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11/08/2023, 13:14 Avaliação Laboratorial do Sistema Urinário

Avaliação Laboratorial do Sistema Urinário


Prof.ª Elen de Oliveira

Descrição

Fundamentos básicos da formação, coleta e principais alterações laboratoriais observadas em exames de


urina.

Propósito

Compreender o conceito da formação da urina, bem como os métodos empregados para sua coleta e
avaliação na rotina laboratorial, é importante para capacitar o profissional de laboratório a interpretar
resultados que se relacionem com alterações clinicamente importantes no sistema urinário.

Preparação

Tenham em mãos um dicionário médico.

Objetivos
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Módulo 1

Introdução ao estudo da formação da urina


Descrever o processo de formação da urina e sua importância enquanto exame laboratorial.

Módulo 2

Coleta, armazenamento e transporte da urina


Identificar os principais aspectos da coleta, armazenamento e transporte da urina.

Módulo 3

Exame de urina
Descrever os diferentes tipos de exames de urina e suas aplicações no diagnóstico diferencial.

meeting_room
Introdução
Você sabia que o marco histórico reconhecido como sendo o início da Medicina Laboratorial se deu a partir
da análise da urina? Isso mesmo! Podemos encontrar ao longo dos últimos 6 mil anos da história
referências ao estudo da urina tanto em desenhos de homens das cavernas quanto em hieróglifos egípcios.

A urina nada mais é do que o ultrafiltrado de plasma formado continuamente pelos rins. Sua avaliação é
parte fundamental da rotina de acompanhamento de um paciente, pois é de fácil coleta, baixo custo e

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contém informações relevantes sobre muitas das principais funções metabólicas do organismo. A análise
da urina funciona como um espelho, que nos permite acompanhar o estado de saúde de um indivíduo, a
partir da avaliação de diversos parâmetros laboratoriais.

Qualquer tipo de alteração na sua formação e/ou composição pode estar associada a algum evento
patológico. Esse comprometimento pode se refletir na avaliação macroscópica ou microscópica do material
e ser identificado em laboratório. Vamos a partir de agora estudar com mais detalhes todo esse processo.

Orientação sobre unidade de medida

Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de
tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a
unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o
padrão internacional de separação dos números e das unidades.

1 - Introdução ao estudo da formação da


urina
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever o processo de
formação da urina e sua importância enquanto exame laboratorial.

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Anatomia do Trato Urinário


Por definição, as vias urinárias são constituídas por dois rins, dois ureteres, pela bexiga e pela uretra. Os rins
são órgãos retroperitoneais, em formato de feijão, com tamanho aproximado de um punho fechado, que se
localizam um de cada lado da coluna vertebral. São cobertos por uma cápsula fibrosa, responsável por
conferir proteção e auxiliar na sua fixação. Possuem uma superfície externa (convexa e arredondada) e
outra interna (côncava, denominada hilo). Perpassam por cada hilo vasos sanguíneos, nervos e um ureter.

Sistema urinário.

A porção do ureter que se encontra dentro do rim é formada por várias estruturas chamadas de cálices,
compostas por uma reunião de cálices de menor tamanho, os quais se encaixam sobre o tecido renal
formando uma estrutura que conhecemos como pirâmide. O ápice de cada pirâmide é denominado papila e
se projeta para um cálice menor. As pirâmides constituem a região da medula do rim, e ao redor do tecido
medular encontramos a região do córtex renal. Essas regiões diferem entre si tanto em relação às suas
características estruturais quanto funcionais.

Estrutura do rim.

Cada rim possui aproximadamente 1,2 milhão de néfrons, que são conhecidos como a unidade
morfofuncional do seu funcionamento. De forma simplificada, a urina formada nos néfrons segue pelos
ureteres até a bexiga, onde pode ser armazenada até ser excretada pela uretra. Cada néfron é formado por
estruturas esféricas de filtração chamadas de corpúsculo renal ou cápsula de Bowman (presentes apenas

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na região do córtex renal), por túbulos renais e ductos coletores. Esses ductos coletores se reúnem na
papila renal formando o ureter, que irá transportar a urina até a bexiga. Cada rim contém dois tipos de
néfrons:

Corticais
Compreendem cerca de 85% dos néfrons e são responsáveis principalmente pela remoção de
resíduos e reabsorção de nutrientes.

Justamedulares
Sua função primordial é concentrar a urina.

A capacidade dos rins de depurarem metabólitos do sangue mantendo simultaneamente o equilíbrio de


água e eletrólitos é controlada pelos néfrons, por meio do fluxo sanguíneo renal, da filtração glomerular e da
reabsorção e secreção tubulares.

Estrutura do néfron.

A cápsula de Bowman, situada no córtex renal, é a região onde encontramos uma rede de alças capilares
que se organiza como uma espécie de “novelo de lã”, conhecido como glomérulo. Essas alças são formadas
pelas ramificações de duas arteríolas que penetram na cápsula de Bowman:

Arteríola aferente
Responsável por levar o sangue para os capilares do glomérulo.

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Arteríola eferente
Responsável por drenar o sangue.

A principal função do glomérulo é funcionar como uma primeira barreira de filtração, possibilitando que
grandes volumes de líquidos dos capilares sejam filtrados impedindo a passagem de proteínas plasmáticas
grandes, como, por exemplo, a albumina.

Os túbulos renais começam e se estendem a partir da cápsula de Bowman e são envolvidos por uma rede
de capilares peritubulares, por onde circulam os solutos reabsorvidos e secretados pelo néfron. São
subdivididos em uma sequência de segmentos que partem do córtex, descem pela medula e retornam ao
córtex renal, passando por entre as arteríolas da cápsula de Bowman. São eles:

Túbulo contorcido proximal

Ramo descendente da alça de Henle

Ramo ascendente da alça de Henle

Túbulo contorcido distal

Túbulo conector

Os túbulos conectores de vários néfrons se unem para formar os ductos coletores, os quais se fundem para
formar ductos maiores que, chegando à porção final, passam a ser chamados de ductos coletores
papilares. Esses ductos drenam cada um para um cálice renal que são contínuos com o ureter. Após a
entrada no cálice, o líquido tubular, que passa a ser denominado de urina, não é mais alterado até sua
excreção.

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O néfron e seus componentes.

Fisiologia renal
De todo o volume de plasma que passa pelos rins, a cada minuto, cerca de 20% são filtrados para os túbulos
renais, que retêm as proteínas plasmáticas de maior peso molecular. Ao longo do processo, os rins
seletivamente reabsorvem frações das substâncias filtradas de volta para o sangue, sendo excretada a
porção não reabsorvida. Substâncias também podem ser acrescentadas ao conteúdo que será excretado
por secreção ou síntese.

Pensando de forma lúdica, os túbulos renais funcionariam como um centro de linha de montagem,
aceitando o líquido que chega, realizando alterações em seu conteúdo e o encaminhando para o próximo
segmento que dará continuidade a esse processo até a formação do produto final: a urina.

A partir dos processos de filtração, reabsorção e secreção, os rins exercem funções variadas: excreção de
produtos do metabolismo (ureia, ácido úrico e creatinina) e de outras substâncias estranhas; manutenção
do equilíbrio hídrico, eletrolítico e acidobásico; regulação do volume de líquido extracelular; da osmolaridade
plasmática; da produção de hemácias; da resistência vascular; da produção de vitamina D; gliconeogênese;
e a formação da urina.

Elementos fundamentais da função renal: filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular.

Filtração Glomerular
A produção da urina começa com a filtração glomerular, processo pelo qual a água e os solutos do sangue
deixam o sistema vascular pelos glomérulos (barreira de filtração). O filtrado glomerular (líquido que está
dentro da cápsula de Bowman) é similar ao plasma sanguíneo, mas possui uma quantidade muito pequena
de proteínas totais, visto que as grandes proteínas plasmáticas e os lipídeos ficam retidos na barreira de
filtração por conta de seus tamanhos.

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O filtrado contém principalmente íons inorgânicos (sódio, potássio, cloreto, bicarbonato) e solutos orgânicos
de baixo peso molecular: sem carga elétrica (glicose e ureia); aminoácidos e peptídeos (insulina e hormônio
antidiurético). O volume de filtrado formado por unidade de tempo é chamado de taxa de filtração
glomerular (TFG).

Curiosidade
Você acredita que, em um adulto jovem e saudável, a TGF é de cerca de 180L/dia?

Temos em média, em nosso organismo, cerca de 3L de volume de plasma total, o qual é filtrado pelos rins
cerca de 60 vezes por dia! Impressionante, não é mesmo?

É a capacidade de filtrar grandes volumes de plasma que possibilita aos rins excretar grandes quantidades
produtos de degradação, bem como participar de maneira fundamental e efetiva na regulação dos
constituintes do meio interno.

