Este documento apresenta uma revisão sobre a bioquímica renal e urinálise. Discute a fisiologia renal, incluindo a estrutura e função do néfron. Apresenta os exames da urinálise, como o físico, químico e de sedimento, e como interpretar os resultados destes exames. Finalmente, discute provas de função renal como a uréia e creatinina.
Este documento apresenta uma revisão sobre a bioquímica renal e urinálise. Discute a fisiologia renal, incluindo a estrutura e função do néfron. Apresenta os exames da urinálise, como o físico, químico e de sedimento, e como interpretar os resultados destes exames. Finalmente, discute provas de função renal como a uréia e creatinina.
Este documento apresenta uma revisão sobre a bioquímica renal e urinálise. Discute a fisiologia renal, incluindo a estrutura e função do néfron. Apresenta os exames da urinálise, como o físico, químico e de sedimento, e como interpretar os resultados destes exames. Finalmente, discute provas de função renal como a uréia e creatinina.
Trabalho apresentado a Faculdade de Cacoal, como parte integrante dos requisitos para avaliao na disciplina de Patologia Clnica Veterinria, sob a orientao do Prof. Henry Wajnsztejn.
CACOAL 2014 3
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS .............................................................................. 4 1 INTRODUO ................................................................................... 5 2 REVISO DE LITERATURA .............................................................. 6 2.1 Fisiologia Renal ............................................................................ 6 2.2 Urinlise ....................................................................................... 7 2.2.1 Exame Fsico ......................................................................... 8 2.2.2 Exame Qumico ................................................................... 10 2.2.3 Exame do Sedimento .......................................................... 12 2.3 Provas de Funo Renal ........................................................ 14 2.3.1 Uria ................................................................................ 14 2.3.2 Creatinina ......................................................................... 15 CONSIDERAES FINAIS ................................................................. 16 ANEXOS .............................................................................................. 17 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................... 18
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Desenho esquemtico do nfron e do ducto coletor. AAF -arterola aferente, AEF - arterola eferente, CPT - capilar peritubular, RDF - ramo descendente fino, RAF - ramo ascendente fino, RAE - ramo ascendente espesso. Fonte: adaptado de GEIST e LANGSTON (2011).
Figura 2: Estruturas renais e suas funes de acordo com os segmentos. Fonte: Lopes et al., (2007).
Figura 3: esquema de preenchimento da ficha de envio de amostra para urinlise. Fonte: Lopes et al., (2007).
Figura 4: Cristais encontrados em diferentes pH. Fonte: Lopes et al., (2007).
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1 INTRODUO
O sistema renal uns dos mais importantes para manuteno da homeostase, visto que o responsvel pela excreo de metablitos txicos ao organismo. Alm disto, responsvel pela produo de hormnios, regulao de eletrlitos e da presso arterial. A Urinlise extremamente importante quando se suspeita de alguma afeco do sistema excretor. Visto que ela lhe proporciona vrios parmetros, o que facilita no diagnstico. possvel a deteco de um simples clculo, at a uma grave Diabetes. Este trabalho tem como objetivo realizar uma reviso de literatura abordando a fisiologia renal e os principais parmetros analisados na urinlise e como interpret-los.
