoneal a cada
lado da coluna vertebral.
- Estão divididos anatomicamente em cápsula, córtex, medula e pelve.
- Têm como funções principais a manutenção de volume e a concentração de líquido extracelular, a
manutenção da pressão e do equilíbrio osmótico e hidroeletrolítico do organismo, a manutenção do
pH sanguíneo, a produção de hormônios, a excreção de substâncias tóxicas e a manutenção de
nutrientes orgânicos (ZANELA, 2015).

Parênquima renal

- O parênquima renal está localizado entre a cápsula e o sino renal.


- É formado pela medula renal (medulla renis) e pelo córtex renal (córtex renis).
- No parênquima renal, estão situados os néfrons, as unidades estruturais específicas dos rins.
- O néfron (nephronum) é um longo túbulo que tem início no corpúsculo renal (corpusculum renale)
e finaliza em conexão com o ducto coletor.
- O corpúsculo renal é constituído pela cápsula glomerular (capsula glomeruli), que envolve
completamente uma rede capilar esférica chamada glomérulo (glomerulus) (FEITOSA, 2014).

Diferentes tamanhos de rins nas diversas espécies animais estão associados à quantidade de
glomérulos que eles contêm. No rato, cada rim possui aproximadamente 30.000 glomérulos; no
gato,190.000; no cão,400.000; no homem,1.300.000;no suíno, 2.200.000; e no elefante, 7.000.000
(FEITOSA, 2014).

Néfron

- O néfron é a unidade funcional do rim.


- Seu número varia de acordo com a espécie.
- É constituído pelo corpúsculo de Malphigui, que é formado por uma rede arterial, pelo glomérulo
(estrutura responsável pela filtração e pelo sistema tubular, que é dividido em vários segmentos, em
que o líquido filtrado é transformado em urina durante o seu trajeto até a pelve renal).
- E por um invólucro de parede dupla, a cápsula de Bowman (KOLB, 1984).

Estruturas e funções renais

ESTRUTURA FUNÇÃO

- Glomérulo: Filtração do sangue;


- Segmento delgado da alça de Henle: Manutenção da hipertonicidade medular pelo mecanismo de
contracorrente;
- Túbulo contornado distal: Reabsorção de NaCl, geração da hipertonicidade medular, diluição do
fluido tubular e reabsorção de cátions divalentes;
- Sistema de ductos coletores: Controle final da taxa de excreção de eletrólitos, controle ácido-base
e da água.

Fonte: Anjos et al.(2007).

Filtração glomerular

- A urina primária faz parte do primeiro objetivo da formação de urina por meio da filtragem
sanguínea.
- A filtração ocorre no glomérulo, e, para que isso aconteça, o sangue atravessa os capilares porosos
cuja estrutura é própria para reter no sistema vascular alguns componentes celulares e proteínas de
alto a médio peso molecular.
- Isso resulta na formação de um líquido que se assemelha ao plasma, o filtrado glomerular, que
posteriormente é depositado no espaço de Bowman até ser conduzido ao primeiro segmento do
túbulo coletor (ARAUJO et al., 2009).

A taxa de filtração glomerular é proporcional ao tamanho corporal, variando conforme o sexo e a


idade. A formação da urina tem início nos néfrons. O sangue que chega aos rins pela artéria renal
que se ramifica em artérias cada vez menores até que pela arteríola eferente entra nos glomérulos,
onde é filtrado por meio da membrana glomerular.

Em condições normais, os componentes celulares e as proteínas plasmáticas de tamanho igual ou


superior ao da albumina (aproximadamente 6nm) não atravessam a barreira de filtração enquanto a
água e os solutos são livremente filtrados.

A carga das proteínas, o formato e a deformidade são aspectos importantes na filtração. A


composição do filtrado glomerular é semelhante ao líquido intersticial (solutos e eletrólitos).

A formação da urina

- A formação da urina tem início nos néfrons. O sangue chega aos glomérulos, que é o local onde
acontece a filtração do plasma renal.
- Esse filtrado apresenta a mesma composição do plasma sanguíneo, porém geralmente está livre de
proteínas, podendo conter poucas de baixo peso molecular.
- Água, eletrólitos, glicose, ureia, creatinina, ácido úrico, aminoácidos e amônia são algumas das
substâncias filtradas.
- Em seguida, percorre os túbulos e capilares, locais nos quais acontece a reabsorção de substâncias,
tais como água, bicarbonato, cloreto de sódio, cálcio, potássio, fosfato, aminoácidos, proteínas,
glicose, entre outros.
- Aproximadamente 80% do filtrado é reabsorvido.
- Então, finalmente, a secreção de várias substâncias essenciais para o organismo, agindo de forma
contrária à reabsorção, faz com que a urina seja formada (GONÇALVES et al., 2015).
- A composição natural da urina é de ureia e produtos que se encontram dissolvidos na água– em
geral, 95% de água e 5% de solutos.
- As concentrações de água e soluto podem variar conforme a ingesta de alimentos, o metabolismo e
as funções endócrinas.
- Esses solutos podem ser ureia, creatinina, ácido úrico, sódio, potássio, cloreto, cálcio, magnésio,
fosfatos, sulfatos e amônia.
- Na urina, podemos encontrar também hormônios, vitaminas e medicamentos.

Reabsorção e secreção tubular

- A reabsorção tubular é um processo seletivo que ocorre nos túbulos proximais, alça de Henle,
túbulo distal e canal coletor.
- Nesse processo, 99% do filtrado glomerular é reabsorvido pelo epitélio,onde glicose e
aminoácidos são totalmente reabsorvidos, e K+ e H+ são eliminados (GONZÁLEZ; SILVA, 2008).
- O processo de reabsorção tubular renal ocorre por transporte ativo e passivo.
- Nos túbulos contornados proximais, são reabsorvidos,em condições normais, 80% da água
existente no filtrado.
- Por meio do transporte ativo, 100% da glicose e 95% dos aminoácidos são reabsorvidos, enquanto
a reabsorção do sódio ocorre ao nível de 85% por transporte ativo envolvendo a bomba de sódio e
potássio.
- Ali também são reabsorvidos ativamente ácido úrico, bicarbonato, cálcio, fosfato, magnésio e
sulfato, enquanto a reabsorção de água, ácidos fracos não ionizados e ureia acontece passivamente.
- Já a reabsorção de cloretos ocorre de forma passiva por meio de gradiente elétrico (GONÇALVES
et al., 2015).

As poucas proteínas encontradas no filtrado são reabsorvidas quase totalmente. Por meio da
secreção tubular renal, os íons de hidrogênio em excesso são eliminados, e o pH normal do sangue
se mantém.

Outras substâncias que não são filtradas pelos glomérulos são transportadas principalmente para o
filtrado pelas células tubulares proximais. São também secretados nos túbulos contornados distais
ureia, creatinina eácido úrico (GONÇALVES et al., 2015).

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