Reabsorção e secreção tubulares


A reabsorção é o processo de movimento de substâncias por meio da camada epitelial para o interstício
circundante. Quase todo o volume filtrado precisa ser reabsorvido, caso contrário, com uma taxa de filtração
de 180L por dia, faríamos tanto xixi que teríamos sérios problemas de desidratação. À medida que o filtrado
flui da cápsula de Bowman pelas porções tubulares, sua composição vai se modificando, principalmente
pela reabsorção tubular, mas também pelo acréscimo de substâncias – secreção tubular. A secreção é o
processo de transporte de substâncias do citosol das células que formam as paredes do néfron para a luz
tubular. Como vimos anteriormente, os túbulos estão envoltos em uma rede de vascularização, que
possibilita a rápida troca de substâncias entre o plasma e a luz do túbulo, através do espaço intersticial.

Atenção!
É importante termos em mente que, para cada substância presente no plasma, existe uma forma de
filtração, reabsorção e secreção, e que essas substâncias estão sujeitas ao controle fisiológico. Dizendo de
outro modo, mudanças na taxa de filtração, reabsorção e secreção regulam a excreção de substâncias
quando estas estão acima ou abaixo do normal, com o intuito de manter o organismo em equilíbrio. São as
relações entre esses processos que irão determinar a quantidade que será excretada.

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Concentração Renal: mecanismos de reabsorção e secreção.

Excreção
A excreção é o processo pelo qual ocorre a eliminação de substâncias do organismo através da urina,
produzida como o produto final da filtração dos rins. É sua composição e formação que vamos estudar com
mais detalhes a seguir.

Composição e formação da urina


Como sabemos, o sangue proveniente das arteríolas aferentes é filtrado nos rins pelos glomérulos, onde se
produz o ultrafiltrado de plasma. A reabsorção de água e de substâncias essenciais para função orgânica
transforma cerca de 180 litros de ultrafiltrado de plasma em uma produção diária média de 1,2 litros de
urina.

A urina é formada por substâncias orgânicas e inorgânicas dissolvidas


em água, sendo composta basicamente por 95% de água e 5% de
solutos.

É importante lembrar que variações nas concentrações dos solutos podem ocorrer em virtude de influência
de alguns fatores externos, como, por exemplo, alimentação, atividade física, metabolismo e funções
endócrinas.

A ureia, principal produto metabólico do fígado, é formada a partir da quebra de proteínas e aminoácidos,
representando quase metade da quantidade de soluto presente na urina. A creatinina e o ácido úrico
também são exemplos de substâncias orgânicas comumente encontradas.

Saiba mais
Para avaliar se um fluido desconhecido se trata de urina, podemos identificar a presença de ureia e
creatinina, uma vez que essas substâncias estão presentes em concentrações muito maiores na urina do
que em qualquer outro fluido corporal.

Dentro do cenário das substâncias inorgânicas, o cloreto é o principal íon encontrado, seguido do sódio e do
potássio. Pode-se observar ainda a presença de hormônios, vitaminas e medicamentos. Outros elementos
como células, cristais, muco e bactérias também podem ser visualizados e, apesar de não fazerem parte do
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ultrafiltrado de plasma, alterações nas quantidades desses elementos geralmente são indicativos de
doença.

A seguir, os principais componentes encontrados na urina normal.

Ureia: Componente orgânico mais prevalente. Produto do metabolismo de proteínas e aminoácidos.

Creatinina: Produto do metabolismo da creatina muscular.

Ácido úrico: Produto da degradação dos ácidos nucleicos.

Cloreto: Íon inorgânico mais prevalente.

Sódio: Proveniente principalmente do sal, variando de acordo com a ingestão desse elemento.

Potássio: Associa-se com cloreto e outros ânions.

Fosfato: Associa-se com o sódio para tamponar o sangue.

Amônia: Regulação da acidez tecidual e sanguínea.

Cálcio: Associa-se com cloreto, sulfato e fosfato.

O volume de urina produzido diariamente depende diretamente da quantidade de água excretada pelos rins.
Uma vez que a água é o principal componente das células e representa mais da metade do peso total do
corpo de um adulto, a quantidade excretada é normalmente determinada pelo estado de hidratação do
indivíduo. Dentre os fatores que influenciam o volume final de urina, vale a pena destacar:

Ingestão de líquidos.

Perda de líquidos por outra razão que não seja renal (queimaduras por exemplo).

Variações na secreção hormonal (hormônio antidiurético).

Aumento da necessidade de excreção de solutos como a glicose ou sais.

Curiosidade
Um adulto médio produz entre 600mL e 2L de urina por dia (cerca de 0,5mL/kg/hora), enquanto durante a
noite esse volume dificilmente ultrapassa 400mL. Crianças pequenas podem excretar cerca de três a quatro

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vezes mais urina por kg de peso.

Importância e fase pré-analítica do exame


de urina

Importância do exame de urina


O exame de urina proporciona ao clínico informações precisas sobre doenças relacionadas aos rins e ao
trato urinário, bem como sobre algumas doenças extrarrenais. Por ser simples, barato e ser de fácil
obtenção é um dos principais exames de rotina solicitados para contextualizar o estado de saúde de um
paciente, em associação com outros exames clínico-laboratoriais, uma vez que os rins participam de várias
funções regulatórias do organismo.

A partir da filtração glomerular e da secreção tubular, inúmeros resíduos (produtos nitrogenados do


catabolismo de proteínas, ácidos e bases inorgânicos) são eliminados do corpo. Além disso, os rins
participam ativamente da regulação hormonal, como a produção de eritropoietina e renina, além da ativação
da vitamina D. Qualquer perturbação nessas funções por alguma falha renal ou sistêmica pode se refletir
em alterações na composição urinária.

Fase pré-analítica do exame de urina


Antes da realização de qualquer exame, a amostra de urina precisa ser avaliada quanto à sua aceitabilidade.
As considerações incluem, principalmente, o uso de recipientes e rotulagem adequada, presença de
requisição médica, avaliação da integridade do material e verificação da ocorrência de atrasos no
transporte. Cada laboratório de rotina deve ter por escrito suas diretrizes aplicadas para a aceitação ou
rejeição de uma amostra. Vamos agora abordar mais detalhadamente alguns desses aspectos pré-
analíticos importantes:

Recipientes
As amostras devem ser coletadas em recipientes limpos, secos e à prova de vazamentos. O uso de
recipientes descartáveis é o indicado, uma vez que eliminam a chance de contaminação por lavagem

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inadequada. Esses recipientes podem ser encontrados em uma variedade de tamanho e formas – podem
ser do tipo sacolas com adesivo para coleta pediátrica ou até mesmo grandes recipientes para coleta de
urina de 24 horas.

Recomendação
É recomendado que os recipientes tenham uma boca ampla para facilitar a coleta de urina de pacientes do
sexo feminino e fundo plano para evitar que o frasco vire. Devem ser transparentes para que se possa fazer
a avaliação macroscópica do material (avaliação da cor e aspecto). Para estudos microbiológicos na urina,
é mandatório que os frascos sejam estéreis, tenham a capacidade de armazenar entre 50 – 100mL de urina
e que tenham abertura de no mínimo 5cm de diâmetro, facilitando a coleta tanto para pacientes do sexo
feminino como do sexo masculino.

Frasco transparente de 100mL

Saco coletor de urina pediátrica

Frasco para coleta de urina de 24 horas


Rotulagem
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Uma amostra devidamente rotulada deve apresentar o nome completo do paciente, o número de
identificação, a data e o tempo de coleta, que são considerados como requisitos mínimos. Informações
adicionais podem ser incluídas de acordo com o protocolo de cada laboratório.

Exemplos correto e errado de rotulagem de uma amostra de urina.

Requisição médica
Deve acompanhar o material entregue no laboratório, e as informações contidas na requisição precisam
corresponder àquelas informadas no rótulo do material para que a amostra seja aceita. Informações
adicionais podem estar presentes, como, por exemplo, dados clínicos do paciente.

Integridade do material
Logo após a coleta, a amostra deve ser encaminhada ao laboratório dentro de um prazo de 2 horas. Quando
esse prazo não puder ser respeitado, é necessário que a urina seja armazenada sob refrigeração ou que seja
coletada em um recipiente com conservante químico específico para preservar sua viabilidade. A tabela a
seguir relaciona as principais alterações que podem ocorrer em um material de urina não preservado após 2
horas da coleta. Observe que boa parte das alterações de integridade envolve a proliferação bacteriana.

Analito Mudança - Razão

Cor Escurecida – oxidação / redução de metabólitos

Limpidez Diminui – crescimento bacteriano

Odor Aumenta – crescimento bacteriano

pH Aumenta – quebra da ureia em amônia por enzimas bacterianas

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Analito Mudança - Razão

Glicose Diminui – consumo bacteriano

Cetonas Diminui – consumo no metabolismo bacteriano

Bilirrubina Diminui – convertida a biliverdina

Urobilinogênio Diminui – se oxida em urobilina

Nitrito Aumenta – multiplicação bacteriana

Hemácias e Leucócitos Diminui – destruição em pH alcalino

Bactérias Aumenta – multiplicação

Trichomonas Diminui – perda de mobilidade e morte

Tabela: Alterações observadas em uma urina não preservada.