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2 REVISO DE LITERATURA
2.1 Fisiologia Renal
O rim dos mamferos um rgo de grande importncia, encarregado de uma srie de responsabilidades relacionadas manuteno da homeostasia corporal e controle da maior parte dos constituintes dos lquidos orgnicos. Suas funes bsicas so: filtrar o sangue e excretar os produtos terminais do metabolismo corporal que so inteis ao organismo; recuperar o material filtrado necessrio ao organismo como protenas de baixo peso molecular, gua e eletrlitos; manuteno do equilbrio acidobsico pela reteno ou eliminao de gua ou eletrlitos; produo e liberao de hormnios que exercem um papel vital no controle da presso sangunea sistmica (renina) e na produo de clulas sanguneas vermelhas (eritropoietina) (LOPES et al., 2007). Cada rim contm um nmero de 1 a 1,5 milho de nfrons (STRASINGER, 2000). A unidade funcional dos rins o nfron que formado pelo glomrulo, cpsula de Bowman e tbulos renais (Figura 1). O glomrulo uma rede de capilares interpostos entre as arterolas aferentes e eferentes no crtex renal, destinado especificamente a reter elementos celulares e protenas com mdio a alto peso molecular no sistema vascular e produzir o ultrafiltrado, que inicialmente tem composio eletroltica e aquosa quase idntica a do plasma. As fenestras endoteliais e os podcitos constituem canais para a passagem de gua e elementos acelulares do sangue para o espao de Bowman (VERIANDER, 1999). O ultrafiltrado, depois do espao de Bowman, significativamente alterado medida que atravessa os tbulos renais, onde as substncias filtradas so reabsorvidas e elementos plasmticos so secretados no lquido tubular, de acordo com a especializao funcional e estrutural das clulas epiteliais em cada segmento. No crtex, os nfrons unem-se ao sistema de ductos coletores, que atravessam os rins e terminam no ducto coletor medular, onde ocorrem as alteraes finais do lquido tubular e formao da urina 7
(LUNN, 2011). A Figura 2 demonstra as estruturas renais e suas funes de acordo com o segmento.
2.2 Urinlise
A metodologia citada neste subtopico sero de acordo com a descrio de Lopes et al., (2007). A colheita da urina de fundamental importncia e varia de acordo com a espcie. A urina pode ser obtida das seguintes formas: pode ser obtida no momento da mico natural, por meio de recipiente direcionado oportunamente. Mais indicado para grandes animais, principalmente pela dificuldade de cateterizao. A mico pode ser estimulada em bovinos e equinos por leve massagem perigenital. Em ces pode-se estimular a mico realizando um breve passeio. Deve-se desprezar a poro inicial da amostra de urina colhida por mico natural, pois poder conter detritos celulares, leuccitos e exsudato provenientes da uretra, prepcio e trato genital; ode ser obtida por cateterismo vesical, utilizando-se sondas apropriadas para a espcie, sexo e tamanho do animal. Indicado quando h necessidade rpida de colheita, ou quando teraputico, como em urolitases ou cirurgias. Deve-se tomar cuidado para evitar contaminao com substncias que possam interferir na urinlise, a exemplo das substncias lubrificantes; evitar a traumatizao da uretra; e tambm por cistocentese, que constitui a tcnica de colheita de urina mais adequada para animais de pequeno porte pela facilidade, baixo custo e confiabilidade no resultado do exame. Especificamente indicada para obteno de amostras destinadas cultura bacteriana e antibiograma. Este recurso s praticvel quando a bexiga estiver com volume de urina suficiente, permitindo a puno sem riscos de injrias aos rgos abdominais. O paciente deve ser preparado com tricotomia e antissepsia local e o procedimento deve ser realizado com auxlio de uma seringa estril de 10 ou 20 ml e agulha hipodrmica 25x7/30x8. Para facilitar a identificao do rgo, pode-se fazer a puno com auxlio da ultrassonografia. A urina deve ser colhida em recipiente limpo, podendo ser de vidro ou plstico e obrigatoriamente estril se a amostra for submetida a isolamento 8
bacteriano e antibiograma. Se a amostra de urina no for analisada imediatamente aps a colheita, os frascos escuros so preferveis pois a luz ambiental pode ocasionar a degradao de certos constituintes da urina, tais como bilirrubina e urobilinognio, em menos de uma hora. A primeira urina da manh prefervel, pois provavelmente contm os elementos de significado diagnstico, enquanto a ingesto de lquidos durante o dia dilui a urina. Sempre que possvel, a amostra deve ser processada imediatamente aps a colheita, pois aps 2 horas j ocorrem alteraes dos componentes iniciais. Uma boa maneira de conservar a urina mant-la em temperatura de refrigerao (1 a 4C) por at 12 horas ps-colheita, tomando-se o cuidado de deixar a urina retomar a temperatura ambiente previamente ao exame. O frasco contendo a urina deve ser identificado, e enviado junto com a requisio devidamente preenchida (Figura 3). O exame de urina deve ser realizado e interpretado conforme os resultados. De incio, avalia-se fisicamente a urina, depois o exame qumico, de sedimento e a funo renal.
2.2.1 Exame Fsico
No exame fsico so observados os parmetros de: volume, colorao, odor, aspecto, consistncia e densidade. A quantidade de urina excretada por dia por animais normais depende de alguns fatores, a saber: dieta, ingesto de lquidos, temperatura ambiente e umidade relativa do ar, atividade, tamanho e peso do animal. Como em animais a obteno de urina padro de 24 horas muito difcil, o volume na verdade a quantidade de urina recebida pelo laboratrio. O volume mnimo para a realizao adequada do exame de 10 ml. Em condies de sade, o volume urinrio inversamente proporcional densidade urinria especfica; portanto, o aumento da quantidade de urina excretada, ou poliria, est associado densidade especfica baixa; e a oligria, diminuio do volume urinrio est associada densidade especfica elevada. A cor da urina deve sempre ser considerada associada densidade especfica e volume urinrio. A intensidade da colorao urinria depende da 9
concentrao de urocromos, e varia inversamente com o volume urinrio. A colorao normal da urina pode variar do amarelo-palha ao mbar claro, e em eqinos at a tonalidade amarronzada. Entre as cores mais importantes: Plida ou amarelo-clara: geralmente uma urina diluda com densidade baixa e associada poliria, podendo ser observada na doena renal terminal, ingesto excessiva de lquidos, Diabetes insipidus, hiperadrenocorticismo, piometra, fase polirica da nefrose txica. Amarelo-escura ao mbar: urina concentrada com densidade elevada e associada oligria, podendo ser associada febre, desidratao, diminuio de ingesto hdrica, nefrite aguda, nefrose txica. Alaranjado-mbar a amarelo-esverdeada: forma uma espuma alaranjada ou esverdeada quando agitada e se relaciona com a presena de bilirrubina. Avermelhada: pode indicar presena de hemoglobina e/ou hemcias. Marrom: pode indicar presena de hemoglobina, mioglobina, ou urina normal de equinos aps certo tempo. Azul-esverdeada: pode ser devido ao azul de metileno, que comumente encontrada na composio de antisspticos urinrios. A urina Sui generis ou normal dos herbvoros tem um odor aromtico, mais intenso nos ruminantes, enquanto que nos carnvoros picante e aliceo. O odor da urina dos machos de certas espcies pronunciado, e s vezes at repugnante (suno, felino e caprino). O odor normal da urina conferido pela presena de cidos orgnicos volteis. Entre os odores mais importantes: ptrido (indica necrose tecidual de vias urinrias), adocicado (presena de corpos cetnicos; associado a Diabetes melito e acetonemia da vaca leiteira) e amoniacal (observado na urina de animais com infeco bacteriana). A maioria das espcies domsticas apresenta normalmente urina transparente ou lmpida; a nica exceo o equino, cuja urina turva devido presena de cristais de carbonato de clcio e muco. Apresenta-se turva quando alterada e pode representar uma grande quantidade de leuccitos, eritrcitos, clulas epiteliais de descamao, muco e bactrias do trato urinrio. A contaminao da urina por exsudato de trato genital tambm pode ser a causa da turvao da urina colhida sem cateterizao. A melhor forma de detectar a causa da turvao da urina atravs do exame do sedimento. A consistncia normalmente lquida, e levemente viscosa em equinos. Altera-se na leucocitria ou piria e cristalria. A densidade 10
representa a concentrao dos slidos em soluo urinria e retrata o grau de reabsoro tubular ou da concentrao renal. Preferencialmente obtida por refratometria uma vez que as tiras urinrias no so eficazes para determinar a densidade em caninos. Para determinao, prefere-se o uso do sobrenadante aps a centrifugao. A densidade urinria influenciada por fatores como peso corporal, dieta, exerccio, idade, condies climticas e metabolismo. Os valores normais de densidade especfica urinria variam entre limites muito amplos. De um modo geral, pode-se considerar uma variao entre 1015 e 1045, sendo que uma nica determinao fora destes limites no significa, obrigatoriamente, alterao renal. Portanto, deve ser interpretada junto ao grau de hidratao e ingesto hdrica recente do animal.