Strasinger; Di Lorenzo (2014), pg 31.

Como podemos observar até aqui, para que o exame de urina seja um reflexo das variações das condições
do trato urinário, é necessário que as amostras de urina sejam corretamente colhidas e processadas.

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Fase pré-analítica do exame de urina
Neste vídeo, a especialista apresenta a importância do exame de urina e mostra os critérios necessários
para sua realização.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1

Aprendemos que a urina tem em sua composição diferentes substâncias. Qual o principal componente
inorgânico presente na urina?

A Sódio

B Cálcio

C Fosfato

D Cloreto

E Ureia

Parabéns! A alternativa D está correta.

O principal íon inorgânico na urina é o cloreto, seguido do sódio e do potássio. A ureia representa a
principal substância orgânica, formada a partir da quebra de proteínas e aminoácidos no fígado, e
representa quase metade da quantidade de soluto presente na urina.

Questão 2

A principal causa de resultados não confiáveis em uma amostra de urina não preservada
adequadamente e testada 8 horas após a coleta é

A crescimento bacteriano.

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B diminuição de pH.

C aumento na contagem de hemácias e leucócitos.

D aumento de bilirrubina.

E diminuição de nitrito.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O tempo de envio da amostra ao laboratório deve acontecer dentro de um prazo de 2 horas. Quando
esse prazo não puder ser respeitado, o material estará sujeito tanto à decomposição biológica quanto a
modificações químicas. A maioria das alterações de integridade envolvem a proliferação bacteriana.

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2 - Coleta, armazenamento e transporte da


urina
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais
aspectos da coleta, armazenamento e transporte da urina.

Tipos de coleta de urina


Para se obter uma amostra para testes analíticos, que seja, de fato, um retrato do metabolismo de um
paciente, é importante estar atento a certas particularidades e necessidades especiais de coleta do
material. Na grande maioria das vezes, essas particularidades incluem o conhecimento, por parte do
laboratório, de quais medicamentos o paciente faz uso, instruções quanto à necessidade de uma dieta
específica, ao método de coleta mais apropriado, dentre outras.

Atenção!
É fundamental orientar o paciente e, caso ele necessite seguir um procedimento de coleta especial, é
preciso se certificar de que as informações sejam compreendidas claramente. Essa é uma condição pré-
analítica que impacta diretamente na interpretação e na validade do resultado.

Em linhas gerais, os exames laboratoriais de urina se enquadram em três categorias: exames químicos,
bacteriológicos e microscópicos. Vários tipos de coleta de urina podem ser indicados, a depender do tipo de
análise laboratorial que precisa ser realizado: amostra aleatória, primeira amostra da manhã, urina de 24
horas (ou com tempo marcado), urina colhida via cateter ou sonda, punção suprapúbica, coleta pediátrica e
monitorização do uso de drogas.

Representação esquemática de um rim e seu produto final: a urina.

Vamos agora abordar mais detalhadamente cada um deles.

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Amostra aleatória ou randômica


A amostra aleatória de urina, também conhecida como randômica, é o tipo de material mais frequente na
rotina do laboratório de análises clínicas, devido à sua praticidade. Pode ser coletada a qualquer momento,
de preferência a jato médio, após assepsia e respeitando-se o intervalo de pelo menos 2 horas entre a última
micção e a coleta da amostra. É útil para testes de triagem de rotina para detectar alterações evidentes em
situações de emergência, urgência e em casos de pacientes internados em unidade de tratamento intensivo.

Se por um lado a praticidade de coleta a qualquer momento representa uma grande vantagem, por outro, a
falta de condições controladas pode se mostrar como uma desvantagem quando a interpretação de
resultados não for conclusiva. Nesses casos, será solicitada ao paciente uma coleta adicional sob
condições melhor determinadas.

Primeira amostra da manhã


Tipo de exame considerado padrão ou mais adequado para se fazer a maioria das investigações em urina. É
indicado também em casos de suspeita de gravidez (por minimizar a chance de falso-negativo) e para
avaliar proteinúria ortostática – condição benigna resultante do aumento de proteína na urina,
principalmente quando o paciente está de pé. Ela deve ser colhida:

Pela manhã, ao acordar após 8 horas de repouso e, pelo menos, 4


horas após a última micção.

Com o paciente em jejum.

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Antes de se realizar qualquer atividade.

Por estar mais concentrada, essa amostra é a melhor alternativa para detecção de componentes químicos e
análise de sedimento que podem não estar presentes em uma amostra randômica diluída. Além disso, esse
tipo amostra possui pH mais baixo em decorrência da diminuição da respiração durante o sono, sendo mais
fácil a identificação de crescimento de bactérias, refletindo melhor a situação clínica do paciente.

Urina de 24 horas (ou com tempo marcado)


A urina de 24 horas é o exame indicado quando é necessário medir a quantidade exata de um componente
químico na urina ao invés de apenas relatar sua presença ou ausência. Quando solutos possuem
concentrações que variam ao longo do dia e de acordo com as atividades diárias, a coleta de urina de 24
horas é indicada. É muito importante nesse caso a cooperação do paciente, que deve ser instruído de forma
precisa e clara quanto ao início e término da contagem do período de coleta, uma vez que a coleta
incompleta é o problema mais frequente associado a esse tipo de material biológico. A concentração da
substância a ser avaliada deve ser calculada a partir do volume de urina produzido durante esse período. Ao
ser entregue ao laboratório, a amostra deve ser bem homogeneizada e o volume medido com precisão.
Toda a amostra deve ser mantida sob refrigeração durante todo o período da coleta.

Saiba mais
Uma maneira de se certificar se a amostra foi realmente colhida por 24 horas é fazendo a divisão do valor
de creatinina urinária pelo peso do paciente. Se uma mulher de 60kg elimina 1050mg de creatinina em 24
horas, isso corresponde a 17,5mg/kg. Valores fora do padrão de referência indicam a possibilidade de a
amostra não ter sido coletada de forma apropriada.

Valores de Referência:

Mulheres 10-20mg/kg
Homens 15-25mg/kg

Tipos de coleta especiais de urina

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Urina colhida via cateter ou sonda


É um procedimento de coleta realizado pelos profissionais de enfermagem, com solicitação médica. Essa
amostra é obtida em condições estéreis, passando-se o cateter através da uretra até a bexiga. Geralmente, é
indicada para exames de cultura bacteriana.

Por ser um procedimento invasivo, pode, em alguns casos, representar uma porta de entrada para infecções
oportunistas. Entretanto, faz-se necessário esse tipo de coleta em determinadas situações, especialmente
entre os pacientes que são incapazes de controlar a micção.

Materiais para coleta de urina via cateter urinário

Paciente com a urina sendo coletada via cateter

Punção suprapúbica
É um procedimento médico no qual a assepsia é indispensável para a obtenção de uma amostra válida. No
momento da coleta, a bexiga deve estar cheia e a punção deve ser realizada 1cm acima do osso pubiano,
introduzindo externamente uma agulha do abdômen até a bexiga. Quando bem executada, a amostra
coletada é estéril, apresentando-se como grande vantagem a confiabilidade do resultado que indique a
presença de infecções do trato urinário em culturas bacterianas. A amostra de punção suprapúbica também
pode ser utilizada para análises citológicas.

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Esquema ilustrando a coleta de urina via punção


suprapúbica

coleta sendo realizada em um paciente

Coleta pediátrica
Amostras de urina pediátrica, na maioria das vezes, se transformam em uma missão difícil, seja pela idade
da criança seja pelas condições nas quais se encontram. Na grande maioria das vezes, a coleta em crianças
que ainda não apresentam controle urinário ocorre por meio de saco coletores transparentes, com adesivos
hipoalergênicos.

Saco coletor de urina pediátrico.

É necessário que se faça a higiene prévia dos órgãos genitais da criança antes de sua aplicação, assim
como é importante verificar com frequência se a criança já urinou. Isso porque o risco de contaminação
com células epiteliais é alto, mesmo seguindo todos os processos recomendados. Sendo assim, é indicado

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que a cada uma hora o saco coletor seja trocado para minimizar os índices de contaminação que podem
interferir na confiabilidade do resultado.

Uma alternativa, também para crianças que não possuem controle urinário, é a coleta de urina por inserção
de cateter ou aspiração suprapúbica, para os casos de necessidade de coleta em condições estéreis.
Entretanto, sua indicação precisa ser muito bem avaliada uma vez que se trata de um procedimento mais
invasivo.

Monitorização do uso de drogas


É possível realizar a monitorização do uso de drogas coletando amostras de urina. Entretanto, essa etapa é
a parte mais vulnerável de um programa de teste de drogas. Para garantir que não houve troca de resultados
entre indivíduos, é necessário que se sigam estritamente os procedimentos de coleta e de envio da
documentação, que deve acompanhar o material por todas as etapas, desde a coleta até a revisão médica
final do laudo.