2.2.2 Exame Qumico
O exame qumico da urina realizado com o auxlio de fitas reagentes de qumica seca, obtidas comercialmente para laboratrios humanos. importante lembrar que uma baixa densidade urinria significa diluio dos constituintes qumicos urinrios. Dentre os parmetros analisados, esto: pH, Protenas (mg/dl), Glicose (mg/dl), corpos cetnicos, Bilirrubina, Urobilinognio e Sangue oculto. A concentrao hidrogeninica da urina particularmente influenciada pela dieta. Animais mantidos com dieta predominantemente vegetal apresentam urina alcalina, devido presena de bicarbonato de clcio solvel; por outro lado, os animais cuja alimentao rica em protenas e cereais apresentam urina cida, devido presena de fosfatos cidos de sdio e clcio. O pH urinrio , portanto cido nos carnvoros (5,5 a 7,0) e alcalino (7,5 a 8,5) nos herbvoros. So causas de urina alcalina: atraso no processamento e m conservao da amostra, cistite associada a bactrias produtoras de urease (Staphylococcus sp. e Proteus sp.), administrao de alcalinizantes (bicarbonato de sdio), reteno urinria vesical e alcalose metablica ou respiratria. No caso de urina cida, dentre as causas podem ser mencionadas: dieta hiperproteica, administrao de acidificantes (cloreto de 11
amnio, cloreto de clcio), catabolismo de protenas orgnicas (febre, jejum), acidose metablica ou respiratria, principalmente uremia e Diabetes melito. A proteinria deve ser sempre interpretada em associao com a densidade especfica e outros dados clnicos e laboratoriais. Em condies normais a quantidade de protena na urina muito pequena e geralmente as tiras urinrias no detectam. As tiras de urinlise so sensveis para albumina e no para protenas Bence-Jones. A urina normal isenta de glicose, pois a glicose filtrada pelo glomrulo totalmente reabsorvida pelos tbulos contorcidos proximais. A glicosria ocorre sempre que a glicemia exceder a capacidade de reabsoro renal. A glicosria pode estar associada a hiperglicemia na Diabetes melito, no Hiperadrenocorticismo, no tratamento parenteral com glicose e frutose, na pancreatite necrtica aguda, na ingesto excessiva de aucares e administrao parenteral de adrenalina. Os corpos cetnicos (cido aceto-actico, -hidrobutrico e acetona) so produtos do metabolismo lipdico e normalmente esto ausentes na urina. A elevao destas substncias no sangue denominada cetose ou acetonemia. As tiras usadas na rotina no so capazes de mesurar o cido - hidrobutrico. Para esse metablito pode-se usar tiras especficas para determinao no leite, urina e liquido ruminal. As causas de cetonria variam conforme a patogenia e as particularidades do metabolismo das diferentes espcies. Geralmente, a cetonria est relacionada a acidose, ao jejum prolongado, a hepatopatias, a febre em animais jovens e a Diabetes melito em pequenos animais. Em vacas leiteiras, ocorre na cetose por balano energtico negativo e em ovelhas prenhes, cetose associada a hipoglicemia. A bilirrubinria deve sempre ser interpretada em associao a densidade especfica urinria. A urina obtida de ces sadios normalmente contm alguma quantidade de bilirrubina, principalmente quando a amostra possui elevada densidade especfica. O limiar de excreo de bilirrubina no co baixo em condies normais e por isso, normalmente, no se observa. A bilirrubinria est relacionada a hepatopatias (hepatite infecciosa canina, Leptospirose e neoplasias) e a obstruo das vias biliares com colestase intra e extra-heptica. 12
O urobilinognio um cromgeno formado no intestino por ao bacteriana redutora de bilirrubina. Uma parte do urobilinognio excretada atravs das fezes, mas outra absorvida pela circulao porta, retornando ao fgado e sendo eliminada pela bile. Pequena quantidade de urobilinognio atinge os rins atravs da circulao, sendo excretado pela urina. O kit comercial de fitas reagentes geralmente insensvel ao urobilinognio. Para melhor interpretao deve-se realizar a prova de Ehrlich. A urina de ces e gatos geralmente possui reao positiva de urobilinognio at diluio de 1:32. A ausncia ou diminuio do urobilinognio urinrio est relacionado a distrbios intestinais de reabsoro enquanto que o aumento pode ser associado a hepatite por incapacidade funcional de remoo do urobilinognio da circulao, cirrose heptica e ictercia hemoltica. O sangue na urina normal quando ausente. Os testes laboratoriais de rotina no diferenciam hematria de hemoglobinria e para isso, deve-se centrifugar a amostra e observar sedimento e sobrenadante. Na hematria verdadeira o sobrenadante fica lmpido enquanto na hemoglobinria, fica avermelhado. As causas de hemoglobinria esto relacionadas a certas doenas infecciosas (Leptospirose, Piroplasmose e determinadas estreptococoses), fotossenssibilizao e plantas txicas, intoxicao por agentes qumicos (Cobre e Mercrio), transfuses sanguneas incompatveis, Anemia Infecciosa Equina e doena hemoltica do recm-nascido. So causas de mioglobinria: mioglobinria paraltica dos eqinos e acidente botrpico (cobra cascavel).