Para que se resguarde que o material não sofreu adulteração, a amostra passa por um rigoroso sistema de
controle, no qual só podem ter acesso ao material pessoas autorizadas.

Atenção!
A temperatura da urina é um dos parâmetros de avaliação de aceitabilidade, devendo ser medida até 4
minutos após a coleta. Urinas fora da faixa de temperatura de 32,5°C – 37,7°C podem indicar adulteração ou
contaminação da amostra. Alterações na cor da urina imediatamente após a coleta também podem indicar
a presença de contaminantes.

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Material de urina sob investigação de uso de drogas.

Preparação do paciente para a coleta de


amostra
Um dos mais frequentes erros pré-analíticos ocorre na primeira fase do exame: a realização não apropriada
da coleta da amostra, em especial quando se depende ativamente do próprio paciente para que esse
processo seja bem-sucedido. Por conta disso, em se tratando da solicitação de um exame de urina, é
importante que o paciente:

Seja informado da necessidade da coleta de uma amostra de urina para a realização do exame
solicitado.

Seja orientado oralmente e por escrito sobre como proceder para a coleta da amostra de urina, de
preferência com material ilustrativo para facilitar a compreensão. O paciente também deve ser orientado
a informar se está fazendo uso de medicação.

Parece simples, não é mesmo?

Mas, na prática laboratorial, não se mostra tão simples assim. A frequência de amostras impróprias por
sinais de contaminação costuma ser elevada devido à coleta inadequada.

É importante lembrar que a lavagem cuidadosa das mãos é o ponto de partida inicial para uma boa coleta
tanto entre os pacientes do sexo feminino quanto do masculino.

Técnica para a lavagem de mãos.

Certas particularidades que envolvem a anatomia feminina e a masculina precisam ser consideradas para o
sucesso da coleta. A tabela, a seguir, resume as principais diferenças entre pacientes do sexo feminino e

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masculino no que diz respeito às recomendações de coleta de urina para amostra aleatória (randômica) e
primeira amostra da manhã.

Mulheres Homens

PASSO 1 Lavar cuidadosamente as mãos.

PASSO 2 Afastar os lábios vaginais. Retrair o prepúcio.

Assepsia dos órgãos genitais


PASSO 3 externos em torno da uretra Assepsia da glande peniana com água.
com água.

PASSO 4 Secar com lenços de higiene.

Manter os lábios vaginais Fazer a coleta de urina sem permitir


PASSO 5 afastados durante e até a que o prepúcio volte a cobrir a glande
micção. peniana durante a micção.

PASSO 6 Desprezar o primeiro jato de urina.

PASSO 7 Colher aproximadamente 50mL.

PASSO 8 Desprezar o restante.

Tabela: Orientações para a coleta de amostra de urina.


Elen de Oliveira.

Atenção!
Pacientes que apresentam distúrbios do trato urinário podem emitir pequenos volumes diários de urina,
devendo-se, então, proceder às análises com qualquer que seja o volume de amostra obtido.

Quando pensamos na coleta de urina de 24 horas, além de todas as recomendações indicadas na tabela
anterior, é muito importante que o paciente inicie o período de coleta com a bexiga vazia e finalize o tempo
determinado também com a bexiga vazia (nesse caso após 24 horas). Todo o volume de micções que
ocorrerem a partir do horário de início em que se esvaziou a bexiga deve ser considerado.

Para compreendermos melhor, vamos acompanhar juntos um exemplo. Vamos considerar que um paciente
precisa fazer a coleta de urina de 24 horas e começa a contagem do período a partir das 9 horas da manhã,
logo:

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1º Dia (9h da manhã)


O paciente urina e descarta a amostra. A partir de então, o paciente colhe todas as próximas micções pelas
próximas 24 horas.

2º Dia (9h da manhã)


O paciente urina e inclui essa amostra às demais micções colhidas.

Com exemplos fica mais fácil de entender, não é mesmo?

Agora imagine que o paciente, no momento da coleta, se confundiu e descartou tanto a urina do primeiro
horário quanto do último horário – sendo que esta última deveria estar incluída no volume total de urina de
24 horas, segundo as recomendações. Essa coleta então será considerada como inadequada e a
necessidade de nova coleta deverá ser sinalizada. Isso porque, muito provavelmente, os resultados podem
se apresentar falsamente diminuídos devido à diminuição de volume, interferindo na interpretação final e na
confiabilidade do resultado laboratorial.

Armazenamento e transporte
A preservação da urina enquanto material biológico é essencial para a manutenção da sua integridade. O
material que não é preservado adequadamente está sujeito tanto à decomposição biológica quanto a
modificações químicas que interferem na confiabilidade dos resultados laboratoriais. Para evitar a
proliferação bacteriana, o método rotineiramente mais utilizado para preservação é a refrigeração entre 2°C
a 8°C. Se a amostra for colhida para cultura, ela deverá ser refrigerada durante o transporte e mantida assim
até ser posta em cultura por um prazo máximo de 24 horas.

Dica
Antes de se realizar as avaliações químicas com as tiras reagentes, o material de urina precisa ser retirado
da refrigeração e estar à temperatura ambiente uma vez que as reações enzimáticas funcionam melhor
nessa condição de temperatura.

Em linhas gerais, as amostras de urina devem ser transportadas:

Em caixas com tampa.

Protegidas contra derramamento.

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Com temperatura controlada, principalmente quando forem percorridas grandes distâncias.

Quando a amostra precisa ser transportada por longas distâncias e a manutenção da refrigeração não for
possível, conservantes químicos podem ser adicionados. Já existem no mercado tubos de transportes
preparados comercialmente e identificados com uma advertência a respeito da presença de conservantes
químicos. Essa identificação é muito importante, uma vez que o paciente precisa ter ciência do risco de
exposição, bem como receber instruções quanto ao manuseio correto de um frasco contendo um reagente
potencialmente perigoso.

O conservante deve ser bactericida, inibir a urease, preservar os elementos figurados no sedimento urinário
e não interferir nas avaliações bioquímicas do material. O conservante ideal não existe. Sempre deve se
levar em consideração a escolha daquele que melhor atenda às necessidades da análise que precisa ser
realizada no material.

Urease
Enzima que transforma a ureia em amônia e bicarbonato – elevando o pH do meio e favorecendo a proliferação
bacteriana.

video_library
Principais conservantes
Neste vídeo, serão apresentadas as principais normas de armazenamento e transporte da amostra de urina
e os principais conservantes utilizados, bem como suas vantagens e desvantagens. Vamos lá?

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Aprendemos que existem diferentes formas de coleta da urina para o exame laboratorial. A vantagem
em dar preferência à primeira urina da manhã comparada a uma amostra de urina aleatória é:

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Estar menos contaminada.


A

B Ser mais concentrada.

C Ser menos concentrada.

D Ter um volume maior.

E Possuir mais células epiteliais.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Por ser concentrada, a primeira urina da manhã é a melhor alternativa para detecção de componentes
químicos e análise de elementos anormais e sedimentos, que podem não estar presentes em uma
amostra aleatória diluída.

Questão 2

Se um paciente não descartar a primeira amostra de urina quando estiver fazendo a coleta de urina de
24 horas, o que deve acontecer?

A A amostra deve ser recoletada porque os resultados estarão falsamente elevados.

B A amostra não precisa ser recoletada e os resultados não serão afetados.

C A amostra deve ser recoletada apesar dos resultados não serem afetados.

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D A amostra deve ser recoletada porque os resultados estarão falsamente diminuídos.

E A amostra não precisa ser recoletada e os resultados estarão falsamente diminuídos.

Parabéns! A alternativa A está correta.

No momento da coleta, se o paciente não descartar a urina do primeiro horário, essa deverá ser
considerada como coleta inadequada, sendo necessária uma nova coleta. Isso porque, muito
provavelmente, os resultados podem se apresentar falsamente elevados, devido ao aumento de volume
da urina.

3 - Exame de urina
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever os diferentes tipos de
exame de urina e suas aplicações no diagnóstico diferencial.

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Introdução ao exame de urina

Principais tipos de exames de urina e seus


componentes
A rotina de uroanálise pode ser dividida essencialmente em três grandes blocos:

looks_one
Análise física e macroscópica
looks_two
Análise química
looks_3
Análise microscópica
As análises física, química e microscópica constituem os testes de rotina de uroanálise mais solicitados
para investigar o estado fisiológico de um paciente. O exame que engloba a avaliação desses parâmetros é
comumente conhecido como exame de urina tipo I ou exame de elementos anormais e sedimentos (EAS).
Vamos a partir de agora abordar mais detalhadamente cada um deles.

Análise física e macroscópica


O exame físico é constituído basicamente pela observação de características que são determinadas a olho
nu – cor e aspecto da urina, bem como por determinações físicas – densidade. A reunião dessas
informações fornece evidências preliminares de distúrbios, tais como: sangramento glomerular, doença
hepática, erros de metabolismo, infecção do trato urinário e alterações na função tubular renal. Além disso,
os resultados da análise física e macroscópica da urina auxiliam na confirmação ou explicação de achados
observados na análise química e microscópica do sedimento urinário.
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Cor
A cor da urina, em condições normais, pode apresentar variados tons de amarelo, dependendo da
quantidade de água ingerida pelo indivíduo e da prática de exercícios físicos. O urocromo é o pigmento
presente na urina responsável pela sua coloração.

Variações de coloração na urina de acordo com o estado de hidratação do indivíduo.

Algumas situações que envolvam alterações na alimentação, nas funções metabólicas, presença de
metabólitos de drogas e até mesmo condições patológicas, podem provocar alterações na cor da urina, que
pode variar de incolor a preta.

Geralmente, o paciente procura o atendimento médico devido à alteração na coloração da urina. A partir
desse momento, cabe ao laboratório determinar se essa mudança é normal ou patológica.

Cor Causa Provável

De citrina a âmbar Urocromo - urina normal

Alaranjada Urina concentrada

Amarelo-intensa Cenoura, beterraba, Riboflavina-nitrofurantoína (medicamento)

Laranja-brilhante Pyridium (medicamento)

Bilirrubina-biliverdina, acriflavina (antisséptico tópico) nitrofuronas


Esverdeada
(antibiótico)

Vinho ou castanho-
Hemoglobina ou uroporfirinas, mioglobina, beterraba
avermelhada

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Cor Causa Provável

Melanina, ácido homogentísico, metildopa, envenenamento pelo


De castanha a negra
fenol, melanoma, porfirina

Quase incolor Urina muito diluída

Vermelha Fenolftaleína (urina alcalina), sangue, rifocina (antibiótico)

Verde ou azul Azul de metileno, infecção por Pseudomonas sp.

Fluorescência amarelo-
Flavonas de algumas preparações vitamínicas (complexo B)
esverdeada

Leitosa Quilúria (presença de linfa na urina)

Leitosa opalescente Lipidúria, piúria

Altas doses de Levodopa (medicamento utilizado no tratamento de


Castanho-escura
Parkinson)

Tabela: Cor que a urina pode assumir em diferentes condições.


OLIVEIRA, 2013, pg. 4-2.

Aspecto
Em geral, a urina recém-emitida é límpida ou discretamente opalescente. Se for deixada em repouso por
algum tempo, pode haver formação de pequeno depósito, que são as substâncias que frequentemente
alteram o aspecto da urina – leucócitos, células epiteliais, filamentos de muco, hemácias, bactérias,
leveduras, cristais – especialmente em urinas de pacientes do sexo feminino.

Talco, cremes vaginais e contrastes radiográficos também funcionam como contaminantes e interferem no
aspecto da urina.

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Aspecto límpido de uma urina normal.

Odor
Apesar de raramente ter significância clínica e não fazer parte do exame de rotina de urina, o odor é uma
propriedade física perceptível. A urina recém-emitida tem um leve odor aromático sui generis, atribuído a
ácidos orgânicos voláteis contidos nela. Com o passar do tempo, o odor de amônia passa a predominar em
função da degradação da ureia. As principais causas de odores incomuns incluem: presença de bactérias,
defeitos metabólicos, ingestão de certos alimentos (cebola, alho, aspargos). Sugere-se que seu relato seja
feito apenas em situações de doenças metabólicas genéticas, que causam odores característicos. O odor
também pode ser modificado pelo uso de determinados medicamentos.

Odor Causa Provável

Aromático Normal

Mal odor, semelhante à


Decomposição bacteriana, infecção do trato urinário
amônia

Frutado, doce Cetonas (diabetes mellitus, fome, vômitos)

Doença de urina do Xarope de Bordo – distúrbio metabólico identificado


Xarope de Bordo pelo acúmulo nos líquidos corporais dos aminoácidos valina, isoleucina
e leucina

Rato ou mofo Fenilcetonúria

Tirosinemia – distúrbio causado pela falta da enzima necessária para


Repolho cozido
metabolizar o aminoácido tirosina

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Odor Causa Provável

Acidemia isovalérica – distúrbio causado pela deficiência de uma


Pés suados
enzima que afeta o metabolismo da leucina

Aipo seco ou Casa


Má absorção de metionina
abandonada

Água Sanitária Contaminação

Tabela: Possíveis causas de odor na urina.


STRASINGER; DI LORENZO. 2014, página 67.

Densidade
A urina é basicamente uma solução aquosa onde se encontram dissolvidos ureia, creatinina, cloreto de
sódio, uratos e outras substâncias que definem a sua concentração. A determinação da densidade reflete o
estado de hidratação de um indivíduo e a capacidade renal de concentração de urina. Além disso, é útil para
determinar se a concentração da amostra é adequada para garantir a precisão dos testes químicos.

Saiba mais
A densidade do filtrado de plasma que entra no glomérulo é de 1,010. Geralmente, os valores de densidade
em urinas randômicas variam entre 1,015 e 1,030. Quando uma urina apresenta densidade abaixo de 1,010,
é chamada de hipostenúrica. Amostras acima de 1,010 são hiperestenúricas. O termo isostenúrico é usado
para descrever urina com densidade de 1,010. Amostras com menos de 1,002 de densidade provavelmente
não são urina.

Os métodos que podem ser utilizados para a medição da densidade são o refratômetro – que reflete a
concentração de todas as partículas dissolvidas na amostra; a tira de reagente químicos – que mede a
densidade a partir da determinação da concentração iônica da urina; e a osmolaridade – que mede as
propriedades coligativas dos solutos dissolvidos no solvente, comparando esse valor com aquele obtido no
solvente puro. As propriedades coligativas são aquelas que dependem do número de partículas dispersas
na solução, independentemente da natureza do soluto.

Saiba mais

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Alguns fármacos podem alterar a densidade da urina, por exemplo, os diuréticos aumentam o volume
urinário por intensificar a excreção de água pelos rins, aumentando a função renal e, como consequência,
diminuindo a densidade da urina e sua coloração.

Análise Química: exame qualitativo e pH

Exame qualitativo
O exame químico qualitativo da urina é feito com tiras reagentes, que consistem em almofadas absorventes
presas a uma tira, impregnadas com produtos químicos que sofrem uma reação química capaz de alterar a
cor das almofadas absorventes quando entram em contato com a urina.

As reações são interpretadas comparando as cores reveladas no exame com uma tabela fornecida pelo
fabricante e podem oferecer informações sobre a função hepática, função renal, metabolismo de
carboidratos, infecções do trato urinário e equilíbrio acidobásico. Essas informações podem sinalizar a
necessidade de exames complementares para uma avaliação mais precisa do paciente. Dessa maneira, a
tira reagente é um meio simples e rápido para avaliar parâmetros químicos clinicamente relevantes.

Tira reagente de análise química de urina.

pH
O pH de uma solução é o resultado da quantificação de seus íons de hidrogênio. Trabalhando em conjunto
com os pulmões, os rins são os principais reguladores do equilíbrio acidobásico do organismo. Para manter
o pH do sangue em torno de 7,4 (7,35 - 7,45), os rins atuam, em sua grande parte, pela secreção de
hidrogênio na forma de ácidos orgânicos fracos, íons amônio e íons fosfato de hidrogênio e pela reabsorção
de bicarbonato do ultrafiltrado nos túbulos renais.

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O pH da urina de indivíduos saudáveis é ligeiramente ácido, com variações entre 5,0 e 6,0, podendo variar
fora dessa faixa dependendo de fatores como dieta, horário de coleta ou presença de alguma patologia. A
urina recém-emitida apresenta pH alcalino após refeições, ingestão de medicamentos alcalinos, ingestão de
determinadas frutas (laranja, limão, pêssego), vômitos repetidos, em quadros específicos de anemia, na
cistite crônica, na alcalose respiratória e na metabólica. Já na acidose respiratória e metabólica, como o

próprio nome já diz, o pH é ácido graças à eliminação de íons hidrogênio na forma de NH4+ pela urina.

Escala de pH.

Saiba mais
Acidose e alcalose são situações anormais de desequilíbrio por excesso de ácidos ou bases. Esse quadro
pode ter origem metabólica ou respiratória.

Análise química: proteína

Proteína
Em condições normais, a estrutura da membrana glomerular impede a passagem da maioria das proteínas
para a urina. Aquelas que eventualmente passam pelo glomérulo são reabsorvidas pelos túbulos renais e
não se encontram normalmente presentes na urina. Seguindo essa linha de raciocínio, a presença de
proteína na urina é um dos principais indicadores de doença renal.