2.2.3 Exame do Sedimento
O exame do sedimento deve ser padronizado e para um exame representativo, deve-se utilizar 5 a 10mL de urina fresca e centrifug-la a 1500rpm por 5 a 10 minutos. O sedimento obtido desprezando-se o sobrenadante e ressuspendendo-o em aproximadamente 1mL. Uma gota colocada sobre uma lmina e coberta por uma lamnula. A leitura deve ser realizada em microscpio ptico em objetiva de 40x e para aumentar o contraste, deve-se abaixar o condensador. So observadas a presena de 13
clulas epiteliais de descamao, hemcias, leuccitos, cilindros, bactrias e cristais. Com relao s clulas epiteliais de descamao o normal quando esto ausentes ou discreta presena. Quando em quantidade elevada (>5clulas/campo) podem indicar leso local ou difusa. As clulas podem ser diferenciadas quanto sua morfologia como do epitlio renal, pelve, vesical, uretral e vaginal. As hemcias so menores que os leuccitos e normal quando na quantidade de 1 a 2/campo de observao no microscpio e quando superior a 5/campo pode ser considerado hematria. A hematria, que pode ser macro ou microscpica est relacionada a Inflamaes do trato urinrio (pielonefrite, ureterite, cistite, pielite, prostatite), traumas (cateterizao, cistocentese, neoplasias renais vesicais ou prostticas), congesto passiva renal, infarto renal, certos parasitas (Dioctophima renale, Sthefanurus sp, Dirofilariose), intoxicao (cobre e mercrio), distrbios hemostticos, estro e ps-parto. J os Leuccitos apresentam-se como clulas granulares maiores que as hemcias, porm menores que as clulas epiteliais. Normal quando 1 a 2/campo e quando maior que 5/campo considerado leucocitria ou piria. Em pH alcalino, os leuccitos tendem a apresentar-se sob a forma de grumos. As causas de leucocitria podem ser inflamaes renais (nefrite, glomerulonefrite, pielonefrite), inflamaes do trato urinrio inferior (uretrite, cistite) e inflamaes do trato genital (vaginite, prostatite e metrite). Os Cilindros so constitudos primariamente de mucoprotena e protena que se aderem ou no a outras estruturas; normal quando ausentes. Representam moldes dos tbulos onde so formados, como nos ductos coletores, tbulos contorcidos e ala de Henle. A formao dos cilindros d-se na poro renal tubular, onde a urina atinge concentrao mxima e acidez, o que favorece a precipitao de protenas e mucoprotenas. Qualquer leso tubular presente no momento da formao dos cilindros pode refletir na composio dos mesmos. No se formam em baixas densidades ou em pH alcalino. A presena de bactrias normal quando quantidade discreta e deve ser interpretado considerando o mtodo de colheita. Normalmente a urina estril at atingir o plo distal da bexiga e observa-se em ces que h uma 14
populao bacteriana normal maior na extremidade distal. Cuidado com falsa bacteriria por tempo prolongado de exposio da amostra de urina previamente ao exame. Uma grande quantidade de bactrias em amostra de urina fresca sugere infeco bacteriana em algum ponto do trato urinrio, especialmente quando associada a outros sinais de inflamao como piria, hematria e proteinria. Os Cristais so produtos finais da alimentao do animal e dependem para sua formao do pH urinrio. A grande quantidade pode indicar urolitase, embora possa haver clculos sem cristalria e vice-versa. Exemplos de cristalria em PH alcalino e cido esto na Figura 4.