Uma amostra de urina normalmente contém pouquíssima proteína: cerca de 10mg/dL ou 100mg por 24
horas e consiste basicamente em proteínas séricas de baixo peso molecular, filtradas pelo glomérulo
(principalmente a albumina), proteínas produzidas no aparelho geniturinário (proteína Tamm-Horsfall –
produzida pelas células epiteliais tubulares) e proteínas produzidas em secreções da próstata, vesícula
seminal e vagina.

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Proteinúria é como chamamos a presença de quantidades elevadas de proteína na urina. Essa condição
pode acontecer como resultado de:

Escape de proteínas plasmáticas normais, por defeitos da


membrana glomerular;

Menor reabsorção tubular renal;

Concentração anormalmente alta de proteínas normais do


plasma;

Presença de proteínas anormais no plasma;

Perdas normais de proteínas pelas células tubulares ou drenagem


anormal de linfa no rim ou trato urinário (quilúria).

A proteinúria pode ser classificada como funcional ou orgânica e nem sempre significa uma condição
patológica. Consideram-se como proteinúria valores superiores a 30mg/dL. Dentre as causas de proteinúria
funcional, podemos citar aquelas por esforço muscular exagerado, as decorrentes do frio e a ortostática. Já
a proteinúria orgânica pode ser dividida em três categorias:

Pré-renal
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Proteína de Bence Jones.

Renal
Microalbuminúria.

Pós-renal
Proteínas oriundas do fluido intersticial em infecções.

Proteinúria pré-renal – proteína de Bence Jones


A proteína de Bence Jones representa o resultado do acúmulo sérico de imunoglobulina clonal, culminando
com sua excreção na urina de pacientes com mieloma múltiplo, que é uma doença clonal caracterizada por
um distúrbio na proliferação dos plasmócitos – células produtoras de imunoglobulina.

Representação ilustrativa de uma medula óssea normal e de um paciente com mieloma múltiplo.

Com a disseminação da doença, o soro dos pacientes começa a apresentar altos níveis de proteínas
monoclonais de cadeias leves de imunoglobulinas, conhecidas como proteínas de Bence Jones. Por ter um
baixo peso molecular, são filtradas em quantidades superiores à capacidade de reabsorção renal e acabam
por ser excretadas na urina. O teste de triagem para a proteína Bence Jones não é feito de rotina e sua
indicação normalmente é específica para pacientes que cumprem critérios clínicos para a investigação da
doença. Sua investigação deve ser realizada em casos suspeitos, utilizando-se como metodologia a
eletroforese sérica e a imunoeletroforese.

Proteinúria renal – Microalbuminúria

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A microalbuminúria em uma urina de 24 horas corresponde à presença de quantidades de albumina


levemente elevadas na urina, condição que normalmente é uma indicação precoce de insuficiência renal. É
muito comum a identificação do início de complicações renais em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2, a
partir da detecção da microalbuminúria. Na maior parte das pessoas saudáveis, a glicose filtrada pelos rins
é completamente reabsorvida para o sangue. O organismo só elimina glicose pela urina quando seus níveis
no sangue estão muito elevados, condição que pode causar desenvolvimento da nefropatia diabética, que
culmina com a redução da filtração glomerular, podendo levar inclusive à insuficiência renal. Com a
diminuição da filtração por lesão ou doença renal, a albumina passa a ser excretada na urina. Em pacientes
diabéticos, a microalbuminúria está associada a um aumento de 4 a 6 vezes do risco de doenças
cardiovasculares. Ela também é mais prevalente em pacientes com hipertensão arterial.

Proteinúria pós-renal – Proteínas oriundas do fluido


intersticial em infecções
Proteínas podem ser incorporadas em uma amostra de urina na medida em que passam pelas estruturas do
trato urinário inferior. Inflamações e infecções – bacterianas e fúngicas – produzem exsudatos contendo
proteínas oriundas do fluido intersticial. No caso particular das mulheres, a contaminação da amostra de
urina com fluxo menstrual contribui muito para o aumento de proteínas no material. Em se tratando dos
homens, a contaminação da urina com grandes quantidades de espermatozoides e líquido prostático altera
de forma considerável os valores de proteína do material.

Análise química: glicose, corpos cetônicos e


sangue

Glicose
A presença de glicose na urina é chamada de glicosúria. Essa condição ocorre quando a quantidade de
glicose no sangue supera a capacidade renal de reabsorção e denuncia uma condição patológica.

A glicosúria pode se apresentar sob duas formas:

Associada à hiperglicemia
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Ocorre em pacientes com diabetes mellitus e outras condições patológicas.

Não associada à hiperglicemia


Vista em pacientes com lesões ou disfunções tubulares ou em situações em que existe diminuição do limiar
de absorção da glicose (gestantes, crianças e idosos).

Na tabela a seguir, conseguimos ver um resumo das condições patológicas que levam à presença de
glicose na urina.

Associada à hiperglicemia Não associadas à hiperglicemia

Diabetes mellitus Síndrome de Fanconi

Pancreatite Doença renal avançada

Câncer de Pâncreas Osteomalácia

Acromegalia Gravidez

Síndrome de Cushing

Hipertireoidismo

Lesão no Sistema Nervoso Central

Stress

Diabetes gestacional

Tabela: Significado clínico da glicose na urina.


STRASINGER; DI LORENZO, 2014 pg 80.

A pesquisa de glicose com o uso de tira reagente se baseia na reação específica catalisada pela glicose-
oxidase e pela peroxidase. O resultado é expresso como negativo, traços, positivo +, positivo ++, positivo
+++ e positivo ++++. Vale a pena lembrar que, nos casos das tiras reagentes, a triagem é específica para a
presença de glicose, não sendo possível identificar outros açúcares. Resultados falso-positivos podem
ocorrer na presença de níveis elevados de cetonas e de ácido ascórbico.

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Corpos cetônicos
Sempre que acontece um defeito na absorção ou no metabolismo de carboidratos ou quando até mesmo
uma quantidade insuficiente de carboidratos está presente na dieta, nosso organismo compensa
metabolizando grandes quantidades de ácidos graxos, que são moléculas derivadas do metabolismo das
gorduras.

Fontes de energia do organismo.

Quando a disponibilidade de carboidrato (fonte de glicose) na dieta fica bastante comprometida, os corpos
cetônicos (produtos intermediários do metabolismo incompleto da gordura: acetona, ácido acético e β-
hidroxibutirato) começam a aparecer no sangue como tentativa de fornecer energia para o corpo e,
consequentemente, são excretados na urina.

Amostras de indivíduos saudáveis não apresentam, em condições normais, corpos cetônicos na urina.

A presença de corpos cetônicos na urina é denominada de cetonúria. As possíveis razões clínicas que
indicam o aumento do metabolismo da gordura podem ser:

Incapacidade de metabolizar carboidratos ou deficiência de glicogênio – como ocorre em pacientes com


diabetes mellitus, jejum prolongado etc.

Aumento da perda de carboidratos – vômitos.

Ingestão inadequada de carboidratos, associada à fome e má absorção ou por excesso de gordura na


dieta.

A detecção de corpos cetônicos pela tira reagente se dá pela reação do nitroprussiato de sódio com o ácido
acético. Resultados positivos em pacientes diabéticos são de suma importância, uma vez que sua presença
revela quadro de acidose metabólica. Esse desequilíbrio aponta um desajuste no tratamento que precisa ser
corrigido, uma vez que a cetoacidose não tratada pode levar o paciente à morte.

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Sangue (Hemoglobina)
Em situações patológicas, o sangue pode ser identificado na urina tanto como hemácias íntegras
(hematúria) quanto como hemoglobina livre, proveniente de hemólise no trato urinário (hemoglobinúria).
Qualquer quantidade de sangue superior a 5 células por microlitro de urina já é considerada clinicamente
relevante. Dessa maneira, o exame macroscópico da urina não é uma alternativa sensível o bastante.

Além disso, a avaliação microscópica da análise do sedimento urinário pode mostrar as hemácias intactas
no material, mas falha quanto à avaliação da presença de hemoglobina livre, derivada de distúrbios
hemolíticos ou da lise de hemácias. Assim, a avaliação da presença de hemoglobina por tira reagente se
mostra como a metodologia mais precisa para determinar a presença de sangue na urina. Uma vez
detectado, a avaliação morfológica pode auxiliar na distinção entre hematúria e hemoglobinúria.

O teste se baseia na atividade da peroxidase da porção heme da hemoglobina, que


decompõe o peróxido de hidrogênio. O oxigênio liberado oxida a ortoluidina
(dimetilbenzidina) presente na tira, produzindo a cor azul-esverdeada, proporcional
à quantidade de hemoglobina ou mioglobina presente na amostra.

Na tabela a seguir, vemos um resumo do significado clínico da presença de sangue na urina.

Hematúria Hemoglobinúria Mioglobinúria *

Cálculo Renal Reação transfusional Trauma muscular

Glomerulonefrite Anemia hemolítica Coma prolongado

Pielonefrite Queimaduras graves Convulsões

Tumores Infecções/malária Doenças de desgaste muscular

Exercício
Trauma extenuante/trauma Alcoolismo/overdose
hemácias

Exposição a produtos Mordida de Aranha


Drogas
tóxicos Marrom

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Hematúria Hemoglobinúria Mioglobinúria *

Anticoagulante Esforço exaustivo

Uso de estatina (medicamento para


Exercício extenuante
controle dos níveis de colesterol)

* Liberação de mioglobina pela urina.

Tabela: Significado clínico da presença de sangue na urina.


STRASINGER; DI LORENZO, 2014 pg 84.

Demais análises qualitativas

Bilirrubina
Ao longo de sua meia vida, as hemácias vão perdendo elasticidade e deixam de conseguir passar por vasos
de menor calibre no baço, onde acabam por serem fagocitadas por macrófagos. No interior dos
macrófagos, a hemoglobina é catabolizada, liberando o ferro do grupamento heme e a globina, formando-se
a bilirrubina, que após ser liberada pelo macrófago passa a circular no plasma.

Encontramos no sangue dois tipos principais de bilirrubina:

Conjugada
É ligada ao ácido glicurônico nos hepatócitos do fígado, solúvel em água e que, após algumas reações, se
transforma em estercobilina.

Não conjugada
É insolúvel em água, transportada no sangue ligada à albumina, não sendo, portanto, filtrada através dos
glomérulos.

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Metabolismo da hemoglobina e formação de bilirrubina.

Em condições normais, não se observa bilirrubina na urina. Sua presença é denominada bilirrubinúria e
ocorre às custas da bilirrubina conjugada, quando seu ciclo de degradação normal é interrompido por
doenças hepáticas – cirrose, hepatite, obstrução do ducto biliar etc. A detecção de bilirrubina se baseia em
seu acoplamento, em meio ácido, com o sal diazônio, produzindo uma reação de cor que varia entre rosado
e vermelho, a depender da quantidade de bilirrubina presente no material.

Urobilinogênio
O urobilinogênio é formado no intestino pela ação redutora de bactérias sobre a bilirrubina. É reabsorvido na
circulação porta e novamente excretado pelo fígado, sendo possível encontrar pequenos traços na urina.
Níveis elevados de urobilinogênio na urina estão relacionados com o aumento de produção de bilirrubina,
que pode ocorrer por: aumento da destruição de células vermelhas, redução da sua absorção em lesões
hepáticas e em casos de febre e desidratação.

A pesquisa de urobilinogênio por tiras reagentes tem como base sua reação com o sal diazônio
dimetoxibenzeno, em meio ácido, com formação de pigmento de cor variando entre rosa e vermelho, a
depender da quantidade do analito presente na amostra. Além disso, pode ser realizada via reagente de
Ehrlich (p-dimetilaminobenzaldeído), na qual o urobilinogênio reage com o reagente para formar uma
coloração variando de rosa-claro a rosa-escuro.

Nitrito
Muitas bactérias que infectam o trato urinário são capazes de reduzir nitrato (presente na urina) em nitrito.
Sua avaliação é valiosa, especialmente para detecção precoce de cistite, diminuindo as chances de o
paciente evoluir para quadros mais graves de infecção e inflamação. O teste de nitrito também pode ser
usado para:

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Avaliar a resposta à antibioticoterapia.

Triagem periódica de pessoas com infecções recorrentes.

Pacientes portadores de diabetes.

Gestantes.

O teste se baseia em uma reação na qual o nitrito, em meio ácido, reage com uma amina aromática (ácido
p-arsalínico ou sulfalinamida) para formar um composto de diazônio que, em sequência, reage com
compostos de tetrahidrobenzoquilinona, culminando com a mudança de coloração da reação, para tons de
rosa.

Dica
Embora diferentes tons de rosa sejam produzidos no teste de nitrito, qualquer tom de rosa é considerado
como representante de quantidade clinicamente relevante de bactérias, sendo abordado como um exame
qualitativo.

Leucócitos
A presença de leucócitos na urina é um importante marcador de infecção do trato urinário. Sua investigação
é feita a partir da pesquisa de esterase leucocitária, enzima presente na granulação dos granulócitos.

A reação consiste na ação da esterase, que catalisa a hidrólise de um ácido esterificado, presente na tira
reagente, para produzir um composto aromático e um ácido. O composto aromático, por sua vez, se
combina com um sal de diazônio presente na fita reagente. Essa reação é responsável pela produção de
coloração violeta, de intensidade variando conforme a quantidade de enzima presente na amostra.

Análise química da urina: dosagens


quantitativas

Exame químico quantitativo


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Conforme aprendemos, quando é importante medir a quantidade exata de um componente químico na


urina, ao invés de apenas relatar sua presença ou ausência, faz-se necessária a coleta da urina de 24 horas.

Nesse material, é possível dosar hormônios e alguns elementos fisiológicos, patológicos e metabólicos.

Ureia
É subproduto do metabolismo das proteínas provenientes da alimentação. Ao circular pelo sangue, a ureia é
filtrada pelos rins e eliminada pela urina em uma taxa que varia entre 10 e 20 gramas em 24 horas. Sua
excreção apresenta-se aumentada em dietas hiperproteicas, em estados febris pelo aumento do
catabolismo das proteínas, nas neoplasias e no hipertireoidismo, ao passo que sua eliminação pode estar
reduzida em: dietas pobres em proteínas, na insuficiência renal com isostenúria e na insuficiência renal
grave. Sua dosagem é baseada na reação com o diacetil, na presença de íons férricos, produzindo um
composto de coloração rósea-avermelhada.

Creatinina
A creatinina é o produto residual do metabolismo muscular, produzido a partir da creatina. Sua liberação na
circulação é feita a uma taxa relativamente constante e seus níveis permanecem estáveis no sangue. A
creatinina é filtrada livremente pelo glomérulo, não é reabsorvida nem metabolizada pelo rim. Sua excreção
não é influenciada pelo esforço físico, tampouco pela dieta. Portanto, sua dosagem se mostra de grande
importância para a avaliação da taxa de filtração glomerular de um paciente. Sua diminuição é observada
em desordens associadas à atrofia muscular; e seu aumento, em estados febris. A dosagem sérica, feita de
forma isolada, apresenta limitações importantes. Desse modo, para monitorar a progressão de doença
renal, o clearance de creatinina é um teste amplamente utilizado.

Para calcular o clearance de creatina (capacidade dos rins de depurar solutos a partir do plasma) de um
paciente, precisamos obter as seguintes informações:

Volume urinário (mL/min)


Calculado dividindo-se o volume em mL da amostra pelo número de minutos usados na
coleta do material.

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Concentração de creatinina urinária (mg/dL)


Determinada por teste químico. Valores normais: 1 a 1,5g em 24 horas.

Concentração de creatinina plasmática (mg/dL)


Determinado por teste químico.

De posse dessas informações, o clearance de creatinina é calculado pela fórmula:

á
(creatinina urin ria × volume urin rio) á
Clearance de creatinina =
creatinina plasm tica á

Rotacione a tela. screen_rotation

Ácido úrico
O ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas, dos ácidos nucleicos e das nucleoproteínas
oriundas da dieta (origem exógena) ou do próprio metabolismo (origem endógena).

Estrutura molecular do ácido úrico.

A dosagem de ácido úrico na urina tem limitado valor clínico, uma vez que é muito difícil controlar a
quantidade de purinas da alimentação. Sua eliminação está aumentada nos seguintes casos: processos
consumptivos, anemia hemolítica, infiltrados inflamatórios, gota, em estados febris agudos, durante a
radioterapia, dentre outras circunstâncias.

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Processos consumptivos
É a condição de perda involuntária de peso maior que 10% no período de 6-12 meses.

Gota
Acúmulo e depósito de cristais de ácido úrico nas articulações.

Esquema mostrando o acúmulo de cristais de ácido úrico nas articulações e o pé de um paciente com gota.

Sua dosagem baseia-se na sua oxidação em alantoína e peróxido de hidrogênio. Este último, na presença da
peroxidase, reage com outros compostos químicos que, no final, produzem uma reação cromogênica
avermelhada. A intensidade da cor é proporcional à quantidade de ácido úrico na amostra.

Fósforo
A excreção de fósforo na urina se dá a uma taxa de cerca de g em 24 horas. Do total eliminado pelo
organismo, pouco menos da metade ocorre pelas fezes. Os níveis de fosfato encontram-se aumentados nas
seguintes situações: em dietas ricas em fósforo; na avitaminose D; em alguns casos de envenenamento por
metais pesados; na acidose, dentre outras condições. Sua excreção encontra-se diminuída na osteomalácia,
em dietas pobres em fósforo, dentre outros casos.

Sua dosagem baseia-se na reação com o molibdênio, em meio ácido, formando um complexo amarelo, que
é reduzido a azul-molibdênio, composto medido colorimetricamente.