2.3 Provas de Funo Renal
Os testes bioqumicos de funo renal so realizados para o diagnstico de doena renal e para a monitorizao do tratamento. Os testes devem ser realizados aps um criterioso exame clnico e analisados juntamente com a urinlise. A amostra deve ser obtida sem anticoagulante, porm, eventualmente algumas tcnicas permitem o uso de plasma heparinizado ou com EDTA. Alguns cuidados devem ser tomados na colheita de sangue, como garroteamento prolongado, hemlise e obteno de amostra suficiente para realizao dos testes. As principais provas bioqumicas de funo renal incluem a determinao da uria e creatinina sricas/plasmticas.
2.3.1 Uria
A uria produzida no fgado atravs da arginase e o principal produto final do catabolismo protico. Por ser de baixo peso molecular, a uria difunde-se igualmente pelos fludos orgnicos. A uria excretada atravs do filtrado glomerular, em concentrao igual do sangue. Parte, em torno de 25 a 40%, reabsorvida atravs dos tbulos, na dependncia do fluxo urinrio e 60% eliminada atravs da urina. Quando h maior velocidade de fluxo h menor absoro de uria e vice-versa. Em situaes em que ocorre diminuio da filtrao glomerular, observa-se maior reteno da uria. Isso ocasiona um 15
aumento da concentrao sangunea, mas somente ser considerada azotemia renal primria quando 75% dos nfrons de ambos os rins esto afuncionais. A concentrao de uria afetada por fatores extra renais como ingesta proteica elevada e jejum prolongado. Devido a essas interferncias, a uria no um bom indicador do funcionamento renal quando analisada unicamente. Para se analisar a funo renal, esse parmetro deve ser interpretado juntamente aos nveis de creatinina, protena e densidade urinrias. A reduo dos nveis de uria pode ocorrer pela diminuio da produo como em casos de Insuficincia heptica, na cirrose, no Shunt porto-sistmico e em casos de reduo da protena diettica e hipoproteinemia.
2.3.2 Creatinina
A creatinina formada atravs do metabolismo da creatina e fosfocreatina muscular. O nvel sanguneo no afetado pela dieta, idade e sexo embora elevado metabolismo muscular possa aumentar os nveis de creatinina na circulao. A creatinina totalmente excretada pelos glomrulos, no havendo a reabsoro tubular. Devido a isso, pode ser usada como ndice de filtrao glomerular. Alm disso, por ser facilmente eliminada (4 horas), a elevao na circulao ocorre mais tardiamente nos estados de insuficincia renal, quando comparado com a uria sangunea (1,5 horas). A creatinina pode estar elevada no soro devido a fatores pr renais como diminuio do fluxo sanguneo, renais como a diminuio da filtrao glomerular e ps-renais como a ruptura e/ou obstruo do trato urinrio.
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CONSIDERAES FINAIS
Os rins so o filtro do nosso organismo. Alteraes relacionadas a filtrao, podem comprometer a vida do animal, alm de outras patologias que no so de origem renal, mais so possveis de serem evidenciadas com o exame de urina, sendo a Diabetes a principal. um exame de fcil acesso que por muitas vezes negligenciado
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ANEXOS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
GEIST, M.; LANGSTON, C. Laboratory evaluation of kidney disease. Veterinary Medicine, Chicago, p. 243-251. 2011.
LOPES, S.T.A; BIONDO, A.W. e SANTOS, A.P. Manual de Patologia Clnica Veterinria. 3 Edio, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria RS, 2007.
LUNN, K.F. The kidney in critically ill small animals. Veterinary Clinics of North America Small Animal Practice, Philadelphia, v. 41, p. 727-744, 2011.
STRASINGER, S.K. Uroanlise e fluidos biolgicos. 3. ed. So Paulo, SP: Premier, 2000.
VERIANDER, J.W. Fisiologia renal. In: CUNNINGHAM, J.G. Tratado de fisiologia veterinria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. p. 409 -442.
Solicitação e Interpretação de Exames Laboratoriais: Uma visão fundamentada e atualizada sobre a solicitação, interpretação e associação de alterações bioquímicas com o estado nutricional e fisiológico do paciente.