Cloreto
Um adulto normal excreta entre 8 e 15g de cloreto em 24 horas e sua eliminação diária é equivalente à
quantidade ingerida. Estima-se que 1000g de cloreto sejam filtrados pelos glomérulos em 24 horas, dos
quais a maior parte é reabsorvida. A excreção de cloreto está aumentada: em dietas ricas em sal; em certas

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nefropatias; e na necrose tubular aguda. Seus valores encontram-se diminuídos: nas perdas extrarrenais –
vômito, diarreia, sudorese –; em dietas com pouca oferta de sal; na síndrome de Cushing; em tratamentos
intensivos com corticoides; dentre outras situações.

O princípio de sua dosagem se baseia na reação dos íons cloreto com tiocianato de mercúrio. Dessa reação,
formam-se o cloreto mercúrico e íons tiocianato. Quando há uma combinação de íons tiocianato com íons
férrico, é formado um composto cromogênico amarelo, cuja intensidade depende diretamente da
concentração de cloreto na amostra.

Pesquisa de ácido vanilmandélico (VMA)


O ácido vanilmandélico é um metabólito das catecolaminas adrenalina e noradrenalina. Um adulto saudável
elimina quantidade inferiores a 7mg/24h de VMA. Sua excreção urinária está aumentada em situações em
que ocorrem elevada produção de catecolaminas, principalmente no feocromocitoma e em tumores não
hematopoiéticos – dentre eles o ganglioneuroma e neuroblastoma.

Sua dosagem é feita por uma técnica conhecida como CLAE – Cromatografia líquida de alta eficiência, que
consiste em um método de separação de componentes químicos em solução para identificar e quantificar
componentes de uma mistura.

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Outros testes e dosagens realizados a partir
da urina
Neste vídeo, a especialista apresenta a outros testes e dosagens realizados a partir da urina.

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Sedimentoscopia, qualidade e automação

Exame microscópico
O objetivo do exame microscópico é detectar e identificar estruturas insolúveis presentes na urina. Sua
análise em conjunto com avaliação macroscópica e química da urina auxilia na detecção de doenças renais
e do trato urinário.

Tanto o sangue quanto os rins, o trato urinário inferior e contaminantes externos contribuem para a
presença desses elementos que podem ser celulares ou não celulares, os quais não são determinados pela
análise química.

A presença de parte desses componentes não possui significado clínico, outros são considerados anormais
quando presentes, enquanto uma parcela constitui normalmente a urina, a menos que se apresentem em
quantidades muito aumentadas.

Portanto, o exame do sedimento urinário (sedimentoscopia) inclui a identificação, a quantificação dos


elementos presentes e a confirmação de certos componentes. Os principais elementos encontrados no
sedimento urinário são: cristais, cilindros, células epiteliais, hemácias, piócitos, muco, bactérias,
espermatozoides, estruturas diversas (por contaminação) e Trichomonas vaginalis.

Controle de qualidade em uroanálise


O controle de qualidade refere-se a todo processo de garantia de qualidade no atendimento ao paciente,
incluindo políticas, processos, procedimentos e recursos que assegurem a qualidade dos testes.

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Em um laboratório de rotina, isso inclui não apenas os controles de qualidade dos testes, mas também a
avaliação das variáveis pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas.

O controle de qualidade é o monitoramento contínuo de todo o


processo do exame, passando por seu pedido, coleta, avaliação e
interpretação dos resultados.

Dentro do laboratório de uroanálise, assim como em qualquer laboratório, o controle de qualidade


representa uma integração de muitos fatores, onde as políticas e as ações documentadas são necessárias
tanto para o paciente quanto para o laboratório e o profissional de saúde.

Observe com atenção a seguir um fluxograma do controle de qualidade.

Fluxograma de controle de qualidade.

Dica
Ter por escrito ações corretivas que determinam as condutas a serem tomadas quando houver falha em
qualquer parte do sistema é fundamental para um programa de controle de qualidade.

Automação em uroanálise
A principal variável nos testes de uroanálise é a subjetividade da experiência do profissional de laboratório
nas interpretações dos resultados. Para minimizar essas variações interlaboratoriais, a automação tem
como fundamento melhorar a reprodutibilidade e a discriminação colorimétrica, ao mesmo tempo em que
aumenta a produtividade e a padronização.

Hoje, a discriminação visual entre as cores foi substituída por leitores automatizados de tiras reagente que
fazem a leitura por espectrofotometria de reflexão da luz – a reflexão da luz diminui proporcionalmente à
intensidade de cor produzida pela substância.

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Em se tratando da análise microscópica, são três as principais opções de metodologia automatizada para
análise dos elementos figurados:

citometria de fluxo;

análise de imagens digitalizadas com autorreconhecimento das


partículas;

microscopia automatizada com imagem digitalizada.

Vários são os instrumentos automatizados que processam a amostra, analisam as tiras reagentes e
realizam a análise do sedimento urinário, para que se produzam resultados com qualidade consistente e em
menor tempo. São fáceis de usar e incluem avisos visuais e sonoros durante a operação.

Imagem de um iRICELL3000 – sistema de uroanálise totalmente automatizado, que combina análise química e microscópica.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Vimos que o exame de urina pode ser feito com análise física, química e microbiológica. Durante a
análise química, os testes de triagem para infecção urinária combinam o teste de esterase de
leucócitos com o teste de

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pH
A

B bilirrubina

C proteína

D nitrito

E sangue

Parabéns! A alternativa D está correta.

Algumas bactérias que fazem infecção no trato urinário são capazes de reduzir nitrato em nitrito.
Portanto, esse é o teste de indicado em associação com a esterase leucocitária para detecção de
infecção urinária.

Questão 2

Vimos que uma das análises físicas da urina é a sua coloração. A cor amarelada da urina normal é
produzida por qual substância?

A Bilirrubina

B Hemoglobina

C Urobilinogênio

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D Urocromo

E Uratos amorfos

Parabéns! A alternativa D está correta.

A coloração da urina pode variar entre tons de amarelo. O estado de hidratação do paciente promove
uma diluição maior ou menor do urocromo, que é o pigmento responsável pela sua coloração.

Considerações finais
Vimos, ao longo de nosso estudo, que a formação da urina envolve uma rede complexa de etapas de
filtração, reabsorção e secreção tubulares pelos néfrons. A partir desses processos, os rins participam da
excreção e manutenção do equilíbrio hídrico, eletrolítico e acidobásico, além de acumularem outras funções
que são importantes para a manutenção da homeostasia.

Aprendemos também que a coleta de urina é um processo pré-analítico muito importante para a obtenção
de um resultado laboratorial confiável, que reflete verdadeiramente as condições clínicas do paciente. Além
disso, com a uroanálise realizada tanto por métodos manuais quanto automatizados, podemos avaliar
diversos parâmetros químicos que, associados à presença de alterações morfológicas na análise do
sedimento urinário, auxiliam o diagnóstico de várias patologias renais e extrarrenais. Por fim, estudamos a
importância do controle de qualidade como garantia e monitoramento contínuo de políticas, processos e
recursos que assegurem a confiabilidade do atendimento ao paciente em todas as instâncias.

Agora você está pronto para continuar dando os próximos passos no conhecimento da uroanálise, uma área
apaixonante e que continua sendo até hoje uma disciplina imprescindível para diversas áreas das ciências
biológicas.

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headset
Podcast
Neste podcast, a especialista irá abordar as vantagens e desvantagens da automação dos exames de urina.

Explore +
Para se aprofundar mais em automação na uroanálise, leia o artigo Sistemas Automatizados em Urinálise:
Aplicação na Rotina Laboratorial das Novas Tecnologias, de Julia Midori Endo Nakasato, Gislene Kussen e
Aline Borsato Hauser.

Para saber mais sobre infecção urinária na gestação, leia o artigo Infecção Urinária na Gravidez, de Geraldo
Duarte, Alessandra Cristina Marcolin, Silvana Maria Quintana e Ricardo Carvalho Cavalli.

Leia o livro Recomendações da sociedade brasileira de patologia clínica/medicina laboratorial (SBPC/ML):


Coleta e Preparo da Amostra Biológica, publicado pela SBPC, que traz recomendações para a coleta e
preparo de diversas amostras, incluindo a urina.

Referências
BARCELOS, L. F.; AQUINO, J. L. Tratado de análises clínicas. 1. ed. Rio de Janeiro: Ateneu, 2018.

EATON, D. C.; POOLER, J. P. Fisiologia Renal de Vander. Porto Alegre: AMGH, 2016.

HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia. Porto Alegre: Editora Artmed, 2013.
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11/08/2023, 13:14 Avaliação Laboratorial do Sistema Urinário

MCPHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. Henry’s clinical diagnosis and management by laboratory methods.
Missouri: Elsevier, 2017.

OLIVEIRA LIMA, A. et al. Métodos de laboratório aplicados à clínica: técnica e interpretação. 8. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

STRASINGER, S. K.; DI LORENZO, M. S. Urianalysis and Body Fluids. 6. ed. Philadelphia: Davis Company,
2014.

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